sábado, 14 de agosto de 2021

SALVATERRA DE MAGOS: O TOUREIO DE ANTÓNIO “HA BAJADO DEL CIELO”!

Por: Catarina Bexiga
Procurei uma expressão portuguesa (longe das que, frequentemente, lemos) para definir a segunda actuação de António Ribeiro Telles, ontem, em Salvaterra de Magos, mas não encontrei. Porque, na verdade, a dimensão e a grandiosidade do Toureio praticado frente ao toiro de Canas Vigoroux “ha bajado del cielo”! Primeiro, porque é uma obra que só está ao alcance daqueles cuja sabedoria acumulada e a maestria conquistada se reflectem na arena. Segundo, porque é preciso ter sempre uma ambição e uma disposição fora do comum, independentemente da idade. E Terceiro, porque é preciso ser-se fiel ao conceito, ser-se Toureiro para o executar, e claro a providencia divida a ajudar. Montado no “Hibisco”, António recebeu o toiro à porta gaiola, poderosíssimo, e de seguida cravou dois compridos superiores. Depois foi buscar o “Alcochete” e o tempo parou. A forma como entendeu o toiro (porque Tourear a Cavalo é entender os toiros…); a ligação que imprimiu a tudo o que fez, porque ao toiro faltou romper; a ligeireza com que conduziu o cavalo, como colocou o adversário onde quis; e a harmonia com que tudo aquilo foi saltando à vista, minuto após minuto, ficou escrito na história da centenária arena! E para finalizar, os dois últimos curtos foram de antologia. Uma actuação para recordar! Na primeira, com um mansote de Fernandes de Castro, andou discreto no momento do ferro, mas sobressaiu, novamente, na forma de lidar.
À cavaleira Ana Batista tocou-lhe o “Euromilhões” no sorteio. O de Veiga Teixeira foi um toiro, acima de tudo, com ritmo de investida e nobreza extraordinária; e o de Vinhas um toiro, extremamente, colaborador. Na memória ficou a segunda actuação da cavaleira de Salvaterra de Magos. Com um “Pedro Artilheiro”, lazão, recente na sua quadra, Ana fez-nos acreditar em si! Tanto de compridos (porque as acuações começam, exactamente, aí…) como de curtos, a forma frontal como progrediu para o toiro, como recebeu a investida na espádua do cavalo e como teve o toiro debaixo do braço no momento de cravar…fez-nos também acreditar que ainda há ferros destes! No seu primeiro, começou superior com o mesmo cavalo, mas depois veio a menos nos curtos e “á chave vencedora” faltou-lhe acertar nas “duas estrelas”.
A Francisco Palha tocou um Murteira Grave com qualidade e um António Silva que não incomodou. Montado no “Desejado”, a sua primeira actuação é para apagar da memória. Todavia, com o último da tarde, andou mais dentro do que nos habituou… De saída esteve superior com o “Jaquetón” (com mais uma grande sorte de gaiola) e nos curtos destacaram-se os últimos ferros com o “Gingão”.
Quanto aos homens da jaqueta de ramagens, todas as pegas foram concretizadas ao primeiro intento com os dois grupos à altura do desafio. Pelos Amadores de Santarém pegaram Francisco Graciosa, António Taurino e Salvador Ribeiro de Almeida. Pelos Amadores de Coruche (que este ano assinalam o seu 50.º aniversário) concretizaram Miguel Raposo, Tiago Gonçalves e António Tomás.
Tratando-se de um Concurso de Ganadarias, no fim o prémio Bravura recaiu na ganadaria Veiga Teixeira e o prémio Apresentação na ganadaria de Vinhas.
📷 Pedro Batalha


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