Por: Catarina Bexiga
Estamos em plena Semana Santa. Hoje a noite em Sevilha é algo mais do que uma simples noite, é um sentimento, uma paixão… Hoje, vive-se La Madrugá. O paso de La Macarena (Herdandad a que pertencem vários toureiros) chega a ser comovente. A imagem, levada pelos Costaleros e acompanhada pelos Nazarenos, percorre durante horas as ruas de Sevilha, sendo saudada por Saetas e gritos em seu louvor. A propósito fique a saber:
1 – O matador de toiros Joselito El Gallo foi um macareno declarado. No peito, a imagem de La Macarena leva cinco esmeraldas em forma de rosas, denominadas de Mariquillas, oferta do diestro sevilhano.
2 - A morte de Joselito El Gallo aconteceu, a 16 de Maio de 1920, na praça de toiros de Talavera de la Reina (Toledo), na sequência da cornada de “Bailador” da ganadería da Viúva de Ortega. O acidente comoveu a província de Sevilha e o seu funeral foi, na época, a maior manifestação pública que se viu em Sevilha. Pela primeira e única vez, La Macarena vestiu de negro, em sinal de luto pelo toureiro sevilhano.
3 – As cerimónias fúnebres de Joselito El Gallo foram realizadas na Catedral de Sevilha, o que gerou polémica por parte da burguesia e aristocracia sevilhana. O Cónego Juan Francisco Muñoz y Pabón justificou-se através de vários artigos publicados no Correo de Andalucía, levantando um entusiasmo inédito entre os gallistas. Inclusive, abriu-se uma subscrição popular para oferecer ao Cónego uma caneca em ouro. Oferecida à Hermandad de La Macarena, ficou combinado que a Virgen a levaria à cintura em cada Madrugada de Sexta-feira Santa.
4 – O Mausoléu de Joselito El Gallo é composto por um grupo escultórico (realizado por Mariano Benlliure em 1925) encabeçado pela imagem de La Macarena vestida de luto.
5 – Após a morte de Joselito El Gallo, López Alarcón brindou La Macarena com uma das composições poéticas mais bonitas da história da Semana Santa:
“Ven, pasajero, dobla la rodilla,
que en la Semana Santa de Sevilla,
porque ha muerto José, este año estrena
lágrimas de verdad la Macarena.”
6 - Contam os livros que durante a Segunda República Espanhola (proclamada a 14 de Abril de 1931) vários membros republicanos saquearam diversos templos sevilhanos, e perante o perigo, o sacristão de La Macarena levou-a para a sua casa e meteu-a na sua cama, simulando uma pessoa. À noite transportou a imagem para o Cemitério de San Fernando, e argumentando ser um marmorista, depositou-a na sepultura de Joselito El Gallo, onde permaneceu oculta durante dois meses.
7 – Foram oferecidos à La Macarena vários trajes de luces, nomeadamente, por Manuel Rodríguez Manolete, César Girón, Antonio Bienvenida, Palomo Linares e Dávila Miura; e ainda um anonimo, nos anos 60, depositado aos pés da Virgen. Actualmente, existem quatro saias confeccionadas com trajes de luces, oferecidos por El Gallo, Parrita, Sánchez Méjías e Pepín Vázquez.
Nota: Artigo actualizado em 2019
quinta-feira, 18 de abril de 2019
sábado, 13 de abril de 2019
CAMPO PEQUENO: FAZ DE CONTA QUE FOI… MAS NÃO FOI!
Por: Catarina Bexiga
Faz de conta que foi triunfal… mas não foi! 1.º Nocturna de toiros em Lisboa. Menos público nas bancadas do que o habitual, mas sempre
disposto a vibrar com tudo. Para quem vai ver tourear, chega a ser penosa; mas para
quem vai jantar com os amigos, é uma folia constante. Todos os anos, alimento a
esperança de que, no início de uma nova temporada, algo vai mudar… mas rapidamente
caio na realidade. Há coisas em que não há volta a dar!
Indiscutível a apresentação dos toiros da ganadaria Dr.
António Silva. À arena do Campo Pequeno saiu um curro rematado, três deles
aplaudidos pelo seu trapio. Todavia, no que diz respeito ao comportamento, a
maioria apresentou complicações, gazapones
e exigentes para com os cavaleiros. O lote de Duarte Pinto foi o melhor; o
terceiro, embora também gazapón atrás do cavalo, tomou a iniciativa de investir
no momento do ferro, e o sexto revelou-se um toiro sério. Incompreensível a
chamada da ganadera no 5.º (a nova DC, Lara Oliveira, mostrou-se confusa nos
seus critérios), mas merecida no 6.º.
Quanto ao toureio a cavalo, muito pouco para recordar…
Acredito nas capacidades de António Ribeiro Telles, mas
ontem no Campo Pequeno esteve desinspirado. Apenas, um ferro no quarto da ordem
salvou a sua imagem.
Rui Fernandes teve vontade de superar as dificuldades apresentadas
pelos toiros, mas depois o seu conceito “enganoso”, comprometeu as reuniões e saqueou
brilho às sortes.
Com o melhor lote, Duarte Pinto também não conseguiu convencer
por completo. Apenas dois curtos no seu primeiro, muito pouco para quem criou
expectativas…
Nota: Uma noite menos feliz todos têm; mas uma coisa é
preocupante, sobretudo, de saída não se viu um ferro comprido. É que nem por
isso fizeram…
A nível de forcados, foram a quinta e sexta pega (uma de
cada grupo) as únicas em que os toiros emprestaram emoção. Pelos Amadores de
Montemor-o-Novo pegaram Francisco Barreto à primeira tentativa, João da Câmara
também à primeira e Francisco Borges à segunda com uma excelente ajuda. Pelos
Amadores de Vila Franca de Xira concretizaram David Moreira à primeira, Rui
Godinho à primeira e Francisco Faria à terceira.
Resta-nos esperar por melhores dias…
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