Por: Catarina Bexiga
O dia despertou cinzento. Como que triste. A lacrimejar. Como que a antever algo… algo que horas mais tarde se veio a confirmar: deixou-nos um TOUREIRO com maiúsculas, com obra, com história, deixou-nos José Júlio!
Numa altura, em que já não existem ídolos na Tauromaquia Portuguesa, José Júlio foi um ídolo na sua época, foi um embaixador da sua terra (É de Vila Franca e chama-se José Júlio!), uma referência para a afición em geral.
Debaixo de uma aparência frágil, escondia-se um coração valente, um homem “com o toureio na cabeça”, um apaixonado, um sonhador, um homem que nunca se cansou de viver…
A sua obra é enorme. Antes da Alternativa em Zaragoza (11 de Outubro de 1959), José Júlio triunfara em Sevilha e Madrid, continuando a escrever a sua própria história, com o corte de orelhas nas principais praças do mundo. Há tardes que jamais se esquecem, como o tercio de bandarilhas que protagonizou em Las Ventas – que lhe valeu o prémio “Antonio Fuentes” para o melhor par de bandarilhas – ou as orelhas cortadas aos “miuras” na Real Maestranza… e como não falar dos seis “palhas” em Vila Franca? Ou daquele, 7 de Maio de 1977, com toiros de morte na Palha Blanco?
Depois de uma trajetória repleta de êxitos, José Júlio cortou a coleta na sua Palha Blanco no ano de 1989, mas aos 65 anos a sua tremenda afición impôs-se a tudo, reaparecendo vestido de luces e deixando-se anuncia-se para o Colete Encarnado e no ano seguinte para a Feira de Outubro. Mas não se fica por aqui…Ao comemorar 50 anos de Alternativa – com 75 anos de idade!!! – continua a sonhar…Infundado num traje “nazareno e oro”, ali estava de novo na Palha Blanco, disposto a enfrentar o público, quando já tinha ganho e conquistado o que havia para ganhar ou conquistar, e sem que tivesse a necessidade de demostrar o que fosse. Um caso raro!
Agora que nos deixou, continuará a ser de Vila Franca e Vila Franca recordá-lo-á para sempre. Descanse em paz, Maestro!
