quarta-feira, 8 de novembro de 2017

O MEU AGRADECIMENTO...

Procuro defender e valorizar a Festa de Toiros, sem pretender o protagonismo ou o reconhecimento; porém a Menção Honrosa (justificada pela forma como me expresso na página Falar de Toiros), atribuída pela Tertúlia Festa Brava, após a temporada 2017, merece o meu sincero agradecimento.
 Catarina Bexiga

FALAR DE TOIROS DISTINGUIDO PELA TERTÚLIA FESTA BRAVA


domingo, 29 de outubro de 2017

AZAMBUJA: COM O “ALTO PATROCÍNIO RENNIE”…

Azambuja, 28 de Outubro 2017
Por: Catarina Bexiga

De novo, quatro horas de tourada. Entre cortesias, homenagens, voltas para todos, etc., etc., etc… Pouco interesse. Pouco ritmo. Pouca noção de tudo. Um enjoo! Começo a achar que não há volta a dar. Os vícios estão instalados. As mentalidades igual. Embora os erros estejam detectados, repetem-se hoje, repetem-se amanhã, repetem-se depois de amanhã. Os aficionados resistentes (cada vez menos) começam a perder a defesa, e o público anda completamente “à deriva”. Acham que um espectáculo com quatro horas de duração, pouco interesse e pouca qualidade, consegue sobreviver?

A actuação de Rui Salvador resultou modesta; Luís Rouxinol andou em “versão popular”; Ana Batista intermitente; Manuel Telles Bastos resoluto; e a praticante Soraia Costa viu-se aflita para encontrar soluções com o pior do curro da Herdade de Camarate. Cinco toiros díspares de apresentação, sem entrega os três primeiros, manso em tábuas o quarto e manso de lei o quinto.

As melhores recordações da longa tarde deixou-as o toureio a pé. De Manuel Dias Gomes, o saludo capotero com que recebeu o exemplar de Calejo Pires e uma serie de naturais, largos e a gosto. De Rui Jardim – que prestava provas para novilheiro praticante – a tranquilidade com que encarou o compromisso com um novilho de João Ramalho, imprimindo ao seu toureio disposição (foi à porta gaiola) e variedade, mas também recursos com que surpreendeu.

A comemorar 50 anos de existência, os Amadores de Azambuja fardaram muitos forcados de várias gerações, oportunidade para pegarem “novos” e “velhos” elementos, numa tarde de convívio, mas também de algumas limitações na hora de se colocarem frente ao toiro.


E passaram quatro horas… Grande enjoo. Uma tourada que bem poderia ter o “Alto Patrocínio Rennier”…

Foto: João Silva / Sol e Sombra

domingo, 22 de outubro de 2017

VILA FRANCA: MAIS UMA LIÇÃO DE VENTURA!

Festival de Homenagem a José Palha
21 de Outubro 2017
Por: Catarina Bexiga

Indiferente ao facto de ser um festival. Indiferente ao facto de ser a última da sua temporada. Diego Ventura chegou à Palha Blanco e disse aos portugueses o que é ser Figura do Toureio! Com uma disposição ímpar. Com um sentido de espectáculo. Com a ambição pelas nuvens. Próprio de Toureiro grande. Montado na “Campina” – com ferro José Palha, uma forma de também recordar o homenageado – recebeu as investidas do Prudêncio com um temple impressionante; depois com o “Roneo” de bandarilhas teve sentido de oportunidade, mantendo alto o nível; e por fim com o “Dolar”, sem cabeçada, nos médios terminou com um par de bandarilhas. Acabou com o quadro!

Os restantes, ficaram a olhar… João Moura andou voluntarioso; António Telles veio a mais na parte final da actuação; Filipe Gonçalves exuberante; Duarte Pinto discreto; e a actuação de Francisco Palha centrou-se no segundo curto, com o toiro nas tábuas, arriscou… e cravou um grande ferro.

Excepção ao último, que descaiu insistentemente para tábuas, o curro de Prudêncio teve as virtudes mais apreciadas pelos cavaleiros. Mexeram-se, sem incomodar. O lidado em terceiro lugar foi o que teve melhores hechuras e que no fim levou o ganadero a dar volta à arena com o rejoneador de Puebla del Rio.

Pelos Amadores de Santarém pegaram David Inácio à terceira, Fernando Montoya à primeira e António Taurino também à primeira. Pelos Amadores de Vila Franca de Xira concretizaram Pedro Silva, Guilherme Dotti e Diogo Conde, todos à primeira, como afirmação da nova geração de forcados vila-franquenses.  

Foto: Pedro Batalha

sexta-feira, 6 de outubro de 2017

2.ª DE VILA FRANCA: A RESPOSTA DE NUNO CASQUINHA…

Vila Franca de Xira, 5 de Outubro 2017
Por: Catarina Bexiga

Troca de toiros para a corrida. Alteração do horário da mesma… Tudo parecia (novamente) enguiçado! Prefiro ficar com as melhores recordações… Move-me a paixão pela Festa de Toiros e motiva-me escrever o que, na arena, repito na arena, acontece de importante. Vou começar por aí... 

A carreira de Nuno Casquinha está recheada de mérito. De resistência. De persistência. Radicado no Perú, onde lhe têm “aberto as portas”, chegou à sua terra natal com uma mensagem. A de se afirmar! Um toureiro cuajado. Um toureiro moralizado. De capote recebeu superiormente ambos os toiros de Pontes Dias. Com o seu primeiro – nobre, o melhor dos quatro destinados ao toureio a pé – desenhou magníficos Derechazos, dois de cada vez, porque logo o toiro tardava a investir. Com o seu segundo, um toiro que lhe pediu o “carnet”, Casquinha ligou naturais extraordinários e, com muita firmeza, aguentou as investidas bruscas pelo pitón oposto. Atitude a rodos!

Juan Leal sorteou dois toiros sem classe. O primeiro sem raça, sem recorrido; e o segundo (o sobrero) sem opções. O esforço que fez foi inglório.

À semelhança da história de outras tardes, os homens de prata voltaram a brilhar. João Pedro e João Oliveira na quadrilha de Juan Leal; e Pedro Gonçalves que foi convidado por Nuno Casquinha a partilhar consigo o tercio de bandarilhas do último.   

A cavalo, Ana Batista esteve “valente como as armas” com o Grave que lidou a sós. Discordo da opinião de alguns aficionados, que aplaudiram o toiro, e de João Cantinho, que premiou o ganadero com volta à arena. O toiro saiu a orientar-se, a adiantar-se, a querer ganhar terreno, a medir, a apertar para a querença natural, mas como teve agressividade nas investidas acharam-no bravo. São opiniões! A cavaleira de Salvaterra de Magos aguentou-lhe os arreões, esteve desembaraçadíssima e veio a mais com o decorrer da actuação.

Francisco Palha continua no plano da intermitência. O seu Grave foi mais dócil, mas as vezes que passa em falso, contrastam com as boas intenções que também manifesta.

A actuação a duo (com um toiro de Passanha) entre ambos os cavaleiros deixou pouco para recordar.

Pelos Amadores de Vila Franca de Xira pegaram Guilherme Dotti à primeira, a recuar e a aguentar a investida superiormente; Francisco Faria que dobrou David Moreira fez uma grande pega com uma grande primeira-ajuda; e a encerrar Vasco Pereira à segunda, mas a manter o nível alto do grupo.  

Esta foi uma Feira de Outubro atípica. Marcada pelo descontentamento por parte dos aficionados vilafranquenses…

quarta-feira, 4 de outubro de 2017

1.ª DE VILA FRANCA: ESTE É O CAMINHO PARA O FIM…

Vila Franca de Xira, 3 de Outubro 2017
Por: Catarina Bexiga

Este é o caminho para o fim… a desilusão, o descrédito, o desprezo. Se não mudarem de estratégia … Este é o caminho para o fim! A Festa de Toiros jamais sobrevive se não a cuidarem na arena. A principal forma de a defender. Pelo contrário, deixa de ter interesse; deixa de ter público; deixa de ser sustentável!

A corrida de Santa Maria escolhida para a nocturna de Terça-feira na Palha Blanco resumiu-se a três toiros do ferro anunciado e outros três de Passanha. Um curro pessimamente apresentado, que motivou muitos assobios, muitos protestos, enorme desagrado! Quando para um empresário, o toiro perde protagonismo; o empresário também perde importância. Para mais, Paulo Pessoa de Carvalho tem a obrigação de conhecer o exigente público de Vila Franca. Não o perdoaram! Com todo o respeito que merecem as respectivas localidades, ser empresário da Palha Blanco é diferente de montar “touradas” em Vinhais, Morais e outras terras mais…

O clima na Palha Blanco chegou mesmo a aquecer, o que “regulou” o rumo dos acontecimentos… António Ribeiro Telles (colhido no seu primeiro, sem consequências de maior) teve uma passagem discreta pela Palha Blanco. Manuel Telles Bastos assinou duas actuações de paupérrimo conteúdo. E João Telles Jr. abreviou com o terceiro da ordem (um toiro malissimamente apresentado, com o qual o público se revoltou) e andou animoso no último.

Em noite de homenagem a José Carlos de Matos (cabo do grupo de 1973 a 1982) pegaram pelos Amadores de Vila Franca de Xira: Ricardo Castelo à segunda tentativa, Márcio Francisco à primeira, Tiago Oliveira (Salsa) à primeira em noite de despedida, Francisco Faria à primeira com uma superior primeira-ajuda, Vasco Pereira à primeira e Rui Godinho também à primeira.

Uma noite para reflectir! 

segunda-feira, 25 de setembro de 2017

CORUCHE: UM BRINDE (A “PEITAÇA) COM SABOR A TRIUNFO (DE ROUXINOL JR.)!

Coruche, 24 de Setembro de 2017
Por: Catarina Bexiga

A tarde teve um nome: Rui Godinho “Peitaça”. Ao fim de 20 anos, despediu-se das arenas, depois de uma trajectória de paixão e dedicação aos Amadores de Coruche. A empresa De Caras e Tauromaquia disponibilizou 2.000 bilhetes a um preço acessível e a afición da Capital do Sorraia esteve com ele! Disposta a acarinhá-lo e a ovacioná-lo! Testemunho de uma história recheada de simplicidade, mas de enorme gratidão!

O curro de Palha saiu díspar de apresentação, mas transmitiu emoção, porque teve mobilidade, porque teve exigências… Toiros com personalidade, cada um com as virtudes e defeitos próprios da casta, mas para se os entender e tourear! Daqueles que não permitem “triunfos caseiros…”

Luís Rouxinol Jr. foi um verdadeiro “oásis no deserto”. Deu importância ao que fez, com argumentos, com o toureio sério por diante, e sempre pendente do elemento principal, o Toiro… Aliado a tudo isto, uma ambição sem limites. Começou com o “Aquiles” seguindo-se uma grande serie de curtos com o “Amoroso”. Venceu o prémio em disputa!
Os restantes intervenientes, pouco acrescentaram à tarde. Gilberto Filipe e António Maria Brito Paes andaram vulgares; Francisco Palha teve um grande inicio de actuação, mas sem continuidade; Miguel Moura e Parreirita Cigano andaram sem consistência.

Pelos Amadores de Coruche, pegaram João Ferreira à primeira, com uma grande primeira ajuda – pega que venceu o prémio em disputa – Rui Godinho “Peitaça” à segunda superiormente ajudado pelo grupo e António Macedo Tomás à primeira. Pelos Amadores da Chamusca foram solistas Hélder Delgado à segunda tentativa, com outra grande primeira ajuda, Mário Ferreira Duarte à segunda e Luís Isidro à terceira.

Foto: Monica Santa Barbara

sexta-feira, 15 de setembro de 2017

3.º DA FEIRA DA MOITA – MAIS PARECIA A “TERCEIRA GUERRA MUNDIAL”…

Moita, 14 de Setembro 2017
Por: Catarina Bexiga

Nem me apetece lembrar e muito menos escrever. Foram quatro penosas horas… que não passavam, que não aqueciam, que não acabavam. Os toiros de Veiga Teixeira – com média de 600 Kg – impuseram respeito, pediram cavaleiros com recursos, que lhes aguentassem as investidas mais duras ou que lhes pisassem os terrenos mais pesados … Que os soubessem tourear!
Do cartel fizeram parte António Ribeiro Telles, Rui Fernandes e Filipe Gonçalves; e foi o cavaleiro da Torrinha o mais “sobrado” dos três. Hoje o Toureio a Cavalo vive, mais que nunca, de “números” e quando sai o toiro exigente, como os de Veiga Teixeira, revelam-se as carências…

A meio do espectáculo, o amador Joaquim Brito Paes esteve correcto com um novilho de Paulo Caetano.

Para o Aposento da Moita, a noite de ontem mais parecia a “Terceira Guerra Mundial”. Os toiros de Veiga Teixeira maltrataram os homens da jaqueta de ramagens, que só a sesgo conseguiram resolver. Foram caras José Henriques à quarta tentativa, João Vasco Ventura à terceira, Martim Afonso dobrou Salvador Pinto Coelho à sexta, Ruben Serafim à quarta, José Maria Bettencout à quinta e Luís Fera dobrou Miguel Fernandes à terceira. O novilho lidado a meio do espectáculo foi pegado por João Gomes à segunda tentativa.

Uma noite sem ritmo, sem brilho, sem nada! Assim, não há afición que resista…

Foto: Pedro Batalha

quarta-feira, 13 de setembro de 2017

1.ª DA FEIRA DA MOITA: O TEMPLE DE CASTELLA…

Moita, 12 de Setembro 2017
Por: Catarina Bexiga

Sebastian Castella argumentou na “Daniel do Nascimento” o seu toureio templado. Aquele que não está ao alcance de todos! Um dom natural, que todos anseiam, todos procuram, mas nem todos nascem com ele. Os toiros de Paulo Caetano careceram de trapio para uma praça de toiros de primeira categoria, como a da Moita, e para uma das Feiras Taurinas mais importantes do país. Ao primeiro de Castella faltou importância. Nos derechazos iniciais, o francês mimou as investidas, templando-as, aproveitou a sua bondade, mas depois a falta de raça fez com que as intenções se diluíssem. Castella manteve a mesma atitude com o segundo. Na fase inicial da faena, ergueu como bandeira, a quietude; e pelo pitón direito, com o toiro a investir com mais som, conseguiu bons muletazos, templadíssimos, a gosto, a sabor, fazendo-nos sentir o mesmo. De capote, o saludo capotero, em ambos do lote, teve eco. Relevo para o quite de tafalleras no primeiro e para as chicuelinas no segundo.

O novilheiro Joaquim Ribeiro “Cuqui” levava no esportón a entrega e a disposição que quem precisa de definir a sua vida. Não ajudaram as investidas rebrincadas do seu primeiro, como não ajudou o vento, mas com animo o novilheiro superou as adversidades. Melhores condições teve o segundo do seu lote, mas também mais exigente foram as investidas. A espaços, encontrou-se, mas sem romper em definitivo. Fábio Machado, Claúdio Miguel e João Ferreira brilharam no tercio de bandarilhas.

A cavalo actuaram Rouxinol pai e filho. Ao primeiro tocou um Palha complicado, mas com ofício o veterano cavaleiro resolveu a tarefa; ao mais novo da dinastia, tocou um colaborador Oliveira Irmãos, que aproveitando a “buena-racha” que atravessa – montado no “Amoroso” – soube construir uma actuação vibrante e vistosa.


Pelos Amadores da Moita pegaram Fábio Silva à primeira e Luís Lourenço à segunda. 

Foto: João Silva

domingo, 10 de setembro de 2017

CAMPO PEQUENO: DIAS GOMES IMPÕE-SE! O QUE MAIS PRECISAM DE JUSTIFICAR OS NOSSOS MATADORES?

Artigo de Opinião
Por: Catarina Bexiga

A revitalização do Toureio a Pé, no nosso país, não passa apenas pela contratação das grandes Figuras; não passa apenas pelo entusiasmo que despertaram Padilla, Morante, Juli ou Roca Rey … pois a “resposta” dos matadores portugueses merece - da parte de todos - maior atenção. Centremo-nos em Manuel Dias Gomes, em 2016 e 2017, nas duas corridas em que toureou ao lado do mediático “Ciclón de Jerez” no Campo Pequeno; ou nas actuações de António João Ferreira, nas mesmas temporadas, na centenária Palha Blanco. O que mais precisam de justificar os nossos matadores?

Na última nocturna na Capital, Manuel Dias Gomes deu sobrados motivos aos aficionados para nele acreditarem. Já o fizera mais vezes, mas em 2017 apenas lhe valeu a contratação para as corridas do Cartaxo, Figueira da Foz, Tomar e a repetição em Lisboa. Manuel Dias Gomes é, actualmente, um toureio responsabilizado com a sua profissão; que tem vindo a evolucionar e a amadurecer. Um toureiro com gosto que nos consegue fazer desfrutar. Com plenas capacidades para rivalizar…

Pelo mesmo trilho anda António João Ferreira. Dos três jovens matadores no activo é o que mais tempo de Alternativa leva no esportón, nove anos! Os seus triunfos são marcos de cada temporada, triunfos sérios, triunfos caros, mas sem eco no ano seguinte... Em 2016 apenas se vestiu de luzes em Outubro em Vila Franca; e em 2017 de novo em Vila Franca, Figueira da Foz e Nave de Haver. Alguém sobrevive com três contractos?

A fazer campanha no Perú, Nuno Casquinha é outro dos nomes que merece reflexão, pela sua trajectória; pelos obstáculos que tem superado e pela luta incessante que tem travado… tudo pela sua paixão pelo toureio. No último mês de Agosto, veio a Portugal tourear um festival (Açores) e uma corrida numa desmontável (Morais). A 1 de Outubro actuará finalmente na sua terra!
Transversal ao entusiasmo dos nossos aficionados pelos “cartéis mediáticos”, temos três matadores portugueses que lutam por oportunidades no seu país. E arrisco -me a afirmar que se encontram no melhor momento das suas carreiras, e que merecem (os três) que os empresários os chamem. Todavia, os aficionados, conscientes da sua responsabilidade  – porque ser aficionado não se cinge em ver todas as Feiras Taurinas no “sofá”– também se devem interessar por eles. Ir vê-los!

Para terminar, reconhecer também o mérito dos bandarilheiros portugueses. Claúdio Miguel e João Ferreira, a par de outros, na passada Quinta-feira, deixaram-nos orgulhosos pelo que são vestidos de prata!

Foto: João Silva

sábado, 2 de setembro de 2017

ONDE ESTÁ A NOSSA VERGONHA?
Por: Catarina Bexiga

A Arte é Universal, mas tem características próprias de cada país, de cada região, de cada cidade. Tal como já escrevi várias vezes, a Arte de Tourear a Cavalo é verdadeiramente portuguesa. É uma tradição transferida de geração para geração, construída ao longo dos séculos e aperfeiçoada no decorrer dos últimos 100 anos. Que nos deu reputação. Que nos deu crédito. Inclusivamente, além fronteiras. Falar de Portugal no que toca ao Toureio a Cavalo é falar da Pátria do Toureio a Cavalo.

Quem me conhece, sabe que “dou a cara” pelo nosso Toureio e que procuro, insistentemente, ter argumentos para o defender e promover. Conheço a nossa história e sei do que falo. Desde que surgiram as primeiras “alternativas espanholas” que vim a público condená-las. E faço-o, porque não quero ser conivente com uma situação que reprovo a 100 %. Pensei que tinham ganho vergonha, que se tinham orgulhado do sangue português que lhes corre nas veias, mas enganei-me… Depois das seis “alternativas espanholas” que mancharam a nossa história (João Moura Jr., Paulo Jorge Santos, Manuel Caetano, Marco José, Manuel Lupi e João Telles Jr.) ontem, em Mérida, Filipe Gonçalves tomou a alternativa (?) das mãos de Diego Ventura. Uma enorme falta de respeito, uma enorme falta de ética. Sabem o que significam estas duas palavras? Conhecem a nossa história? Ver um homem de casaca e tricórnio tomar uma “alternativa” em Espanha – que não é válida – serve para quê?

Que pena que tenhamos chegado a este ponto…

Foto publicada no facebook de Diego Ventura.

Quem me conhece, sabe que “dou a cara” pelo nosso Toureio e que procuro, insistentemente, ter argumentos para o defender e promover. Conheço a nossa história e sei do que falo. Desde que surgiram as primeiras “alternativas espanholas” que vim a público condená-las. E faço-o, porque não quero ser conivente com uma situação que reprovo a 100 %. Pensei que tinham ganho vergonha, que se tinham orgulhado do sangue português que lhes corre nas veias, mas enganei-me… Depois das seis “alternativas espanholas” que mancharam a nossa história (João Moura Jr., Paulo Jorge Santos, Manuel Caetano, Marco José, Manuel Lupi e João Telles Jr.) ontem, em Mérida, Filipe Gonçalves tomou a alternativa (?) das mãos de Diego Ventura. Uma enorme falta de respeito, uma enorme falta de ética. Sabem o que significam estas duas palavras? Conhecem a nossa história? Ver um homem de casaca e tricórnio tomar uma “alternativa” em Espanha – que não é válida – serve para quê? 
Que pena que tenhamos chegado a este ponto… 


Foto publicada no facebook de Diego Ventura.

sábado, 19 de agosto de 2017

LISBOA: UM GRANDE TOIRO, PALHA E UM GRANDE TOUREIRO, ANTÓNIO RIBEIRO TELLES

Lisboa, 18 de Agosto 2017
Por: Catarina Bexiga

António Ribeiro Telles escreveu mais uma página no livro dos 125 anos da Monumental do Campo Pequeno. Uma noite especial, com lotação esgotada, com um público receptivo a tudo, disposto a aplaudir (o bom e o menos bom), mas que no “baú” guardou a grande noite do cavaleiro da Torrinha.

António confirmou, ontem, o momento que atravessa, pleno de maturidade, com uma intuição impar, com um vasto conhecimento dos terrenos e das distâncias que os toiros requerem, e uma enorme torería na forma como se exprime. Na primeira parte, a actuação veio em crescendo, montado no “Veneno”, alegrando o cite em terra-a-terra, e partido com decisão para cobrar o ferro. O quinto da noite – da ganadaria Palha – foi um grande toiro e com ele esteve um grande toureiro. A forma como aguentou as encastadas investida do toiro e como preparou as sortes, sobrando argumentos, foi um deleite para quem sabe o que é tourear a cavalo. Montado no “Alcochete”, cravou cinco curtos dos grandes! O público obrigou António a dar duas voltas à arena e o Director de Corrida esqueceu-se de mostrar o lenço azul. O de Palha merecia!

O resto da noite (transmitida pela TVI), resume-se a um João Moura discreto e um Luís Rouxinol animoso. Os toiros pertenciam a seis ganadarias: Vinhas, Ribeiro Telles, Oliveira Irmãos, Murteira Grave, Palha e Passanha.

Ambos os grupos estiveram à altura do compromisso. Pelos Amadores de Montemor-o-Novo pegaram Francisco Bissaia Barreto à segunda (grande pega), Duarte Mira à terceira e Francisco Borges à primeira. Pelos Amadores de Lisboa concretizaram Martim Lopes à primeira, Duarte Mira à terceira e João Varanda à primeira.

Foto: Facebook Campo Pequeno

ARRUDA DOS VINHOS: GANADARIA DA TERRA ARREBATA OS DOIS PRÉMIOS EM DISPUTA

Arruda dos Vinhos, 17 de Agosto 2017
Por: Catarina Bexiga

Passados oito anos, Arruda dos Vinhos voltou a receber uma Corrida de Gala à Antiga Portuguesa, motivo que atraio muito público à quase centenária “José Marques Simões”. A par do interesse da noite, o XX Concurso de Ganadarias, com mais mansidão do que bravura. Quis o destino (e o júri) que os dois prémios em disputa recaíssem no exemplar do Eng.º Jorge de Carvalho.
Do cartel, sobressaiu o mais novo de Alternativa, com o toiro vencedor, o único que teve a virtude de colaborar com o “seu” cavaleiros. Luís Rouxinol Jr. foi autor da actuação mais completa da noite; dando importância aos compridos , e depois, montado no “Amoroso”, mostrando-se comunicativo no estilo e variado no conceito.

Com o novilho de Nuno Casquinha, que não entrou em concurso por substituir o de Varela Vrujo, e que esperava muito, Ana Batista assinou uma actuação que veio a mais nos curtos, com um grande terceiro curto, montada no “Conquistador”; Manuel Telles Bastos – com o toiro do Eng. Luís Rocha, com mobilidade e transmissão, mas que na recta final encostou-se a tábuas – teve passagens meritórias; Duarte Pinto andou eficaz, com o manso de Lampreia; Francisco Palha  - com o toiro de Santiago, reticente à garupa, mas pronto  com o cavalo pela frente –  cravou dois grandes curtos com o “Roncalito”; e Miguel Moura andou desembaraçado com um manso de Manuel Veiga.

Pelos Amadores de Vila Franca de Xira pegaram Guilherme Dotti à primeira, Gonaçalo Filipe à segunda e Pedro Silva também à segunda. Pelos Amadores de Arruda dos Vinhos concretizaram João Costa à primeira, Tiago Silva à segunda e Pedro Sabino à primeira, na pega da noite.

No fim os prémios em disputa recaíram em Luís Rouxinol Jr. (melhor actuação); Amadores de Vila Franca de Xira (melhor grupo), Pedro Sabino, dos Amadores de Arruda dos Vinhos (melhor pega), enquanto os troféus do Concurso de Ganadarias, Apresentação e Melhor Toiro premiaram o exemplar do Eng. Jorge de Carvalho. 

quarta-feira, 16 de agosto de 2017

CALDAS DA RAINHA: O QUE É TOUREAR A CAVALO?

Caldas da Rainha, 15 de Agosto 2017
Por: Catarina Bexiga

A resposta é simples! Tourear a Cavalo (com todas as letras) foi o que vi, António Ribeiro Telles, fazer na tradicional data de 15 de Agosto nas Caldas da Rainha. Da primeira parte do Concurso de Ganadarias recordo pouco, apenas um grande sesgo de António com o “Favorito”; um curto de Filipe Gonçalves com o “Chanel”; e as capacidades de Francisco Palha frente a um toiro com graves problemas de visão.

Para a segunda parte estava reservado o melhor da tarde. Com o toiro de David Ribeiro Telles, que ganhou o concurso, António esculpiu uma obra das que enaltecem e imortalizam o Toureio a Cavalo à Portuguesa .  De saída andou discreto, mas montado no “Alcochete” a preparação das sortes foram perfeitas, com uma torería, com um conhecimento, com um sabor… de arrepiar! Depois entrou ao toiro com decisão e cravou com impacto. Foram quatro: Extraordinários! Daqueles que jamais esquecerei…

Filipe Gonçalves teve várias passagens meritórias com o segundo do seu lote. Do conjunto sobressaíram dois curto com o “Universo”, o terceiro aguentando a investida do toiro, e o quarto atacando o adversário. Depois os quiebros foram vibrantes e as reuniões vistosas, com o toiro a derrotar na casaca. Quanto a Francisco Palha, cravou os ferros com o “Roncalito”, mas sem explodir…

Dos toiros a concurso, o de Prudêncio (venceu o prémio apresentação) teve pouca vontade de colaborar; o de Veiga Teixeira esperou e raspou; o de Diego Ventura saiu com problemas de visão; o de Ribeiro Telles (venceu o prémio bravura) cumpriu; o 5.º da mesma ganadaria não entrou em concurso, porque substituiu o de José Luis de Souza de Andrade; e o de Fernandes de Castro não terminou de se definir.

Pelos Amadores de Santarém, António Taurino concretizou uma grande pega à primeira tentativa, Fernando Montoya fechou-se à primeira e Lourenço Ribeiro foi autor de outra grande pega também à primeira. Pelos Amadores das Caldas da Rainha pegaram Francisco Mascarenhas, superior, suportando um forte derrote, à primeira, Lourenço Palha à terceira e Mário Cardeira (a dobrar Francisco Rebelo de Andrade) à quarta.

Ambiente próprio da simpática praça de toiros das Caldas da Rainha, com casa cheia, e um grande triunfo de António Ribeiro Telles. 

domingo, 6 de agosto de 2017

SÓNIA MATIAS NA NAZARÉ: QUERER É PODER!

Nazaré, 5 de Agosto 2017
Por: Catarina Bexiga

Se querer é poder, querer é vencer. Esta é a melhor frase que encontro para definir a “encerrona” de Sónia Matias que, no passado Sábado, teve lugar na Nazaré. Com 17 anos de Alternativa, Sónia desafiou-se a si própria, assumindo um compromisso exigente, que superou com distinção.

A disposição da cavaleira foi o segredo de uma noite que ficará na sua memória. Sónia mostrou-se sempre “fresca”, como se tourear seis toiros fosse a mesma coisa de tourear dois. Com uma alegria contagiante, fiel ao seu estilo e ao seu publico, o que sempre a caracterizou; mas também disposta a surpreender (e nem foi preciso ter uma quadra ampla), quando foi à “porta gaiola” receber o quarto da ordem ou quando abdicou da ajuda dos bandarilheiros para receber o quinto… O seu toureio foi sincero, na forma como resolveu com naturalidade (e muita garra) todas as questões, todos os problemas. Os melhores momentos conseguiu-os a abrir e a encerrar a noite, montada no “Sultão”, um castanho que tem estado ao seu lado nas últimas temporadas e que, ontem, voltou a partilhar consigo o triunfo. Sónia convidou Soraia Costa (cavaleira sobresaliente) para cravar dois curtos no quinto, e a duo ambas resolveram com eficiência a tarefa.

Os toiros da Herdade de Camarate ajudaram ao resultado final. Destacaram-se os lidados em primeiro e sexto lugar (este com chamada do maioral), com mobilidade e com transmissão; saiu mais reservado o segundo, complicado o quatro, e os restantes deixaram-se.

Da história da noite fizeram parte três grupos de forcados. Pelos Amadores do Ribatejo pegaram Pedro Espinheira à segunda e Duarte Pinheiro à primeira. Pelos Amadores da Tertúlia Tauromáquica do Montijo concretizou sozinho Luís Garrido à primeira (só depois de fechado na cara, o grupo saltou para a arena) e Rodrigo Carrilho à primeira. Pelos Amadores de Tomar pegaram Francisco Coelho à segunda e Luís Campino à primeira.

Ontem Sónia Matias deixou uma mensagem importante: QUERER É PODER!

sábado, 5 de agosto de 2017

LISBOA: MEU QUERIDO MÊS DE AGOSTO…

Lisboa, 3 de agosto 2017
Por: Catarina Bexiga

Foi a pensar nos Emigrantes que a empresa organizou a nocturna da passada Quinta-feira em Lisboa. Como diz a canção: Meu querido mês de Agosto, contigo levo o ano inteiro a sonhar… E nada melhor que uma bela “tourada” para matar as saudades…

A corrida de David Ribeiro Telles saiu díspar de apresentação, com três toiros com trapio e outros tantos menos exigentes… De comportamento, o 3.º foi colaborador (achei excessiva a volta do maioral) e o 5.º foi um bom toiro, arrancando-se, várias vezes, para o cavalo. Curiosamente, não mereceu o “lenço azul”. Aos outros quatro faltou entrega.

A aquilatar pela forma como festejaram cada ferro  – Rui Fernandes, Filipe Gonçalves e Francisco Palha – julgaram-se autores de grandes actuações. Não partilho da mesma opinião. Se é verdade que houve toiros que “não ajudaram”, também é verdade que não tiveram quem os ajudasse. O conceito cambiado “reinou”, com o que daí resulta… Afinal, era a Corrida do Emigrantes… e o que é preciso é alegria, já chega os restantes meses do ano fora de Portugal…

Tratava-se de um Concurso de Pegas, também ao gosto do Emigrante, mas isto dos Prémio (seja de cavaleiros, pegas ou toiros) há muito que perdeu crédito. Pelos Amadores do Montijo pegaram Hélio Lopes, à primeira tentativa (grande pega) e José Pedro, à segunda. Pelo Aposento do Barrete Verde de Alcochete concretizaram Marcelo Loia à primeira e Diogo Amaro à segunda, mas valentíssimo, a aguentar vários derrotes. Extraordinária intervenção. O público aclamou merecidamente o seu labor. Pelos Amadores de S. Manços pegaram João Fortunado e Jorge Valadas ambos à primeira. No fim, o Júri – constituído por um elemento do Real Clube Tauromáquico Português, António Alfacinha (ex-cabo dos Amadores de Évora) e Amorim Ribeiro (ex-cabo dos Amadores de Coruche) – escolheram a pega de Hélio Lopes (ouviram-se protestos), mas ao micro foi anunciado que Diogo Amaro iria abrir a porta grande. Inédito!!!

Foto: João Silva / Sol e Sombra


terça-feira, 1 de agosto de 2017

À CONVERSA COM... SÓNIA MATIAS, A PROPÓSITO DA SUA "ENCERRONA" NA NAZARÉ

Sónia Matias vai actuar em solitário, no próximo Sábado, na simpática praça de toiros do Sítio da Nazaré. Após 17 anos de Alternativa, este é um desafio exigente, que tem merecido por parte da cavaleira total dedicação e compromisso para com a afición… A menos de uma semana do acontecimento, Falar de Toiros esteve à conversa com Sónia Matias:

Falar de Toiros – Com uma trajectória nas arenas que conta com 17 anos de Alternativa, a Sónia Matias decidiu este ano encerrar-se com 6 toiros. É um sonho que tinha por concretizar?
Sónia Matias – Sim, mesmo depois de 17 anos de Alternativa, continuo a ter objectivos para alcançar. Estou muito feliz por conseguir este ano concretizar este sonho, encerrar-me com 6 toiros.

FT – Quando anunciou a sua “encerrona”, que retorno sentiu por parte dos aficionados?
SM – As pessoas começaram logo a falar, e acima de tudo, senti o respeito e a admiração dos aficionados, particularmente, daqueles que me seguem e que ao longo dos anos me acompanham corrida após corrida.

FT – Como cenário escolheu a praça de toiros da Nazaré. Por algum motivo especial?
SM –  É uma praça especial para mim. Sempre que actuo na Nazaré, sinto um carinho desmedido de todo o público nazareno, sinto-me verdadeiramente em casa…  Aquela praça tem um ambiente único e de grande apoio aos toureiros. Adoro tourear na Nazaré. É o palco perfeito para sonhar e realizar o meu sonho.

FT  – Actuar em solitário é um desafio exigente. Como é que tem feito a sua preparação?
SM – Sim, é um desafio extremamente exigente. Tenho treinado muito, os dias têm sido intensos, de volta dos cavalos, sempre a corrigir ou a melhorar pormenores. Ou seja, 24 horas sobre 24 horas, com muito afinco e muita ilusão a pensar no próximo Sábado…

FT  – Para a ocasião necessita de uma quadra ampla…
SM – De momento, a minha quadra é um misto de veteranos com novidades. De saída, tenho o “Monforte” (ferro João Moura), “Artista” (Ribeiro da Costa), “Orelhas” (Soagro) e “Ernesto” (Francisco Parreira). De bandarilhas, vou levar o “Alma Viva” (sem ferro), “Sultão” (sem ferro) – um cavalo importantíssimo nas minhas últimas temporadas, que muito me tem dado – tenho também o “Mágico” (Maria Guiomar Cortes Moura), “Amoroso” (sem ferro), “Bolero” (Silva Jerego), “Monforte” (Luís Rouxinol), “Obélix III” (sem ferro) e também o “Atrevido”, um cavalo muito conhecido entre o público. É uma quadra variada em que confio e acredito.

FT - Estão anunciados 6 toiros da Herdade de Camarate. Foi vê-los ao campo? Sabe como está a corrida?
SM – Sim, fui ao campo ver os toiros, e penso que está uma corrida muito equilibrada, que me transmite boas sensações. Espero que invistam e que me ajudem…

FT  – Durante 17 anos foram muitas as pessoas que estiveram ao seu lado.  6 toiros supõe 6 brindes de reconhecimento?
SM – Os seis brindes serão todos especiais, mas seria necessário muitos mais toiros para poder retribuir com brindes a gratidão que tenho por tantas pessoas que me acompanham e apoiam ao longo de tantos anos.

Entrevista conduzida por Catarina Bexiga

segunda-feira, 31 de julho de 2017

SALVATERRA DE MAGOS: À ANTIGA PORTUGUESA COM LOTAÇÃO ESGOTADA!

Salvaterra de Magos, 28 de Julho 2017
Por: Catarina Bexiga

À Antiga Portuguesa foram as cortesias. À Antiga, a adesão dos aficionados. O toiro despertou um interesse acrescido à XV Tourada Real – com a presença dos Duques de Bragança - anunciada para Salvaterra de Magos. Os de Veiga Teixeira saíram rematados de carnes, sérios, o 5.º e 6.º superiores de apresentação. O primeiro investiu com raça e transmitiu emoção. Foi um grande toiro! Os restantes vieram a menos, aquém do esperado por todos.

Luís Rouxinol assinou duas actuações distintas, mas ambas com conteúdo. Com o seu primeiro, um “Veiga” exigente, o cavaleiro de Pegões aguentou, com enorme mérito, as primeiras investidas do toiro, e montado no “Equus do Zambujal”, cravou três compridos de forma superior. O toiro nunca admitiu equívocos, investiu sempre com raça, transmitiu sempre emoção, e fez com que dele todos estivéssemos pendentes. Com a “Viajante”, Rouxinol manteve a atitude e os dois primeiros curtos foram extraordinários. O segundo do seu lote foi manso, com querença nas tábuas, e montado no “Douro”, com disposição e ofício, Rouxinol resolveu os problemas.

João Moura Jr. e João Telles Jr. apenas “se fizeram à vida” nos dois últimos da noite. Na primeira parte, as suas prestações foram desprovidas de interesse, mas em Boa-Hora decidiram inverter o rumo dos acontecimentos. Moura Jr. pôs vibração no seu toureio no quinto, e montado no “Xeque-Mate” brilhou nos recortes por dentro, e cravou dois curtos que sobressaíram. Por outro lado, com o sexto, Telles Jr. apontou um grande comprido com o “Gaiato” e animoso com o “Equador da Pêra Manca”, encerrou com dois curtos impactantes.

Pelos Amadores de Alcochete pegaram João Machacaz e Pedro Viegas, duas boas intervenções, ambos à primeira tentativa; enquanto António Manuel Cardoso apenas concretizou à terceira. Pelo Amadores de Salvaterra de Magos pegou Carlos Travessa à terceira tentativa, o grupo deixou “ir vivo” o quarto, e Ramiro Sousa e Nilton Milho pegaram de cernelha o último da noite. 

sexta-feira, 21 de julho de 2017

LISBOA: ANTÓNIO DEU MAIS “VIDA” À CATEDRAL DO TOUREIO A CAVALO

Lisboa, 20 de Julho 2017
Por: Catarina Bexiga

Fez-se jus ao seu nome: Catedral do Toureio a Cavalo. Como que a homenagear os seus 125 anos de história. Como que a recordar os nomes que ali escreveram as páginas de glórias que nos engrandeceram e catapultaram para o mundo, como os melhores interpretes do Toureio a Cavalo.

António Ribeiro Telles deu “vida” à Catedral, ontem, no segundo da noite. O toiro de Murteira Grave revelou-se exigente logo de saída. Com o “Embuçado”, António apontou duas tiras discretas; mas nos curtos, a lição de Toureio a Cavalo que deu, montado no “Alcochete”, fez-nos encher de satisfação. Aliado ao conhecimento com que preparou as sortes, o “segredo” do triunfo esteve na forma como atacou o toiro, como o provocou no corredor da verdade, como o “encheu” de cavalo – até à fronteira que separa o possível do impossível – para depois receber a investida à espádua e cravar ao estribo. Com risco e emoção. Foram cinco curtos extraordinários! Dos que nos fazem: Gritar. Aplaudir. Levantar.

Todos os toureiros têm o seu espaço. Mas nós, portugueses, não precisamos de “imitar”; não precisamos de “favores”; não precisamos de “idolatrar”. Temos a obrigação de saber valorizar e promover o nosso Toureio a Cavalo. Está na hora de recuperar o tempo perdido… António foi premiado com duas voltas à arena, mas vulgarizadas que estão, merecia lá continuar a agradecer…

Luís Rouxinol teve um grande início de actuação com o terceiro da corrida. Os três compridos que apontou foram sensacionais. Com o “Equus do Zambujal” marcou a diferença e empolgou os aficionados. A actuação veio de mais a menos com a “Viajante” e terminou com um superior par de bandarilhas com o “Antoñete”. No fim, o ganadero foi chamado à arenas (o toiro teve muitas virtudes, mas não só…) e a segunda volta de Rouxinol com  Francisco Graciosa (Amadores de Santarém) foi excessiva. Apenas a merecia o forcado.

Manuel Telles Bastos teve uma actuação com mais querer que poder. Começou com uma sorte de gaiola vibrante com o “Xirico”. O toiro teve as suas dificuldades, e montado no “Diestro”, andou prudente.

Acarinhado pelo público, esta noite foi para Luís Rouxinol Jr. a noite de todos os seus sonhos. De saída quis mostrar as suas intenções. Com o “Aquiles” cravou um grande comprido. De inicio o toiro foi pronto e alegre, mas montado no “Douro”, só a espaços se entendeu com ele.
A noite terminou com as actuações a duo, entre António Telles e Manuel Telles; Rouxinol pai e filho. Entretidas, e pouco mais…

O curro de Murteira Grave marcou o interesse da corrida. Com trapio (condizentes com a categoria da Catedral), encastados e exigentes sobretudo os quatro primeiros. Uma corrida para Toureiros com maiúsculas.

A noite foi dura para os homens da jaqueta de ramagens que se tiveram que agigantar perante as dificuldades. Pelos Amadores de Santarém pegaram Lourenço Ribeiro à 1.ª, Francisco Graciosa também à 1.ª (a pega da temporada até ao momento) e Luís Seabra à 2.ª. Pelos Amadores de Coruche concretizaram Pedro Coelho à 5.ª, Paulo Oliveira à 1.ª e António Tomás dobrou José Marques. 

sábado, 15 de julho de 2017

LISBOA: A CLASSE DE MANZANARES…

Lisboa, 13 de Julho 2017
Por: Catarina Bexiga

CLASSE. A palavra que define a última noite de toiros no Campo Pequeno. A palavra que define o toureio de José Maria Mazanares.
A faena ao quarto da noite (Garcia Jimenez), que de início investiu no capote do toureiro de Alicante, pelos dois pitóns, com nobreza e humilhado, fez-nos acreditar que algo de importante se pudesse vir a passar na arena de Lisboa. O saludo capotero foi precioso. A expressão de cada verónica e aquelas ajustadas chicuelinas, de mãos baixas, foram obra de génio. Depois José Maria levou a cabo uma faena perfumada de classe, temple, harmonia e torería. Gostou-se Manzanares. Completamente metido na faena, esteve extraordinário com a mão direita e com la zurda igual. Toureio do caro. Com empaque nos tendidos. Apoteótica faena de José Maria Manzanares.

Com o seu primeiro esteve sóbrio; o toiro de Núñez de Tarifa não acabou de romper, igual que a faena. Com o último, de Juan Pedro Domecq, com o capote voltou a entusiasmar –  como sobresaliente “Cuqui” saiu ao quite por gaoneras – e quando a faena começara a ganhar forma convidou de novo Joaquim Ribeiro para partilhar consigo a faena. Inédito e Inoportuno. “Cuqui” agradecido respondeu com entrega. Quem pagou para ver Manzanares com três toiros sentiu-se defraudado.

No quarto toiro Manzanares foi premiado com duas voltas à arena, e no sexto (faena que não fez!) com mais duas. Resultado: saída em ombros pela porta grande!? Como!? É pena que a grandeza do toureio se misture com outros interesses…

A presença de Pablo Hermoso de Mendoza resumiu-se à sua última actuação. Os dois primeiros toiros de Charrua não serviram para Pablo brilhar, sem raça (Jacobo Botero como sobresaliente cravou dois curtos no segundo); o ultimo teve mais virtudes, mas no meu entender não tantas como o “Presidente” entendeu, com a chamada do ganadero à arena.  Montado no “Brindis” e com o “Disparate”, tirou partido das hermosinas e cravou os seus melhores ferros da noite.

Pelos Amadores de Montemor-o-Novo pegaram Francisco Barreto á segunda tentativa, João da Câmara à quinta e a encerrar Francisco Borges à primeira.

domingo, 9 de julho de 2017

PORTALEGRE: GRANDE NOITE DE TOUREIO A CAVALO À PORTUGUESA. GRANDE NOITE DE DUARTE PINTO

Portalegre, 9 de Julho 2017
Por: Catarina Bexiga

Hoje (finalmente!) posso escrevê-lo: grande noite de Toureio a Cavalo à Portuguesa. A praça de toiros de Portalegre voltou a ter vida, ontem, após dois anos de portas fechadas. Nos tempos que correm, ter verdadeiros motivos para rejubilar e para enaltecer é quase uma raridade. Mas acertei no dia!
Duarte Pinto assinou (porventura) a noite mais redonda da sua carreira. Os toiros do Eng. Jorge de Carvalho saíram dispares de apresentação, mais colaborador o lote de Miguel Moura, e complicados e exigentes os de António Telles e Duarte Pinto. A pedir cavaleiros que os saibam tourear! Porque cada toiro tem a sua lide. E triunfar assim, ainda tem mais mérito!

Duarte construir duas actuações baseadas no conhecimento. Entendeu os problemas dos adversários e teve argumentos para os explorar. Tranquilo. Confiante. Ambicioso. Com perfeita noção do que é o toureio a cavalo, andou em plano de exímio lidador toda a noite. Pela forma como preparou as sortes, pelos terrenos que pisou e as distâncias que escolheu… Tudo com critério e sentido. De saída, montou o “Barão” (1.º) e o “Espectáculo” (2.º) e com eles marcou pontos; depois com o “Cesário” no seu primeiro, cravou cinco curtos extraordinários, e com o “Visconde” no seu segundo voltou a empolgar. Uma grande noite de Duarte Pinto!

Quem também acompanhou o meu entusiasmo foi António Ribeiro Telles. Sobrado e Toureiro, apoderou-se do seu primeiro na fase mais complicada. Depois com o “Veneno”, alegrou os cites, e cravou cinco curtos muito idênticos no resultado. Para dar resposta ao seu segundo António também preciso de “puxar pelos galões”. Com decisão, foi à cara do toiro, e montado no “Favorito” voltou a alegrar quem teve a capacidade para perceber que em Portalegre vimos Tourear a Cavalo à Portuguesa!

Beneficiado no sorteio, Miguel Moura conserva a disposição que o caracteriza, todavia o seu toureio tem dinamismo, mas falta de consistência. Um curto no seu primeiro é o que guardamos da sua presença.

Houve competição entre dois grupos alentejanos. Pelos Amadores de Montemor -o-Novo pegaram Vasco Ponce, Vasco Carolino e António Calça Pina, todos à primeira tentativa. Pelo grupo de Portalegre concretizaram Nelson Batista à terceira, Ricardo Almeida à primeira e João Fragoso também à primeira. No fim, o troféu “Pedro Bela Corça” para o melhor grupo recaiu nos Amadores de Montemor-o-Novo e o troféu “Francisco Matias” no forcado João Fragoso do grupo de Portalegre.  

sexta-feira, 7 de julho de 2017

LISBOA: FOI PRECISO ESPERAR PELO ÚLTIMO…

Lisboa, 6 de Julho 2017
Por: Catarina Bexiga

Foi preciso esperar pelo último. Com paciência. Com resistência. Com afición…

A corrida começou com as actuações a cavalo. Os dois toiros de Falé Filipe escolhidos para o efeito deixaram-se, mas Jacobo Botero desperdiçou a oportunidade dada pela empresa do Campo Pequeno; enquanto Parreirita Cigano andou intermitente. Pelo Aposento da Moita pegaram Ruben Serafim e Leonardo Mathias, ambos à terceira tentativa.

O interesse da noite estava na presença dos matadores de toiros El Fandi e Juan del Álamo, mas a falta de fundo dos toiros de Falé Filipe desluziram as intenções dos toureiros e o optimismo dos aficionados. A corrida saiu díspar de apresentação, basto o quarto (como se pode escolher um toiro com aquelas hechuras para o toureio a pé?), terceiro e sexto mais finos. Dos quatro, apenas se aproveitou o último. Com mais raça e com mais transmissão que os seus irmãos de camada, o suficiente para que algo se passasse na arena. El Fandi andou poderoso nas bandarilhas e sem opções com a muleta; e Juan del Álamo esforçado com o quarto e autor dos melhores momentos da noite no sexto. O toiro começou por investir largo, Álamo apoderou-se dele, sentiu-se toureiro, e recompensou, com toureio caro, os aficionados que aguentaram até ao fim.  

Foto: João Silva / Sol e Sombra

APONTAMENTOS DA ÚLTIMA JORNADA TAURINA (PARTE IV)

VILA FRANCA DE XIRA: A (POLÉMICA) SAÍDA EM OMBROS DE PADILLA…

Padilla merece todo o meu respeito. Pela dor que passou. Pela luta que travou. A sua história sensibiliza a todos…  e Padilla tornou-se um herói de “carne e osso”. Mas ponto final. Em Portugal, Juan José está como “peixe dentro de água”, o público paga para o ver, e Padilla tira partido da sua imagem. Ao contrário do que acontece no seu país, sabe que não precisa cortar orelhas para sair em ombros.  Em Vila Franca voltou a exceder-se. Houve quem protestasse, quem assobiasse, mas Padilla atravessou a arena da Palha Blanco sem que algo de importante o justificasse… A tarde em que se homenageou o Maestro Vitor Mendes teve outras recordações: a segunda actuação de João Telles Jr., a pega de Vasco Pereira e duas faena de António João Ferreira que o acreditam para voos mais altos.

Texto: Catarina Bexiga. Foto: João Silva / Sol e Sombra

APONTAMENTOS DA ÚLTIMA JORNADA TAURINA (PARTE III)

MONTIJO: TRINTA ANOS DE ALTERNATIVA E UMA ENCERRONA…

Na temporada em que comemora 30 anos de Alternativa, Luís Rouxinol decidiu encerrar-se com 6 toiros. Fê-lo no passado Sábado, na sua terra, na sua praça. Quem conhece a trajectória de Luís Rouxinol, sabe que não precisa de justificar nada a ninguém. Desafiou-se a si próprio; e superou com dignidade o acontecimento. Teve ao seu lado a família e os amigos. Sentiu o carinho dos seus admiradores e dos aficionados. Trinta anos de Alternativa e uma encerrona. Este foi um sonho cumprido, o próximo está agendado para o dia 20 de Julho, com a Alternativa do seu filho, Luís Rouxinol Jr. Tratando-se de um Concurso de Ganadarias, venceram os prémios as ganadarias de Murteira Grave (bravura) e Jorge de Carvalho (apresentação). O troféu para a melhor pega recaiu em Élio Lopes (Amadores do Montijo).

Texto: Catarina Bexiga

APONTAMENTOS DA ÚLTIMA JORNADA TAURINA (PARTE II)

ÉVORA: AS LÁGRIMAS DE ANTÓNIO ALFACINHA

Lotação esgotada em Évora para ver a despedida de um grande forcado. António Alfacinha disse “Adeus”, na passada Sexta-feira, da chefia do seu grupo e na sua cidade. Deixou herança. Um exemplo de agregação e superação em todos os momentos. Alfacinha deu duas clamorosas e merecidas voltas à arena; e passou o futuro dos Amadores de Évora para as mãos de João Pedro Oliveira. Os homens também choram? Claro que sim! Porque têm sentimentos e emoções. António Alfacinha sempre “quis” o seu grupo e o seu grupo faz parte da sua história, da sua vida… Do cartel sobressaiu a veterania de João Moura, com o seu segundo toiro de Passanha. Foi com o cavaleiro de Monforte que o Toureio a Cavalo mais brilhou.

Texto: Catarina Bexiga. Foto: João Silva / Sol e Sombra

APONTAMENTO DA ÚLTIMA JORNADA TAURINA (PARTE I)

CAMPO PEQUENO: UMA ALTERNATIVA COM AMIZADE E GRATIDÃO


Amizade. Gratidão. Triunfo. Parreirira Cigano tomou a Alternativa, na passada quinta-feira, na Monumental do Campo Pequeno, e com um simples gesto - de amizade e gratidão - brindou o toiro do doutoramento a quem lhe proporcionou concretizar o seu sonho: empresa, apoderado, Manuel Jorge de Oliveira (o seu Mestre) e a Joaquim e João Oliveira. Parreirita sentiu-se a gosto e com o seu toureio defendeu o protagonismo. O triunfo valeu-lhe a repetição na próxima Quinta-feira. A ele, e a Jacobo Botero. É importante que ambos aproveitem agora as oportunidades que surjam…. A vitalidade da Festa de Toiros passe pelos jovens!

Texto: Catarina Bexiga Foto: João Silva 

quinta-feira, 29 de junho de 2017

MONTIJO: VENTURA ARREBATADOR…

Montijo, 28 de Junho 2017
Por: Catarina Bexiga

Ventura encontra-se no melhor momento da sua carreira. “Com toiro” ou “Sem toiro” a ajudar, a sua disposição fazem do rejoneador de Puebla del Rio um toureiro arrebatador. Tudo com… ritmo, intuição, sentido de espectáculo, etc. Apostou forte no primeiro de Canas Vigouroux – vibrante de saída com o “Bronce” e espectacular com o “Sueño” e o “Nazari” – e se duvidas houvesse, com o segundo, manso com querença em tábuas, de novo com o “Nazari” andou sobrado, com argumentos, com recursos… por outras palavras, não investia o toiro, “investia” Ventura.  Cumbre!!!

António Ribeiro Telles fez valer a sua condição de máximo intérprete do Toureio a Cavalo à Portuguesa. O seu primeiro “Canas” foi exigente no momento do ferro, teve raça, transmitiu, e o cavaleiro da Torrinha esteve à sua altura. Montado no “Favorito” cravou cinco curtos com muita sinceridade e mérito. O segundo colaborou menos, obrigou António a provocá-lo, a incentivá-lo a investir. Com o “Alcochete” pisou os terrenos exigidos, e do 2.º ao 6.º curto, a actuação veio sempre a crescer… Em plano de Maestro.

João Moura Jr. teve pela frente o pior lote da noite. Mansos, sem vontade de investir, reservados… Do meu ponto de vista, a Moura Jr. faltou capacidade de surpreender, porque quando os toiros não permitem o toureio desejado,  há que apresentar outras soluções…

Os “Canas” (destaque para os dois primeiros, mansos os restantes) facilitaram a vida dos homens da jaqueta de ramagens. Todas as pegas foram concretizadas à primeira tentativa. Pelos Amadores do Montijo pegaram Hélio Lopes, João Paulo Damásio e Ruben Pratas. Pelos Amadores de Alcochete concretizaram Manuel Pinto, João Belmonte e João Mac

segunda-feira, 12 de junho de 2017

REGUENGOS DE MONSARAZ: O CALOR COMO PROTAGONISTA…

Reguengos de Monsaraz, 11 de Junho 2017
Por: Catarina Bexiga

O cartel comemorativo dos 30 anos de Alternativa de Luís Rouxinol, em parte, assemelhou-se ao que se viveu na “Celestino Graça” na tarde do seu doutoramento: João Moura e Rui Salvador (apenas faltou Joaquim Bastinhas) voltaram a partilhar as cortesias com o cavaleiro de Pegões. Mas os anos passaram. Embora somadas muitas conquistas pelo meio (dos três); hoje os nossos olhos vêem uma realidade diferente…

Em tarde de muito calor, João Moura e Rui Salvador viram-se melhor nos seus primeiros. Faltou raça ao de Passanha, mas montado no “Marino”, Moura praticou um toureio correcto. Serviu o de Murteira Grave, que investiu humilhado nos capotes, e montado no “Vice-Rei”, os primeiros curtos de Rui Salvador foram mais convincentes que os restantes. As segundas actuações não acrescentaram história à tarde…

Luís Rouxinol sentiu-se acarinhado pela afición alentejana. É um grande toureiro, mas prefiro ficar com o registo de outras tardes de triunfo. Frente ao da Galeana (um toiro que investiu com alegria, mas que teve querença evidente nas tábuas), com o “Douro” praticou um toureio de fácil conexão com o público. Destaco apenas o terceiro curto, cingido do embroque e no remate. Com o da Herdade da Pina, montado no “Amoroso” andou vulgar.

Rematados de carnes, saíram os seis exemplares lidados. Foram reservados os de Passanha e mais colaboradores os de Murteira Grave. O terceiro, teve virtudes, mas querença em tábuas, chamado pelo cavaleiro e autorizado pelo “inteligente”, o ganadero deu volta à arena!?

Pelos Amadores de Montemor-o-Novo pegaram Francisco Bissaia Barreto, Francisco Borges e Manuel Dentinho, todos à primeira tentativa, a confirmar o grande momento que o grupo atravessa. Pelos Amadores de Monsaraz concretizaram David Feijão à segunda, Carlos Polme à primeira e Nelson Campaniço também à primeira. 

SANTARÉM: VENTURA E JULI, ENTREGA SEM LIMITES!

Santarém, 10 de Junho 2017
Por: Catarina Bexiga

Cartel histórico em Santarém: Ventura, Morante e Juli. Três figuras para esgotar a “Celestino Graça”. Um esforço da empresa, que merecia maior recompensa (cerca de ½ casa). Quem esteve presente, não ficou indiferente à entrega – sem limites – de Ventura e Juli.

Diego Ventura mostrou estar num momento cumbre da sua carreira. Pela quadra que tem. Pelos recursos. Pela maturidade. E pela ambição. Acho despropositadas as comparações, que a espaços surgem, entre os intérpretes portugueses e os espanhóis, são coisas distintas, cada uma tem o seu sitio… E Ventura, o dele! Com o primeiro de Guiomar Cortes Moura (atrás dos cavalos com galope cadenciado, típico do encaste, mas reservado no momento do ferro), Ventura esteve intuitivo, improvisou, sublime com o “Nazari” a ladear, com o toiro cingido ao cavalo… criou obra e entusiasmou as bancadas. Tudo feito com harmonia. Sentido de lide. Sentido de espectáculo. O seu segundo foi menos colaborador, mas Ventura superou todas as contrariedades. Entendeu o toiro, citou a favor da querença, e com o “Sueño” aproveitou todas as investidas que o Guiomar Cortes Moura levava dentro. Terminou com um par de bandarilhas, nos médios, sem cabeçada, com o “Dolar”. Actuação meritória.

Pelos Amadores de Santarém pegaram Francisco Graciosa à terceira tentativa e Luís Seabra à primeira, com nota superior.
El Juli é um toureiro cuajado pelo tempo e pela experiência. Toureiro de Toureiros. A faena ao primeiro (Nuñez del Cuvillo) foi construída com inteligência,  acreditando, ensinando o toiro a seguir o engano. Pelo melhor pitón - o direito – afloraram muletazos poderosos, de mão baixa… com o toureiro entregue e o público rendido. O segundo (Garcigrande) foi manso, passou o tempo a fugir, mas El Juli não desistiu de lhe fazer faena . Sacou os muletazos que o toiro tinha e os que não tinham também… Um toureiro “fora de serie”.

Morante de la Puebla passou pela “Celestino Graça” com mais pena que glória. Com dois toiros a contra-estilo, o de Puebla del Rio nunca se sentiu a gosto… e abreviou!

sábado, 10 de junho de 2017

LISBOA: ONDE ESTÁ A SERIEDADE DO TOIRO NA CAPITAL?

Lisboa, 8 de Junho 2017
Por: Catarina Bexiga

Impõe-se questionar: Onde está a seriedade do toiro na Monumental do Campo Pequeno? Não concebo (eu e outros aficionados) que saiam à arena da primeira praça de toiros do país seis exemplares como os que vimos ontem. Não basta terem quatro anos cumpridos. Não basta terem mais de 500 Kg de peso. O que vimos foram seis toiros de Irmãos Moura Caetano sem a “ponta” de seriedade (subentenda-se trapio), mais adequados a uma desmontável do que à primeira praça de toiros do país. E não é a primeira vez! Durante a tarde (na imprensa da especialidade), a empresa apresentou ao público os oito exemplares que estavam nos curros da capital. Talvez não tenha tido a noção, que a divulgação dos mesmos teve um retorno contrário ao pretendido, em vez de levar público, tirou público! E não ficamos por aqui. Sem trapio… E mansos, desinteressado, sem raça, com querença em tábuas, sem  vontade de investir… Mansos de livro. Os seis!

A história da última nocturna no Campo Pequeno conta-se em poucas linhas. Rui Fernandes teve a actuação mais convincente com o primeiro da noite. Montado no “El Dorado”, mostrou disposição para contrariar a mansidão do exemplar de Irmãos Moura Caetano, sobressaindo um segundo curto de boa nota. Com o quinto, nada acrescentou. De João Moura Caetano, recordo apenas dois ferros: no primeiro toiro, com o “Temperamento”, um quiebro cingido; e no segundo, com o “Xispa”, um outro curto de boa nota. A passagem de Leonardo Hernández pela capital careceu de conteúdo e interesse. Longe de entusiasmar quem sabe o que é o toureio a cavalo.

O grupo de Turlock voltou a enriquecer o seu historial com a noite de ontem. Pegaram Jorge Martins à primeira tentativa, Seteven Cambaio também à primeira e David Sanchez à segunda. Pelos Amadores de Alcochete concretizaram Pedro Viegas à quarta, Diogo Timóteo à segunda e o cabo Nuno Santana à primeira.

Estranhamente (ou talvez não!) ninguém protestou com a apresentação dos toiros. Sinais dos tempos moderno…  tempos perigosos!

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