sexta-feira, 27 de agosto de 2021

CAMPO PEQUENO: A FORÇA DE UM NOME!

Por: Catarina Bexiga

João Moura foi luz do Toureio a Cavalo naquela década de 70 e seguintes... Quantas conquistas? Quantas tardes históricas? Quantas manchetes nos jornais e nas revistas? A carreira do "Niño Moura", como o apelidaram em Espanha, teve impacto na sociedade portuguesa, pelo que aportou ao Toureio a Cavalo e pelo que representou para as gerações futuras. Um nome grande!

É verdade que o tempo passou, mas aquele desgaste próprio dos anos e das "cornadas" da vida é superado por uma intuição natural, por um querer próprio, por uma ambição desmedida. Isto é João Moura! Um Toureiro que continua a ter partidários, que uma vez aqui, outra acolá - e ao fim deste tempo todo - continua a reacender a paixão em seu redor e a nutrir o entusiasmo dos seus seguidores. Ontem, em Lisboa, foi assim!

Hoje com mais de 60 anos temos que reconhecer, a João Moura, um enorme valor e um gigantesco mérito. Actualmente, o seu toureio resume-se à concretização das sortes; mas a verdade é que em ambos os toiros mostrou que ainda é ele quem manda; pois mesmo partilhando cartel com os seus dois filhos, não lhes ofereceu de bandeja o triunfo...foi ele (João Moura) quem mais arriscou, quem mais pisou os terrenos, quem mais se expôs! Como reconhecimento por tudo, no final da noite, João Moura saiu a ombros pela porta grande do Campo Pequeno.

Dentro do seu conceito, com ligeiras entradas ao pitón contrário a meio da viagem, João Moura Jr. saiu-se melhor no segundo da noite, montado no Jet-Set. Com o quinto da ordem, um toiro manso encastado, a contra-estilo, com o Juventus faltou chama ao que fez e com o Hostil as "mourinas" também não impactaram.

Miguel Moura foi o que melhor andou de saída. Montado no Xarope, quer no terceiro, quer no sexto, deu importância aos compridos e, inclusive, foi autor de uma sorte de gaiola de nota elevada. Depois praticou um toureio dinâmico e vibrante, tirando partido da preparação e remate das sortes; mas mais convincente e menos enganoso no seu primeiro com o Marega, em contraste com a exuberância dos quiebros no último com o Quite.

Aos toiros de Veiga Teixeira, superiormente apresentados, voltei a notar, outra vez, alguma falta de "personalidade". Com defeitos e virtudes, os quatro primeiros saíram dispostos a colaborar com os toureiros; os dois últimos foram mansos encastados, com mais complicações.

A noite também foi dos forcados. Pelos Amadores de Santarém pegaram António Taurino à primiera, Salvador Ribeiro de Almeida (na melhor pega do grupo) também à primeira e Francisco Graciosa à terceira. Pelos Amadores de Montenmor-o Novo concretizaram João da Câmara e Francisco Borges com duas grandes pegas à primeira e Brancisco Bissaya Barreto à segunda, não menos brilhante.

Para além do que se passou na arena (do meu ponto de vista é sempre o que vale) a noite lisboeta ficou marcada por uma mega manifestação dos "anti 's" à porta do Campo Pequeno; à qual os aficionados responderam da única maneira possível: civismo!

Foto: Pedro Batalha
 

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