sexta-feira, 29 de julho de 2016

LISBOA: UM FERRO DOS QUE FAZEM FALTA...

Lisboa, 28 de Julho 2016
Por: Catarina Bexiga

Precisamente no dia em que comemorou 50 anos de Alternativa, Luís Miguel da Veiga voltou a vestir-se de toureiro e a fazer as cortesias no renovado Campo Pequeno.  A noite tinha o seu nome, como homenagem ao que representou na história do nosso Toureio.

João Salgueiro da Costa confirmou a alternativa e toureou em primeiro lugar. Comparativamente com o seu início de temporada,  o recém doutorado cavaleiro de Valada revelou progressos, viu-se mais concentrado e mais a gosto.

João Moura mostrou no Campo Pequeno o quanto é importante querer para puder. Tocou-lhe um grande toiro de David Ribeiro Telles. Montado no Xarope, o segundo comprido, aguentando pela investida do toiro e cobrando com impacto, foi o ferro da noite. Um ferro dos que fazem falta… para enaltecer o nosso Toureio. Depois para os curtos recorreu ao Biorne e ao Zinco, numa actuação que acabou por vir a menos.

Rui Salvador teve uma passagem menos convincente pela capital, com a quadra a não corresponder aos seus desejos.   

António Maria Brito Paes viu-se com mais ofício. E aproveitou a oportunidade para mostrar a sua vertente de toureiro/equitador, adornando a sua actuação com variadíssimos “ares de escola”
Manuel Telles Bastos teve uma apresentação discreta em Lisboa, a precisar de reestruturar a quadra para que possa competir com os demais da sua geração.

Duarte Pinto andou intencional e criterioso, mas sem força para levantar voo…

A encerrar, a longa noite de Quinta-feira, o praticante António Núncio pareceu verde para compromissos de maior responsabilidade como este.
O curro com o ferro de David Ribeiro Telles saiu díspar de apresentação. Fácil o primeiro, bom o segundo e mais reservados os restantes.

Em competição estiveram os Amadores de Montemor-o-Novo e os Amadores de Évora. Pelo grupo mais antigo pegaram António Vacas de Carvalho à 4.ª, João Romão Tavares à 1.ª e Francisco Borges também à 1.ª. Por Évora concretizaram João Pedro Oliveira à 2.ª, Gonçalo Pires (que dobrou o cabo) à 2.ª e Manuel Rovisco (que dobrou João Madeira) à 6.ª


sexta-feira, 15 de julho de 2016

PADILLA: O PIRATA QUE SAQUEOU LISBOA

Lisboa, 14 de Julho 2016
Por: Catarina Bexiga

A vitória da vida sobre a morte, tornou Juan José Padilla um produto altamente diferenciado. A sua tremenda colhida em Outubro de 2011 em Zaragoza e o seu regresso às arenas, passados apenas cinco meses, em Olivenza em Março de 2012 fazem com que o público olhe para o jerezano não apenas como matador de toiros, mas como um herói. Pelo que passou, pelo que aguentou, pelo que superou. Ontem, o Campo Pequeno quase encheu para o ver. E tudo o que fez teve eco nas bancadas. Com o primeiro, a faena começou de joelhos, mas ao de Varela Crujo faltou ânimo para investir, e a faena foi curta e excessivamente valorizada com duas voltas. Com o segundo, Padilla cravou um grande par de bandarilhas, de dentro para fora, e terminou com um violino. O toiro teve outras condições, e sobretudo pelo pitón esquerdo, Padilla toureou a gosto. O público pediu a terceira volta! Bendito público o nosso. Aos espanhóis começa a dar jeito vir a Portugal…

Juan del Álamo respondeu com o seu toureio. Com um toureio firme, com um toureio sério. Com o seu primeiro, aproveitou todas as investidas, com grandes muletazos, largos, sobretudo pela direita. O sexto da noite, manseou em bandarilhas, e a faena foi construída à base da entrega e do ofício.    

A cavalo, houve cumplicidade na lide a duo entre Rouxinol pai e Rouxinol filho; e posteriormente o mais novo teve que tourear os restantes dois, por lesão de Luís Rouxinol pai. Os de Varela Crujo saíram sem raça. Em ambas as actuações, Luís revelou desembaraço e disposição.

Pelo Aposento de Alcochete pegaram Diogo Amaro à segunda, Marcelo Loía à primeira e Rui Gomes também à primeira.

No fim, Padilla abriu a porta grande do Campo Pequeno. 

segunda-feira, 4 de julho de 2016

VILA FRANCA DE XIRA: MAIS DO QUE UMA FESTA…

Vila Franca de Xira, 3 de Julho 2016
Por: Catarina Bexiga

Domingo de Colete Encarnado. Um Domingo que engrandece Vila Franca. Que nos faz recordar histórias que guardamos no coração… Porque o Colete Encarnado é mais do que uma festa, é um sentimento, é uma identidade… Que não acabará por decreto!

Ontem foi Domingo de Colete Encarnado. A maestria de António Ribeiro Telles esteve presente em Vila Franca. António foi autêntico, foi genuíno. As duas actuações basearam-se na sapiência do cavaleiro da Torrinha, na forma como “geriu” os terrenos e as distâncias de cada toiro. Sérios de apresentação, mas reservados na generalidade os de cavalos. Deu gosto vê-lo lidar. No primeiro, com o “Veneno” a actuação veio em crescente; e depois no segundo, de saída apontou dois bons compridos no “Embuçado” e empolgou as bancadas da Palha Blanco, sobretudo, no segundo e quarto curto com o “Alcochete”.

De João Moura Jr. prefiro o que vi no seu primeiro toiro. Montado no “Colombo” a actuação teve passagens vibrantes, especialmente, quando praticou um toureio menos enganoso nas abordagens. Assim aconteceu com o segundo e quarto ferro. Deu continuidade no quinto, rematou os ferros com ajuste e as bancadas reagiram com força. No segundo do seu lote, com o “Perera” e o “Xeque-Mate” teve uma prestação mais vulgar.

Para os Amadores de Vila Franca de Xira, o Domingo de Colete Encarnado é um Domingo especial. Este ano despediu-se um grande forcado: Ricardo Patusco, um forcado de toiros duros, que tantas e tantas alegrias deu aos vilafranquenses.  Pegaram Rui Godinho à segunda, Gonçalo Filipe à primeira, Ricardo Patusco à primeira e David Moreira à segunda.


No toureio a pé anunciava-se Manuel Dias Gomes. À arena saíram toiros, com quatro anos, com um trapio desproporcionado para o efeito. O primeiro pesou 570 Kg e o sobrero 605Kg. Um, exigia firmeza; o outro revelou-se agressivo. Manuel Dias Gomes esteve longo de andar a gosto. Foi claramente “deitado aos leões”. É assim que se pretende ajudar os toureiros portugueses? Acreditam em milagres?

sexta-feira, 1 de julho de 2016

LISBOA: UMA NOITE COM NOVOS ODORES…

Lisboa, 30 de Junho 2016
Por: Catarina Bexiga

Esta foi uma Quinta-feira diferente. Cheirava a Romero. Cheirava a Cohiba . Uma mescla de odores que são sinónimo de arte. A arte do toureio e a arte do cante. De um lado Morante de La Puebla. Do outro Diego El Cigala.

A noite valeu pela faena ao quarto da função. A mais cuajada, a mais redonda. No primeiro toiro, foi evidente a disposição com que o toureiro estava a encarar o desafio, e a espaços vimo-lo a gosto, sobretudo pelo pitón direito. Os dois seguintes de Zalduendo não colaboraram, e havia que acreditar no último… Morante toureou de capote com mimo, com preciosos lances à verónica das tábuas para os médios, rematando com uma média-verónica ao ralenti. Depois a faena teve magia. Morante toureou como só ele sabe. Com carícia. Com alma. Com duende. E com a voz de El Cigala de fundo a embelezar ainda mais a obra.



Esta foi uma Quinta-feira diferente. Uma noite em que a arte do toureio e a arte do cante ofereceu-nos sensações sui generis… 

Foto: João Silva

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