segunda-feira, 30 de abril de 2018

ESTREMOZ: ENCONTRAR UMA AGULHA NO PALHEIRO…


Por: Catarina Bexiga

Nos tempos que correm, encontrar motivação para fazer 400 Km, para ir aos toiros, é quase tão difícil como “encontrar uma agulha no palheiro”. Mas a afición tem destas coisas… às vezes inexplicáveis!

João Moura está a comemorar 40 anos de alternativa, e a tarde de Estremoz foi a primeira de várias, que estão anunciadas para assinalar a efeméride. Passadas quatro décadas, o cenário é muito diferente, mas o que Moura representou para a história do Toureio a Cavalo jamais se apagará… Com o primeiro da tarde, um bom toiro de Passanha, o cavaleiro de Monforte praticou um toureio “descafeinado” montado no “Marino”; e com o quarto, um manso reservado de José Luís Pereda, limitou-se a cravar a ferragem, com o “Zinco”, sem entusiasmar.

António Ribeiro Telles sobressaiu com o primeiro. Foi prudente e incerto o de José Luís Pereda, e reivindicou capacidades lidadoras para lhe “dar a volta”. Houve passagens meritórias (com a intencionalidade própria do que é o Toureio a Cavalo), especialmente, montado no “Favorito”. Com o quinto da tarde, um toiro de Passanha, amorfo, que esperava muito no momento do ferro, António andou discreto com o “Alcochete”.

Nos dois toiros do seu lote, Francisco Cortes viu-se em plano modesto. O seu primeiro de Pereda foi tardo e o seu segundo de Passanha manso em tábuas.

Pelos Amadores de Montemor-o-Novo pegaram Bernardo Dentinho à segunda tentativa, Miguel Cecílio à segunda e António Salsa e Pina à primeira. Pelo Aposento da Moita concretizaram Miguel Fernandes à terceira, Leonardo Matias à segunda e o cabo José Luís Maria Bettencourt à sexta (a dobrar João Ventura).

domingo, 8 de abril de 2018

PENSAMENTO DO DIA: UMA QUESTÃO DE CONCEITO…


Por: Catarina Bexiga

Poucos dias depois da nocturna que abriu a temporada na Monumental do Campo Pequeno, encontrei um amigo – também ele apaixonado pelo Toureio a Cavalo – que me confessou o seu desagrado pelo actual estado em que se encontra o toureio montado no nosso país.

Trocámos várias ideias; abordámos o Toureio a Cavalo em Espanha; cada um defendeu, cordialmente, o seu ponto de vista; recordámos, inclusive, actuações de um passado não muito distante, como por exemplo, do João Moura com o “Ferrolho”, do João Telles com o “Atinado”, do Joaquim Bastinhas com o “Xeque-Mate”, do Paulo Caetano com o “Gamão”; do António Telles com o “Gabarito”, do João Salgueiro com o “Herói”, do Rui Salvador com o “Importante”, do Luís Rouxinol com o “Disparate”; entre tantas outras… e de repente constatámos (com muita pena nossa, e lamentando também as imitações) que estamos – com a geração mais nova – em plena caminhada pelo deserto…

Confesso que a nossa maior dificuldade foi encontrar justificação para que a maioria dos nossos cavaleiros não descortinem a realidade e não se preocupem com o seu próprio futuro.

A única “conclusão” a que chegámos: é tudo uma questão de conceito. Porque o Toureio a Cavalo não é apenas “cravar ferros”, o toureio a cavalo dependerá sempre da interpretação de cada toiro; dos terrenos que cada um exige; das distâncias que cada um requer, das querenças que cada um possa demostrar, etc., etc., etc. Depois cada sorte tem o seu valor, mas conseguir “vencer o pitón” e cravar ao estribo é a máxima de todas elas!

Dizem que o comportamento do toiro melhorou, até se inventou o termo “toreabilidad”... Dizem que os cavalos são superioras, com uma habilidade, com uma expressão maiores…
Então, é urgente encontrar o rumo certo…

sexta-feira, 6 de abril de 2018

CAMPO PEQUENO: UM RETRACTO (INFELIZMENTE) REAL!



Por: Catarina Bexiga

A nocturna que inaugurou a temporada 2018 na Monumental do Campo Pequeno reflecte, em parte - grande parte - o actual momento em que se encontra o Toureio a Cavalo em Portugal: muita vistosidade e pouca profundidade. Muitos quiebros e pouca verdade. Muito toureio suplementar e pouco toureio fundamental. Muita vulgaridade e pouca exigência, etc, etc, etc…

A corrida do Dr. António Silva saiu volumosa, com média de peso superior a 600 Kg, mas apenas o terceiro da noite foi um toiro equilibrado nas suas hechuras. Curiosamente, um bom toiro, com fijeza, e a pedir que o toureassem na autêntica asserção da palavra. O primeiro revelou-se fácil; o segundo teve querença junto à porta dos cavaleiros, mas também teve mobilidade; o terceiro foi o melhor do curro; o quatro mostrou-se reservado; o quinto saiu mansote e o sexto foi o de menos jogo.

Quanto ao Toureio a Cavalo que se praticou na Monumental do Campo Pequeno muito ficará para refectir; e o comportamento dos “Silvas” não servem de desculpa… Fernandes andou desacertado no seu primeiro e privilegiou o toureio cambiado com reuniões quase sempre à garupa no segundo. Moura Jr. nunca levantou “voo”. Telles Jr. desperdiçou o terceiro com um toureio vantagista, e os argumentos que apresentou no último não tiveram força para convencer. No entanto, todos deram sorridentes voltas à arena!

Pelos Amadores de Santarém pegaram Francisco Graciosa à terceira tentativa, Lourenço Ribeiro e António Taurino ambos à primeira, em duas boas intercepções. Pelos Amadores de Montemor-o-Novo foram solistas António Vacas de Carvalho à primeira, numa grande pega, João da Câmara à segunda (dobrando Francisco Borges), e Francisco Bissaia Barreto também à primeira, em outra grande intervenção.

Sempre que saiu do Campo Pequeno regresso a casa com a mesma sensação: é o melhor público do mundo (para os toureiros)! A questão é que ir ver tourear, não é a mesma coisa que ir ver um concerto ao Rock in Rio…

Nota: Merece uma palavra de louvor Pedro Reinhardt pela seriedade com que dirigiu o espectáculo.

Foto: Facebook Campo Pequeno

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