Por: Catarina Bexiga
Noite exigente, ontem, na Palha Blanco. Uma noite que não
era para “meninos”… Uma daquelas que faz passar medo, que obriga a um esforço
suplementar, que faz suar… mas que traz – quando há superação – um
contentamento acrescido. E ontem, os aficionados vilafranquenses mostraram que
exigem, mas também reconhecem!
Dos seis Palhas que saíram à arena, o segundo foi assobiado
por ser impróprio para a Palha Blanco, sem cara e sem trapio; os restantes saíram
dentro do tipo da ganadaria. De comportamento, excepto o segundo e o terceiro,
que não dificultaram; os outro quatro saíram mansos e duros.
A Luís Rouxinol tocou o pior lote. Dois Palhas que pediram
ofício e maturidade toureira. Dois Palhas que não consentiram actuações
estudadas, nem “engenharias” modernas. Dois Palhas dos que os toureiros não
gostam, mas dos que revelam, na verdade, quem é TOUREIRO. E Rouxinol andou em
TOUREIRO. Destaco a forma como recebeu o seu primeiro, com o “Icaro”; e como
terminou a actuação do seu segundo, no “Douro”, com dois sesgos brilhantes.
Francisco Palha voltou a marcar a diferença de saída, com
duas gaiolas, montado no “Jaquetón”. O
seu primeiro (o tal impróprio para a Palha Blanco) deixou-se, e com o “Gingão”
teve dois ferros mais impactantes, o terceiro e quinto. O seu segundo foi um
Palha complicado que acabou em tábuas. Com o “Roncalito”, a lide foi árdua, laboriosa,
mas muito meritória.
António Prates assinou na Palha Blanco uma das actuação da
sua vida. Resta-lhe tirar ilações… Ficou provado que a sinceridade e
simplicidade no toureio são virtudes irrefutáveis. Montado no “Melocotón”,
cravou quatro curtos que fizeram explodir de entusiasmo os aficionados
vilafranquenses, em sortes frontais, provocadoras, e com reuniões cingidas. Com
o que encerrou a noite praticou um toureio menos consistente e menos
convincente.
Noite exigente, mas de superação teve o grupo de Vila
Franca. Pegaram Nelson Moreira à primeira tentativa, superiormente ajudado pelo
grupo – que assim andou toda a noite – Pedro Silva à primeira, Guilherme Dotti
com um par de braços “capaz de mover montanhas” também à primeira, João Luz foi
dobrado por João Matos, Rui Godinho (um grande forcado que se despediu) pegou à
terceira e o cabo Vasco Pereira também à terceira. Noite exigente para todos.
Noite que não era para “meninos”…
Foto: João Silva / Facebook Tauroleve