quarta-feira, 9 de outubro de 2019

O QUE FICOU DA RECÉM- TERMINADA FEIRA TAURINA DE OUTUBRO NA PALHA BLANCO


Por: Catarina Bexiga

Nos tempos que correm, há quem defenda a necessidade de um certo triunfalismo para uma maior presença da Tauromaquia na sociedade. Pessoalmente, tenho dificuldade em aceitar essa estratégia. Porque um triunfalismo balofo, um triunfalismo camuflado, um triunfalismo despropositado… alimenta o ego de alguns, mas não dá crédito, não dá glórias… e afasta muitos aficionados das bancadas. Isto para falar da afición de Vila Franca. É a única terra onde a palavra Exigência é conservada. É a única terra onde ainda se sente respeito! E isso foi evidente na recém-terminada Feira Taurina de Outubro. Se existissem mais “vilafrancas” teríamos uma Festa com menos atrevimento e mais integridade! Uma Festa com menos folclore (sem nenhum desprimor para esta prática) e com mais seriedade!

Terminada a Feira Taurina de Outubro, ficam algumas recordações / reflexões:

SÁBADO, 5: Novilhada de oportunidade. Em disputa estava o Prémio incentivo do Grupo Tauromáquico Sector 1 para a melhor faena. Foi justamente ganho por Fábio Jiménez da Escola Taurina de Salamanca. Tocou-lhe o melhor novilho de Palha e soube aproveitá-lo. No entanto, não posso deixar de mencionar o nome dos dois novilheiros portugueses que integraram o cartel: as maneiras de Filipe Martinho (Moita) e o querer de Duarte Silva (Vila Franca). A cavalo, Francisco Correia Lopes revelou bom conceito e Joaquim Brito Paes deixou boa impressão. Pelos Juvenis de Vila Franca, pegaram Rodrigo Andrade e Rafael Plácido, ambos à primeira tentativa.

DOMINGO, 6: Corrida Mista. Rouxinol pai e filho vinham dispostos a gravar o seu nome na história da Feira. A lide a duo começou de forma empolgante, mas depois dos compridos o toiro partiu um pitón e desvaneceram-se as intenções… Posteriormente, Rouxinol pai superou com oficio as dificuldades do seu Palha e Rouxinol filho (com um toiro mais colaborador) voltou a fazer da disposição e ambição a sua bandeira. Tarde frustrante teve o Grupo de Vila Franca. Com a lesão de dois toiros, apenas pegaram um. Concretizou João Luz à segunda tentativa. A corrida de Palha saiu com “teclas para tocar” como dizem nuestros hermanos… mas Nuno Casquinha e Manuel Dias Gomes “deram a cara”. Casquinha foi volteado no seu primeiro e mostrou entrega, poderío e superação com o seu segundo (o melhor Palha dos destinados ao toureio a pé). De Gomes guardo especialmente o saludo capotero em ambos os toiros. O seu lote não terminou de romper, mas ficou o “perfume” de um toureiro cada vez mais cuajado. Nota final para os homens de seda e prata. João Ferreira, João Martins e Filipe Proença “Chamaco” agigantaram-se com as bandarilhas.

TERÇA-FEIRA, 8: António Ribeiro Telles e João Moura Jr. (por motivos diferentes) ficaram no coração da afición vila-franquense. António e a Palha Blanco têm uma afinidade enorme. As duas actuações do Maestro da Torrinha tiveram um denominador comum. Lidou ambos os toiros de forma primorosa. E em Vila Franca ainda se sabe o que é isso! Ainda se sabe o que é Tourear a Cavalo! Os melhores curtos conseguiu-os com o “Alcochete” no quarto da função.  João Moura Jr. convenceu a Palha Blanco sobretudo com as “Mourinas”. Defendo que uma actuação não se pode resumir a isso, mas é justo mencionar que fez duas gaiolas, o que mostra as ideias com que chegou a Vila Franca. João Telles Jr. não teve a sua noite na Palha Blanco. Mais uma Terça-feira de exaltação ao Forcado Vilafranquense. Foram solistas Vasco Pereira à segunda tentativa, André Matos (que se despediu) também à segunda, David Moreira, Guilherme Dotti e Rui Godinho, os três à primeira e a encerrar Francisco Faria à terceira. Com quatro exemplares de superior apresentação, os Passanhas deixaram-se, dentro de vários matizes. Nota final para a Banda do Ateneu Artístico Vilafranquense que fez a apresentação pública do pasodoble Forcados de Vila Franca. Gesto bonito e merecido!

Foto: João Silva / Sol e Sombra

sábado, 28 de setembro de 2019

CAMPO PEQUENO: AS MODAS PASSAM…


Por: Catarina Bexiga

Sou optimista por natureza. Acredito na máxima do escritor William Arthur: “Para o optimista todas as portas têm maçanetas e dobradiças, para o pessimista todas as portas têm trincos e fechaduras”. Mas não deixo de ser uma pessoa inquieta e preocupada com o que vejo nas nossas arenas… Não vou escrever sobre as actuações de ontem no Campo Pequeno. Prefiro reflectir sobre o que poderia ser o nosso Toureio a Cavalo. João Moura Jr., João Telles Jr. e Francisco Palha são três dos nomes mais falados do momento. Entendeu a empresa do Campo Pequeno juntá-los no mesmo cartel, acreditando eu (e julgo que a maioria dos aficionados) que o fez para criar competição (a serio!), sentido de responsabilidade (a sério!) … a pensar no futuro!

Hoje querem-nos fazer acreditar num “toureio a cavalo” diferente do que é o TOUREIO A CAVALO. Já o disse várias vezes, que entendo (está escrito nos livros) que cada toiro tem a sua lide… e que é preciso saber interpretar o seu comportamento e depois revelar capacidade para, num jogo de terrenos e distâncias, actuar com intencionalidade, se possível corrigindo-lhes os defeitos e aproveitando-lhes as virtudes, etc... Por outras palavras, ter recursos para dar a volta a cada toiro. Todavia, actualmente, parte dos nossos cavaleiros entendem tourear todos os toiros da mesma maneira, como se o Toureio a Cavalo fosse uma ciência tão exacta e tão precisa como a Matemática… A moda chegou ao ponto de dar a mesma distâncias a todos os toiros, de citar de largo, de praça a praça, mesmo quando estes evidenciam que se distraem ou que exigem menos intervalo... A moda chegou ao ponto de pedir aos bandarilheiros para colocar o toiro nas tábuas, quando muitos se reservam ou se defendem nesse terreno… Como escreveu Fernando de Sommer d’Andrade “Qualquer sorte do toureio para sair perfeita e com mérito, para não ser por mera casualidade, tem que ser preparada. E a preparação da sorte resulta do estudo do toiro. Esta preparação constitui a lide do toiro.” A moda chegou ao ponto de que enganar a investida de um toiro, mandá-lo para fora da sua trajetória natural, e depois ter que passar em falso ou ter que cravar à garupa… merece a aclamação do público!!!??? A moda chegou ao ponto de o conceito do ferro ao estribo deixar de existir… Vencer o piton. Ter o centro da sorte dominado. Reunir de alto a baixo. Volto a recorrer às sábias palavras de Sommer d´Andrade “A reunião é o momento culminar do toureio!”

Escrevi inicialmente que preferia reflectir sobre o que poderia ser o nosso Toureio a Cavalo. Reconheço enorme valor em muitos dos nossos cavaleiros. É preciso saber valorizar e promover o que é nosso! O que nos torna distintos. O que nos torna grandes! As modas passam, os princípios e as regras estão inventados. Esses são intemporais!
Os toiros de Pinto Barreiros saíram justos de apresentação. O quarto da ordem foi o melhor do curro, teve mobilidade e prontidão; e o sexto o pior, não escondendo a sua conduta de manso. Os restantes cumpriram.

A noite de ontem teve a assinatura do grupo de Lisboa, que comemorou as suas Bodas de Diamante. Todas as pegas foram concretizadas à primeira tentativa. Foram solistas José Luís Gomes (quem sabe não esquece), Pedro Gil, Francisco Mira, João Maria Bagão, João Varanda e Pedro Maria Gomes. Mais uma noite para a história do grupo.

Foto: João Silva

sexta-feira, 13 de setembro de 2019

MOITA: ROUXINOL JR. VOLTA A DAR A CARA…


Por: Catarina Bexiga

DECISÃO. RECURSOS. ENTREGA. PODERIO. MÉRITO. AMBIÇÃO. Seis palavras que definem na íntegra a actuação de Luís Rouxinol Jr., ontem, na Moita. Ao jovem de Pegões tocou em sorte um manso complicado de Prudêncio. De saída, montado no “Aquiles”, Rouxinol Jr. apresentou logo as suas intenções…  Um segundo comprido poderoso e um terceiro, a sesgo, extraordinário. Para os curtos sacou o “Amoroso”. Com o adversário a agravar cada vez mais o seu comportamento, a serie de curtos teve um mérito do “tamanho do mundo”. Deu a cara, entrou ao toiro sem medo, de forma atrevida, de forma arriscada, inclusive sofrendo um toque no terceiro ferro, a sesgo, mas daqueles que não desvalorizam em nada a actuação… Se tudo o que fez teve valor – com decisão, recursos e entrega – o segundo, quatro e sexto foram de nota elevada.

Depois desta actuação na Daniel do Nascimento volto a repensar sobre a valorização do nosso Toureio a Cavalo. Luís Rouxinol Jr. foi o que melhor toureou, mas o que menos palmas levou. É imprescindível que o público tenha a noção das coisas. O valor de cada actuação acontece em função do comportamento do toiro. Quanto maior a dificuldade, tanto maior é o mérito em superá-la. E o nosso Toureio a Cavalo vive disso. De saber entender um toiro. De saber lidá-lo. De procurar os melhores terrenos e as melhores distâncias para a consumação das sortes. De saber superá-lo! Ontem na Moita, Rouxinol Jr. esteve gigante!

Completaram o cartel, António Ribeiro Telles, que lidou com sabor e toreria o primeiro da noite; da voluntariosa actuação de Luís Rouxinol destacaram-se o segundo e quatro curto; João Moura Jr. deixou sempre o toiro na querença e a opção não surtiu efeito;  Andrés Romero cravou os ferros sem transcender; e António Prates voltou a andar irregular.  

Tratou-se de um Concurso de Ganadaria: o do Eng. Jorge de Carvalho foi manso encastado, o de Condessa de Sobral gazapón e faltou-lhe entrega; o de Ascensão Vaz revelou-se manso, com querença em tábuas; o de Passanha veio a menos; e o de Prudêncio foi manso complicado e o de Mata-o-Demo deixou-se ou... foi o menos manso. Por isso, lhe deram o prémio (Apresentação e Bravura). Em terras lusas há sempre necessidade de outorgar os prémios. De Apresentação destacaram-se também o primeiro, segundo e quatro.  

Noite dura para o Aposento da Moita, mas com “caras” valentes a superarem as dificuldades. Pegaram Rúben Serafim à terceira tentativa, João Ventura à segunda, Martim Cosme à primeira, Leonardo Mathias à primeira, Marco Ventura (que dobrou Martim Afonso) à terceira e João Gomes à terceira. Apesar de pegas diferentes, tiveram enormes João Ventura e o cabo Leonardo Mathias.

Foto: Pedro Batalha

quarta-feira, 11 de setembro de 2019

MOITA: TRIUNFALISMO NA DIANIEL DO NASCIMENTO!


Por: Catarina Bexiga

Há uns tempos, escreveu António Lorca que, actualmente, "la emoción ha sido sustituida por la diversión"… e acrescentou “y los espantados aficionados serios y exigentes por un público festivo”. Concordo em absoluto. Sobretudo, isto de ser exigente entrou em desuso. Isto de achar que deveria ser diferente, que deveria ser melhor, que deveria ter outra dimensão…é impensável!

A nível de toiros, a Daniel do Nascimento merece outra importância. De apresentação, os de David Ribeiro Telles “deixaram a desejar”. Sem trapio! De comportamento, os dois destinados ao toureio a cavalo foram voluntariosos (de Pueblo, o primeiro), mas sem transmitir… O quarto foi excessivamente premiado com o lenço azul. Para o toureio a pé, destacou-se o sexto da ordem.

João Telles Jr. apenas fez “acordar” as bancadas da Daniel do Nascimento com o “Ilusionista” na recta final da segunda actuação. Até lá pouco convenceu. Deu duas voltas no quarto.

Pelos Amadores da Moita pegaram David Solo à primeira tentativa e Fábio Silva à segunda.

O regresso do matador de toiros António Ferrera foi triunfal com saída em ombros. O seu primeiro foi um dos que não teve trapio para a Moita. Todavia, a pouco e pouco, Ferrera foi construindo a sua faena, aproveitando a nobreza do adversário. Assinou pelo pitón direito os seus melhores muletazos. Com o seu segundo, houve ofício e mérito na obra do pacense. Inicialmente, o toiro custou-lhe a romper, mas quando se centrou com ele, Ferrera sacou-lhe os muletazos que tinha e não tinha. Deu três voltas à arena! Fica a questão: Se Ferrera cuaja um toiro de verdade, com a grandeza que lhe temos visto este ano, então qual seria o prémio?

De capote, Ginés Marín protagonizou o melhor da noite, um verdadeiro recital de toureio à verónicas no último. O terceiro não teve classe e não deu opções de luzimento. Por outro lado, o sexto humilhou, investiu largo, mas veio a menos. Faena harmoniosa de Marín, com suavidade, temple e gosto por ambos os pitóns. Deu duas voltas à arena.


Foto: João Silva

segunda-feira, 9 de setembro de 2019

DA NAZARÉ AO SOBRAL… O TRIUNFO DO FUTURO!

Por: Catarina Bexiga


Menos de 24 horas separaram as duas corridas. De ambas guardo (entre outras coisas…) o Triunfo do Futuro! Porque, especialmente, do triunfo dos novos valores depende o futuro da Festa de Toiros!
NAZARÉ: A primeira actuação de Luís Rouxinol Jr. e a segunda faena de Nuno Casquinha marcaram a última da temporada nazarena. Rouxinol Jr. mantem a disposição que sempre teve, mas está cada vez mais cuajado como toureiro. Depois de um grande segundo comprido com o “Aquiles”; a serie de curtos, montado no “Douro”, teve ligação, intencionalidade e vibração. Com o seu segundo, manteve a entrega; mas, montado no “Girassol”, os resultados foram menos brilhantes. Nuno Casquinhas deixou ambiente na Nazaré. O seu primeiro teve pouca força e pouco recorrido e Casquinha andou esforçado; mas o último de Falé Filipe investiu com classe, e a faena do vila-franquense veio a mais, com ligação e ritmo, ganhando maior expressão pelo piton esquerdo. No fim, Casquinha deu volta com o ganadero Carlos Falé Filipe.  Completou o cartel o cavaleiro João Moura Jr. O seu primeiro revelou problemas de visão, que o cavaleiro superou com ofício; enquanto o segundo serviu para Moura Jr. basear a sua actuação nos ladeios.  Pelos Amadores de Coruche pegaram João Prates à primeira tentativa (muito bem a receber e a reunir o toiro que teve problemas de visão) e Bruno Matias à terceira. Pelos Amadores das Caldas da Rainha concretizaram Duarte Manuel à terceira e Duarte Palha à segunda. O curro de Falé Filipe saiu díspar de comportamento. Dos destinados ao toureio a cavalo o que melhor serviu foi o quarto; e para o toureio a pé (com boas hechuras) destacou-se o sexto.

SOBRAL DE MONTE AGRAÇO: Luís Rouxinol e Luis Rouxinol Jr. assinaram duas grandes actuações na tarde de homenagem a Francisco Penedo. Esta foi, sem dúvida, a melhor forma de lhe retribuírem a amizade e cumplicidade que existia entre eles. Rouxinol marcou a diferença de saída, destacando-se um grande primeiro comprido, montando o “Aquiles”. Depois sem perder a sua personalidade toureira, com o “Douro”, teve uma actuação muito intencional e com muito conteúdo. Luís Rouxinol Jr. voltou a confirmar o seu grande momento. Toureou o sexto da ordem e encerrou com “chave de oiro” a tarde. Se é verdade que a sorte de gaiola, com que começou a actuação, resultou muito traseira, soube depois remontar com os curtos, montando o “Amoroso”. A serie de curtos foi intensa, entrando ao toiro com determinação e cravando com impacto. E um bom par de bandarilhas a fechar! Mais uma grande actuação, para um grande fim-de-semana de Rouxinol Jr. Decepcionante foi o curro de Canas Vigouroux., sem raça, sem entrega. Completaram o cartel, Ana Batista esforçada com o mais parado do curro; António Maria Brito Paes cumpriu, Manuel Telles Bastos resolveu com ofício; e Duarte Pinto procurou praticar o bom toureio, destacando-se em dois bons curtos com o “Hábito”. Pelos Amadores de Lisboa pegaram Mário Real, Daniel Batalha e Nuno Santos, todos à primeira tentativa. Pelos Amadores de Coruche concretizaram António Tomás à primeira, Luís Carvalho resolveu depois das tentativas frustradas de João Prates e Vitor Cardante e a encerrar o cabo José Tomás fechou-se à primeira. 

Fotos: Pedro Batalha

sexta-feira, 6 de setembro de 2019

CAMPO PEQUENO: “EL ESPECTÁCULO SIN EMOCIÓN, NO SIRVE!”

Por: Catarina Bexiga

A frase é sobejamente conhecida: "El espectáculo sin emoción, no sirve!” (Victorino Martín) Porque a emoção é o motor da Festa. Porque a emoção é o que nos entusiasma. Porque a emoção é o que nos faz regressar. A corrida de Passanha, para a apresentação de Guillermo Hermoso de Mendoza, ontem, na Monumental do Campo Pequeno, ficou aquém do desejado…

Ultimamente, sempre que se deixou anunciar para Portugal, o rejoneador de Navarra escolheu as ganadarias a “su estilo”. Chegar a Figura é poder. Chegar a Figura é mandar. Sempre assim foi! Mais do que nunca, a Tauromaquia de Pablo é baseada no cavalo e na estética; e essa Tauromaquia é mais facilmente praticada com o toiro descastado, que não empurra, que não incomoda, etc… Mas que quando não colabora, torna o espectáculo aborrecido! Por isso, dou mérito aos nossos cavaleiros, que toureiam tudo!

A noite de ontem teve pouca história…. E os Passanhas goraram o desejo dos artistas. Por cortesia de António Ribeiro Telles, foi Pablo que confirmou a Alternativa ao seu filho Guilhermo. O cavaleiro da Torrinha teve o lote menos apetecível. Com o seu primeiro – distraído, tróton e que raspou – a actuação de António veio de mais a menos; e com o seu segundo – sem entrega – teve que ser o cavaleiro a fazer tudo, com destaque para o último curto. Pablo Hermoso de Mendoza não teve muita possibilidade de entusiasmar os seus seguidores. Mas foi mais Pablo com o primeiro (sonson) do que com segundo (parado). Guillermo esteve asseado no seu primeiro; e entusiasmou mais com o segundo, graças ao craque da casa – o “Disparate” – com um toureio mais ligado, com maior vibração.

Ambos os grupos têm o seu futuro assegurado…Pelos Amadores de Alcochete pegaram António José Cardoso à primeira, Diogo Timóteo à segunda e Manuel Pinto (com muito querer) também à segunda. Pelo Aposento da Moita concretizaram Leonardo Mathias (a pega da noite) à primeira, João Gomes à segunda e Martim Cosme à primeira.

Uma Festa sem emoção será sempre uma Festa que não serve!

Foto: João Silva

sábado, 31 de agosto de 2019

SALVATERRA DE MAGOS: PARA HOMENS DE BARBA RIJA!


Por: Catarina Bexiga

Uma noite para homens de barba rija! Os Dolores Aguirre chegaram a Portugal com excesso de peso (o mais pequeno com 560 Kg e o maior 770 Kg!) e quase passados de idade, com três toiros cinqueños e outros tantos com seis anos cumpridos. Um curro que impôs respeito e colocou à prova, a capacidade e a valentia, de quem pisou a arena salvaterrense.

Manuel Telles Bastos foi o primeiro a sentir a dureza dos toiros oriundos da Dehesa Frias. O seu primeiro revelou-se manso encastado, veio a menos com o decorrer da lide, mas empurrava no momento do ferro. Bastos começou de forma discreta, mas depois com o “Ipanema” terminou com dois curtos a sesgo impactantes. Frente ao seu segundo, um toiro que teve “teclas para tocar”, sentiu dificuldades em impor-se. Todavia, o terceiro comprido, com o “Gabarito”, sobressaiu dos restantes.

A Luís Rouxinol Jr. tocou o lote com mais problemas. Para mim, a sua primeira actuação teve um enorme mérito (aliás, mérito foi a palavra mais proferida esta noite) e revelou a dimensão do toureio que está ao seu alcance. O de Dolores Aguirre foi distraído, desinteressado, complicado e tudo mais… uma “rolha”! Montado no “Amoroso”, Rouxinol Jr. esteve decidido, valente, lidador, com recursos… claramente por cima do toiro! O seu segundo, não se mexeu, e o esforço de Rouxinol Jr. foi inglório.

Apesar da inconsistência, António Prates baseou as suas actuações na vontade e no desembaraço. O seu primeiro mostrou-se desinteressado, a ir para tábuas, a esperar no momento do ferro; e o seu segundo foi manso e parado. Pouco para recordar!

No intervalo, o amador António Telles filho lidou um excelente novilho com o ferro de José Palha, premiado com volta à arena para filho do ganadero. Para além da intencionalidade com que fez as coisas, andou entonado, e a sua actuação veio a mais, com destaque para o quarto e quinto curto, montado no “Embuçado”.

VALENTES com letra maiúscula estiveram os homens da jaqueta de ramagens. Pelo grupo de Montemor-o-Novo pegaram Francisco Bissaía Barreto, numa grande pega, com o toiro a empurrar forte, à primeira tentativa; António Vacas de Carvalho dobrou João da Câmara, sendo a pega concretizada à quarta; e a encerrar António Pena Monteiro e Francisco Godinho, concretizaram uma grande cernelha. Das que ficam na história do grupo! Pelos Amadores de Lisboa pegaram Duarte Mira que dobrou Tiago Silva, sendo a pega concretizada à segunda; Pedro Gil (premiado com duas voltas) fez um “pegão”, à primeira, ao toiro mais pesado da corrida; e João Varandas manteve o nível do grupo, à segunda, aguentando sozinho na cara do toiro. O novilho lidado por António Telles filho foi pegado por José Maria Marques (dos Amadores de Montemor-o-Novo que partilhou com o grupo Lisboa) fechando-se à primeira, uma outra grande pega. No fim, o Trofeu Salvação Barreto (para a melhor pega) recaiu em Pedro Gil (Amadores de Lisboa) e o Trofeu Simão Malta (para o melhor grupo) nos Amadores de Lisboa. Noite de responsabilidade para todos, mas superada por ambos os grupos!

Foto: João Silva / Sol e Sombra

sexta-feira, 16 de agosto de 2019

CALDAS DA RAINHA: SIMÃO DA VEIGA JR. IN MEMORIUM!


Por: Catarina Bexiga

Se se toureia melhor ou pior que há 60 anos é discutível. Julgo importante saber contextualizar as coisas, sobretudo, o toiro de cada época. Pois só conhecendo o passado, compreendemos o presente e idealizamos o futuro. Mas, hoje, sinto-me no dever de evocar Simão da Veiga Jr., que há precisamente 60 anos, toureou pela última vez na sua vida, na tradicional Corrida de 15 de Agosto, nas Caldas da Rainha, sentindo-se indisposto e acabando por falecer quatro dias depois. Um nome importante na história do Toureio a Cavalo em Portugal!

Como aliciante desta tarde, os toiros de Vale Sorraia! De apresentação, foram “valesorraias”; mas de comportamento revelaram-se “sem personalidade”. O primeiro voluntarioso, o segundo cumpridor, o terceiro desinteressado e distraído, o quarto fácil, o quinto sonsón e o sexto o melhor do conjunto. Faltou-lhe aquela “fiereza” típica!

Artisticamente, só a espaços se viram coisas para recordar. António Ribeiro Telles andou discreto com o que abriu a tarde, mas com o quarto cravou dois bons ferros curtos com o “Alcochete”. No primeiro do seu lote, Filipe Gonçalves conseguiu expor o seu conceito, montado no “Chanel”. Foi da vez que o vi mais convincente. Por outro lado, com o segundo do seu lote, não alcançou repetir o feito. Às actuações de Francisco Palha faltou-lhes força. Com o pior dos “valesorraias”, andou vulgar; e com o último irregular.

Pelos Amadores de Santarém pegaram Salvador Ribeiro Almeida à terceira tentativa; Joaquim Grave, na melhor pega do grupo, à segunda; e António Melo à primeira. Pelos Amadores das Caldas da Rainha concretizaram António Cunha à primeira; Lourenço Palha à primeira; e Francisco Esteves também à primeira, a encerrar com chave de outo a prestação do grupo da terra.

Foto: Pedro Batalha

sábado, 27 de julho de 2019

SALVATERRA DE MAGOS: NOITE DE INSPIRAÇÃO DE ANA BATISTA!


Por: Catarina Bexiga

Grande noite de Ana Batista na sua terra. De inspiração, com classe, com torería, na plenitude da sua madurez artística. A forma como interpretou o seu primeiro de Alves Inácio, como o lidou, como preparou as sortes, como lhe desvendou os terrenos e as distâncias, como o tirou da querença – Aliás, o Toureio a Cavalo é isto! – deu gosto ver. Destacou-se de saída com o “Pérola” e aumentou o nível com o “Roncal”. Desfrutou quem entendeu a mensagem! A sua actuação ao quarto da função veio a mais com o “Conquistador”. Manteve a disposição, deu importância ao cite e ao remate das sortes e voltou a marcar a diferença!  

Diego Ventura e Francisco Palha entusiasmaram mais na segunda parte do espectáculo. Da primeira actuação de Diego Ventura guardo a grande gaiola a que apontou com a “Campina”. Depois com o seu segundo viu-se mais encastado, mais em Ventura, com o “Nazari” e depois com o “Dólar”, com os conhecidos (e meritórios) pares sem cabeçada. Francisco Palha praticou um toureio muito idêntico em ambos do seu lote, mas foi com a “Duquesa” que cravou três grandes curtos no último da função.

O curro de Alves Inácio saiu díspar de apresentação, com melhor tipo os dois últimos. O primeiro revelou cedo a sua conduta de manso complicado, o quinto foi o melhor do conjunto; e aos restantes faltou entrega, sendo evidente a forma como se reservaram na querença.  

Ambos os grupos estiveram à altura da sua história. Pelos Amadores de Vila Franca de Xira pegaram Pedro Silva à terceira tentativa, João Luz concretizou uma excelente pega à primeira e João Matos também outra grande pega à primeira. Pelos Amadores de Alcochete foram solistas João Machacaz ao primeiro intento, Diogo Timóteo e Manuel Pinto também se fecharam à primeira, com mais duas grandes intervenções.


Foto: Pedro Batalha

sexta-feira, 26 de julho de 2019

CAMPO PEQUENO: ROUXINOL JR. EM MODO DE “TIRAR P´LANTE”!


Por: Catarina Bexiga

Luís Rouxinol Jr. chegou a Lisboa com vontade de se impor aos seus colegas! O seu primeiro toiro foi distraído, não teve fijeza, mas Rouxinol Jr. dispôs-se a toureá-lo. Começou com uma vibrante gaiola com o “Gabirú”; e depois de curtos, montado no Douro, apresentou recursos e tudo o que fez teve enorme mérito! Para o seu segundo, apostou no “Amoroso”. Se nos primeiros curtos faltou toiro, nos restantes o da Galeana veio a mais. Rouxinol Jr. manteve o querer, o séptimo foi um grande ferro, mas ficou a sensação de que a actuação poderia ter sido mais redonda.  Continua a ser um jovem que vale a pena acompanhar!

Em noite de competição, João Telles Jr. teve uma passagem discreta pela Capital. De saída menosprezou os compridos, como se não fizessem parte da actuação; e de curtos com um Grave “dócil” nunca se expôs. Apenas o último curto teve mais impacto. Com o quarto desaproveitou as condições do exemplar que lhe tocou em sorte. O conceito enganoso do seu toureio fez com que passasse, variadíssimas vezes, em falso.

Francisco Palha voltou a andar intermitente. O seu primeiro esperou muito no momento do ferro e Palha sentiu dificuldades para cravar os ferros; com o seu segundo (sobrero) a actuação teve altos e baixos, sem terminar de romper por completo.

Em noite em que se assinalou os 75 anos da ganadaria de Murteira Grave, o curro oriundo da Galeana saiu desigual de apresentação e comportamento. O primeiro foi voluntarioso, o segundo esperou muito no momento do ferro, o terceiro foi um manso, distraído e sem fijeza, o quarto cumpriu, o sobrero lidado em quinto lugar meteu a cara no chão e raspou no momento do ferro e o sexto teve mobilidade e durabilidade.

Os “graves” revelaram-se mais “graves” nas pegas. A noite não foi fácil para os homens da jaqueta de ramagens. Pelos Amadores de Santarém pegaram Lourenço Ribeiro à primeira tentativa e Joaquim Grave à quarta. O quinto partiu um pitón e quando deveria ter sido recolhido, o DTT (Tiago Tavares) mandou tocar para a cernelha, mas depois arrependeu-se. Gerou-se a confusão! Pelos Amadores de Coruche foram solistas José Tomás (que dobrou Miguel Raposo) à segunda, João Ferreira Prates à quarta e António Tomás à segunda.

Foto: João Silva / Sol e Sombra

segunda-feira, 8 de julho de 2019

VILA FRANCA: MAIS UMA VEZ, ANTÓNIO RIBEIRO TELLES!


Por: Catarina Bexiga

Tarde de Domingo de Colete Encarnado! E não faltou o brinde a quem o enverga, homens que de sol a sol, cuidam e tratam do animal mais misterioso que a natureza criou e pelo qual o homem se apaixonou. Por isso, se chama Festa de Toiros!

António Ribeiro Telles teve mais uma grande tarde na Palha Blanco. Com dois toiros distintos, esteve a um nível insuperável. Tourear é saber “explorar” o comportamento de cada toiro. Tourear é saber “responder” aos enigmas de cada toiro. António esteve intuitivo, conhecedor dos terrenos e das distâncias, e poderosíssimo em todos os sentidos. Com o seu primeiro, um toiro encastado de São Torcato, a actuação foi em crescendo, e montado no “Embuçado” prevaleceu o ofício do cavaleiro da Torrinha. Com o seu segundo, um manso com querença em tábuas, com o “Hibisco” apontou dois bons compridos e com o “Alcochete” lidou primorosamente, sobressaindo os três últimos curtos. Deu duas voltas á arena.

Francisco Palha teve na sua primeira actuação o seu momento alto em Vila Franca. De início o de São Torcato não se definiu por completo, mas o cavaleiro conseguiu modificar o rumo dos acontecimentos. Montado na “Duquesa”, citou de largo, abordou com impulsão, provocou a investida e os três últimos ferros resultaram impactantes. O seu segundo foi gazapón, também não se empregou, Palha sacou o “Roncalito” e depois novamente a “Duquesa”, mas a actuação nunca chegou a “levantar voo”. O seu último curto foi o melhor.

Tarde dura, mas de superação para os Amadores de Vila Franca de Xira. Pegaram David Moreira à terceira tentativa, Pedro Silva também à terceira, Rui Godinho à primeira e Guilherme Dotti também à terceira, superiormente ajudado por Diogo Grilo. O rabejador Carlos Silva deu volta á arena no quarto da função.

António João Ferreira voltou a mostrar o seu valor sereno. O seu primeiro investiu com violência e António João mostrou-se indiferente ao perigo, baixando muito a mão por ambos os pitóns e apoderando-se da situação. O segundo humilhava, mas não terminou de romper. Voltou a justificar que merece mais oportunidades. Quem também merece uma palavra são os homens de prata. Grande tarde de Tiago Santos, João Oliveira também chamou a atenção e João Ferreira superior com o capote e as bandarilhas.

Tarde exigente para todos, mas com conteúdo…

Foto: Pedro Batalha

terça-feira, 18 de junho de 2019

SANTARÉM: O CONCEITO ESTÁ DE MODA… E SOBRESSAIU JOÃO MOURA JR.!


Por: Catarina Bexiga

O conceito está de moda. Seja com que toiro for. Seja em que arena for. Toiro de um lado e cavaleiro do outro. Deixou de haver terrenos e distâncias adequadas a cada animal. Inclusive, os bandarilheiros são os próprios a fechar os toiros em tábuas. Foi assim, praticamente, durante toda a tarde. De irrepreensível apresentação, do curro de Veiga Teixeira destacou-se o primeiro. Sério a todos os níveis. Investiu para o cavaleiro com transmissão. Foi um grande toiro! Os restantes não tiveram querenças, mas tiveram menos entrega. E se por vezes se distraíam, era compreensível, porque a maioria dos cites (dos três cavaleiros) foram de praça a praça numa arena como a da “Celestino Graça”…

Dentro deste conceito, João Moura Jr. foi o que rubricou a melhor actuação da tarde (a 1.ª), montado no Xeque-Mate. Evidente disposição do cavaleiro de Monforte, e quatro curtos idênticos no conceito e nos resultados. Com o seu segundo, andou mais discreto na primeira fase da actuação, mas voltou a entusiasmar com as Mourinas com o “Hostil”. Dois grandes curtos!

João Telles Jr. menosprezou os ferros compridos nos dois toiros; e de bandarilhas apostou nas sortes a quiebros de princípio ao fim. São opções! No primeiro com o “Glorioso” e no segundo com o “Ilusionista”. Recordo apenas um ferro em cada toiro.

Francisco Palha merece que “se lhe tire o chapéu” à forma como recebeu os seus Teixeiras. Duas sortes de gaiola, montado no “Irreal”, plenas de verdade e poderio. É dos poucos que dedica importância aos ferros compridos. De curtos, no primeiro com o “Roncalito” e no segundo com a “Duquesa”, os resultados foram irregulares.

A tarde voltou a contar com grandes pegas. Pelos Amadores de Santarém pegaram António Taurino à terceira tentativa, Francisco Graciosa à primeira e Lourenço Ribeiro à primeira, na melhor pega do grupo. Pelos Amadores de Montemor-o-Novo, concretizaram João da Câmara à primeira, Francisco Bissaia Barreto também à primeira e Francisco Borges à segunda (dura intervenção e valente forcado). Grande tarde do grupo montemorense!

Terminada a Feira Taurina de Santarém, é justo o reconhecimento ao trabalho da Associação Praça Maior. Com dedicação e afición conseguiram uma enchente ainda maior no dia 16!


Foto: Pedro Batalha

terça-feira, 11 de junho de 2019

SANTARÉM: SALGUEIRO DA COSTA UM NOME COM PRESENTE E FUTURO!


Por: Catarina Bexiga

A pureza do Toureio a Cavalo tem um novo intérprete. Numa época pródiga em “actuações de catálogo”; e em que nos querem impor novos conceitos, ou por outras palavras, adulterados conceitos – que nada têm a ver com o Toureio à Portuguesa – João Salgueiro Costa chegou a Santarém e (uma vez mais) chamou à atenção! Logo de saída, montado na “Princesa”, transmite importância aos ferros compridos. O que poucos fazem. E assim, marca a diferença. Nos tempos do “Rei”, Salgueiro da Costa colocou o seu nome na boca dos aficionados e, mais recentemente, apareceu com o “Gallo” (vendido a Pablo Hermoso de Mendoza), mantendo o interesse, e agora com o “Alba” volta a entusiasmar e com o “Chinoca” não fica atrás. Abordar os toiros no “corredor da verdade” é a grande mensagem que leva o seu toureio. E acredito que numa arena mais pequena ou dando menos distância aos toiros, os resultados ainda seriam mais impactantes. As suas duas actuações mantiveram-me pendente do princípio ao fim, tiveram intencionalidade, tiveram conteúdo… e grandes ferros! João Salgueiro da Costa é, entre os novos, um nome a acompanhar!

António Ribeiro Telles e Luís Rouxinol fizeram por conservar viva a sua chancela na “Celestino Graça”. Por parte do cavaleiro da Torrinha, a sua primeira actuação veio de mais a menos, destacando-se a prestação do “Embuçado”; e na segunda os últimos curtos com o “Alcochete” foram os seus melhores. Quanto ao de Pegões, com o seu primeiro, montado no “Douro” praticou um toureio animoso; e no seu segundo, com o “Fenício” esteve mais discreto.

Lidaram-se cinco toiros de Sommer d’Andrade e um de Canas Vigouroux (sonso). Os exemplares da ganadaria titular contribuíram para o interesse da tarde. Com defeitos e virtudes, foram toiros que exigiram e para se tourear no verdadeiro sentido da palavra. Gostei particularmente do primeiro, um toiro sério.

Tarde de responsabilidade para os Amadores de Santarém e para a história uma grande pega de António Taurino ao quarto da função. Concretizaram também João Grave à quinta tentativa (o toiro teve um comportamento violentíssimo), Salvador Ribeiro de Almeida à primeira, Lourenço Ribeiro à segunda, Francisco Graciosa à primeira e Ruben Giovetti à primeira.

Mais uma grande enchente de público em Santarém e a promessa de mais uma tarde de toiros no próximo Domingo, 16.


Foto: Pedro Batalha

sexta-feira, 7 de junho de 2019

CAMPO PEQUENO: PORTA GRANDE EM SALDOS!


Por: Catarina Bexiga

A seriedade da Monumental do Campo Pequeno (Catedral do Toureio a Cavalo) deveria ocupar um lugar totalmente distinto do actual e deveria servir de referência; e nunca conivente com tamanha falta de exigência; porque no Toureio pode existir “estilos”, mas nunca poderá deixar de existir seriedade e exigência. O Campo Pequeno tornou-se a praça de toiros onde é mais fácil triunfar. Reconheço que é importante ter público nas bancadas; mas não deverá ser menos importante preservar os Aficionados que ainda lá vão. Espanha dá-nos todos os dias exemplos de seriedade e exigência; mas aqui contentamo-nos com pouco... Em noite de homenagem ao seu pai, Marcos Tenório assinou duas actuações que estiveram longe de merecer o registado desfecho. Aceito que o sentimento estivesse “à flor da pele”; mas não posso aceitar que o toureio que praticou mereça quatro voltas à arena. Até lhe reconheço capacidades para mais. Até já lhe vi actuações superiores. Sair em ombros pela porta grande da Monumental do Campo Pequeno merece uma reflexão profunda sobre a categoria que se pretende dar ao Toureio a Cavalo em Portugal no futuro…

Da noite de ontem, recordo três grandes ferros curtos de João Moura, montado no “Marino”, no seu primeiro toiro, mas que nem valorizados foram pelo público de Lisboa; e uma meritória “gaiola” de Marcos Tenório, com o “Danone”, no seu segundo.

Cayetano Rivera Ordóñez – que debutou em Lisboa – teve uma passagem discreta pela capital. O seu lote de Varela Crujo teve virtudes, mas com o primeiro, Cayetano, não se sentiu confiado e com o segundo apenas se viu mais a gosto pelo pitón esquerdo.  

O curro de Varela Crujo, Herdeiros saiu díspar de jogo. Dos toiros para cavalo, o primeiro não teve raça, o segundo saiu desinteressado e sem fijeza, o quatro foi reservado e o quinto teve mobilidade e transmissão, mas com “feios “ durante a lide (na minha opinião foi excessiva a volta do ganadero). Para a pé, ambos tiveram condições, destacando-se o sexto da função.  

Pelos Amadores de Portalegre pegaram Ricardo Almeida e João Fragozo, à segunda tentativa. Pelos Amadores da Chamusca pegaram Francisco Borges à segunda e Bernardo Borges à primeira, na melhor pega da noite.

O Delegado Técnico Tauromáquico, Ricardo Dias, apenas serviu de “figurante” e foi cúmplice com a falta de seriedade e exigência que marcaram a noite.

sábado, 1 de junho de 2019

CHAMUSCA: CONVINCENTE FAENA DE CASQUINHA!


Por: Catarina Bexiga

Convincente faena de Nuno Casquinha ao quarto da tarde. Das melhores que lhe vi. O toiro de Manuel Veiga teve nobreza, ia pelo seu caminho, embora algo protestón. Casquinha esteve entregue, concentrada, mais pausado que o habitual, construindo uma faena em crescendo… Tanto pela pitón direito, como pelo esquerdo, houve lugar a muletazos de mão baixa, poderosos e impactantes. Dos que nos fazem gritar “Olé!” Venceu justamente o trofeu em disputa.

A António João Ferreira tocou um “veiga” que procurou as tábuas e investiu com a cara por cima do estaquillador. Ferreira esteve esforçado, com uma firmeza impressionante, mas sem opções… Destaque para o tércio de bandarilhas, protagonizado pelo seu irmão, João Ferreira. Três grandes pares!

Ambos os toureiros vilafranquenses deram a cara e deixaram vontade de os acompanhar, mas como estamos em Portugal, apenas tourearam um toiro cada, e agora ficam à espera… Eles e nós!
A cavalo, Luís Rouxinol deu importância aos compridos no seu primeiro toiro e evidenciou-se na forma como lidou o seu segundo. Valeu-lhe o prémio em disputa. Filipe Gonçalves andou asseado no primeiro e optou pela vistosidade dos quiebros no segundo. Dos toiros de Manuel Veiga para cavalo, destacou-se o quinto, manseou o primeiro e serviram o segundo e sexto.

Pelos Amadores da Chamusca pegaram Nuno Luís (vencedor do trofeu) à primeira tentativa e Luís Leitão à segunda. Para além destes dois nomes, despediu-se também João Botas. Pelos Aposento da Chamusca concretizaram João Diogo à primeira e Alexandre Mira à segunda.

Hoje à noite, os toiros voltam à Chamusca!

Foto: João Silva /Sol e Sombra

sexta-feira, 17 de maio de 2019

CAMPO PEQUENO: “MOURINAS” DESPERTARAM A CATEDRAL!






Por: Catarina Bexiga

O Toureio a Cavalo não é uma Arte estática. Desde que não se desvirtue a sua essência, há muita coisa que se pode fazer, muita coisa que se pode criar... E actualmente, mais do que nunca, precisa de improviso, precisa de surpresa, precisa de emoção. João Moura Jr. ressuscitou, ontem, no Campo Pequeno, uma sorte – intitulada “Mourina” – que segundo ele foi criada pelo seu pai nos anos oitenta. Uma a sorte que tem enorme valor e acrescido mérito. Para mim, o momento alto da noite.

O curro de Romão Tenório foi o que se estava à espera. Essencialmente, careceram de raça. Salvou-se o primeiro, de preciosas hechuras; e apesar dos 638 Kg. que acusou na balança, teve mobilidade e investiu com cadência e suavidade.  

A segunda parte da corrida teve mais interesse. Mesmo com um “romãotenório” a contra estilo, Luís Rouxinol esteve convincente no quarto da função, montado no conhecido Douro.  Frente ao primeiro apenas destaco o par de bandarilhas. Pablo Hermoso de Mendoza não deslumbrou com o primeiro do seu lote, mas esteve animoso com segundo, particularmente, pelas capacidades do Disparate. Por outro lado, João Moura Jr. andou mais enraçado e com maior transmissão, do que o habitual, mas foi com o sexto da função que impactou de verdade. Montado no Hostil, os últimos curtos, despertaram a Catedral.

Os homens da jaqueta de ramagens tiveram uma noite discreta. Pelos Amadores de Lisboa pegaram Pedro Gil à segunda tentativa, Duarte Mira à primeira e Vitor Epifânio à segunda. Pelos Amadores de Évora concretizaram João Pedro Oliveira, Dinis Caeiro e António Torres, todos à segunda tentativa.
Valeu a pena esperar pelo último da noite. Acredito que as “Mourinas” podem dar que falar…

Fotos: Maria João Mil Homens

segunda-feira, 13 de maio de 2019

SALVATERRA DE MAGOS: QUANDO O PERIGO SE FAZ RESPEITAR…


Por: Catarina Bexiga

O perigo está sempre presente. Faz parte da Festa dos Toiros. Faz parte de cada espectáculo. É inerente a quem pisa as arenas. E se muitas vezes parece esquecido, outras faz-se respeitar…. A colhida de Francisco Palha em Salvaterra de Magos é exemplo disso. Na minha opinião, a tarde resumiu-se a uma grande “gaiola” do cavaleiro do Paul da Vala; a duas grandes pegas do grupo de Santarém – por parte de António Taurino ao terceiro da tarde e de Francisco Graciosa ao quinto – e uma outra grande pega do grupo de Coruche – tendo como protagonista António Tomás no segundo da função.

Tratava-se de um Concurso de Ganadarias a inaugurar a temporada salvaterrense. O toiro de Fernando Palha esperou muito, o de António Silva (Prémio Apresentação) careceu de raça, o de Veiga Teixeira (Prémio Bravura) e o de Fernandes de Castro foram os que apresentaram melhores condições de lide, ao de Vinhas faltou entrega e o de Vale Sorraia prestou-se ao toureio a duo. Após a colhida de Francisco Palha, foi anunciado que por “acordo de cavalheiros” a lide do sexto seria entre Telles e Rouxinol. Esqueceram-se que estávamos num Concurso de Ganadarias? Despropositado!

No que ao Toureio a Cavalo diz respeito, como referi anteriormente, apenas guardo a extraordinária “gaiola” de Francisco Palha com o “Irreal”, que após resultar colhido teve valor para levar a lide até ao fim, e ainda cravar outro grande ferro (o 4.º) com a “Duquesa”. De António Telles e Luís Rouxinol prefiro esperar por melhores tardes. Sou aficionada ao Toureio a Cavalo, sei o que valem os dois, e opto por “não embandeirar em arco”, para no dia que mereçam, chegar a este espaço e enaltecê-los…

Quanto aos forcados, para além dos nomes mencionados, pelos Amadores de Santarém também pegou Francisco Paúlos à segunda tentativa; e pelos Amadores de Coruche concretizaram ainda João Prates á segunda e Tiago Gonçalves à primeira.

Foto: João Silva

segunda-feira, 6 de maio de 2019

VILA FRANCA: SÉRIA ACTUAÇÃO DE PINTO E ENRAÇADA PRESENÇA DE PRATES

Por: Catarina Bexiga

Concurso de Ganadarias Luso-Espanhol, o atractivo maior da tarde. Portugal fez-se representar pelas ganadarias de Palha, Pinto Barreiros e António Silva; e Espanha pelas divisas de Saltillo, Miura e Dolores Aguirre. E não restam dúvidas que as ganadarias lusas honraram o seu país. O de Palha foi um toiro sério, o de Pinto Barreiros (Prémio Bravura) teve mobilidade e transmissão, e o de António Silva (Prémio Apresentação) veio de mais a menos. Por outro lado, o de Saltillo revelou tendência para se adiantar, o de Miura foi devolvido aos currais e o de Dolores Aguirre deixou-se…

Duarte Pinto não esquecerá a tarde de 5 de Maio em Vila Franca. O de Palha foi um toiro sério e Pinto teve argumentos para estar à sua altura. Montado no Visconde, sabia que estava perante uma afición exigente e procurou corresponder às expectativas. Destacaram-se o terceiro e quarto curto. No fim, foi colhido, sem consequências de maior. Frente ao sobrero de Palha, a actuação teve altos e baixos.

António Prates entrou para o cartel em substituição de Rui Salvador. E acredito que a sua passagem pela Palha Blanco lhe tenha aumentado a moral. Ambas as actuações (com toiros de Dolores Aguirre e Pinto Barreiro) tiveram como denominador comum: um toureio solvente e enraçado. Às portas da alternativa (22 de Junho em Alcochete), Prates procurou chamar à atenção!

Filipe Gonçalves teve duas actuações carentes de interesse. Não deu volta em nenhum dos toiros.

Pelos Amadores de Lisboa pegaram Duarte Mira à primeira tentativa, João Varandas à segunda e Vitor Epifânio também à segunda. Pelos Amadores de Vila Franca concretizaram Vasco Pereira com uma rija intervenção à primeira superiormente ajudado, David Moreira à segunda também superiormente coadjuvado e Pedro Silva também à segunda. 

Fotos: João Silva /Sol e Sombra




quinta-feira, 2 de maio de 2019

ALMEIRIM: INSPIRAÇÃO DE ANTÓNIO RIBEIRO TELLES MARCA TARDE INAUGURAL!


Por: Catarina Bexiga

Tarde histórica para Almeirim. Tarde histórica para António Ribeiro Telles. São actuações como a que o cavaleiro da Torrinha assinou, com o segundo de Vale Sorraia, que colocam os pontos nos “is”. Tourear a Cavalo com a grandeza e o respeito que a modalidade merece foi o que se viu. Tourear a Cavalo, de acordo com o toiro, de acordo com o seu comportamento (empurrou e transmitiu); e naturalmente de acordo com as capacidades e inspiração do Toureiro. De saída, com o Hibisco, apenas o segundo destoou do conjunto; e de curtos, com o Alcochete, António Ribeiro Telles abriu o livro. Faltam-me palavras para descrever a forma como lidou o toiro, como o trouxe à garupa e como o colocou em sorte. Acoplamento perfeito! Depois seguiram-se seis curtos. De largo, reduzindo a meio da abordagem, voltando a impulsionar o cavalo para seguir no corredor da verdade e, por fim, vencendo o pitón da sorte. As reuniões foram cingidas e impactantes. Desfrutem da foto do Pedro Batalha. Um verdadeiro hino ao Toureio a Cavalo à Portuguesa. Ao nosso!

Depois da actuação de António Ribeiro Telles, tudo o resto soube a pouco… Aos restantes exemplares de Vale Sorraia faltou maior entrega e mais transmissão. João Moura andou asseado; Luís Rouxinol colocou na actuação a chama que faltou ao toiro; João Moura Jr. optou por um toureio monocórdico; Luís Rouxinol Jr. andou vulgar e o amador António Ribeiro Telles viu-se voluntarioso.

Pelos Amadores de Santarém pegaram Francisco Paulos à segunda tentativa, Salvador Ribeiro de Almeida à primeira e Ruben Giovetti, também à primeira. Pelo Aposento da Moita concretizaram Leonardo Matias à primeira, Salvador Pinto Coelho à segunda e João Gomes à primeira. Destaque para as duas grandes pegas a cargo de Ruben Giovetti e Leonardo Matias.

1 de Maio de 2019: Inauguração da Praça de Toiros de Almeirim e tarde histórica de António Ribeiro Telles!


Foto: Pedro Batalha

quinta-feira, 18 de abril de 2019

SEMANA SANTA: LA MACARENA…LA MÁS TORERA!

Por: Catarina Bexiga

Estamos em plena Semana Santa. Hoje a noite em Sevilha é algo mais do que uma simples noite, é um sentimento, uma paixão… Hoje, vive-se La Madrugá. O paso de La Macarena (Herdandad a que pertencem vários toureiros) chega a ser comovente. A imagem, levada pelos Costaleros e acompanhada pelos Nazarenos, percorre durante horas as ruas de Sevilha, sendo saudada por Saetas e gritos em seu louvor. A propósito fique a saber:

1 – O matador de toiros Joselito El Gallo foi um macareno declarado. No peito, a imagem de La Macarena leva cinco esmeraldas em forma de rosas, denominadas de Mariquillas, oferta do diestro sevilhano.

2 - A morte de Joselito El Gallo aconteceu, a 16 de Maio de 1920, na praça de toiros de Talavera de la Reina (Toledo), na sequência da cornada de “Bailador” da ganadería da Viúva de Ortega. O acidente comoveu a província de Sevilha e o seu funeral foi, na época, a maior manifestação pública que se viu em Sevilha. Pela primeira e única vez, La Macarena vestiu de negro, em sinal de luto pelo toureiro sevilhano.

3 – As cerimónias fúnebres de Joselito El Gallo foram realizadas na Catedral de Sevilha, o que gerou polémica por parte da burguesia e aristocracia sevilhana. O Cónego Juan Francisco Muñoz y Pabón justificou-se através de vários artigos publicados no Correo de Andalucía, levantando um entusiasmo inédito entre os gallistas. Inclusive, abriu-se uma subscrição popular para oferecer ao Cónego uma caneca em ouro. Oferecida à Hermandad de La Macarena, ficou combinado que a Virgen a levaria à cintura em cada Madrugada de Sexta-feira Santa.

4 – O Mausoléu de Joselito El Gallo é composto por um grupo escultórico (realizado por Mariano Benlliure em 1925) encabeçado pela imagem de La Macarena vestida de luto.

5 – Após a morte de Joselito El Gallo, López Alarcón brindou La Macarena com uma das composições poéticas mais bonitas da história da Semana Santa:
“Ven, pasajero, dobla la rodilla,
que en la Semana Santa de Sevilla,
porque ha muerto José, este año estrena
lágrimas de verdad la Macarena.”

6 - Contam os livros que durante a Segunda República Espanhola (proclamada a 14 de Abril de 1931) vários membros republicanos saquearam diversos templos sevilhanos, e perante o perigo, o sacristão de La Macarena levou-a para a sua casa e meteu-a na sua cama, simulando uma pessoa. À noite transportou a imagem para o Cemitério de San Fernando, e argumentando ser um marmorista, depositou-a na sepultura de Joselito El Gallo, onde permaneceu oculta durante dois meses.

7 – Foram oferecidos à La Macarena vários trajes de luces, nomeadamente, por Manuel Rodríguez Manolete, César Girón, Antonio Bienvenida, Palomo Linares e Dávila Miura; e ainda um anonimo, nos anos 60, depositado aos pés da Virgen. Actualmente, existem quatro saias confeccionadas com trajes de luces, oferecidos por El Gallo, Parrita, Sánchez Méjías e Pepín Vázquez.

Nota: Artigo actualizado em 2019

sábado, 13 de abril de 2019

CAMPO PEQUENO: FAZ DE CONTA QUE FOI… MAS NÃO FOI!


Por: Catarina Bexiga

Faz de conta que foi triunfal… mas não foi! 1.º Nocturna de toiros em Lisboa. Menos público nas bancadas do que o habitual, mas sempre disposto a vibrar com tudo. Para quem vai ver tourear, chega a ser penosa; mas para quem vai jantar com os amigos, é uma folia constante. Todos os anos, alimento a esperança de que, no início de uma nova temporada, algo vai mudar… mas rapidamente caio na realidade. Há coisas em que não há volta a dar!

Indiscutível a apresentação dos toiros da ganadaria Dr. António Silva. À arena do Campo Pequeno saiu um curro rematado, três deles aplaudidos pelo seu trapio. Todavia, no que diz respeito ao comportamento, a maioria apresentou complicações,  gazapones e exigentes para com os cavaleiros. O lote de Duarte Pinto foi o melhor; o terceiro, embora também gazapón atrás do cavalo, tomou a iniciativa de investir no momento do ferro, e o sexto revelou-se um toiro sério. Incompreensível a chamada da ganadera no 5.º (a nova DC, Lara Oliveira, mostrou-se confusa nos seus critérios), mas merecida no 6.º.

Quanto ao toureio a cavalo, muito pouco para recordar…

Acredito nas capacidades de António Ribeiro Telles, mas ontem no Campo Pequeno esteve desinspirado. Apenas, um ferro no quarto da ordem salvou a sua imagem.

Rui Fernandes teve vontade de superar as dificuldades apresentadas pelos toiros, mas depois o seu conceito “enganoso”, comprometeu as reuniões e saqueou brilho às sortes.

Com o melhor lote, Duarte Pinto também não conseguiu convencer por completo. Apenas dois curtos no seu primeiro, muito pouco para quem criou expectativas…

Nota: Uma noite menos feliz todos têm; mas uma coisa é preocupante, sobretudo, de saída não se viu um ferro comprido. É que nem por isso fizeram…

A nível de forcados, foram a quinta e sexta pega (uma de cada grupo) as únicas em que os toiros emprestaram emoção. Pelos Amadores de Montemor-o-Novo pegaram Francisco Barreto à primeira tentativa, João da Câmara também à primeira e Francisco Borges à segunda com uma excelente ajuda. Pelos Amadores de Vila Franca de Xira concretizaram David Moreira à primeira, Rui Godinho à primeira e Francisco Faria à terceira.

Resta-nos esperar por melhores dias…

Foto: João Silva

segunda-feira, 18 de março de 2019

SANTARÉM: RENOVADO ENTUSIASMO!

Por: Catarina Bexiga

A Associação “Praça Maior” devolveu o entusiasmo à afición escalabitana. Cerca de 8.000 pessoas marcaram presença no primeiro espectáculo anunciado para a temporada de 2019. A missão de revitalizar a “Celestino Graça” foi assumida por um grupo de aficionados; e esta é a prova de que com dedicação e trabalho conseguem-se colher frutos. Um projecto (criativo e dinâmico) que passa a ser exemplo para muitos dos que cá andam há muitos anos…

António Ribeiro Telles e Francisco Palha dividiram o protagonismo da tarde. O primeiro através da sapiência dos eleitos e o segundo com a entrega de quem procura um lugar cimeiro no escalafón. 

A mim, a actuação que mais me fez desfrutar foi a segunda da tarde. Com um toiro de Cunhal Patrício, que desde início, se desligou e se desinteressou da montada, António toureou a cavalo, porque tourear não é apenas cravar os ferros, tourear foi o que fez... Entendeu o toiro, as suas querenças, as suas distâncias e os seus terrenos, encontrou a ligação certa, e procurou tirar partido do comportamento do adversário. Tudo feito com sentido e propósito. Montado no “Favorito” a última parte da actuação resultou empolgante. Com o quinto da tarde, um toiro com mobilidade, mas que galopava atrás do cavalo a “su aire”, a actuação do cavaleiro da Torrinha com o “Alcochete” mexeu mais com o público. Eu fico-me com a anterior!

As duas prestações de Francisco Palha foram muito idênticas. Incutiu raça e vibração ao que fez; no primeiro toiro com a “Duquesa” e no segundo com o “Roncalito”, privilegiando a colocação dos toiros em tábuas para depois concretizar os ferros. Mérito acrescido teve os dois compridos com que recebeu à gaiola ambos os toiros. Pelo risco. Pela verdade. Pela emoção. Dos que se vêm poucas vezes!

As actuações de João Moura resultaram asseadas. No primeiro toiro procurou encontrar luzimento no toureio de praça a praça, sobressaindo na concretização do terceiro curto. No segundo do seu lote andou mais discreto.

Do curro de Cunhal Patrício (o 4.º foi de Veiga Teixeira) recordo dois toiros. O quinto que teve mobilidade, mas andou a “su aire” (o ganadero foi premiado com volta à arena) e o sexto um toiro com raça e seriedade. 

Para o interesse da tarde contribuíram também os dois grupos de forcados. Pelos Amadores de Santarém pegaram Ruben Giovetti que dobrou Fernando Montoya, António Taurino à segunda com uma grande primeira ajuda e Francisco Graciosa à primeira, igualmente com uma grande ajuda. Pelos Amadores de Vila Franca de Xira concretizaram Vasco Pereira à segunda, Rui Godinho à primeira e Francisco Faria à terceira. 

Interessante tarde de toiros. Renovado entusiasmo e a “Celestino Graça” de novo no calendário dos aficionados!

Foto: Pedro Batalha

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