segunda-feira, 6 de junho de 2022

SANTARÉM: UM REGRESSO MOVIDO PELA FÉ E PELO QUERER!

 

Por: Catarina Bexiga

A Monumental “Celestino Graça” foi palco do regresso às arenas de António Ribeiro Telles. Um regresso movido pela Fé, nos momentos mais difíceis; e pelo querer do Homem e do Toureiro. António regressou igual a si próprio. Com a simplicidade que o torna grande como pessoa. E com a torería que o agiganta dentro da arena. Acredito que o carinho com que foi recebido em Santarém guarde para sempre no coração. Foi um dia especial! Das suas duas actuações fico-me com a primeira. A lide foi primorosa – à António Ribeiro Telles – e para os Aficionados que gostam de ver lidar um toiro. Com conhecimento dos terrenos e das distâncias; preparando as sortes, umas vezes com a garupa do cavalo, outras com a espádua. Tudo com sentido. Tudo com harmonia. Simplesmente Toureio! Montado no Alcochete, a actuação foi em crescendo, terminada com dois grandes curtos. Com o quarto da tarde, montado no Sherpa, apontou, mas não disparou.

Rui Fernandes logrou na “Celestino Graça” uma das melhores actuações que lhe vi. O curro de Murteira Grave saiu sério, com cara, mas não terminou de se definir; alternando “feios” com coisas válidas. Mais “equilibrado” revelaram-se o sexto da ordem. Para mim, o segundo da tarde foi o toiro com mais interesse do conjunto. Raspou, fez intenções de procurar as tábuas; mas foi superiormente entendido por Rui Fernandes, sendo um toiro que tomou a iniciativa de investir, teve som… transmitiu muita emoção. Montado no “El Dorado”, Rui Fernandes deu-lhe primazia de investida, quarteou-se com sinceridade e reuniu com impacto. Com o último esteve num registo mais exuberante. Acrescentar ainda, que de saída, com o “Gucci”, esteve também superior, com duas grandes sortes de gaiola.

João Moura Jr. teve uma passagem discreta pela Capital do Ribatejo. Com o seu primeiro (mal visto) não se sentiu a gosto; e com o segundo veio a mais, especialmente, com as conhecidas “mourinas”. A última é para recordar.

Pelos Amadores de Santarém pegaram João Grave, à primeira tentativa, uma grande pega, seguindo-se Francisco Garcia, Francisco Paulos (à 6.º, com muita determinação), José Fialho, Salvador Ribeiro de Almeida e Francisco Cabaço.

Os toiros foram recolhidos a cavalos pelos campinos Gabriel Silva e Rui Silva. Afinal, também eles são parte da história do nosso Ribatejo!

Foto: João Silva / Sol e Sombra


ALCOCHETE: A DISPOSIÇÃO DE JULI NUMA NOITE QUE DÁ QUE PENSAR…

 

Por: Catarina Bexiga

O tema está em cima da mesa. E preocupa! Como se justifica a ausência/desinteresse do público em cartéis que, supostamente, são os mais fortes neste início de temporada? Recentemente, temos vários exemplos, o último dos quais Alcochete, quiçá, o mais misterioso. As reflexões podem ser várias e as conclusões outras tantas. Mas, a verdade é que, actualmente, o espectáculo taurino (pago) compete, fim-de-semana após fim-de-semana, com demais espectáculos (grátis). Na hora da escolha, o público divide-se; e, por mais afición que uma família tenha, a crise económica, em que o país está mergulhado, é uma realidade obscura!

Alcochete registou meia casa forte no Sábado, com um cartel taquillero, que não o foi. A noite conta-se em poucas palavras. As actuações de João Telles e Francisco Palha não tiveram força para entusiasmar. A primeira de João Telles resumiu-se ao quarto curto, momento em que se acoplou mais à investida do Passanha; a segunda – com o toiro sobrero – teve passagens válidas com o “Gaiato” e terminou com a vistosidade do “Ilusionista”. Francisco Palha logrou uma actuação de menos a mais com o “Rebelde” no seu primeiro; e apesar da irregularidade com o “Roncalito”, os primeiros curtos foram os mais convincentes no seu segundo.

Pelos Amadores de Alcochete pegaram João Dinis, João Maria Pinto e Vitor Marques, todos à primeira tentativa, terminando o grupo da terra com uma pega de cernelha a cargo de Joaquim Matos e João Ferreira de cernelha.

O matador de toiros Julian Lopez “El Juli” trouxe consigo dois toiros de Domingo Hernandez, dispares de apresentação. Sem trapio e feio o seu primeiro, que pouco humilhou, mas investia pelo seu caminho; mais aceitável o último, nobre. O madrileno esteve por cima dos dois exemplares, com recursos inegáveis e disposto a construir duas faena que “encheram o olho” a quem o foi ver.

A noite ficou marcada pela postura de Juli, numa noite que dá que pensar…

Foto: Pedro Batalha

 


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