sábado, 7 de outubro de 2023

VILA FRANCA (3.ª DA FEIRA): TOMÁS BASTOS ARMA LÍO E SAI EM OMBROS JUNTO A TALAVANTE!

 

Vila Franca tem um novo ídolo! Encantou no seu debute pelo Colete Encarnado. E deslumbrou, ontem, pela Feira de Outubro, saindo em ombros da Palha Blanco. O nome de Tomás Bastos está a criar enormes expectativas e está na boca dos aficionados. Não se pode ter um começo mais auspicioso. Tomás Bastos é um jovem com uma intuição sobrenatural e umas capacidades superiores. A forma como está na cara dos novilhos, com uma clareza e fluência “anormal”, não é próprio de um miúdo de 16 anos… algo de diferente está ali! De capote andou seguro e variado toda a tarde; com as bandarilhas, os dois tércios foram impactantes, com seis pares “asomándose al balcón” e a sua primeira faena, essa, foi histórica. O novilho de La Cercada teve muita qualidade. O início da faena foi com dois passes cambiados de joelhos. E pouco tempo depois, já a Palha Blanco estava “louca” e de pé! Com uma naturalidade impressionante, os muletazos foram largos, com um novilho a investir “por todos os lados”… foram ligados, foram intensos. Foram apaixonantes! Para o fim, uma serie de derechazos de joelhos e um par de manoletinas a fechar a “obra”. Clamor total. A sua segunda faena foi moldada de recursos e ambição; o novilho de La Certada não investiu com a mesma classe do anterior; mas Tomás Bastos tem o toureio na cabeça e voltou a entusiasmar.

Se pelo Colete Encarnado Tomás Bastou alternou com Morante de la Puebla; desta vez, fê-lo com Alejandro Talavante. Sobretudo, com o seu primeiro de Nuñez del Cuvillo a sua presença teve um cunho muito pessoal. De capote, começou com dois faroles de pé, seguindo-se verónicas e chicuelinas. O toiro investiu com muita nobreza e a faena foi construída, pelos dois pitóns, com ajuste e temple. Pelo meio, dois derechazos de joelho flectido a deixar um sabor de boca esquisito (no bom sentido). O seu segundo investiu de forma rebrincada, começando a faena por baixo, como se exigia; seguindo-se um Talavante esforçado e centrado.

A parte a cavalo acabou por passar mais despercebida. Com o seu primeiro de São Torcato (que se deixou) , Rui Fernandes teve uma primeira actuação correcta, montado no H-Quiebro; depois com o seu segundo, um toiro complicadote, esteve por cima dos problemas, com o El Dorado.

João Telles Jr lidou em primeiro lugar um exemplar de Jorge Mendes, sem entrega. Fez uma porta gaiola com o Ilustre, e baseou a sua actuação na beleza do Marfim de curtos. Complicado e perigoso foi o último de São Torcato. João foi colhido contra tábuas após fazer uma gaiola com o Ilustre; e teve que “comer o pão que o diabo amassou” com o Glorioso.  

Pelos Amadores de Vila Franca pegaram Vasco Pereira à segunda e Lucas Gonçalves à primeira. E pelos Amadores do Aposento da Moita concretizaram Martim Cosme à primeira e Leonardo Matias à segunda.

No fim, Alejandro Talavante e Tomás Bastos foram passeados em ombros pela arena da Palha Blanco.

Vila Franca tem um novo TOUREIRO! Que a sorte o acompanhe…

FOTO: FACEBOOK TAUROLEVE


quinta-feira, 5 de outubro de 2023

VILA FRANCA (2.ª DA FEIRA): ANTÓNIO RIBEIRO TELLES E A “SUA” PALHA BLANCO. UMA HISTÓRIA IRREPETÍVEL!

Por: Catarina Bexiga
Durante a noite, de forma casual, mas também com uma certa nostalgia, vieram-me à cabeça algumas das melhores “obras” de António Ribeiro Telles, na Palha Blanco, na “sua” Palha Blanco. Aliás, tal como afirmei, no discurso que assinei, para o momento da homenagem, pelos seus 40 anos de Alternativa, o nome de António Ribeiro Telles é inseparável da história desta praça, com cinco manos-a-manos (dos 22 que somou ao longo da sua carreira) e uma encerrona. É o toureiro que mais vezes actuou na Palha Blanco, estando prestes a alcançar as 100 actuações. Por isso, é aqui respeitado e admirado!
O anunciado curro de Passanha lidado ontem resumiu-se a quatro toiros da divisa original e dois de Jorge Mendes, um deles, lidado em quarto lugar, como sobrero. O primeiro foi um toiro díspar de comportamento, se por um lado teve tendência para se emparelhar com o cavalo, por outro revelou um momento de ferro fácil; o segundo foi o melhor da noite, com mobilidade e durabilidade (ganadero e maioral foram premiados com volta à arena); o terceiro teve pouca entrega e veio a menos; e o quarto foi bruto no momento do ferro. O sobrero de Jorge Mendes teve as suas complicações e o sexto cumpriu.
A actuação de António Ribeiro Telles teve um mérito “escondido”, porque o seu Passanha investia de forma perigosa atrás do cavalo e era preciso ganhar-lhe a acção e o terreno. Foi isso, que o cavaleiro da Torrinha procurou fazer; mesmo assim, de saída montado no Hibisco, não se livrou de dois apertos contra tábuas. Depois a serie de curtos, com o Alcochete, teve o seu apogeu no quarto. António citou a favor da querença natural, o toiro arrancou-se e o ferro teve verdade e impacto.
Manuel Telles Bastos lidou o sobrero que saiu em quatro lugar. O de Jorge Mendes pôs o cavaleiro de sobreaviso, e a actuação não terminou de se definir. Montado no Ipanema, o quinto curto foi o mais convincente.
João Telles Jr. logrou a actuação mais conseguida da noite. Recebeu o seu Passanha à porta gaiola com o Ilustre, de forma segura e poderosa. Depois, montado no Gaiato, os dois primeiros curtos resultaram correctos, mas sem força, porque os quarteios foram abertos à distância; mas o terceiro, com o toiro a tomar a iniciativa de investir, já teve outro som. No fim, foi buscar o Ilusionista para deixar duas bandarilhas a quiebro, a primeira sem ajuste na reunião e a segunda mais cingida.
António Telles filho precisa de encontrar o cavalo que lhe permita colocar em prática, na integra, o seu toureio. Com o toiro por trás, tem desembaraço e sabe o que anda a fazer; depois no momento do ferro, montado no Sherpa – tal como aconteceu em outras ocasiões – o nível desde consideravelmente.
Tristão Ribeiro Telles teve uma passagem intermitente pela Palha Blanco. Curiosamente, o melhor ferro da noite foi da sua autoria. Aconteceu, montado no Moita, o primeiro da serie de curtos. O Passanha era bruto no momento do embroque e seguiram-se dois toques que desluziram as suas intenções.
No fim, a actuação “à moda da Torrinha” resultou dinâmica e entretida, com os cinco cavaleiros a despedirem-se do público da Palha Blanco em clima de festa. Aliás, um clima de festa que contrasta com as habituais nocturnas de Terça-feira, bem como a resposta do público que apenas preencheu 2/3 da lotação. Talvez mereça uma reflexão…
Noite dura, mas de entrega e afirmação, teve o grupo de forcados Amadores de Vila Franca. Pegaram Vasco Pereira a dar o exemplo, com uma grande pega, à primeira tentativa; seguindo-se Vasco Carvalho também à primeira, Lucas Gonçalves à segunda, Rodrigo Andrade à terceira, Guilherme Dotti esteve enorme concretizando à terceira e a encerrar Rafael Plácido deu seguimento à superior prestação do grupo, fechando-se à primeira. Quem merece uma palavra de reconhecimento, pela grande noite que teve, é o primeiro ajuda Diogo Duarte. Mais um grande desafio à altura de um grande grupo.
FOTO: PEDRO BATALHA

 

VILA FRANCA (1.ª DA FEIRA): CAPACIDADES POR CIMA DAS POSSIBILIDADES

 

Por: Catarina Bexiga
Todos sonham em triunfar na Palha Blanco. Todavia, existem sonhos realizados e sonhos frustrados. Mas ambos contribuem para o amadurecimento de cada um. Quantos sonhos haviam na cabeça dos quatro jovens toureiros, antes das cortesias, de ontem, em Vila Franca? Muitos de certo. Mas poucos se puderam cumprir.
A primeira tarde da Feira de Outubro ficou condicionada pelo jogo dado pelos toiros das três ganadarias anunciadas que, pouco ou nada, ajudaram à vontade dos toureiros. Para cavalo, lidaram-se quatro toiros de Canas Vigouroux, que tiveram como denominador comum a falta de entrega. O quarto foi um toiro complicadote, com tendência para ser trotón, mas sabe-se lá porquê, foi premiado com o lenço azul, com volta à arena para o ganadero. Para pé, o primeiro de Assunção Coimbra investiu sem classe e o segundo foi sério e exigente; e os de Calejo Pires decepcionaram, com muito génio, inclusive o segundo a fugir para tábuas.
A atravessar um grande momento, Miguel Moura não teve “matéria-prima” para voltar a deixar o seu nome na boca dos aficionados. Aos seus dois toiros faltou raça e restou-lhe imprimir boa vontade ao que fez. Com o “Favorito” a serie de curtos foi correcta no seu primeiro; e com o “Herói”, a falta de ritmo na investida do toiro, inviabilizou a explosão da segunda actuação.
A Luis Rouxinol Jr. também não faltou disposição. Recebeu os seus dois toiros à porta gaiola; e fez de tudo para dar a volta às tortillas. Com o primeiro, montado no “Girassol”, pôs ele próprio o que faltou ao toiro; e com o segundo, montado no “Jamaica”, inicialmente sentiu dificuldades em acoplar-se às “espinhosas” investidas do adversário, mas na recta final, cravou dois curtos mais convincentes.
Pelos Amadores de Évora pegaram Carlos Sousa e José Maria Passanha, ambos à terceira tentativa. Pelos Amadores de Vila Franca concretizaram Guilherme Dotti e Rodrigo Andrade, com duas grandes pegas, ao primeiro intento.
Se por um lado, Manuel Dias Gomes e Joaquim Ribeiro “Cuqui” estiveram por cima das condições dos seus toiros; por outro, não deixa de ser frustrante, porque, tanto um como outro, mereciam que um toiro lhes investisse…
Dias Gomes lanceou à verónica com selo próprio, de mãos desmaiadas e cadência nos voos. O seu primeiro de Coimbra não teve classe, humilhou pouco, mas Dias Gomes andou seguro e esforçado, sacando ao toiro os muletazos que levava dentro. O de Calejo Pires foi manso perdido. O começo da faena foi poderoso, submetendo as investidas por baixo, mas daí para a frente, as hipóteses de luzimento foram nulas.
Joaquim Ribeiro “Cuqui”, a espaços, ainda teve oportunidade de sentir o seu esforço compensado. O de Calejo Pires investiu com génio, mas por ambos os pitóns, “Cuqui” ainda lhe conseguiu ligar quatro muletazos que aqueceram as bancadas. Depois, o toiro começou a raspar muito e gorou os intentos do moitense. O burraco de Assunção Coimbra que saiu em último lugar foi um toiro sério e exigente. Os ajudados por alto com que começou a faena foram bonitos, a entrega do toureiro foi notória, mas a faena não chegou a romper.
De seda e prata, após o tercio de bandarilhas, saudaram João Pedro, Miguel Batista e Joaquim Oliveira. Também cravou um bom par Tiago Santos.
Em suma, as capacidades dos toureiros estiveram por cima das possibilidades oferecidas pelos toiros.
FOTO: ARQUIVO

segunda-feira, 4 de setembro de 2023

MONTEMOR-O-NOVO: UMA TARDE QUE MARCA A DIFERENÇA!

Por: Catarina Bexiga

Dentro da nossa Tauromaquia e da nossa realidade, ainda há – felizmente para o Aficionado – tardes que nos alimentam a afición e marcam a diferença! Como a de ontem em Montemor-o-Novo.

Quem começou por marcar a diferença foi o toiro. Duas voltas à arena deu o ganadero João da Veiga Teixeira. Da Herdade do Pedrogão vieram, particularmente, dois toiros de nota alta. O segundo da tarde, com o N.816, foi um toiro que tomou a iniciativa de investir para todos os ferros. Não estava sobrado de forças, porque se estivesse... O quarto, com o N.º 828, teve mobilidade e durabilidade. Não é menos verdade que se doeu ao primeiro curto, mas foi um toiro que investiu sempre com transmissão. Quanto aos restantes, o primeiro foi complicadote, bronco; o terceiro foi gazapón e acabou em tábuas; o quinto foi reservado e, no fim, também manifestou tendência para os terrenos de dentro; e o sexto foi parado e raspou várias vezes. Mas todos tinham a sua lide!

António Ribeiro Telles assinou duas actuações completamente distintas. À primeira faltou “amor próprio”, porque um toureiro como o António pode com qualquer tipo de toiro. O começo não foi bom. Outra história teve a sua segunda actuação. Montado no veterano “Alcochete”, lidou como se vê fazer a poucos. O primeiro curto foi brindado ao cavaleiro montemorense Luís Miguel da Veiga, com a simpática expressão “Gosto de si como toureiro e como pessoa!” Depois, António manteve-nos com os olhos fixos na arena, pois esteve à altura do enraçado “Teixeira”, marcando a diferença pela forma como preparou as sortes, com soltura e torería; e, especialmente, como cobrou o terceiro, um grande curto.

João Moura Jr. rubricou duas lides muito idênticas, embora com dois toiros completamente desiguais. Aliás, Moura Jr. é o protótipo do toureio contemporâneo: não lida o toiro, no que é o verdadeiro sentido da palavra; porém, pretende impor o seu conceito a todos os toiros. Inclusive, apostando, reiteradamente, na sorte da moda: colocando sempre o toiro nas tábuas, citando sempre de largo, desviando sempre o toiro da linha natural de investida, e em que o momento da reunião é secundário. O filme desdobra-se, com frequência, entre a maioria dos nossos cavaleiros. Não tenho dúvidas em afirmar que Moura Jr. é um toureiro seguríssimo, com muitas capacidades e recursos; todavia, está muito mais identificado com o toureio moderno. Sobretudo, com o grande “Teixeira” que sorteou em primeiro lugar foi pena não aproveitar para dar outra dimensão ao seu toureio. Marcar a diferença, marcou com o “Hostil” e as conhecidas Mourinas, altura em que teve que provocar muito a investida para obrigar o toiro a investir. Teve mérito.

A João Salgueiro da Costa notou-se preocupação em interpretar os toiros e fazer o bom toureio. Não foram duas lides redondas, mas a sinceridade do seu conceito marca a diferença e deixa vontade de o voltar a ver. No seu primeiro, montado no “Litri”, a actuação veio a mais com três curtos de boa nota; inclusive, o último, a sesgo, quando o toiro se fechou em tábuas. Com o sexto, montado no “Jic” procurou abordar o adversário sempre devagar e com rectidão, criando logo aí, expectativa. Sei que, actualmente, a sua quadra não é ampla, houve uns ferros que resultaram melhores que outros, mas a intenção com que quis fazer o bom toureio, para mim conta muito…

Quem também marcou a diferença foram os Amadores de Montemor-o-Novo. Esta é sempre uma tarde bonita para o grupo. Pegaram Vasco Ponce à terceira, com uma grande ajuda do cabo; Francisco Borges à primeira também com uma exemplar ajuda do cabo; Francisco Barreto na tarde da despedida esteve perfeito à primeira; Bernardo Dentinho também na sua última pega à primeira; Vasco Carolino esteve superior à primeira, numa pega em que se despediu o ajuda Diego Caeiro; e, de cernelha, António Pena Monteiro e João José Comenda, a encerrar com chave de ouro.

Merecem uma palavra de reconhecimento pelo seu trabalho, os campinos João Inácio “Janica” e Henrique Pinheiro.

Ontem, em Montemor-o-Novo, foi uma tarde para Aficionados, uma tarde que marca a diferença!

FOTO: MIGUEL CALÇADA / FACEBOOK AMADORES DE MONTEMOR-O-NOVO
 

domingo, 27 de agosto de 2023

CAMPO PEQUENO: NOITE DE TOIROS BRAVOS! NOITE DE TRIUNFO DE MOURA E PALHA!

Por: Catarina Bexiga

Já há poucas assim. Noite de toiros bravos, de competição e para aficionados, a da última Quinta-feira, na Monumental do Campo Pequeno. O mote foi dado pela ganadaria de Murteira Grave que enviou um curro sério, praticamente cinqueño e com vários matizes de bravura. Noite também exigente para os cavaleiros e forcados, porque estar à altura dos bravos não é para todos, faz secar a boca e reclama argumentos e capacidades para lhes dar a volta.

Francisco Palha (com o 2.º) e João Moura Jr. (com o 4.º) assinaram o que de melhor se viu na arena lisboeta. Foram duas lides diferentes – em que ambos se agigantaram - com história e bastante intensas!

O N.º 38, de nome Laranja, que tocou em sorte a Francisco Palha revelou-se um grande toiro. Do meu ponto de vista, veio a mais; porque se inicialmente foi trotón, a partir do primeiro curto definiu-se bravo, arrancando de praça a praça, com alegria. Palha soube estar à sua altura, inclusive, valorizando, de sobremaneira, a conduta do animal. A lide foi toda ela com o “Jaquetón”, começando por apontar uma sorte de gaiola impactante; seguindo-se três curtos que entusiasmaram pela forma como esperou pela investida do toiro e como aguentou junto às tábuas. Mediu bem a actuação e criou expectativa em cada ferro.

João Moura Jr. não quis ficar atrás. Depois do intervalo, saiu o Saltarillo, com o N.º 26, outro grande toiro, que investiu com transmissão e que valeu a chamada do ganadero à arena. Com o “Mali” apontou um bom comprido, de poder a poder; depois com o “Jet Set” o terceiro curto foi o mais convincente; e por fim, com o “Hostil” armou um lío com duas extraordinárias Mourinas, cingidíssimas, que incendiaram as bancadas do Campo Pequeno.

As restantes actuações tiveram menos sabor. Com o seu segundo, um Grave voluntarioso, Francisco Palha foi autor de uma actuação intermitente com o “Roncalito”, onde pelo meio o toiro se desembolou e teve que regressar aos currais para depois voltar a sair. Com o que abriu a noite, um toiro que careceu de entrega, montado no “Neco”, João Moura Jr. saiu prejudicado pela intervenção do activista anti-taurino Peter Janssen, que ao interromper o espectáculo, quebrou o ritmo da actuação.

Por outro lado, o primeiro toiro de Andrés Romero orientava-se e condicionou o resultado do seu labor. O segundo foi um toiro suave, com o qual o rejoneador de Huelva andou mais animoso.

Os Graves também foram exigentes para os dois grupos de forcados. Pelos Amadores de Montemor-o-Novo, esteve superior Francisco Borges à segunda tentativa, com uma grande ajuda do cabo António Cortes Pena Monteiro; seguindo-se Vasco Ponce à primeira e José Maria Pena Monteiro também à primeira. Pelos Amadores de Évora concretizaram Ricardo Sousa à segunda, José Maria Passanha à primeira e José Maria Caeiro à segunda.

Em suma, noite de toiros bravos; noite de triunfo de Moura e Palha!

 

domingo, 23 de julho de 2023

SALVATERRA DE MAGOS: QUATRO DÉCADAS. QUATRO PALAVRAS.

Por: Catarina Bexiga

Definir os 40 anos de Alternativa de António Ribeiro Telles em quatro palavras é um risco. Mas vou corrê-lo. Ao longo destas quatro décadas, António tem-nos feito perceber o que é o Toureio a Cavalo; dependendo de cada toiro e de cada investida… o Toureio a Cavalo na sua complexidade bem como na sua simplicidade.

PORTUGALIDADE. Porque António é o mais português de todos. Que preserva valores, defende regras e procura pôr em prática um conceito (sobretudo, o lidar; e o conceito do ferro de frente e ao estribo) que deu ao nosso país um elevado estatuto além-fronteiras. António é (dos poucos) que nos faz lembrar que somos a Pátria do Toureio a Cavalo!

CLASSICISMO. Para o explicar gosto sempre de recorrer àquela frase de Rafael Gómez “El Gallo”, quando um dos seus bandarilheiros lhe perguntou: “Maestro, qué es lo clásico?” Respondeu o diestro: “Lo clásico es aquello que no se puede hacer mejor!”

TORERÍA. É algo que se tem ou não se tem. É ter uma forma especial de exteriorizar o que se leva dentro. É pensar, falar, sentir e actuar, sempre em Toureiro!

MAESTRIA. Ao longo destes 40 anos, pelo nível de actuações com que nos tem brindado, só podemos estar a falar de uma Figura de Época, um Maestro de Maestros.

A noite de 21 de Julho teve as suas exigências. Os toiros de Vale Sorraia saíram superiormente apresentados; no entanto, os lidados na primeira parte contrastaram com os da segunda. O primeiro mostrou-se indiferente e sem fijeza ; o segundo veio a menos e raspou muito; e o terceiro revelou-se distraído e também sem fijeza. Depois do intervalo, a matéria-prima foi outra. Para melhor. Mesmo parco de forças, o sexto da função investiu com motor e ritmo, transmitindo muito.  

António Ribeiro Telles foi ele próprio em Salvaterra de Magos, a terra onde se estreou nas arenas. Com saber lidou superiormente o primeiro, um mansarrão, que pedia contas com o “Lorde” de curtos; e com mais sabor esteve frente ao segundo, montado no “Alcochete”, com um toureio continuo e intencional, com destaque para o segundo e terceiro curto.

Luís Rouxinol e Miguel Moura superaram com disposição as complicações apresentadas pelos seus primeiros toiros. Posteriormente, o quinto e sexto toiro permitiu-lhes dar outra dimensão ao seu toureio. Rouxinol deu importância aos compridos com a “Libra”; e esteve sobrado e variado com o “Douro”. Miguel Moura surpreendeu com uma actuação diferente, montado no “Herói”; aproveitando de sobremaneira a transmissão do valesorraia, improvisando as sortes e chegando muito às bancadas. Uma actuação que marca a sua temporada!

Pelos Amadores de Santarém foram caras João Faro, à primeira tentativa; Vasco Salazar, autor de uma grande pega também à primeira; e Pedro Valério à segunda. Pelos Amadores do Ribatejo concretizaram André Laranjinha, valentíssimo, aguentando vários derrotes, à primeira; e Ricardo Regaleira, também à primeira. O sexto toiro da noite não foi pegado por se lesionar.

Aquelas palavras de Mestre David Ribeiro Telles dizem tudo: “Tenho visto o meu filho António tourear toiros que, digo-o sinceramente, era assim que eu gostaria de ter toureado!”  Quatro décadas se passaram, mas a essência permanece intacta!

FOTO: PEDRO BATALHA

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