quinta-feira, 13 de abril de 2017

CURIOSIDADES DA SEMANA SANTA

Estamos em plena Semana Santa. Hoje a noite de Sevilha, é algo mais do que uma simples noite, é um sentimento, uma paixão… Hoje, vive-se La Madrugá. O paso de La Macarena (Hermandad a que pertencem vários toureiros) chega a ser comovente. A imagem, levada pelos Costaleros e acompanhada pelos Nazarenos, percorre durante horas as ruas de Sevilha, sendo saudada por Saetas e gritos em seu louvor. A propósito fique a saber que:

1 - No peito, a imagem  de La Macarena leva cinco esmeraldas em forma de rosas, denominadas de Mariquillas, oferta do matador de toiros Joselito El Gallo. Mas a seu respeito existem outras curiosidades. A morte de Joselito El Gallo aconteceu a 16 de Maio de 1920, na praça de toiros de Talavera de la Reina (Toledo), na sequência da cornada de Bailador daganadería da Viúva de Ortega. O acidente comoveu a província de Sevilha e especialmente a Hermandad de La Macarena, da qual fazia parte o toureiro sevilhano. Pela primeira e única vez, La Macarena vestiu de negro, em sinal de luto e reconhecimento.


2 - Contam os livros que durante a Segunda República Espanhola (proclamada a 14 de Abril de 1931) vários membros republicanos saquearam diversos templos sevilhanos, e perante o perigo, o sacristão de La Macarena levou-a para a sua casa e meteu-a na sua cama, simulando uma pessoa. À noite transportou a imagem para o Cemitério de San Fernando, e argumentando ser um marmorista, depositou-a na sepultura de Joselito El Gallo, onde permaneceu oculta durante dois meses. 

segunda-feira, 10 de abril de 2017

VILA FRANCA DE XIRA: EM CADA JAQUETA DE RAMAGENS UM PEDAÇO DE HISTÓRIA…

Vila Franca de Xira, 9 de Abril 2017
Por: Catarina Bexiga

Em cada forcado um coração vilafranquense. Em cada jaqueta de ramagens um pedaço de história. A Palha Blanco registou uma grande moldura humana no Festival Taurino que assinalou os 85 anos dos Amadores de Vila Franca de Xira. A melhor maneira de reconhecer a trajectória do grupo e de o acarinhar em dia especial…

O ponto alto da tarde foi a actuação do matador de toiros Curro Diaz com um novilho de Falé Filipe. Um hino ao toureio clássico. Para começar um par de lances à Verónica; e depois uma faena de fino corte, com muletazos profundos e templados, e o toureiro a gosto. Deu duas merecidas voltas à arena.

A Vitor Mendes tocou um novilho violento, dos três o único que não serviu. Mendes despachou-o com ofício. Referir, que João Ferreira cravou dois excelentes pares de bandarilhas, ganhando o pitón e cravando na cara. Saudou nos tércios.

João d’Alva, aluno da Escola de Toureio “José Falcão”, deixou uma importante mensagem na Palha Blanco. Concentrado, entendeu o novilho de Falé Filipe, e construiu uma faena pausada, procurando levar largo os muletazos, e sentindo-se toureiro.

A cavalo, António Ribeiro Telles lidou um novilho parado com ferro Casa Avó. Montado no “Favorito”, a sua sapiência superou as dificuldades. Com detalhes de maestria.

O novilho, com o mesmo ferro, que tocou a Luís Rouxinol, embora sem fijeza no momento do cite, teve mobilidade. Montado no “Douro”, Rouxinol defendeu o seu estatuto, à base da disposição.  

Ana Batista regressou às arenas com um esmerado sentido de lide. O Casa Avó teve acentuada querença em tábuas, mas a cavaleira soube contrariar-lhe a vontade. Montada no “Roncal”, o segredo esteve na ligação, sem perder a cara ao adversário, para lograr concretizar as sortes.

Depois do toureio a pé, menos conteúdo tiveram as restantes actuações a cavalo. Com um novilho de António Silva, Paulo Jorge Santos limitou-se a andar desembaraçado; e com o exemplar de Charrua, o praticante António Prates acusou a responsabilidade.

Terminamos, com os protagonistas na tarde. Concretizaram Ricardo Castelo e Carlos Telles “Caló”, ambos à segunda tentativa, Bruno Casquinha à primeira, Ricardo Patusco à quarta e Diogo Pereira à primeira, a encerrar com chave de ouro a prestação do grupo. Na retina ficaram também outros tantos, que voltaram a vestir a jaqueta de ramagens e a pisar a Palha Blanco, forcados que enalteceram o grupo em diferentes épocas.  

domingo, 9 de abril de 2017

ADRIÁN, A FESTA DE TOIROS FÊ-LO SENTIR FELIZ

Por: Catarina Bexiga

Adrián Hinojosa, com apenas 8 anos, sofria de Sarcoma de Ewing, um tipo de cancro contra o qual estava a lutar nos últimos tempos. Todavia, como todos os meninos da sua idade, Adrián tinha um sonho. Possivelmente, longe de pensar o que futuro lhe pudesse reservar, Adrián tinha uma particularidade que o distinguia dos demais: queria ser TOUREIRO!

A 8 de Outubro em Valência – Adrián foi o rosto do Festival Taurino a favor da Fundación de Oncohematología Infantil, e viu-se rodeado dos seus heróis.

Fizeram parte do cartel, Vicente Ruiz “El Soro”, Enrique Ponce, Vicente Barrera, Rafaelillo, Román, Ginés Marín e o novilheiro Fernando Beltrán.

A 8 de Outubro, Adrián fez o paseillo junto dos toureiros, foi brindado, deu voltas ao ruedo e saiu em ombros! As imagens correram o mundo, e por parte dos anti-taurinas surgiram comentários desumanos, o suficiente para ficarmos com a ideias do tipo de pessoas que são.

A Festa de Toiros é grande. Porque a grandeza também está nos gestos; nos sentimentos que provoca e na solidariedade que demonstra para com quem necessita.

Adrián, faleceu hoje sem cumprir o seu sonho, mas a Festa de Toiros fê-lo feliz. Descanse em paz.

sábado, 8 de abril de 2017

LISBOA: REVITALIZAÇÃO OU MEDIATISMO?

Lisboa, 6 de Abril 2017
Por: Catarina Bexiga

Juan José Padilla somou a terceira saída em ombros pela porta grande da Monumental do Campo Pequeno. A sua presença esgotou o coso lisboeta e suscitou na afición portuguesa um histerismo colectivo. Hoje, quem vai ver o jerezano (e muitos foram os que abandonaram as bancadas após a sua última faena) não vai , simplesmente, ver um matador de toiros que está no seu momento; Padilla é um “produto” diferenciado, um exemplo de superação, a vitória da vida sobre a morte… Particularmente, na praça de toiros da capital, a mensagem de Juan José “cai bem” num público diverso, receptivo a tudo, que procura algo que o divirta… Padilla bandarilhou os seus dois toiros de Varela Crujo, explorou a nobreza do primeiro (excessivamente premiado com a chamada do ganadero à arena), construindo uma faena variada e ligada; e com o segundo, que investiu sem classe, tirou partido da generosidade do público português. Feitas as contas, duas voltas no primeiro, mais três voltas no segundo, igual a saída em ombros.

No final da tarde de Quinta-feira, um painel de oradores, composto por João Queiroz, José António Campuzano, Rui Bento Vaquez, Manuel Dias Gomes e Pedro Brito de Sousa, abordou o tema da “Revitalização do Toureio a Pé em Portugal”.  O optimismo foi a palavra comum no discurso de todos. Todavia, depois da valorização de Juan José Padilla, cabe também aos aficionados apoiarem os matadores de toiros portugueses para a revitalização que urge. A faena de Manuel Dias Gomes em Lisboa (Setembro), com um toiro de Manuel Veiga; e a de António João Ferreira em Vila Franca de Xira (Outubro) com um toiro de Falé Filipe; mereciam que ambos tivessem na agenda vários contratos. A não acontecer, estaremos a falar de revitalização ou mediatismo?

Voltando à arena de Lisboa, na noite do seu debute, a Roca Rey tocou os dois piores toiros do encierro de Varela Crujo , o terceiro sem força, custava-lhe a seguir os voos da muleta; e o sexto revelou-se manso, investindo com brusquidão. Sem opções, o peruado esteve por cima das condições dos adversários. A espaço, ainda desfrutámos da sua classe e do seu temple.

João Moura recebeu à gaiola o seu primeiro Vinhas - que investiu melhor atrás do cavalo do que nas abordagens – e apenas logrou dois curtos convincentes, com o “Colombo”, o terceiro e quarto da serie. Frente ao desenraçado quarto da função, a actuação careceu de interesse.

Pelos Amadores de Vila Franca de Xira pegaram o cabo Ricardo Castelo e Rui Godinho, ambos à segunda tentativa.

A noite terminou como começou, com um ambientazo em redor do novo ídolo do Campo Pequeno: Juan José Padilla. 

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