Por: Catarina Bexiga
Já
há poucas assim. Noite de toiros bravos, de competição e para aficionados, a da
última Quinta-feira, na Monumental do Campo Pequeno. O mote foi dado pela
ganadaria de Murteira Grave que enviou um curro sério, praticamente cinqueño
e com vários matizes de bravura. Noite também exigente para os cavaleiros e
forcados, porque estar à altura dos bravos não é para todos, faz secar a boca e
reclama argumentos e capacidades para lhes dar a volta.
Francisco
Palha (com o 2.º) e João Moura Jr. (com o 4.º) assinaram o que de melhor se viu
na arena lisboeta. Foram duas lides diferentes – em que ambos se agigantaram - com
história e bastante intensas!
O
N.º 38, de nome Laranja, que tocou em sorte a Francisco Palha revelou-se um
grande toiro. Do meu ponto de vista, veio a mais; porque se inicialmente foi trotón,
a partir do primeiro curto definiu-se bravo, arrancando de praça a praça, com alegria.
Palha soube estar à sua altura, inclusive, valorizando, de sobremaneira, a
conduta do animal. A lide foi toda ela com o “Jaquetón”, começando por apontar
uma sorte de gaiola impactante; seguindo-se três curtos que entusiasmaram pela
forma como esperou pela investida do toiro e como aguentou junto às tábuas. Mediu
bem a actuação e criou expectativa em cada ferro.
João
Moura Jr. não quis ficar atrás. Depois do intervalo, saiu o Saltarillo, com o
N.º 26, outro grande toiro, que investiu com transmissão e que valeu a chamada
do ganadero à arena. Com o “Mali” apontou um bom comprido, de poder a
poder; depois com o “Jet Set” o terceiro curto foi o mais convincente; e por
fim, com o “Hostil” armou um lío com duas extraordinárias Mourinas, cingidíssimas,
que incendiaram as bancadas do Campo Pequeno.
As
restantes actuações tiveram menos sabor. Com o seu segundo, um Grave
voluntarioso, Francisco Palha foi autor de uma actuação intermitente com o “Roncalito”,
onde pelo meio o toiro se desembolou e teve que regressar aos currais para
depois voltar a sair. Com o que abriu a noite, um toiro que careceu de entrega,
montado no “Neco”, João Moura Jr. saiu prejudicado pela intervenção do
activista anti-taurino Peter Janssen, que ao interromper o espectáculo, quebrou
o ritmo da actuação.
Por
outro lado, o primeiro toiro de Andrés Romero orientava-se e condicionou o resultado
do seu labor. O segundo foi um toiro suave, com o qual o rejoneador de
Huelva andou mais animoso.
Os
Graves também foram exigentes para os dois grupos de forcados. Pelos Amadores
de Montemor-o-Novo, esteve superior Francisco Borges à segunda tentativa, com
uma grande ajuda do cabo António Cortes Pena Monteiro; seguindo-se Vasco Ponce
à primeira e José Maria Pena Monteiro também à primeira. Pelos Amadores de Évora
concretizaram Ricardo Sousa à segunda, José Maria Passanha à primeira e José
Maria Caeiro à segunda.
Em
suma, noite de toiros bravos; noite de triunfo de Moura e Palha!