Na Festa manda o Toiro. É ele o
“diapasão” de tudo (ou quase tudo) o que se passa na arena. Por isso, as
Corridas Concursos de Ganadarias revestem-se de uma motivação maior para o Aficionado
e, quero acreditar, também para os Toureiros. Afinal de contas, cada toiro
deveria ter a sua lide!
A cavaleira Ana Batista sorteou o
pior lote do Concurso. Nenhum dos seus dois toiros lhe tornaram a vida fácil. O
de São Marcos manifestou querença nos médios e reservou-se nos mesmos terrenos;
e o de Luis Terrón (com cinco anos cumpridos) foi parado e tardo no momento do
ferro. Em ambas as actuações, os melhores resultados surgiram na parte final.
Com o “Hermoso”, no seu primeiro, o terceiro e quatro curto foram decisivos,
claramente, mais acoplada à complicada investida do inimigo; mas a principal
mensagem da cavaleira foi deixada com o seu segundo. Montada do “Peróla”, a
partir do terceiro curto encastou-se, superou-se, e mudou o rumo dos
acontecimentos. O 3.º, 4.º e 5.º tiveram exposição e impacto.
Marcos
Tenório é um cavaleiro de opostos. De saída é, porventura, o que mais
importância dá aos ferros compridos. Sacou o “Danome” para os seus dois toiros,
e com ele imprime verdade e interesse ao toureio na sua primeira fase. Mas o
oposto surge depois, porque logo a seguir, Marcos parece outro cavaleiro. Do
Concurso tocou-lhe o de Passanha que serviu, mas veio ligeiramente a menos; e o
de Herdeiros de Varela Crujo que foi um toiro fácil. Com o seu primeiro,
montado no “Da Vinci” faz questão de acentuar ainda mais o engano do toureio a
quiebro (que tem as suas consequências); e no segundo com o “Goya” continuou a
querer fazer da exuberância a sua principal bandeira.
João
Telles Jr. assinou duas actuações distintas. O primeiro do seu lote pertencia à
ganadaria de Veiga Teixeira e teve pouca transmissão; e o segundo ostentava o
ferro de David Ribeiro Telles e fez vários amagos para tábuas. Montado no “Glorioso”
as sortes não tiveram força para romper no seu primeiro. Depois com o “Gaiato”
esteve mais convincente, a actuação teve ritmo e ligação, com os ladeios no
corredor das tábuas a chegaram facilmente ao público. Por fim, com o
“Ilusionista”, apenas o terceiro curto teve o desfecho desejado.
O lote
de Marcos Tenório foi o melhor da tarde. Entendeu o júri premiar o exemplar de
Passanha com o trofeu Bravura e o de Veiga Teixeira com o trofeu Apresentação.
A tarde
foi de desafios grandes e grandes pegas para os dois grupos de forcados. Pelos
Amadores de Montemor-o-Novo pegaram José Maria Marques à primeira tentativa;
Francisco Borges também à primeira e a dobrar Manuel Carvalho, uma heroica
cernelha protagonizada por António Pena Monteiro e Luís Vacas de Almeida, uma enorme
lição de superação. Pelos Amadores de Coruche foram solistas Martim Tomás, João
Prates (numa grande intervenção) e David Canejo, todos ao primeiro encontro.
De saudar
as obras de melhoramento submetidas na praça de toiros local, fruto da afición
da Comissão de Gestão, formada por José da Costa, António Manuel Silva, Arménio
Dias e José Rafael, e com o apoio da Câmara Municipal da terra. Salvaterra
volta a ter toiros no próximo dia 21 de Julho.
FOTO: PEDRO BATALHA