domingo, 24 de junho de 2018

ALCÁCER DO SAL: MAGISTRAL LIÇÃO DE ANTÓNIO RIBEIRO TELLES!


Por: Catarina Bexiga

Importante triunfo do Toureio a Cavalo à Portuguesa. Do genuíno. Do autêntico. Do verdadeiro. Grande actuação de António Ribeiro Telles! Porventura, uma das suas mais completas actuações dos últimos tempos. Foi com o quarto da tarde. Com o “Ibisco”, apontou duas tiras correctas; e depois com o “Alcochete” abriu o livro, esse livro escrito pelos portugueses, que dita os cânones do Toureio a Cavalo, e que está impresso a letras de oiro. A preparação daqueles cinco curtos foi de sonho. Com uma grandeza. Com um senhorio. Indescritíveis... Depois as abordagens frontais, com paragem a meio da viagem, como que a provocar a investida… e as reuniões cingidas, ao estribo, de alto-a-baixo. Toureio caro. Toureio imortal. Venceu o prémio “Herdade da Barrosinha” para o melhor cavaleiro.

Felizmente, a tarde teve mais coisas para recordar. O cavaleiro da Torrinha esteve correcto com o primeiro da tarde, mas com argumentos diferentes, também convenceram Luís Rouxinol com o segundo e João Moura Jr. com o sexto. A corrida de Passanha saiu fácil, teve mobilidade e não teve querenças; e os toureiros souberam-lhe tirar partido. Com o “Douro”, Rouxinol teve uma actuação cativante. Inicialmente baseada no toureio de cercanias, para depois deixar os três últimos curtos de forma mais ortodoxa. Com o seu segundo andou num plano mais modesto. Por outra parte, montado no “Goya”, Moura Jr. cravou uma serie de seis curtos em crescendo, com disposição e transmissão. A actuação ao primeiro do seu lote resultou discreta.

Eterna rivalidade (saudável) entre os dois grupos de forcados: Pelos Amadores de Santarém pegaram Lourenço Ribeiro à terceira tentativa, António Taurino à primeira e João Grave também à primeira. Pelos Amadores de Montemor-o-Novo, com uma prestação mais coesa, concretizaram Francisco Bissaia Barreto à primeira, Manuel Ramalho também à primeira e Francisco Borges à segunda com uma grande primeira ajuda. Venceram o prémio com o nome “José Maria Cortes”.

Tarde com conteúdo, mas com muito pouco público nas bancadas. Foi pena!

Foto: Pedro Batalha

sexta-feira, 22 de junho de 2018

CAMPO PEQUENO: PIOR CEGO É AQUELE QUE NÃO QUER VER…

Por: Catarina Bexiga

Gostar de Toureio a Cavalo tem muito que se lhe diga…O que me move a sair de casa (e acredito que à maioria dos Aficionados) é, exactamente, a paixão que tenho pelo Toureio, e por tudo o que o envolve. Mas como não faço parte de nenhum “Clube de Fãs”… tenho dificuldade em entender muita coisa… Tanta felicidade!? Tanta alegria!? Tanta festa!? O público que se junta em Lisboa é o público menos exigente e mais facilitista que conheço…  adora música, palmas, cerveja… basta o ferro ficar no toiro, e há logo motivo para “fogo de artifício”. Bendito público, dirão os toureiros!

A corrida de Veiga Teixeira teve as exigências naturais de uma ganadaria encastada. Excepto o segundo, que tocou em sorte a Marco José, um manso com querença em tábuas, o primeiro foi um grande toiro, e os restantes tiveram várias virtudes para explorar. Foi uma corrida séria, que merecia outra resposta por parte dos cavaleiros… Não era cartel de figuras, mas era cartel de oportunidade!

Não me vou alargar nas considerações. Gonçalo Fernandes andou correcto até meio da actuação; Marco José sentiu dificuldades de saída e andou discreto de bandarilhas; Gilberto Filipe cravou os ferros de forma vulgar; Marcelo Mendes (com a quadra dos Rouxinois) imprimiu mais transmissão ao seu toureio e deixou os dois melhores curtos da noite; Parreirita Cigano teve uma actuação para esquecer; e Verónica Cabaço cravou os ferros de forma asseada.  

Pelos Amadores de Coimbra pegaram Ricardo Matos à segunda e Pedro Silva à terceira. Pelos Amadores de Monsaraz concretizou Carlos Polme e André Mendes, ambos, à terceira. Sobressaiu o grupo do Cartaxo, com duas pegas ao primeiro intento, por intermédio de Bernardo Campino e Fábio Beijinho com uma excelente primeira ajuda.

À noite de ontem faltou ritmo (mais de três horas de espectáculo), faltou interesse, e muitos triunfos de “trazer por casa” (acredito que cada um tenha tido as suas conquistas pessoais, mas só isso!). Numa altura em que a Festa de Toiros é alvo de ataques constantes, o que se passa na arena, tem que ter outra dimensão. Pior cego é aquele que não quer ver…

Foto: João Silva

Arquivo do blog