sábado, 7 de outubro de 2023

VILA FRANCA (3.ª DA FEIRA): TOMÁS BASTOS ARMA LÍO E SAI EM OMBROS JUNTO A TALAVANTE!

 

Vila Franca tem um novo ídolo! Encantou no seu debute pelo Colete Encarnado. E deslumbrou, ontem, pela Feira de Outubro, saindo em ombros da Palha Blanco. O nome de Tomás Bastos está a criar enormes expectativas e está na boca dos aficionados. Não se pode ter um começo mais auspicioso. Tomás Bastos é um jovem com uma intuição sobrenatural e umas capacidades superiores. A forma como está na cara dos novilhos, com uma clareza e fluência “anormal”, não é próprio de um miúdo de 16 anos… algo de diferente está ali! De capote andou seguro e variado toda a tarde; com as bandarilhas, os dois tércios foram impactantes, com seis pares “asomándose al balcón” e a sua primeira faena, essa, foi histórica. O novilho de La Cercada teve muita qualidade. O início da faena foi com dois passes cambiados de joelhos. E pouco tempo depois, já a Palha Blanco estava “louca” e de pé! Com uma naturalidade impressionante, os muletazos foram largos, com um novilho a investir “por todos os lados”… foram ligados, foram intensos. Foram apaixonantes! Para o fim, uma serie de derechazos de joelhos e um par de manoletinas a fechar a “obra”. Clamor total. A sua segunda faena foi moldada de recursos e ambição; o novilho de La Certada não investiu com a mesma classe do anterior; mas Tomás Bastos tem o toureio na cabeça e voltou a entusiasmar.

Se pelo Colete Encarnado Tomás Bastou alternou com Morante de la Puebla; desta vez, fê-lo com Alejandro Talavante. Sobretudo, com o seu primeiro de Nuñez del Cuvillo a sua presença teve um cunho muito pessoal. De capote, começou com dois faroles de pé, seguindo-se verónicas e chicuelinas. O toiro investiu com muita nobreza e a faena foi construída, pelos dois pitóns, com ajuste e temple. Pelo meio, dois derechazos de joelho flectido a deixar um sabor de boca esquisito (no bom sentido). O seu segundo investiu de forma rebrincada, começando a faena por baixo, como se exigia; seguindo-se um Talavante esforçado e centrado.

A parte a cavalo acabou por passar mais despercebida. Com o seu primeiro de São Torcato (que se deixou) , Rui Fernandes teve uma primeira actuação correcta, montado no H-Quiebro; depois com o seu segundo, um toiro complicadote, esteve por cima dos problemas, com o El Dorado.

João Telles Jr lidou em primeiro lugar um exemplar de Jorge Mendes, sem entrega. Fez uma porta gaiola com o Ilustre, e baseou a sua actuação na beleza do Marfim de curtos. Complicado e perigoso foi o último de São Torcato. João foi colhido contra tábuas após fazer uma gaiola com o Ilustre; e teve que “comer o pão que o diabo amassou” com o Glorioso.  

Pelos Amadores de Vila Franca pegaram Vasco Pereira à segunda e Lucas Gonçalves à primeira. E pelos Amadores do Aposento da Moita concretizaram Martim Cosme à primeira e Leonardo Matias à segunda.

No fim, Alejandro Talavante e Tomás Bastos foram passeados em ombros pela arena da Palha Blanco.

Vila Franca tem um novo TOUREIRO! Que a sorte o acompanhe…

FOTO: FACEBOOK TAUROLEVE


quinta-feira, 5 de outubro de 2023

VILA FRANCA (2.ª DA FEIRA): ANTÓNIO RIBEIRO TELLES E A “SUA” PALHA BLANCO. UMA HISTÓRIA IRREPETÍVEL!

Por: Catarina Bexiga
Durante a noite, de forma casual, mas também com uma certa nostalgia, vieram-me à cabeça algumas das melhores “obras” de António Ribeiro Telles, na Palha Blanco, na “sua” Palha Blanco. Aliás, tal como afirmei, no discurso que assinei, para o momento da homenagem, pelos seus 40 anos de Alternativa, o nome de António Ribeiro Telles é inseparável da história desta praça, com cinco manos-a-manos (dos 22 que somou ao longo da sua carreira) e uma encerrona. É o toureiro que mais vezes actuou na Palha Blanco, estando prestes a alcançar as 100 actuações. Por isso, é aqui respeitado e admirado!
O anunciado curro de Passanha lidado ontem resumiu-se a quatro toiros da divisa original e dois de Jorge Mendes, um deles, lidado em quarto lugar, como sobrero. O primeiro foi um toiro díspar de comportamento, se por um lado teve tendência para se emparelhar com o cavalo, por outro revelou um momento de ferro fácil; o segundo foi o melhor da noite, com mobilidade e durabilidade (ganadero e maioral foram premiados com volta à arena); o terceiro teve pouca entrega e veio a menos; e o quarto foi bruto no momento do ferro. O sobrero de Jorge Mendes teve as suas complicações e o sexto cumpriu.
A actuação de António Ribeiro Telles teve um mérito “escondido”, porque o seu Passanha investia de forma perigosa atrás do cavalo e era preciso ganhar-lhe a acção e o terreno. Foi isso, que o cavaleiro da Torrinha procurou fazer; mesmo assim, de saída montado no Hibisco, não se livrou de dois apertos contra tábuas. Depois a serie de curtos, com o Alcochete, teve o seu apogeu no quarto. António citou a favor da querença natural, o toiro arrancou-se e o ferro teve verdade e impacto.
Manuel Telles Bastos lidou o sobrero que saiu em quatro lugar. O de Jorge Mendes pôs o cavaleiro de sobreaviso, e a actuação não terminou de se definir. Montado no Ipanema, o quinto curto foi o mais convincente.
João Telles Jr. logrou a actuação mais conseguida da noite. Recebeu o seu Passanha à porta gaiola com o Ilustre, de forma segura e poderosa. Depois, montado no Gaiato, os dois primeiros curtos resultaram correctos, mas sem força, porque os quarteios foram abertos à distância; mas o terceiro, com o toiro a tomar a iniciativa de investir, já teve outro som. No fim, foi buscar o Ilusionista para deixar duas bandarilhas a quiebro, a primeira sem ajuste na reunião e a segunda mais cingida.
António Telles filho precisa de encontrar o cavalo que lhe permita colocar em prática, na integra, o seu toureio. Com o toiro por trás, tem desembaraço e sabe o que anda a fazer; depois no momento do ferro, montado no Sherpa – tal como aconteceu em outras ocasiões – o nível desde consideravelmente.
Tristão Ribeiro Telles teve uma passagem intermitente pela Palha Blanco. Curiosamente, o melhor ferro da noite foi da sua autoria. Aconteceu, montado no Moita, o primeiro da serie de curtos. O Passanha era bruto no momento do embroque e seguiram-se dois toques que desluziram as suas intenções.
No fim, a actuação “à moda da Torrinha” resultou dinâmica e entretida, com os cinco cavaleiros a despedirem-se do público da Palha Blanco em clima de festa. Aliás, um clima de festa que contrasta com as habituais nocturnas de Terça-feira, bem como a resposta do público que apenas preencheu 2/3 da lotação. Talvez mereça uma reflexão…
Noite dura, mas de entrega e afirmação, teve o grupo de forcados Amadores de Vila Franca. Pegaram Vasco Pereira a dar o exemplo, com uma grande pega, à primeira tentativa; seguindo-se Vasco Carvalho também à primeira, Lucas Gonçalves à segunda, Rodrigo Andrade à terceira, Guilherme Dotti esteve enorme concretizando à terceira e a encerrar Rafael Plácido deu seguimento à superior prestação do grupo, fechando-se à primeira. Quem merece uma palavra de reconhecimento, pela grande noite que teve, é o primeiro ajuda Diogo Duarte. Mais um grande desafio à altura de um grande grupo.
FOTO: PEDRO BATALHA

 

VILA FRANCA (1.ª DA FEIRA): CAPACIDADES POR CIMA DAS POSSIBILIDADES

 

Por: Catarina Bexiga
Todos sonham em triunfar na Palha Blanco. Todavia, existem sonhos realizados e sonhos frustrados. Mas ambos contribuem para o amadurecimento de cada um. Quantos sonhos haviam na cabeça dos quatro jovens toureiros, antes das cortesias, de ontem, em Vila Franca? Muitos de certo. Mas poucos se puderam cumprir.
A primeira tarde da Feira de Outubro ficou condicionada pelo jogo dado pelos toiros das três ganadarias anunciadas que, pouco ou nada, ajudaram à vontade dos toureiros. Para cavalo, lidaram-se quatro toiros de Canas Vigouroux, que tiveram como denominador comum a falta de entrega. O quarto foi um toiro complicadote, com tendência para ser trotón, mas sabe-se lá porquê, foi premiado com o lenço azul, com volta à arena para o ganadero. Para pé, o primeiro de Assunção Coimbra investiu sem classe e o segundo foi sério e exigente; e os de Calejo Pires decepcionaram, com muito génio, inclusive o segundo a fugir para tábuas.
A atravessar um grande momento, Miguel Moura não teve “matéria-prima” para voltar a deixar o seu nome na boca dos aficionados. Aos seus dois toiros faltou raça e restou-lhe imprimir boa vontade ao que fez. Com o “Favorito” a serie de curtos foi correcta no seu primeiro; e com o “Herói”, a falta de ritmo na investida do toiro, inviabilizou a explosão da segunda actuação.
A Luis Rouxinol Jr. também não faltou disposição. Recebeu os seus dois toiros à porta gaiola; e fez de tudo para dar a volta às tortillas. Com o primeiro, montado no “Girassol”, pôs ele próprio o que faltou ao toiro; e com o segundo, montado no “Jamaica”, inicialmente sentiu dificuldades em acoplar-se às “espinhosas” investidas do adversário, mas na recta final, cravou dois curtos mais convincentes.
Pelos Amadores de Évora pegaram Carlos Sousa e José Maria Passanha, ambos à terceira tentativa. Pelos Amadores de Vila Franca concretizaram Guilherme Dotti e Rodrigo Andrade, com duas grandes pegas, ao primeiro intento.
Se por um lado, Manuel Dias Gomes e Joaquim Ribeiro “Cuqui” estiveram por cima das condições dos seus toiros; por outro, não deixa de ser frustrante, porque, tanto um como outro, mereciam que um toiro lhes investisse…
Dias Gomes lanceou à verónica com selo próprio, de mãos desmaiadas e cadência nos voos. O seu primeiro de Coimbra não teve classe, humilhou pouco, mas Dias Gomes andou seguro e esforçado, sacando ao toiro os muletazos que levava dentro. O de Calejo Pires foi manso perdido. O começo da faena foi poderoso, submetendo as investidas por baixo, mas daí para a frente, as hipóteses de luzimento foram nulas.
Joaquim Ribeiro “Cuqui”, a espaços, ainda teve oportunidade de sentir o seu esforço compensado. O de Calejo Pires investiu com génio, mas por ambos os pitóns, “Cuqui” ainda lhe conseguiu ligar quatro muletazos que aqueceram as bancadas. Depois, o toiro começou a raspar muito e gorou os intentos do moitense. O burraco de Assunção Coimbra que saiu em último lugar foi um toiro sério e exigente. Os ajudados por alto com que começou a faena foram bonitos, a entrega do toureiro foi notória, mas a faena não chegou a romper.
De seda e prata, após o tercio de bandarilhas, saudaram João Pedro, Miguel Batista e Joaquim Oliveira. Também cravou um bom par Tiago Santos.
Em suma, as capacidades dos toureiros estiveram por cima das possibilidades oferecidas pelos toiros.
FOTO: ARQUIVO

segunda-feira, 4 de setembro de 2023

MONTEMOR-O-NOVO: UMA TARDE QUE MARCA A DIFERENÇA!

Por: Catarina Bexiga

Dentro da nossa Tauromaquia e da nossa realidade, ainda há – felizmente para o Aficionado – tardes que nos alimentam a afición e marcam a diferença! Como a de ontem em Montemor-o-Novo.

Quem começou por marcar a diferença foi o toiro. Duas voltas à arena deu o ganadero João da Veiga Teixeira. Da Herdade do Pedrogão vieram, particularmente, dois toiros de nota alta. O segundo da tarde, com o N.816, foi um toiro que tomou a iniciativa de investir para todos os ferros. Não estava sobrado de forças, porque se estivesse... O quarto, com o N.º 828, teve mobilidade e durabilidade. Não é menos verdade que se doeu ao primeiro curto, mas foi um toiro que investiu sempre com transmissão. Quanto aos restantes, o primeiro foi complicadote, bronco; o terceiro foi gazapón e acabou em tábuas; o quinto foi reservado e, no fim, também manifestou tendência para os terrenos de dentro; e o sexto foi parado e raspou várias vezes. Mas todos tinham a sua lide!

António Ribeiro Telles assinou duas actuações completamente distintas. À primeira faltou “amor próprio”, porque um toureiro como o António pode com qualquer tipo de toiro. O começo não foi bom. Outra história teve a sua segunda actuação. Montado no veterano “Alcochete”, lidou como se vê fazer a poucos. O primeiro curto foi brindado ao cavaleiro montemorense Luís Miguel da Veiga, com a simpática expressão “Gosto de si como toureiro e como pessoa!” Depois, António manteve-nos com os olhos fixos na arena, pois esteve à altura do enraçado “Teixeira”, marcando a diferença pela forma como preparou as sortes, com soltura e torería; e, especialmente, como cobrou o terceiro, um grande curto.

João Moura Jr. rubricou duas lides muito idênticas, embora com dois toiros completamente desiguais. Aliás, Moura Jr. é o protótipo do toureio contemporâneo: não lida o toiro, no que é o verdadeiro sentido da palavra; porém, pretende impor o seu conceito a todos os toiros. Inclusive, apostando, reiteradamente, na sorte da moda: colocando sempre o toiro nas tábuas, citando sempre de largo, desviando sempre o toiro da linha natural de investida, e em que o momento da reunião é secundário. O filme desdobra-se, com frequência, entre a maioria dos nossos cavaleiros. Não tenho dúvidas em afirmar que Moura Jr. é um toureiro seguríssimo, com muitas capacidades e recursos; todavia, está muito mais identificado com o toureio moderno. Sobretudo, com o grande “Teixeira” que sorteou em primeiro lugar foi pena não aproveitar para dar outra dimensão ao seu toureio. Marcar a diferença, marcou com o “Hostil” e as conhecidas Mourinas, altura em que teve que provocar muito a investida para obrigar o toiro a investir. Teve mérito.

A João Salgueiro da Costa notou-se preocupação em interpretar os toiros e fazer o bom toureio. Não foram duas lides redondas, mas a sinceridade do seu conceito marca a diferença e deixa vontade de o voltar a ver. No seu primeiro, montado no “Litri”, a actuação veio a mais com três curtos de boa nota; inclusive, o último, a sesgo, quando o toiro se fechou em tábuas. Com o sexto, montado no “Jic” procurou abordar o adversário sempre devagar e com rectidão, criando logo aí, expectativa. Sei que, actualmente, a sua quadra não é ampla, houve uns ferros que resultaram melhores que outros, mas a intenção com que quis fazer o bom toureio, para mim conta muito…

Quem também marcou a diferença foram os Amadores de Montemor-o-Novo. Esta é sempre uma tarde bonita para o grupo. Pegaram Vasco Ponce à terceira, com uma grande ajuda do cabo; Francisco Borges à primeira também com uma exemplar ajuda do cabo; Francisco Barreto na tarde da despedida esteve perfeito à primeira; Bernardo Dentinho também na sua última pega à primeira; Vasco Carolino esteve superior à primeira, numa pega em que se despediu o ajuda Diego Caeiro; e, de cernelha, António Pena Monteiro e João José Comenda, a encerrar com chave de ouro.

Merecem uma palavra de reconhecimento pelo seu trabalho, os campinos João Inácio “Janica” e Henrique Pinheiro.

Ontem, em Montemor-o-Novo, foi uma tarde para Aficionados, uma tarde que marca a diferença!

FOTO: MIGUEL CALÇADA / FACEBOOK AMADORES DE MONTEMOR-O-NOVO
 

domingo, 27 de agosto de 2023

CAMPO PEQUENO: NOITE DE TOIROS BRAVOS! NOITE DE TRIUNFO DE MOURA E PALHA!

Por: Catarina Bexiga

Já há poucas assim. Noite de toiros bravos, de competição e para aficionados, a da última Quinta-feira, na Monumental do Campo Pequeno. O mote foi dado pela ganadaria de Murteira Grave que enviou um curro sério, praticamente cinqueño e com vários matizes de bravura. Noite também exigente para os cavaleiros e forcados, porque estar à altura dos bravos não é para todos, faz secar a boca e reclama argumentos e capacidades para lhes dar a volta.

Francisco Palha (com o 2.º) e João Moura Jr. (com o 4.º) assinaram o que de melhor se viu na arena lisboeta. Foram duas lides diferentes – em que ambos se agigantaram - com história e bastante intensas!

O N.º 38, de nome Laranja, que tocou em sorte a Francisco Palha revelou-se um grande toiro. Do meu ponto de vista, veio a mais; porque se inicialmente foi trotón, a partir do primeiro curto definiu-se bravo, arrancando de praça a praça, com alegria. Palha soube estar à sua altura, inclusive, valorizando, de sobremaneira, a conduta do animal. A lide foi toda ela com o “Jaquetón”, começando por apontar uma sorte de gaiola impactante; seguindo-se três curtos que entusiasmaram pela forma como esperou pela investida do toiro e como aguentou junto às tábuas. Mediu bem a actuação e criou expectativa em cada ferro.

João Moura Jr. não quis ficar atrás. Depois do intervalo, saiu o Saltarillo, com o N.º 26, outro grande toiro, que investiu com transmissão e que valeu a chamada do ganadero à arena. Com o “Mali” apontou um bom comprido, de poder a poder; depois com o “Jet Set” o terceiro curto foi o mais convincente; e por fim, com o “Hostil” armou um lío com duas extraordinárias Mourinas, cingidíssimas, que incendiaram as bancadas do Campo Pequeno.

As restantes actuações tiveram menos sabor. Com o seu segundo, um Grave voluntarioso, Francisco Palha foi autor de uma actuação intermitente com o “Roncalito”, onde pelo meio o toiro se desembolou e teve que regressar aos currais para depois voltar a sair. Com o que abriu a noite, um toiro que careceu de entrega, montado no “Neco”, João Moura Jr. saiu prejudicado pela intervenção do activista anti-taurino Peter Janssen, que ao interromper o espectáculo, quebrou o ritmo da actuação.

Por outro lado, o primeiro toiro de Andrés Romero orientava-se e condicionou o resultado do seu labor. O segundo foi um toiro suave, com o qual o rejoneador de Huelva andou mais animoso.

Os Graves também foram exigentes para os dois grupos de forcados. Pelos Amadores de Montemor-o-Novo, esteve superior Francisco Borges à segunda tentativa, com uma grande ajuda do cabo António Cortes Pena Monteiro; seguindo-se Vasco Ponce à primeira e José Maria Pena Monteiro também à primeira. Pelos Amadores de Évora concretizaram Ricardo Sousa à segunda, José Maria Passanha à primeira e José Maria Caeiro à segunda.

Em suma, noite de toiros bravos; noite de triunfo de Moura e Palha!

 

domingo, 23 de julho de 2023

SALVATERRA DE MAGOS: QUATRO DÉCADAS. QUATRO PALAVRAS.

Por: Catarina Bexiga

Definir os 40 anos de Alternativa de António Ribeiro Telles em quatro palavras é um risco. Mas vou corrê-lo. Ao longo destas quatro décadas, António tem-nos feito perceber o que é o Toureio a Cavalo; dependendo de cada toiro e de cada investida… o Toureio a Cavalo na sua complexidade bem como na sua simplicidade.

PORTUGALIDADE. Porque António é o mais português de todos. Que preserva valores, defende regras e procura pôr em prática um conceito (sobretudo, o lidar; e o conceito do ferro de frente e ao estribo) que deu ao nosso país um elevado estatuto além-fronteiras. António é (dos poucos) que nos faz lembrar que somos a Pátria do Toureio a Cavalo!

CLASSICISMO. Para o explicar gosto sempre de recorrer àquela frase de Rafael Gómez “El Gallo”, quando um dos seus bandarilheiros lhe perguntou: “Maestro, qué es lo clásico?” Respondeu o diestro: “Lo clásico es aquello que no se puede hacer mejor!”

TORERÍA. É algo que se tem ou não se tem. É ter uma forma especial de exteriorizar o que se leva dentro. É pensar, falar, sentir e actuar, sempre em Toureiro!

MAESTRIA. Ao longo destes 40 anos, pelo nível de actuações com que nos tem brindado, só podemos estar a falar de uma Figura de Época, um Maestro de Maestros.

A noite de 21 de Julho teve as suas exigências. Os toiros de Vale Sorraia saíram superiormente apresentados; no entanto, os lidados na primeira parte contrastaram com os da segunda. O primeiro mostrou-se indiferente e sem fijeza ; o segundo veio a menos e raspou muito; e o terceiro revelou-se distraído e também sem fijeza. Depois do intervalo, a matéria-prima foi outra. Para melhor. Mesmo parco de forças, o sexto da função investiu com motor e ritmo, transmitindo muito.  

António Ribeiro Telles foi ele próprio em Salvaterra de Magos, a terra onde se estreou nas arenas. Com saber lidou superiormente o primeiro, um mansarrão, que pedia contas com o “Lorde” de curtos; e com mais sabor esteve frente ao segundo, montado no “Alcochete”, com um toureio continuo e intencional, com destaque para o segundo e terceiro curto.

Luís Rouxinol e Miguel Moura superaram com disposição as complicações apresentadas pelos seus primeiros toiros. Posteriormente, o quinto e sexto toiro permitiu-lhes dar outra dimensão ao seu toureio. Rouxinol deu importância aos compridos com a “Libra”; e esteve sobrado e variado com o “Douro”. Miguel Moura surpreendeu com uma actuação diferente, montado no “Herói”; aproveitando de sobremaneira a transmissão do valesorraia, improvisando as sortes e chegando muito às bancadas. Uma actuação que marca a sua temporada!

Pelos Amadores de Santarém foram caras João Faro, à primeira tentativa; Vasco Salazar, autor de uma grande pega também à primeira; e Pedro Valério à segunda. Pelos Amadores do Ribatejo concretizaram André Laranjinha, valentíssimo, aguentando vários derrotes, à primeira; e Ricardo Regaleira, também à primeira. O sexto toiro da noite não foi pegado por se lesionar.

Aquelas palavras de Mestre David Ribeiro Telles dizem tudo: “Tenho visto o meu filho António tourear toiros que, digo-o sinceramente, era assim que eu gostaria de ter toureado!”  Quatro décadas se passaram, mas a essência permanece intacta!

FOTO: PEDRO BATALHA

domingo, 16 de julho de 2023

CAMPO PEQUENO: O MESMO NOME PRÓPRIO, O MESMO APELIDO, O MESMO SONHO!

Por: Catarina Bexiga
40 anos separam as datas de Alternativa de António Ribeiro Telles e António Ribeiro Telles filho. O mesmo nome próprio, o mesmo apelido, o mesmo sonho… e a mesma casaca – azul de veludo, bordada a prata – vestida pelo patriarca da Torrinha, Mestre David Ribeiro Telles, no dia do seu douctoramento, e posteriormente pelos seus filhos e netos aquando das suas Alternativas.

21 de Julho de 1983. Data em que Mestre David deu a Alternativa ao seu filho António. Passam agora 40 anos. E em que se tornou António Ribeiro Telles? Expoente máximo do Toureio a Cavalo à Portuguesa. Um TOUREIRO que, nos anos 80 e 90, alcançou o auge da sua carreira com o “Tupi-Lupi”, o “Gabarito” ou o “Sal e Pimenta”; que também passou pela dureza do “deserto” quando esses mesmo cavalos desapareceram; mas que tem sido fiel a um conceito e ganhou o respeito dos Aficionados. A sua actuação, na passada Sexta-feira, no Campo Pequeno exprimiu o que é nosso, o que é português, o que é o António Ribeiro Telles. Não foi uma actuação redonda, mas toda a sua mensagem estava lá para quem a quis entender e desfrutar. Montado no “Hibisco” o primeiro comprido foi em “sorte à tira”, perfeita, reduzindo a velocidade na abordagem e oferendo a espádua do cavalo, para cobrar de forma cingida, no alto da cruz. Com o segundo, António teve a intenção de recrear a “sorte da Morte”, da autoria de António Luís Lopes, mas o toiro arrancou pronto, a “pirueta” foi executada lentamente, e no momento da reunião o adversário ainda alcançou o cavalo. Foi pena, mas houve mérito. Para os curtos, António foi buscar o “Alcochete”. O toiro começou-se a reservar e a procurar o refúgio dos terrenos de dentro. A lide tornou-se exigente, porque exigia disponibilidade, sabedoria e maturidade. E na arena do Campo Pequeno não estava um toureiro qualquer, estava um TOUREIRO chamado António Ribeiro Telles. Lidar um toiro é aquilo. Ser grande é aquilo. Deixar uma mensagem importante é aquilo. A “equação” teve terrenos, distâncias e tempos… tudo feito com uma classe e uma torería singular. Os cinco curtos que cravou no toiro reavivou-nos a memória e o entusiasmo. No último também sofreu um toque, mas ficaram a vontade e a superação. Nos dias de hoje já raramente se vê tourear assim!

14 de Julho de 2023. Data em que António deu a Alternativa ao seu filho António de Jesus com um Campo Pequeno esgotadíssimo. O toiro levava o N.º 70 e chamava-se “Montura”, vindo a menos com o decorrer da actuação. Com o “Embuçado”, recebeu com poderio o toiro “à porta gaiola”, sendo o terceiro comprido o melhor do conjunto. António de Jesus é um cavaleiro sobrado de capacidades, com uma visão lidadora herdada do seu pai, cujo tempo ajudará a consolidar melhor as suas intenções. Com o “Sherpa” imprimiu determinação em todos os momentos e uma vontade enorme em ultrapassar os desafios. Afinal, este foi o primeiro dia do resto da sua vida!

Do cartel fizeram ainda parte os toureiros da família. E de todos vimos coisas importantes. Manuel Telles Bastos (com um toiro manso parado) apontou três tiras correctas e com o “Ipanema” preparou superiormente dois curtos, destacando-se a consumação do quarto. João Ribeiro Telles (com um exemplar que acabou em tábuas) esteve convincente com o “Gaiato” e impactou com um duplo quiebro com o “Ilusionista. E Tristão Telles Queiroz (com um sobrero, que teve mobilidade e duração) alimentou a expectativa que nele se deposita. Depois de um extraordinário segundo comprido, montado no “Moita” terminou a actuação com um grande curto. O último toiro (com falta de entrega) foi lidado “à moda da Torrinha”. Manuel TB recebeu-o, João e Tristão cravaram os primeiros curtos e António pai e filho remataram a actuação. Apoteose total!

O curro com o ferro de David Ribeiro Telles saiu rematadíssimo, com três toiros que mereciam ser aplaudidos pelo seu trapio, o primeiro, segundo e sexto. O sobrero lidado em quinto lugar foi o que ofereceu melhor jogo.

Para os homens da jaqueta de ramagens a noite não foi fácil. Pelos Amadores de Santarém pegaram Francisco Graciosa à segunda, Joaquim Grave também à segunda e de cernelha João Manoel e Miguel Tavares. Pelo grupo de Vila Franca concretizaram Vasco Pereira à primeira superiormente ajudado por Diogo Duarte, e dois nomes que começam a dar nas vistas dentro do grupo: Rafael Plácido à terceira e Guilherme Dotti à primeira também superiormente ajudado por Rodrigo Dotti.

Noite marcante para a Dinastia Ribeiro Telles e para a história do Toureio a Cavalo!

FOTO: PEDRO BATALHA

terça-feira, 4 de julho de 2023

CARTA ABERTA AO MAESTRO JOSÉ JÚLIO

Maestro José Júlio,

Sei que levou Vila Franca no seu coração. Mas também tenho a certeza que os vilafranquenses continuam a tê-lo dentro do peito. Como o poderíamos esquecer, Maestro? Pela sua trajectória, pela paixão que despertou entre nós e por tudo o que nos fez desfrutar. Como o poderíamos esquecer? A “sua” Palha Blanco (onde o Maestro toureou 87 tardes e noites) esgotou no passado Domingo de Colete Encarnado. Ambiente contagiante, com um público disposto a sentir o toureio. Acredito que à memória de muitos aficionados veio o seu nome. Aliás, era inevitável!  Era a tarde de apresentação de um toureiro que também nasceu em Vila Franca e que tem nas veias o seu sangue. O Tomás Bastos não o esconde. E quero acreditar que a faena de muleta brindada ao céu foi dirigida a si. O Tomás Bastos tem “hechuras” toreras, tem umas capacidades superiores para a idade e um querer onde cabem “1000” quereres. Arrisco mesmo a dizer que tem o dom dos predestinados. Os lances à Verónica ganhando terreno com um selo próprio; os dois grandes pares de bandarilhas que cravou “asomándose al balcón”; e a faena de argumentos com um novilho de Calejo Pires que ao terceiro muletazo protestava, mas onde não foi indiferente a forma como baixou a mão e quebrou a cintura, rematando as series com “pelisco”… fez com que o coração dos Vilafranquense voltasse a bater mais forte.

Mas era Domingo de Colete Encarnado, sempre um dia diferente… com vários brindes aos Campinos! Esses homens que vivem e sentem o toiro bravo como poucos.

Dos toiros de Alves Inácio (dispares de apresentação, sem trapio para a Palha Blanco, sobretudo, o segundo) destacou-se o último. O primeiro foi distraído e tardo no momento do ferro; o segundo também distraído, trotón, sem se empregar; o terceiro reservado; e o quarto, embora não estando sobrado de força, teve mobilidade.  O cavaleiro Manuel Telles Bastos substituiu João Salgueiro que apresentou atestado médico no próprio dia. Telles Bastos teve uma passagem demasiado modesta pela Palha Blanco. Por outro lado, a presença de João Telles Jr. por Vila Franca resume-se ao momento em que montou o “Ilusionista” no seu segundo, com o habitual tremendismo, mas com relevo para o primeiro curto.

Pelos Amadores de Vila Franca pegaram Vasco Pereira à primeira tentativa, Lucas Gonçalves à terceira, Guilherme Dotti superiormente à primeira e também uma grande pega de Rafael Plácido à primeira.

A comparência de Morante de la Puebla na Palha Blanco dá-lhe um ambiente único. Todavia, os dois toiros de Garcia Jiménez resenhados para o diestro espanhol deveriam ter sido repensados. Diferentes, mas ambos com mau tipo. O primeiro ainda investiu, mas sem classe; e o segundo não transmitiu. José António procurou dar o que os aficionados esperam de si. Com ternura e carícia (muito próprio do seu toureio) explorou o que o seu primeiro tinha para oferecer. E ainda sofreu uma feia voltareta de capote, que rapidamente superou. Com o segundo houve apenas vontade de agradar.  

Maestro, a história do Tomás Bastos começou no passado Domingo de Colete Encarnado. Porque foi uma tarde importante para ele e para nós, aficionados. Afinal, todos voltámos a acreditar. Como aconteceu naqueles anos 50 e 60, com o Maestro no seu cume. Afinal, todos voltámos a sonhar!

FOTO: PEDRO BATALHA

 

segunda-feira, 12 de junho de 2023

ARRUDA DOS VINHOS: DA ATITUDE DE ANA BATISTA AO REGRESSO DE NUNO CASQUINHA!

Logo a abrir e quase a fechar. Dois momentos de maior “chama” marcaram a tarde, de ontem, em Arruda dos Vinhos: A cavaleira Ana Batista, com o primeiro da tarde, um manso de lei; e o matador Nuno Casquinha, com o sexto, um bravo, com quatro anos, ferrado com o N.º 62, da ganadaria do Eng.º Jorge de Carvalho.

Ana Batista provou que com os toiros mansos também se triunfa. Depois de dois compridos eficazes, com o toiro a evidenciar muito a sua querença em tábuas, a cavaleira de Salvaterra de Magos “encastou-se”, impondo-se às adversidades e apoderando-se completamente da situação, montada no “Hermoso” .  Com o primeiro curto na mão, “meteu-se com o toiro”, surpreendeu-o num palmo de terreno, fixou-lhe a atenção; não deixando o toiro descair novamente para a sua querença e ficando colocado nos médios. O público reconheceu a disposição da cavaleira e a actuação explodiu. O segredo esteve na atitude, na ligação e no ritmo. A serie de curto teve o condão de nos alimentar o entusiasmo.

João Moura Caetano começou com duas tiras poderosas com o “Pidal”. O toiro do Eng. Jorge de Carvalho teve mais alegria a galopar atrás do cavalo do que no momento do ferro e não escondeu a sua vontade de procurar os curros. Porém, montado no conhecido e expressivo “Campo Pequeno”, Moura Ceatano apresentou argumentos que jogaram a seu favor.  O terceiro curto foi o melhor do conjunto.

Ana Rita toureou o “sobrero”(voluntarioso) depois do seu toiro se ter lesionado no decorrer da lide. Uma cortesia da cavaleira, Câmara Municipal e Junta de Freguesia, pois o regulamento não o obrigava. A actuação de Ana Rita pautou-se pela alegria, desenvoltura e dinâmica.

Francisco Núncio teve pela frente um toiro exigente que lhe comprometeu a actuação. Depois de três tiras correctas; no primeiro curto, o exemplar do Eng.º Jorge de Carvalho adiantou-se ao cavalo e as dificuldades em contornar a situação aumentaram e foram evidentes.

Pelos Amadores do Clube Taurino Alenquerense pegaram Rafael Brás e João Rocha, ambos à primeira tentativa. Pelos Amadores de Arruda dos Vinhos concretizaram João Costa à segunda e Pedro Belbute também à segunda.

Depois da excelente novilhada que saiu em Março em Vila Franca, havia expectativas em ver, novamente, toureados a pé, os toiros do Eng. Jorge de Carvalho. E não gorou as expectativas o sexto da tarde, que tocou a Nuno Casquinha, um toiro bizco, com tipo de investir. No seu regresso às arenas, Casquinha teve a sorte do seu lado. De capote recebeu o toiro nos médios com uma chicuelina que causou burburinho. Depois no tercio de bandarilha o destaque recaiu no segundo par. O toiro investiu humilhado pelos dois pitóns, teve classe e aguentou series largas. Mais templado e cuajado, o vilafranquense construiu uma faena que pôs todos de acordo. No fim, volta para o toiro e duas voltas à arena de Nuno Casquinha acompanhado pela ganadera Raquel de Carvalho.

António João Ferreira esbarrou com um animal que não o ajudou. Todavia, a meio da faena, quando obrigou o toiro a investir e a humilhar, surgiram dois ou três derechazos que ajudaram a confortar o esforço do matador.

Em suma, uma tarde entretida e com momentos de toureio para aficionados!

FOTO CEDIDA PELA REVISTA NOVO BURLADERO


segunda-feira, 15 de maio de 2023

SALVATERRA DE MAGOS: UMA LIÇÃO DE SUPERAÇÃO!

Por: Catarina Bexiga

Na Festa manda o Toiro. É ele o “diapasão” de tudo (ou quase tudo) o que se passa na arena. Por isso, as Corridas Concursos de Ganadarias revestem-se de uma motivação maior para o Aficionado e, quero acreditar, também para os Toureiros. Afinal de contas, cada toiro deveria ter a sua lide!

A cavaleira Ana Batista sorteou o pior lote do Concurso. Nenhum dos seus dois toiros lhe tornaram a vida fácil. O de São Marcos manifestou querença nos médios e reservou-se nos mesmos terrenos; e o de Luis Terrón (com cinco anos cumpridos) foi parado e tardo no momento do ferro. Em ambas as actuações, os melhores resultados surgiram na parte final. Com o “Hermoso”, no seu primeiro, o terceiro e quatro curto foram decisivos, claramente, mais acoplada à complicada investida do inimigo; mas a principal mensagem da cavaleira foi deixada com o seu segundo. Montada do “Peróla”, a partir do terceiro curto encastou-se, superou-se, e mudou o rumo dos acontecimentos. O 3.º, 4.º e 5.º tiveram exposição e impacto.

Marcos Tenório é um cavaleiro de opostos. De saída é, porventura, o que mais importância dá aos ferros compridos. Sacou o “Danome” para os seus dois toiros, e com ele imprime verdade e interesse ao toureio na sua primeira fase. Mas o oposto surge depois, porque logo a seguir, Marcos parece outro cavaleiro. Do Concurso tocou-lhe o de Passanha que serviu, mas veio ligeiramente a menos; e o de Herdeiros de Varela Crujo que foi um toiro fácil. Com o seu primeiro, montado no “Da Vinci” faz questão de acentuar ainda mais o engano do toureio a quiebro (que tem as suas consequências); e no segundo com o “Goya” continuou a querer fazer da exuberância a sua principal bandeira.

João Telles Jr. assinou duas actuações distintas. O primeiro do seu lote pertencia à ganadaria de Veiga Teixeira e teve pouca transmissão; e o segundo ostentava o ferro de David Ribeiro Telles e fez vários amagos para tábuas. Montado no “Glorioso” as sortes não tiveram força para romper no seu primeiro. Depois com o “Gaiato” esteve mais convincente, a actuação teve ritmo e ligação, com os ladeios no corredor das tábuas a chegaram facilmente ao público. Por fim, com o “Ilusionista”, apenas o terceiro curto teve o desfecho desejado.

O lote de Marcos Tenório foi o melhor da tarde. Entendeu o júri premiar o exemplar de Passanha com o trofeu Bravura e o de Veiga Teixeira com o trofeu Apresentação.

A tarde foi de desafios grandes e grandes pegas para os dois grupos de forcados. Pelos Amadores de Montemor-o-Novo pegaram José Maria Marques à primeira tentativa; Francisco Borges também à primeira e a dobrar Manuel Carvalho, uma heroica cernelha protagonizada por António Pena Monteiro e Luís Vacas de Almeida, uma enorme lição de superação. Pelos Amadores de Coruche foram solistas Martim Tomás, João Prates (numa grande intervenção) e David Canejo, todos ao primeiro encontro.

De saudar as obras de melhoramento submetidas na praça de toiros local, fruto da afición da Comissão de Gestão, formada por José da Costa, António Manuel Silva, Arménio Dias e José Rafael, e com o apoio da Câmara Municipal da terra. Salvaterra volta a ter toiros no próximo dia 21 de Julho.

FOTO: PEDRO BATALHA

terça-feira, 11 de abril de 2023

SOUSEL: PRAÇA DE 3.ª COM MOMENTOS DE TOUREIO DE 1.ª

Por: Catarina Bexiga

Cada tarde é uma incógnita e às vezes há surpresas. Da disposição e inspiração dos toureiros depende o que, posteriormente, fica na cabeça do aficionado. Ontem, a simpática pracinha de Sousel encheu de um público descontraído, alegre e ruidoso, que oferece sempre um ambiente sui generis à Segunda-feira de Páscoa. Apesar de tudo, inclusive ser de 3.º categoria, por lá viram-se momentos de toureio de 1ª. E esses merecem ser valorizados e divulgados!

Ana Batista está a passar, novamente, um momento “dulce” na sua carreira. Vê-se moralizada e com argumentos para dar a volta aos toiros. Com o “Pérola”, no primeiro, teve uma actuação segura; e com o “Hermoso”, no segundo, voltou a impactar, pela vibração e verdade que coloca em todos os tempos da sorte.  

Joaquim Brito Paes assinou duas actuações completamente opostas. Com o seu primeiro praticou um toureio indefinido com o “Lume”. E com o seu segundo, com querença na parede, a resposta foi outra, para melhor. Os três ferros a sesgo com o “Neptuno” (pena não rematar por dentro) foram de boa nota.

O praticante Diogo Oliveira aproveitou no verdadeiro sentido da palavra a oportunidade que lhe foi dada em Sousel. A actuação com o seu primeiro toiro é um “caso”. O de Prudêncio teve querença acentuada nos curros. No entanto, montado no “Chapitô”, Diogo entendeu-o superiormente, desvendou-lhe os enigmas, revelando uma capacidade lidadora acima da média. Uma actuação que merece retorno por parte das empresas. Com o segundo, começou de forma mais discreta, mas novamente com o “Chapitô” voltou a entusiasmar.

Os toiros de Prudêncio saíram mansos, a maioria com querenças acentuadas na parede (Sousel não tem callejón). Teve melhor tipo e deu melhor jogo o segundo da tarde.

Pelos Amadores de Coruche pegaram João Formigo e João Canejo, respectivamente à primeira e segunda tentativas. Pelos Amadores de Arronches concretizaram Gonçalo Ludovino e João David Cunha. E pelos Amadores de Monforte foram solistas Gonçalo Moreira e Gonçalo Parreira.

Afinal, às vezes ainda há surpresas!

 

segunda-feira, 3 de abril de 2023

ALMEIRIM: SURPREENDEU ANA BATISTA E CRIOU SURURU MARCOS TENÓRIO!

Por: Catarina Bexiga

Motivação acrescida para todos. Responsabilidade acumulada para os seis cavaleiros e para os seis ganaderos que enviaram os seus toiros a disputar os trofeus bravura e apresentação. Almeirim registou lotação esgotada na sua primeira data da temporada; revelando-se Ana Batista a surpresa (séria) da tarde, e criando sururu Marcos Tenório!

Apadrinhada por Luís Rouxinol, Mara Pimenta tornou-se Cavaleira de Alternativa com o N.º 2, de nome “Tratado”, com 510 Kg, da ganadaria de Passanha; toiro ideal para uma cerimónia importante na vida de qualquer um que sonha com uma carreira nas arenas. Acho que se pode dizer que Mara se sentiu a gosto. Da actuação, a mim, despertou-me o interesse, a preparação do primeiro curto, montada no “Vigário”, recuando ao encontro do toiro, para o deixar em sorte, seguindo-se uma passagem de adorno e um curto de boa nota. Mara sentiu imenso carinho do público da sua terra.

Luís Rouxinol sorteou um toiro de Santa Maria, renitente nas investidas, que acabou por não romper. De saída com a “Libra” marcou pontos; e depois com o “Douro” foi fiel à sua entrega como toureiro, explorando o melhor que o cavalo tem para oferecer.

Da ganadaria de Condessa de Sobral foi o exemplar de Ana Batista; vencedor do prémio bravura, pela sua franca acomotividade e aberta colaboração. A palavra surpresa é a que melhor define a actuação da cavaleira de Salvaterra de Magos. Montada no “Hermoso”, uma novidade na quadra de 2023, Ana despertou de sobremaneira o interesse dos aficionados que estavam sentados nas bancadas. A serie de curtos foi em crescendo. A vibração que transmite e a expressão no momento da reunião, da nova montava, com ferro do rejoneador de Navarra, deixou-me vontade de a rever em breve!

João Moura Jr. teve pela frente um toiro de Prudêncio; vencedor do prémio apresentação, pela sua vincada estampa, todavia, foi sonsote. Montado no “Neco da Hermida”, à actuação de Moura Jr. faltou consistência e definição.

A actuação de Marcos Tenório criou burburinho nas bancadas. O toiro do Eng. Jorge de Carvalho cedo divulgou a sua conduta de manso, ganhando querença junto aos curros. De saída, montado no “Danone”, Marcos esperou pelo toiro “à porta gaiola”, depois depreciou o primeiro comprido, mas valorizou o segundo, um bom ferro. De seguida foi buscar o “Da Vinci” e a sua actuação resumiu-se a dois curtos! Arriscou e não deixou de ter mérito a sua aposta, mas o toureio cambiado tem as suas consequências… O toiro era manso, mas não era “ilidável” e a seguir havia um forcado para o pegar com apenas dois curtos…

Veio a menos o toiro de Varela Crujo toureado por Francisco Palha. Para os curtos recorreu ao “Roncalito” - com o qual ainda procurou agarrar o público com os “ladeios” - e ainda ao “Jaquetón”, mas a actuação nunca ganhou força para levantar voo.

Pelo grupo de Santarém pegaram António Queiroz e Melo à segunda tentativa, de cernelha João Manuel e Francisco Paulos e a encerrar Caetano Gallego à primeira. Pelos Amadores de Coruche concretizaram João Mesquita à segunda, João Prates na pega da tarde à primeira e Tiago Gonçalves também à primeira.

Ambiente e salpicos de interesse não faltaram em Almeirim!

FOTO: PEDRO BATALHA


 

segunda-feira, 27 de março de 2023

VILA FRANCA: ONDE O CORAÇÃO VOLTOU (NOVAMENTE) A BATER MAIS FORTE!

Por: Catarina Bexiga

Palha Blanco, 26 de Março. Tarde de memórias e recordações. De amizades para a vida. De superação e entreajuda. Em comum, uma única jaqueta; uma história com 90 anos; um grupo e uma terra que caminham juntos: Forcados Amadores de Vila Franca de Xira!

Grande moldura humana, para uma tarde especial para todos, em particular, para os Amadores de Vila Franca de Xira, com a presença massiva de antigos e actuais forcados. Os momentos altos foram protagonizados, precisamente, pelos forcados. As quatro primeiras pegas estiveram a cargo de quatro cabos; o actual, Vasco Pereira abriu a função, fechando-se à primeira tentativa; seguindo-se Vasco Dotti, à segunda; Jorge Faria e Ricardo Castelo, ambos à primeira. Pegaram também o carismático Carlos Teles “Caló” (à 2.ª); e outros dois forcados que marcaram a trajetória do grupo, Ricardo Patusco (à 1.ª) e Mário Rui (à 1.ª). A dar ajudas ou a rabejar outras tantas caras conhecidas.

A cavalo, o cartel reuniu seis “Figuras” e um séptimo nome, em representação do seu pai. A verdade é que a história do Toureio a Cavalo, nos últimos 50 anos, passa, obrigatoriamente, por todos eles. Foi bonito vê-los juntos na mesma tarde. Foi bonito ver como o público os acarinhou. Foi bonito vê-los solidários com a obra Casa-Museu dos Forcados Amadores de Vila Franca de Xira. Resumidamente, com os anos que leva, João Moura revelou uma invulgar capacidade toureira; Paulo Caetano fez jus da sua classe; António Ribeiro Telles, infelizmente, renegou o seu conceito; Rui Salvador assinou uma actuação com ligação e ritmo e dois bons curtos com o “Hornazo”; Luís Rouxinol esteve voluntarioso; com o novilho mais exigente, João Salgueiro tentou, a espaços, impactar, com destaque para um bom ferro com o “Alba”; e por último Marcos Tenório (como representante de Joaquim Bastinhas) rubricou uma actuação vibrante.

Para o saldo positivo da tarde contribuíram os novilhos de Paulo Caetano. Um curro homogéneo de apresentação, com mobilidade, fáceis (do meu ponto de vista, o 6.º foi o mais exigente), sem querenças, para com eles se desfrutar.

No último Domingo, na Palha Blanco, a tarde foi recheada de emoções; onde, para alguns, o coração voltou a bater (novamente) mais forte...

FOTO: PEDRO BATALHA

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