sábado, 24 de novembro de 2018

A INCONGRUÊNCIA DA SOCIEDADE...

Por: Catarina Bexiga

Desde sempre, assumi a minha Afición em todo lado e junto de todos aqueles que se cruzaram comigo na minha vida. Na pré-primária, na primária, do 5.º ao 12.º ano de escolaridade e na Universidade. Ou seja, o meu gosto pela Festa de Toiros tem sido transversal às várias fases (infância/adolescência/idade adulta) da minha vida. E sem que alguém me tivesse “imposto” tal gosto. Inclusive, fui eu que procurei “descobrir” esse mundo – intolerado por uma parte da Sociedade – mas fiel a princípios que são extremamente importantes para que o Homem entenda como deve estar na vida, como deve de agir, como deve de respeitar, como deve de ajudar…Etc.

A incongruência da Sociedade é algo que observo com preocupação. A “humanização” dos animais é um dos temas da actualidade. Pois, os animais de estimação são muitas vezes vistos como “filhos” ou “irmãos”. Todavia, os animais serão sempre animais. E os humanos serão sempre humanos. Cada um tem o seu espaço. Alterar esta conduta é mexer nas próprias Leis da Natureza.

Em contrapartida, vivemos numa Sociedade em que:

✔ Cerca de 10% das camas existentes nos hospitais do Estado estão ocupadas por idosos que são abandonados pelas famílias; 

✔ Continua a disparar o número de idosos abandonados em lares da terceira idade;

✔ A “morte da professora Amélia Fialho” ou a “morte do triatleta Luís Grilo” são exemplo de casos que aparecem com frequência na Comunicação Social; 

✔ O número subiu para cerca de 32.000 vítimas de violência doméstica em Portugal, e para 24 de mulheres assassinadas no mesmo contexto; 

✔ São preocupantes os registos de violência infantil em Portugal, que envolve agressões físicas, mas também “a violência dita silenciosa”, que atinge um número muito maior de crianças;

✔ Existe um agravamento das carências alimentares nas famílias com limitações económicas, e que o número de pessoas assistidas por Instituições  que esteve "uma vez ou outra" sem comer um dia inteiro dilatou significativamente;

✔ Há mais de 600 crimes por mês nas escolas portuguesas e mais de 200 as vítimas que, por ano, são conduzidas ao hospital. Etc.

Afinal, que Sociedade é esta em que vivemos? Que Sociedade é esta, que deprecia a vida humana? Que Sociedade é esta, que tem quem afirme que a Tauromaquia é uma questão de civilização? Que incongruência tão grande!


quarta-feira, 10 de outubro de 2018

FEIRA DE OUTUBRO NA PALHA BLANCO, COM A ASSINATURA ANTÓNIO RIBEIRO TELLES!


Por: Catarina Bexiga

Assim, dá gosto ser Aficionada (o)! As duas Corrida de Toiros que integraram a Feira de Outubro em Vila Franca de Xira reforçaram a ideia de que o futuro terá que – obrigatoriamente – passar pela recuperação da emoção no espectáculo. Da emoção que nos transmite o toiro bravo. Da emoção que nos transmite o nosso Toureio a Cavalo. O sinal está dado! Da Palha Blanco trouxemos grandes recordações….

- DOIS GRANDE TOIROS, MAS… Dois grandes toiros competiram entre si no Concurso de Ganadarias de 7 de Setembro, o de São Torcato e o de Veiga Teixeira. O de São Torcato foi um toiro com muita classe e cheio de virtudes; inclusive, no último curto, investiu de largo para o cavaleiro. O de Veiga Teixeira foi um toiro que teve “motor” e investiu com transmissão atrás do cavalo, mas no momento do ferro esperava um pouco. O Director de Corrida premiou ambos com volta ao ganadero. O júri decidiu entregar o prémio (ex-aequo) aos dois. Reconheço que foram dois toiros importantes; mas pessoalmente, gostei mais do toiro de São Torcato. Dos grandes toiros que tenho gravado na memória, este foi para mim o toiro da temporada!

- TARDE DE COMPETIÇÃO. Voltou a sentir-se competição entre Francisco Palha e Luís Rouxinol Jr. Finalmente, há quem “abane” isto! A Francisco Palha tocou o toiro de São Torcato e a Rouxinol Jr. o toiro de Veiga Teixeira. Na minha opinião, a primeira actuação de Francisco Palha foi sobrevalorizada pelos seus conterrâneos. Então se vissem os três ferros que cravou (dois dias antes) na Chamusca havia um “tsunami” em Vila Franca … A melhor actuação de Luís Rouxinol Jr. surgiu com o sexto da função. O de Veiga Teixeira investiu com raça, e teve um cavaleiro à altura. Grande estreia a de Rouxinol Jr. na Palha Blanco!

- A EXIGÊNCIA DE VILA FRANCA. Todos os toureiros a sentiram! A Palha Blanco sabe exigir, mas também sabe valorizar. Sabe assobiar, mas também sabe aplaudir. Fazem falta mais “Palha Blancos”…  Todavia, ½ casa na tarde de Domingo revela que os jovens precisam de se afirmar definitivamente; e uma lotação esgotada na noite de Terça-feira prova que os grandes acontecimentos – como o mano-a-mano António Ribeiro Telles / Diego Ventura – aumentam o entusiasmo dos aficionados e do público em geral.

- A GRANDE NOITE DE TERÇA-FEIRA. A expectativa estava “pelas nuvens”. Apesar dos anos que os separa, ambos estão a atravessar um grande momento, mas a noite terminou com a inconfundível assinatura do cavaleiro da Torrinha. Grande noite de Toureio a Cavalo à Portuguesa. Uma “porta gaiola” no terceiro. Uma “gaiola” no quinto. Três actuações em crescendo. E um toiro de Palha para acabar com ¾ do escalafón, com o qual António esteve sensacional, pela superação das dificuldades e pelo mérito dos resultados. Parecia que tinha 20 anos! E fez, o que não fazem, os que agora têm 20 anos! No último “acabou com o quadro”. Merecia ter saído em ombros da Palha Blanco!!!

- A REFLEXÃO QUE NOS DEIXA ANTÓNIO RIBEIRO TELLES. O Toureio a Cavalo à Portuguesa é uma “herança” que nos foi deixada e que temos a obrigação de saber conservar e defender. Com seriedade e exigência. Sobretudo, por parte de quem se veste de toureiro! Não precisamos de imitar ninguém. Não precisamos de “pseudo Pablos” ou “pseudo Venturas”. Somos a Pátria do Toureio a Cavalo e temos, definitivamente, de saber valorizar o que é nosso!

- RICARDO CASTELO E O SEU LEGADO. Ricardo Castelo entregou a chefia dos Amadores de Vila Franca ao jovem Vasco Pereira na nocturna de 9 de Setembro. Despediu-se um grande forcado. Despediu-se, mas leva consigo as melhores recordações que um forcado pode levar… Despediu-se, mas sabe que deixa o grupo capaz de assumir qualquer desafio. Grande noite dos Amadores de Vila Franca. Noite de forcados importantes! Noite de grandes ajudas!

Foto: João Silva

terça-feira, 2 de outubro de 2018

VILA FRANCA DE XIRA: UN TORERO PARA ILUSIONARSE!


Por: Catarina Bexiga

Chama-se António João Ferreira! Teve a sorte de nascer com intuição para o toureio, com um valor “à prova de bala”, com uma maneira de estar e sentir o toureio muito próprias; mas o azar de nascer em Portugal. O que mais terá que fazer, para que os Empresários e os Aficionados olhem para ele e acreditem? Não se pode tourear com mais pureza. Não se pode tourear com mais firmeza. Não se pode tourear com mais cingimento. E nos últimos anos, tem toureado uma /duas Corridas por ano… Vaya, moralização! Vaya, cabeça a deste “tío”! Já o provou inúmeras vezes. Já o deixou escrito outras tantas. Na tarde de Colete Encarnado em 2014 e 2017; nas Feiras de Outubro de 2015 e 2016; já este ano em Lisboa e agora de novo na Palha Blanco. Chegará? O seu primeiro toiro de David Ribeiro Telles teve nobreza e Ferreira construiu uma faena sólida com argumentos de toureio sério. Por ambos os pitóns, houve muletazos importantes, que fizeram soar os exigentes “olés” da Palha Blanco. O seu segundo não serviu, e o seu esforço foi estéril. Este é “un torero para ilusionarse!”. Pena, nasceu na terra de Camões…

Quem também merece uma palavra de reconhecimento é João Ferreira, irmão de António João Ferreira. Esteve sensacional toda a tarde. Bregou superiormente o terceiro e de igual forma bandarilhou o sétimo. Vaya, torero de plata!

Nuno Casquinha foi repetido depois do seu triunfo no Colete Encarnado. O seu primeiro toiro investiu com certo génio, mas o seu segundo obedeceu. Casquinha manteve a sua entrega, assinando duas faenas voluntariosas, e um grande par de bandarilhas no último do seu lote.

No capítulo do toiro, o tema ficou aquém das expectativas. O trapio da Palha Blanco não pode ser desprezado. Retiradas ilações sobre a reação do público, Ricardo Levezinho terá que preservar o tema com olhos de Aficionado… Inicialmente, estavam anunciados quatro toiros de Ribeiro Telles e quatro de Falé Filipe; mas devido a problemas sanitários acabaram por vir a totalidade de Ribeiro Telles. O primeiro e sexto foram contestados pela apresentação. O primeiro demasiado comodo de cara e o sexto uma “cabra” (curiosamente, na foto a campo, o toiro não parecia o mesmo...). Quanto à volta aos ganaderos no quinto da função, ainda estou por entender… foi um toiro que sempre esperou e só investiu (ao 3.º curto) a favor das tábuas…

A cavalo pouco se passou para memória futura. João Moura Jr. e João Telles Jr. pareceram “incomodados” com o público da Palha Blanco. Só no quinto da tarde, quando Moura Jr. decidiu imprimir mais vibração ao seu toureio as “coisas” aqueceram. Não sou a favor dos despropósitos, mas com mais público como o da Palha Blanco talvez o Toureio a Cavalo tivesse outro nível… Porque isto de ver “festejar” determinados ferros começa a ser penoso…

Pelos Amadores de Santarém concretizaram António Goes e António Pombeiro, ambos à primeira tentativa. Pelos Amadores de Vila Franca de Xira pegaram Pedro Silva à terceira e David Moreira, na melhor pega da tarde, à primeira.

Voltamos à Palha Blanco nos próximos dias 7 e 9 de Outubro!


Foto: Pedro Batalha

segunda-feira, 24 de setembro de 2018

MONTIJO: HOUVE COMPETIÇÃO! HOUVE TRIUNFO GRANDE DE ROUXINOL JR.!


Por: Catarina Bexiga

Houve competição de verdade! Houve entrega dos toureiros. Sentiu-se rivalidade na arena. E houve Toureio a Cavalo do que faz desfrutar o Aficionado. Inclusive, foi das poucas vezes que o senti, os três protagonistas do cartel encararam a tarde com “espírito” competitivo. Assim, ganhámos todos!

João Telles Jr. apareceu num registo muito mais válido que o habitual. Surpreendeu! Primeiro, porque deu mais importância aos compridos, montado no “Glorioso”. Segundo, porque revelou maturidade (evidente em ambos do lote), viu-se mais concentrado na cara dos toiros e com um conceito muito mais convincente. A sua segunda actuação com o “Gaiato” foi das melhores que lhe vi esta temporada.
Francisco Palha assinou duas actuação semelhantes em estrutura e irregular nos resultados. De saída, esteve melhor no seu segundo, com o “Gigão”. Depois de bandarilhas – optou (na maior parte das vezes) por colocar os toiros em tábuas e por atacar de largo – em ambas as actuações recorreu à “Duquesa” e ao “Roncalito” e foi com este último que cravou os ferros mais impactantes.

Luís Rouxinol Jr. teve uma grande tarde no Montijo. Com entrega. Com ambição. E com cabeça! Entendeu perfeitamente os seus dois toiros e Toureou a Cavalo como “dizem os livros”! Deu importância aos compridos, quer com o “Caju” quer com o “Aquiles”. Depois, no primeiro do seu lote, montado no “Douro”, esteve intencional nas atitudes e abordou de forma provocante a reservada investida do toiro. Os dois últimos curtos foram os melhores. No sexto da tarde (que investiu com mais transmissão que os restantes), com o “Amoroso”, agigantou-se ainda mais. Actuação em crescendo, sem perder a cara do adversário, sem perder o ritmo, e terminada com um grande par de bandarilhas e um palmo de violino. Foi o justo vencedor do prémio em disputa.  

Os toiros de Paulino da Cunha e Silva saíram reservados, com pouca transmissão; mas não levantaram problemas, não complicaram. O sexto (com mais mobilidade e “som”) foi o melhor do curro.

Em disputa também estava o trofeu para a Melhor Pega. Pela T.T. Montijo pegaram Luís Carrilho e Márcio Chapa, ambos à terceira tentativa. Pelos Amadores do Montijo concretizaram João Paulo Damásio à primeira e Joãe Pedro Suiças à quinta. E pelos Amadores de Tomar foram solistas Vasco Freitas à primeira e Helder Parker também à primeira, vencendo o prémio para a Melhor Pega.


Foto: Pedro Batalha

sexta-feira, 21 de setembro de 2018

LISBOA: A DESPEDIDA DE PADILLA, O TOUREIRO QUE SALVOU O HOMEM CHAMADO JUAN JOSÉ!

Por: Catarina Bexiga

Juan José “Padilla” despediu-se da afición portuguesa, com quatro voltas à arena e uma saída em ombros, regalada por um público que o admira (sobretudo) como Homem e que esteve perto de esgotar o Campo Pequeno. “Padilla” é um produto diferenciado, que passa uma imagem heroica, uma imagem de superação. O triunfo da vida sobre morte. Após 25 anos de Alternativa, no corpo leva quase 40 cornadas. A mais conhecida, em Outubro de 2011, em Zaragoza (com perca do olho esquerdo) e a mais recente em Arévalo (que lhe arrancou o couro cabeludo). O agora mediático “toureiro pirata”; de matar corridas duras, como Victorinos ou Miuras, passou a lidar corridas mais “agradáveis”, com cartéis de Figuras. A sua vida mudou e com ela mudou a sua atitude e a sua aceitação. Ontem, em Lisboa, com um lote de Varela Crujo, que investiu com pouca classe, “Padilla” vendeu o seu próprio espectáculo e enlouqueceu a Monumental do Campo Pequeno. Uma história de vida extremamente meritória, em que – segundo palavras do próprio diestro : El torero salvó al hombre.”

Quanto ao restante cartel, João Moura Caetano teve uma noite sem brilho; e Duarte Pinto defendeu o seu conceito, sobressaindo em dois curtos com o “Visconde” no seu primeiro; e de saída com o “Espectáculo” no seu segundo. É um toureiro que para transcender precisa de um tipo de toiro (como aconteceu com a corrida de Vale Sorraia) com mais emoção... Para cavalo, lidaram-se exemplares de Vinhas, parados os dois primeiros e mais colaboradores os últimos.
   
Pelos Amadores de Santarém pegaram António Taurino à primeira e Ruben Gioveti à séptima. Pelos Amadores de Montemor-o-Novo concretizaram João da Câmara à primeira (com uma grande ajuda) e Francisco Barreto à terceira.  

Foto: Campo Pequeno

domingo, 16 de setembro de 2018

O QUE ME FICOU (DE BOM E MENOS BOM) DA FEIRA DA MOITA?


Por: Catarina Bexiga

Aquela que chegou a ser a Feira Taurina mais importante de Portugal (e que é “espelho” do que se passa actualmente no nosso país), deve merecer uma reflexão profunda da parte de todos. A falta de exigência continua a ser o principal “inimigo” do ambiente taurino português. Tudo é permitido. Tudo é aceite. A maioria fica feliz!

As breves anotações que se seguem, traduzem o que me ficou (de bom e menos bom) da recém terminada jornada taurina moitense:

- A AFICIÓN DA MOITA: Sempre foi considerada uma das terras mais aficionadas do nosso país e a sua Feira – que chegou a ter seis espectáculos, as principais Figuras do Toureio e grandes enchentes – uma das mais atractivas para o aficionado. Hoje a realidade é outra! A Corrida Mista de Terça-feira registou cerca de ¼ de casa; a Corrida de Quinta-feira registou uma boa entrada (¾ no cartel mais rematado); e a Corrida de Sexta-feira menos de ½ casa. A afición moitense parece divorciada da “Daniel do Nascimento”. Preocupante…

- A AFINIDADE COM O TOUREIO A PÉ: Sempre houve afinidade entre a Moita e o toureio a pé, mas nos tempos que correm trazer as Figuras é um elevado risco económico. Este ano, a empresa de Rafael Vilhais, apostou no nome de Manuel Escribano e do português Nuno Casquinha. Uma aposta equilibrada, ao seguir a linha um espanhol/um português. No entanto, também mereciam oportunidade António João Ferreira e Manuel Dias Gomes. Faz-nos falta aprender a valorizar e a promover o que é nosso…

- APRESENTAÇÃO DAS GANADARIAS: No capítulo ganadero, a apresentação da maioria dos toiros correspondeu à categoria do redondel. É de enaltecer o cuidado da empresa e a preocupação dos ganaderos. Da Corrida de Falé Filipe, destaco o burraco que tocou em sorte a Manuel Escribano; a Corrida de Passanha teve quatro toiros preciosos; e no Concurso de Ganadarias, apenas o toiro de António Silva não tinha morfologia para disputar um concurso.

- DEIXOU-SE DE DAR IMPORTÂNCIA AOS FERROS COMPRIDOS: Na Feira da Moita actuaram 16 cavaleiros (entre praticantes e profissionais) e contam-se pelos “dedos de uma mão” os que deram importância aos ferros compridos. Hoje, as exigências são cada vez menores. Durante a Feira, só me recordo de Francisco Palha (com o Homero), de Miguel Moura (com o Xarope) numa “gaiola”(embora o ferro tenha resultado descaído), de Luís Rouxinol Jr. (com o Aquiles) e de Ana Batista (com o Chinelito).   

- SUPERAÇÃO DO APOSENTO DA MOITA: Foi um dos destaques da Feira Taurina da Moita 2018. Depois do descalabro da sua encerrona em 2017; os homens da jaqueta de ramagens do Aposento da Moita recuperaram a confiança e o crédito na Corrida de Toiros de Quinta-feira. Seis boas pegas e uma prestação coesa do grupo.

- RITMO DOS ESPECTÁCULOS: Este é um tema que continua actual. Aquando da elaboração do novo Regulamento do Espectáculo Tauromáquico lembro-me que foi uma das situações pensadas, mas tudo contínua igual... A última Corrida de Toiros da Feira durou cerca de quatro horas. Só mesmo para resistentes!

 - HOMENAGEM A FERNANDO QUINTELA: Mais que justificada. Mais que merecida. Fernando Quintela, dos Amadores de Alcochete, perdeu a vida, há um ano atrás, na arena da “Daniel do Nascimento”. O que nos marcou a todos! Na Corrida de Toiros de Sexta-feira foi homenageado a título póstumo.

- ABASTARDAMENTO DA ÉTICA: O Toureio a Cavalo tem perdido muito dos seus valores; mas chegar ao ponto de cada um fazer “o que quer e o que lhe apetece” é deveras inquietante. Para mais, com a conivência das “autoridades” e “organizações” do sector. Na última Corrida de Toiros da Feira, a cavaleira Verónica Cabaço tomou a Alternativa, mas prescindiu que a cerimónia lhe fosse concedida por Ana Batista (a mais antiga de douctoramento), porque simplesmente mantém uma relação de amizade com Filipe Gonçalves.

- O QUE FICOU (DE BOM) A NIVEL ARTISTICO? Gostava de poder referir muitos mais exemplos, mas o estado em que se encontra o Toureio a Cavalo em Portugal está longe de ser o melhor. Na minha opinião, repartiram o protagonismo, Francisco Palha e Luís Rouxinol Jr. (para mim, foram deste os melhores ferros do certame) na Corrida de Quinta-feira; e se algo “acima da média” houve, tenho que escolher da Corrida de Sexta-feira, a brega de Ana Batista ao toiro sobrero. Tudo o resto deixou pouco sabor!

- ENG. JORGE DE CARVALHO MERECEU O PRÉMIO. O toiro da ganadaria arrudense conquistou os dois prémios em disputa no Concurso de Ganadarias que encerrou a Feira. Para além das suas boas hechuras, reuniu muitas virtudes no seu comportamento. Tocou em sorte a Filipe Gonçalves. Um bom toiro que merecia uma actuação com outros contornos.

QUE 2019 NOS DEIXE MELHORES RECORDAÇÕES!

Foto: João Silva 

segunda-feira, 10 de setembro de 2018

SOBRAL DE MONTE AGRAÇO: A VETERANIA AINDA É UM POSTO!


Por: Catarina Bexiga

Há quem não goste de tourear em primeiro lugar. Dizem que o público ainda está “frio”. Depende! Depende da disposição com que apareçam. Depende do toureio que pratiquem. Depende dos argumentos que apresentem. Que o diga Luís Rouxinol! Chegou ao Sobral de Monte Agraço e logo no primeiro toiro colocou todos de acordo. Saber conservar-se mais de 30 anos no top do escalafón tem mérito. O toiro de Canas Vigouroux foi reservado, mas montado no “Douro”, Rouxinol soube entendê-lo na perfeição e aproveitá-lo, logrando quatro curtos de nota alta.

Quem também teve uma actuação muito meritória foi Vitor Ribeiro. O seu toiro fechou-se em tábuas, mas Ribeiro dispôs-se (com a ajuda do “Zeus” e depois do “Herodes”) a superar as adversidades. O mérito foi acrescido, porque prescindiu dos bandarilheiros. A forma como lidou foi a sua grande virtude.

Manuel Telles Bastos (depois de surpreender ontem em Vila Viçosa) voltou a chamar a si o protagonismo. Com um toureio “mais vivo” que o habitual, montado no “Grave”, com os compridos veio a mais; e com o “Diestro”, aconteceu o mesmo.

Quanto aos três restantes interpretes, Ana Batista não esteve ao seu melhor nível; Luís Rouxinol Jr. mostrou mais disposição do que resultados; e David Gomes apenas convenceu nos dois últimos ferros.

O curro de Canas Vigouroux saiu sob o manso: reservado o primeiro, em tábuas o segundo e quarto; também com a mesma querença, mas menos evidente, o quinto; o terceiro e sexto deixaram-se.

Pelos Amadores de Coruche pegaram Tiago Gonçalves à primeira tentativa; João Prates também à primeira e Roberto Garça à terceira. Pelo Aposento da Chamusca concretizaram João Rui Salgueiro à segunda, João Saraiva também à segunda e Francisco Montoya à primeira, na melhor pega, a encerrar com chave de oiro a tarde.

 Foto: Pedro Batalha

domingo, 9 de setembro de 2018

VILA VIÇOSA: À PORTUGUESA COM FUTURO!


Por: Catarina Bexiga

 O verdadeiro Toureio a Cavalo à Portuguesa teve seis interpretes em Vila Viçosa. Cada um com a sua personalidade. Cada um com a sua sabedoria. Cada um com a sua experiência. Sobraram motivos para valorizar e enaltecer o que aconteceu no simpático tauródromo alentejano. E nos tempos que correm – com tantos triunfos “travestidos” – quando o Toureio é verdadeiramente importantes; a mim pessoalmente, dá-me um gosto suplementar vivê-los e cantá-los!

Os mais veteranos do cartel – António Telles e Luís Rouxinol – começaram por dar o mote. Com o “Favorito”, o da Torrinha cravou três bons curtos; e com o “Douro”, o de Pegões logrou uma convincente actuação. Que me desculpem, mas hoje o meu elogio maior vai para os jovens que se seguiram. Foram eles que mais me entusiasmaram. Foram eles que me apresentaram motivos para hoje afirmar, com maiúsculas, que o TOUREIO A CAVALO À PORTUGUESA TEM FUTURO!

Manuel Telles Bastos surpreendeu! Os ferros que cravou – vibrante no cite, provocador nas abordagens e cingido nas reuniões – deixaram-me com vontade de acompanhar a evolução da sua nova montada.  

João Salgueiro da Costa reiterou o último triunfo que lhe vi. Se de saída, com a “Princesa”, apostou em marcar a diferença; para os curtos apareceu com um cavalo castanho que lhe permitiu praticar um toureio repleto de interesse. Quer na forma como preparou as sortes, quer na forma como consumou os ferros. Mais uma grande actuação! Daquelas que apetece sempre dizer “mais um ferro!”

Luís Rouxinol Jr. também aproveitou para somar créditos. A sua disposição e determinação são sobejamente conhecidas. Mostrou-se intencional nas atitudes, imprimiu dinamismo ao seu toureio (às vezes um pouco excessivo, na ânsia de querer triunfar), mas montado no “Amoroso” logrou passagens meritórias.

António Telles filho é um amador, que em Vila Viçosa fez coisas de gente grande. A sua figura a cavalo não esconde a sua origem. Depois transmitiu confiança no que estava a fazer, e montado no “Embuçado” cravou três bons ferros curtos!

Os seis cavaleiros estiveram por cima do curro de David Ribeiro Telles. Mais parados os primeiros, “brutote” o de Rouxinol Jr., os restantes deixaram-se.

As pegas foram concretizadas pelos Amadores de São Manços, Amadores de Monforte e Amadores do Redondo, com destaque para a quarta pega da tarde, a cargo do grupo mais antigo

Tardes como a de Vila Viçosa devolvem o esplendor ao Toureio a Cavalo à Portuguesa!

Foto: Catarina Bexiga

sexta-feira, 7 de setembro de 2018

CAMPO PEQUENO: OS TEMPOS SÃO OUTROS…


Por: Catarina Bexiga

Os tempos são outros. Na sociedade, na política, na economia… e até no Toureio! A bravura deu lugar à “toureabilidade”; a emoção deu lugar à estética; a exigência deu lugar ao facilitismo; e tantas outras coisas, em prol da “modernidade”… Há quem goste. Há quem aceite. Há quem “tire partido” de tudo… São outros tempos (com os que cada vez menos me identifico)!

Parece-me irremediável a apresentação dos toiros na Catedral do Toureio a Cavalo. O tema está gasto, mas a empresa continua com a mesma filosofia. Sem querer marcar a diferença. Sem querer afirmar-se definitivamente no capitulo ganadero. O primeiro toiro de António Charrua que saiu à arena foi (mais um) de desmontável. Não lhe servia de nada pesar mais de 500 quilos, quando lhe faltava tudo o resto… De comportamento, salvou-se o quarto da ordem, um toiro que se arrancou de largo duas ou três vezes, e que teve mais “picante” que os irmãos de camada. Os outros cinco foram autênticas “irmãs da caridade”.

Se a emoção é parte fundamental do Toureio a Cavalo; foi João Moura quem mais procurou ir ao seu encontro. Com o quarto, a excepção do curro de Charrua, actuação encastada do cavaleiro de Monforte, que há falta de juventude, sobra-lhe outras virtudes. Montado no “Verdi”, deixou vir o toiro de largo, e cravou uma serie de curtos que mexeram com os aficionados, com destaque para o quinto. A actuação ao primeiro resultou mais discreta.

Pablo Hermoso de Mendoza continua a defender a sua “bandeira”. Com o seu primeiro, praticou um toureio templado, com muito da sua Tauromaquia, à base da estética, mas com um toiro completamente inválido, que caiu duas vezes e não caiu mais por sorte. Com o segundo, mesmo na recta final com o craque da quadra, a actuação nunca chegou a levantar voo.

Rui Fernandes comemorou 20 anos de Alternativa, com o mesmo cartel da noite em que se doucturou. Fernandes mantem-se fiel ao seu conceito, conseguindo estar mais a gosto no seu primeiro, em que os “ladeios” foram a base da actuação. Com o segundo, os quiebros não resultaram, mas com as piruetas conseguiu aquecer o “entendido” público da capital.

Pelos Amadores de Évora pegaram João Madeira à quarta tentativa, Dinis Caeiro à primeira e João Pedro Oliveira também à quarta. Pelos Amadores de Alcochete concretizaram João Machacaz à primeira, João Belmonte à segunda e Nuno Santana à primeira.

Foi apenas mais uma nocturna em Lisboa.

Foto: Pedro Batalha

sexta-feira, 10 de agosto de 2018

CAMPO PEQUENO: DUARTE PINTO QUEBROU-NOS O JEJUM!

Por: Catarina Bexiga

E o jejum terminou ao sexto toiro! Duarte Pinto mostrou na Catedral do Toureio a Cavalo que pretende que olhem para ele com outros olhos. Olhos de ver! Olhos de acreditar! Olhos que saibam o que é o Toureio a Cavalo! O conceito que colocou em prática é o conceito português. Com ideias claras, atitudes simples, mas plenas intencionalidade. De saída, montado do “Espectáculo” foi o único que deu importância aos ferros compridos; e com o “Cesário” manteve em cena o guião. Quis sempre apresentar os melhores argumentos, quis sempre valorizar o que fez, quis sempre procurar os melhores resultados. A actuação foi intensa, porque houve verdade, houve interesse, houve emoção!

A Corrida de Vale Sorraia saiu díspar de apresentação, com destaque para o primeiro, quarto e sexto. De comportamento, dentro do que são as características desta ganadaria, considero que foi uma corrida boa para se tourear e boa para se triunfar! O toiro mais complicado tocou a Manuel Telles Bastos. No que encerrou a noite, o ganadero deu volta à arena.

Como escrevi no título, Duarte Pinto foi quem quebrou o jejum. Até lá pouco se viu… refiro-me, concretamente, a Toureio a Cavalo! Andrés Romero (que confirmou a Alternativa) recebeu, o primeiro da noite, à porta gaiola com a “jaqueta de abafo”.  Foi o momento mais positivo da sua passagem por Lisboa. David Gomes (que também confirmou a Alternativa) construiu a sua actuação em função do seu cavalo craque, o “Campo Pequeno”, com relevo para dois curtos. Rui Salvador, que nesta noite assinalou 34 anos de Alternativa, tem o mérito de manter intactos a sua raça, o seu querer e a sua vontade. Nem sempre os cavalos ajudam, mas montado no “Vice-Rei” o terceiro curto foi arriscado e cingido. Da geração mais nova, António Maria Brito Paes teve uma actuação carente de proveito e Manuel Telles Bastos não chegou a entusiasmar com o toiro mais problemático do curro.

Pelos Amadores do Montijo pegaram João Paulo Damásio à segunda e José Pedro Suissas à primeira. Pelos Amadores de Moura concretizaram Gonçalo Borges à primeira e Rui Branquinho à terceira, com aquele que foi o toiro mais complicado para se tourear e para se pegar. E pelos Amadores de Turlock pegaram George Martins à primeira e Steve Camboia também à primeira.

Ainda a propósito do Toureio a Cavalo, não considero que o Toureio a Cavalo seja “coisa” complicada. O que, muitas vezes, acontece é que o complicam… Volta para um lado, volta para o outro, não se percebe qual é o propósito, as soluções não aparecem… Se há algo importante no Toureio a Cavalo é entender as características de cada toiro, saber-lhe corrigir os defeitos e explorar-lhe as virtudes… Desta vez, Duarte Pinto foi o único!

Foto: João Silva

sábado, 4 de agosto de 2018

CARTA ABERTA A ANTÓNIO JOÃO FERREIRA E NUNO CASQUINHA



António e Nuno,

Ao longo dos anos, temo-nos cruzado várias vezes. Eu como Aficionada, e Vocês como Toureiros. Ao longo dos anos, porventura foram mais os olhares que trocámos do que, propriamente, as palavras que proferimos. Os anos que levo de Aficionada, já me permitem ter algumas recordações… lembro-me perfeitamente dos Vossos começos e da Vossa “graça” toureira, aquela “graça” que tem qualquer miúdo quando começa a pisar as arenas…

Ontem em Lisboa, veio-me à memória aquela celebre frase gravada numa das paredes da Escola Taurina de Madrid: “Llegar a ser Figura en el Toreo es casi un milagro!”. Não há mensagem mais lúcida sobre as dificuldades desta profissão. E porque, a exigência é uma grande conselheira (só não é, para quem não serve…), “dar a cara” em qualquer lugar, a qualquer hora, é actualmente a Vossa única arma de combate.

Não preciso de recuar muito no tempo. Não esqueço o que ambos lograram (sem retorno, neste país cada vez menos taurino e mais viciado), especialmente, na terra que Vos acarinhou e que Vos formou para o toureio. Do António João Ferreira, lembro-me, particularmente, da sua postura (mais expressivas as palavras firmeza e quietude) na tarde de Colete Encarnado em 2014 e 2017 ou pelas mesmas razões nas Feiras de Outubro de 2015 e 2016 na Palha Blanco. Do Nuno Casquinha, lembro-me da sua “casca toureira” patenteada na Feira de Outubro de 2017 e da sua enorme disposição no Colete Encarnado de 2018…

Ontem, finalmente, chegaram à primeira Praça de Toiros do País!!! São toureiros completamente distintos, cada um com os seus argumentos, e certamente ambos têm partidários (a rivalidade deve ser sempre saudável, faz parte dos valores do toureio); mas ontem mostraram o que têm dentro e como superam as adversidades do toiro e do “sistema”! Não vou descrever as faenas, porque ambos sabem o que fizeram…

Servem as minhas palavras, para Vos dizer que o caminho mais duro é também o caminho mais meritório. Nunca desistam daquilo que sempre procuraram, pois as pedras do caminho servirão como alicerce para fortalecer o Vosso império!

Vamo-nos encontrando por aí…
Catarina Bexiga

Nota: Ontem, a corrida de São Torcato saiu séria. Para pé, destacou-se o quarto toiro da noite, que tocou a António João Ferreira, premiado com a volta do ganadero e do maioral. Os restantes investiram com pouca classe. A cavalo, destacou-se a maturidade artística de Ana Batista, especialmente, montada no “Chinelito”. A cavaleira de Salvaterra de Magos toureou um toiro a duo com Sónia Matias, e por indisposição desta, lidou a sós os restantes, o primeiro distraído e o segundo, trotón, sem se empregar. Pelos Amadores das Caldas da Rainha pegaram Francisco Mascarenhas à segunda tentativa, António Cunhas à segunda (dobrou Lourenço Palha) e a encerrar de cernelha Duarte Palha e José Maria Abreu.

Foto: Pedro Batalha

segunda-feira, 30 de julho de 2018

NAZARÉ: À PORTUGUESA… E COM SABOR A TRIUNFO!


Por: Catarina Bexiga

Para ilustrar o meu apontamento da primeira Corrida de Toiros da temporada na Nazaré, podia ter escolhido uma foto de qualquer dos cavaleiros que actuou na simpática Praça de Toiros do Sítio. Todos têm fotos excelentes! Porque da parte de todos houve disposição e por parte de todos houve interesse. Afinal, toureou-se À PORTUGUESA…. E COM SABOR A TRIUNFO! Mas escolhi esta foto de João Salgueiro da Costa, porque o zambobazo que deu vale a nomeação. Lidou o sexto da função. De saída, a “Princesa” apontou dois grandes compridos, ligeiramente traseiros, mas que em nada desacreditam o rigor com que desenhou as sortes. Já tinha visto esta égua em Sobral de Monte Agraço, e deixou-me sabor de boca… Ontem deixou-me um enorme sorriso no rosto… Salgueiro da Costa continuou e com ela também apontou os dois primeiros curtos, mais dois grandes ferros. Não se pode entrar mais recto, não se pode provocar mais a investida. Eis a pureza do corredor da verdade! Mas o cavaleiro decidiu ir mudar de montada. Até fiquei com pena! Regressou à arena no “Gallo II”… e atenção! Manteve a determinação, manteve o conceito e logrou mais três excelentes curtos. Esta foi uma grande actuação de Salgueiro da Costa, que se notou mais maduro; uma actuação completa, do primeiro ao último minuto. Que assim continue, para engrandecer o Toureio a Cavalo à Portuguesa.

Mas como disse anteriormente, a noite teve muito conteúdo... Cláudia Almeida tomou a Alternativa e superou com distinção o exame. Não acusou a responsabilidade, andando comunicativa e desenvolta. Uma noite bonita a sua! Rui Salvador recarregou as baterias na Nazaré. Com o querer que o caractetiza, logrou três grandes curtos montado no “Vice-Rei”. Sónia Matias manteve a cumplicidade que tem com os nazarenos, e embora disponível, os seus resultados foram mais modestos. Ana Batista confirmou o momento que atravessa. Tocou-lhe o pior toiro do curro de Fernando dos Santos (bem apresentado, com dois grandes toiros), mas a cavaleira de Salvaterra de Magos, montada no “Chinelito”, impôs-se superiormente aos problemas e andou segura e toureira. Com um excelente toiro de FS, Marcos Tenório não abdicou da exuberância do seu toureio, mas é justo referir, que com o “Capa Negra”, conseguiu dois grandes curtos.

Pelos Amadores da Moita pegaram Filipe Ferreira à segunda tentativa e Miguel Ângelo à primeira. Pelo Aposento da Chamusca concretizaram Francisco Montoya e Francisco Andrade, ambos à primeira. Pelos Amadores de Coimbra, Rodrigo Desideiro fechou-se à quarta e Pedro Marques à primeira.

Grande noite de Toureio a Cavalo. Das que me entusiasmam! E das que o nosso Toureio a Cavalo precisa…

Foto: Pedro Batalha


segunda-feira, 23 de julho de 2018

PENSAMENTO DO DIA: OBRIGADA DR. VASCO LUCAS!

Por: Catarina Bexiga

Há muito tempo que não ouvia uma intervenção tão didática e tão verídica como a do Dr. Vasco Lucas na última Corrida TV. Hoje em dia, muitos querem “vender” ao Aficionado (sobretudo, aos mais novos ou ao grande público…) conceitos deturpados sobre o Toureio a Cavalo, por ignorância ou por lhes trazer benefícios…. Hoje em dia, há quem diga “é assim!” e o pessoal “mastiga e engole”…  


O Dr. Vasco Lucas disse com simplicidade onde está a verdade do Toureio a Cavalo:

“Eu acho que Tourear é conduzir a investida do toiro; e quando se abusa dos quiebros despeja-se a investida do toiro, não se conduz, burla-se a investida (…) Normalmente, quando se faz o quiebro, os cavalos saem na paralela do pitón, e o mérito está em passar o pitón.”

Isto é o que dizem os livros, que felizmente tive o privilégio de ler, por também ser apaixonada pelo tema. Menciono alguns – para quem quiser enriquecer os seus conhecimentos – Apuntes Taurinos (Pepe Luiz), Toureio a Cavalo (Fernando Sommer d’Andrade – 3 Volumes), Tourear e Farpear (D. Bernardo da Costa “Mesquitella”), Meio Século de Toureio e de Glória (José Tello Barradas), Ao Estribo (Pepe Luiz), Festa Brava (D. Berando da Costa “Mesquitella”), entre outros… E quanto a artigos, recomendo a Revista Novo Burladero, artigos da autoria de João Queiroz, José Henriques, Miguel Redondo, José Manuel Correia Lopes; e entrevistas brilhantes de Mestre David Ribeiro Telles, José Tello Barradas, João Salgueiro, etc…

Todas as sortes têm o seu valor… mas a verdade é só uma!

sexta-feira, 20 de julho de 2018

CAMPO PEQUENO: PINTO BARREIROS, A PROTAGONISTA DA NOITE!

Por: Catarina Bexiga

Coube ao Toiro o protagonismo. Aliás, é ele o Rei da Festa, é ele que “tudo dá e tudo tira”, é ele que nos emociona e que nos apaixona. Sem Toiro não há Festa! O curro de Pinto Barreiros – este sim, com apresentação para uma Praça de primeira categoria – saiu rematado de carnes, mais aparatosos de córnea o primeiro e o último, e com excelentes hechuras o terceiro e quarto. De comportamento, foi um curro sério, que não permitiu triunfos “falsos”, que impôs respeito… Os lidados em segundo e quinto lugar reuniram várias virtudes, tiveram mobilidade e investiram com motor. Merecidamente, o ganadero Joaquim Alves foi chamado à arena por duas ocasiões.  

De toureio há pouco para recordar! Podem não querer ver. Podem não querer escrever (para não serem incomodados pelas “clãs” dos toureiros), mas a sorte de todos é que a falta de exigência que orienta o público do Campo Pequeno, deixa-os em plano de conforto...  mesmo com “quiebradas” e “garupadas”, há musica e há voltas à arena!

Se na noite do passado dia 17 de Maio, elogiei a postura exigente do DC Tiago Tavares, que não autorizou a volta à arena a António Ribeiro Telles e a João Moura Caetano, e impediu que Pablo Hermoso de Mendoza desse a segunda volta; reprovo o seu critério na noite de ontem. Afinal, os lenços brancos foram criados com que objectivo? Ficámos na mesma…

Luís Rouxinol teve uma primeira actuação discreta, com um toiro que investiu a choto, e com dois cavalos novos que não se encontram preparados para este tipo de complicações. O quinto curto com o “Amoroso” (este sim, mais toureado), resultou no seu melhor ferro. Depois, para o segundo do lote, apostou no “Douro”, privilegiando mais o toureio de cercanias do que o toureio fundamental.

A Filipe Gonçalves tocou o “toiromilhões”, o segundo e quinto da tarde foram dois grandes toiros (premiados com lenço azul). O primeiro, desperdiçou-o por completo e o segundo, em sortes a quiebro, deixou os ferros…

Francisco Palha apontou uma meritória sorte de gaiola no seu primeiro, mas não conseguiu manter o nível. A sua passagem por Lisboa ficou marcada pela irregularidade dos resultados. Teve mais noção que o DC, e negou dar as duas voltas à arena com que foi autorizado.

Disputaram o Concurso de Pegas três grupos. Pelos Amadores do Ribatejo, pegaram Pedro Espinheira e João Espinheira, ambos à primeira tentativa. Pelos Amadores da Chamusca concretizaram Bernardo Borges, tecnicamente perfeito (para mim a pega da noite) e Francisco Borges, também ambos à primeira. Pelos Amadores de Cascais foram solistas, Carlos Dias à segunda e Ventura Doroteia à primeira. No fim, o júri entendeu dar o prémio para a Melhor Pega a Ventura Doroteia…

Foto: João Silva

segunda-feira, 9 de julho de 2018

VILA FRANCA: TOUREIROS DE BARBA RIJA!


Por: Catarina Bexiga

Valeu a Entrega. Valeu a Atitude. Valeu a Emoção! Motivo mais que suficiente para que esta tarde de Domingo de Colete Encarnado tivesse interesse para o Aficionado. O curro de Palha (sério de apresentação) foi exigente, mas foi essa exigência que fez com que os toureiros se quisessem superar. Ninguém afastou os olhos da arena, porque houve seriedade, houve emoção! São tardes como esta que a Festa de Toiros (e nós Aficionados) precisa mais vezes…

À lide a duo, com que arrancou a tarde, Luís Rouxinol e Francisco Palha imprimiram dinâmica e aqueceram de imediato as bancadas. Depois a sós, montado no “Douro”, a actuação de Rouxinol teve, acima de tudo, vibração, com destaque para o terceiro curto. Montado no “Rocalito”, a actuação de Francisco Palha teve, essencialmente, emoção. Palha procurou colocar em prática um conceito que lhe é característico, colocando o toiro fechado em tábuas e arriscando...; a parte final foi a mais empolgante, com dois bons ferros. No entanto, o toiro tinha quase 6 anos e não lhe perdoou o “atrevimento”… ao quinto curto foi colhido, felizmente, sem consequências.

Pelos Amadores de Vila Franca pegaram um valentíssimo Francisco Faria à terceira (a dobrar Rui Godinho), um grande Bruno Tavares à primeira (boa 1.ª ajuda) e um enorme David Moreira à segunda. Forcados de barba rija!

A Pepe Moral tocou o lote com menos opções. O seu primeiro tinha nobreza, mas pouco recorrido. No entanto, o sevilhano teve ofício para lhe fazer a faena. O seu segundo (o mais feio dos quatro resenhados para pé) não teve classe, mas o toureiro também não acabou de o entender.

O vila-franquense Nuno Casquinha regressou à Palha Blanco por mérito próprio. E voltou a apresentar os mesmos argumentos que na passada Feira de Outubro. Sempre entregue. Sempre disposto a superar-se. Tocou-lhe o melhor lote, o primeiro teve um enraçado pitón esquerdo; e o segundo investiu humilhado e com recorrido. Em ambos os toiros, foi com la zurda que as bancadas explodiram de entusiasmo.

Uma tarde séria, com argumentos, com interesse, uma tarde para toureiros de barba rija!

Foto: João Silva / Sol e Sombra

sexta-feira, 6 de julho de 2018

CAMPO PEQUENO: “PERDOA-LHES SENHOR, PORQUE NÃO SABEM O QUE FAZEM…”


Por: Catarina Bexiga

Aquele que era o cartel mais mediático e atractivo da temporada “torista!?” do Campo Pequeno – com Morante e Manzanares juntos – rapidamente se tornou no mais polémico de 2018. Os exemplares da ganadaria de Paulo Caetano que saíram à arena do “Centro de Lazer” motivaram a maior bronca que alguma vez me lembro de ver numa praça de toiros. Dos quatro sorteados, dois eram de “desmontável” e dessas perdidas no mapa. Orgulharem-se de contratar para Lisboa, Morante e Manzanares, mas com toiros impróprios da primeira praça de toiros do país, parece-me caricato. Empresa, Toureiros (e vedores), Ganadero – todos cúmplices do “sistema” – sabiam o que estava nos curros! Não venham agora fazer papel de vítimas. E que desculpas vão dar ao Aficionado que pagou 40 € /60 € /80 € por um bilhete?

Artisticamente, a noite foi paupérrima. João Telles Jr. teve duas actuações  (a primeira com o “Equador da Pêra Manca” e a segunda com o “Guardiola” e o “Glorioso”) que não transcenderam, com dois cómodos toiros com o ferro do seu avô. Pelo Aposento da Chamusca pegaram João Rui Salgueiro à primeira e Francisco Andrade à terceira. De Morante e Manzanares pouco se viu… nem o sobrero serviu para nada… numa noite a contra-estilo!

Na última semana, andou tudo muito preocupado com as Propostas de Lei que hoje (Sexta-feira) irão ser votados na Assembleia da República (preocupação que também subescrevo), mas convençam-se que a maior defesa da Festa de Toiros está na arena! Noites como a última no Campo Pequeno são um verdadeiro atentado à causa própria. Vaya desilusão!

domingo, 24 de junho de 2018

ALCÁCER DO SAL: MAGISTRAL LIÇÃO DE ANTÓNIO RIBEIRO TELLES!


Por: Catarina Bexiga

Importante triunfo do Toureio a Cavalo à Portuguesa. Do genuíno. Do autêntico. Do verdadeiro. Grande actuação de António Ribeiro Telles! Porventura, uma das suas mais completas actuações dos últimos tempos. Foi com o quarto da tarde. Com o “Ibisco”, apontou duas tiras correctas; e depois com o “Alcochete” abriu o livro, esse livro escrito pelos portugueses, que dita os cânones do Toureio a Cavalo, e que está impresso a letras de oiro. A preparação daqueles cinco curtos foi de sonho. Com uma grandeza. Com um senhorio. Indescritíveis... Depois as abordagens frontais, com paragem a meio da viagem, como que a provocar a investida… e as reuniões cingidas, ao estribo, de alto-a-baixo. Toureio caro. Toureio imortal. Venceu o prémio “Herdade da Barrosinha” para o melhor cavaleiro.

Felizmente, a tarde teve mais coisas para recordar. O cavaleiro da Torrinha esteve correcto com o primeiro da tarde, mas com argumentos diferentes, também convenceram Luís Rouxinol com o segundo e João Moura Jr. com o sexto. A corrida de Passanha saiu fácil, teve mobilidade e não teve querenças; e os toureiros souberam-lhe tirar partido. Com o “Douro”, Rouxinol teve uma actuação cativante. Inicialmente baseada no toureio de cercanias, para depois deixar os três últimos curtos de forma mais ortodoxa. Com o seu segundo andou num plano mais modesto. Por outra parte, montado no “Goya”, Moura Jr. cravou uma serie de seis curtos em crescendo, com disposição e transmissão. A actuação ao primeiro do seu lote resultou discreta.

Eterna rivalidade (saudável) entre os dois grupos de forcados: Pelos Amadores de Santarém pegaram Lourenço Ribeiro à terceira tentativa, António Taurino à primeira e João Grave também à primeira. Pelos Amadores de Montemor-o-Novo, com uma prestação mais coesa, concretizaram Francisco Bissaia Barreto à primeira, Manuel Ramalho também à primeira e Francisco Borges à segunda com uma grande primeira ajuda. Venceram o prémio com o nome “José Maria Cortes”.

Tarde com conteúdo, mas com muito pouco público nas bancadas. Foi pena!

Foto: Pedro Batalha

sexta-feira, 22 de junho de 2018

CAMPO PEQUENO: PIOR CEGO É AQUELE QUE NÃO QUER VER…

Por: Catarina Bexiga

Gostar de Toureio a Cavalo tem muito que se lhe diga…O que me move a sair de casa (e acredito que à maioria dos Aficionados) é, exactamente, a paixão que tenho pelo Toureio, e por tudo o que o envolve. Mas como não faço parte de nenhum “Clube de Fãs”… tenho dificuldade em entender muita coisa… Tanta felicidade!? Tanta alegria!? Tanta festa!? O público que se junta em Lisboa é o público menos exigente e mais facilitista que conheço…  adora música, palmas, cerveja… basta o ferro ficar no toiro, e há logo motivo para “fogo de artifício”. Bendito público, dirão os toureiros!

A corrida de Veiga Teixeira teve as exigências naturais de uma ganadaria encastada. Excepto o segundo, que tocou em sorte a Marco José, um manso com querença em tábuas, o primeiro foi um grande toiro, e os restantes tiveram várias virtudes para explorar. Foi uma corrida séria, que merecia outra resposta por parte dos cavaleiros… Não era cartel de figuras, mas era cartel de oportunidade!

Não me vou alargar nas considerações. Gonçalo Fernandes andou correcto até meio da actuação; Marco José sentiu dificuldades de saída e andou discreto de bandarilhas; Gilberto Filipe cravou os ferros de forma vulgar; Marcelo Mendes (com a quadra dos Rouxinois) imprimiu mais transmissão ao seu toureio e deixou os dois melhores curtos da noite; Parreirita Cigano teve uma actuação para esquecer; e Verónica Cabaço cravou os ferros de forma asseada.  

Pelos Amadores de Coimbra pegaram Ricardo Matos à segunda e Pedro Silva à terceira. Pelos Amadores de Monsaraz concretizou Carlos Polme e André Mendes, ambos, à terceira. Sobressaiu o grupo do Cartaxo, com duas pegas ao primeiro intento, por intermédio de Bernardo Campino e Fábio Beijinho com uma excelente primeira ajuda.

À noite de ontem faltou ritmo (mais de três horas de espectáculo), faltou interesse, e muitos triunfos de “trazer por casa” (acredito que cada um tenha tido as suas conquistas pessoais, mas só isso!). Numa altura em que a Festa de Toiros é alvo de ataques constantes, o que se passa na arena, tem que ter outra dimensão. Pior cego é aquele que não quer ver…

Foto: João Silva

quarta-feira, 30 de maio de 2018

PENSAMENTO DO DIA: TER OPINIÃO INCOMODA…


Por: Catarina Bexiga

Intitulei, recentemente, o meu apontamento de Coruche de “RIVALIDADE…O “MOTOR” DA FESTA DE TOIROS”. Porque no estado em que se encontra o ambiente (preocupante) em Portugal, precisamos de algo que nos motive, que nos estimule, que nos entusiasme. Volto a repetir, como outrora: “Paixões, que dividiram os Aficionados, encheram as bancadas e agitaram os debates fora das arenas...”

Tomo como exemplo recente, a tarde do passado dia 25 de Maio em Madrid, em que Alejandro Talavante (duas orelhas e ovação) e López Simón (orelha e orelha) saíram em ombros da Monumental de Las Ventas. Li várias opiniões, quem gostasse mais de um e quem gostasse mais de outro; o que achei perfeitamente normal, porque a rivalidade saudável no toureio “empurra” a Festa de Toiros para a frente…

Entrando na nossa pobre realidade, mais concretamente, no tema “agitar os debates fora das arenas”… Todos temos direito a ter a nossa opinião, desde que a expressemos de forma CIVILIZADA / RESPEITOSA (o que, infelizmente, falta a muita gente que anda na Festa de Toiros). Não retiro uma vírgula ao que escrevi sobre Coruche, é a minha opinião (não ofendi ninguém), mas constatei, através dos comentários, que o “clã” de Francisco Palha – acredito que alheio à questão, porque presumo que seja pessoa bem formada e com educação – ficou ofendidíssima que eu afirmasse que, pessoalmente, sublinho, pessoalmente, gostei mais dos argumentos apresentados nas actuações de Luís Rouxinol Jr.

Tal como mencionei no referido apontamento, a Festa de Toiros precisa deles (de Francisco Palha e de Luís Rouxinol Jr., entre outros…), mas jamais precisou de “enredos”, de “raivas”, de “ódios”. Lamento se (tanto) Vos incomodei com a minha opinião; mas para defenderem a Vossa, façam-no com mais dignidade, com mais decoro. Porque o cavaleiro de quem são amigos é católico – como eu – talvez ele Vos possa transmitir uma mensagem elementar: “Respeitar as opiniões dos outros, em qualquer aspecto e situação da vida, é uma das maiores virtudes que um ser humano pode ter.”    

Foto: João Silva

segunda-feira, 28 de maio de 2018

CORUCHE: RIVALIDADE...O "MOTOR" DA FESTA DE TOIROS

Por: Catarina Bexiga

Por todo o mundo, as grandes rivalidades foram o “motor” da Festa de Toiros. Paixões, que dividiram os Aficionados, encheram as bancadas e agitaram os debates fora das arenas... Assim, também a Festa de Toiros cresceu de entusiasmo. Em Espanha, os exemplos são vários – uns mais duradouros outros mais fugazes – como aquela famosa rivalidade entre Joselito e Belmonte, que tanto ofereceu ao Toureio. Por cá, os exemplos são escassos, mas podemos mencionar o que se passou com João Branco Núncio e Simão da Veiga; posteriormente entre José Mestre Batista e Luís Miguel da Veiga; ou António Ribeiro Telles e João Salgueiro. No toureio a pé, nunca podemos esquecer Manuel dos Santos e Diamantino Viseu. Parelhas que, pelo entusiasmo que despertaram e pelos partidários que granjearam, contribuíram para que a Festa de Toiros caminhasse pelo seu próprio pé…

Ontem, em Coruche, Francisco Palha e Luís Rouxinol Jr. tourearam o seu primeiro mano-a-mano. E com uma mais-valia (como tem que ser!), com uma corrida séria de Palha, uma corrida que teve as exigências naturais de uma ganadaria dura, mas que não foi nenhum “bicho papão”. Toureáveis a maioria; apenas com mais problemas o quarto da função.

Pessoalmente, gostei mais dos argumentos apresentados por Luís Rouxinol Jr. Sempre com disposição e com determinação; e mostrando-se intencional na construção das suas actuações. Sobressaiu no segundo montado no Douro; e no sexto com o Amoroso. Duas actuações distintas, mas convincentes. Como quarto (o pior do curro), resolveu com desembaraço.

As actuações de Francisco Palha, a quem também não faltou querer, basearam-se em pequenas “explosões”. Com o seu primeiro, montado no Favorito (da quadra de António Ribeiro Telles) teve a prestação mais equilibrada; com o terceiro começou com uma meritória gaiola e terminou com um arriscado curto com o Roncalito; e com o quinto terminou com outro arriscado curto com o mesmo cavalo.

Que assim continuem, porque a Festa de Toiros precisa deles!

Pelos Amadores de Lisboa pegaram João Galamba à quarta tentativa, Bernardo Mira à segunda, e João Varanda à primeira. Pelos Amadores de Coruche concretizaram José Tomás à primeira, seguindo-se duas rijas intervenções por parte de  Fábio Casinhas à primeira e João Ferreira Prates à segunda. O Troféu “Carlos Galamba”, para o melhor ajuda, recaiu no forcado João Laranjinha dos Amadores de Coruche.

Foto: João Silva

sexta-feira, 18 de maio de 2018

A QUADRA DE VITOR RIBEIRO PARA O SEU REGRESSO ÀS ARENAS...

Após dois anos afastado do toureio, o cavaleiro Vítor Ribeiro regressa às arenas, este Sábado, 19 Maio, no tradicional Concurso de Ganadarias de Évora. Com a moral renovada e varias novas apostas, Ribeiro apresenta-nos hoje a sua quadra para a temporada 2018.







CAMPO PEQUENO: UMA TEMPORADA TORISTA OU PARA TURISTA?

Por: Catarina Bexiga

Pretender “vender” a temporada do Campo Pequeno como temporada Torista parece-me excessivo, e a prova está na nocturna de ontem na capital.  Um curro de David Ribeiro Telles (da linha Murube!?), díspar de apresentação e sem o trapio que exige uma praça de toiros de primeira categoria. Uma coisa é uma temporada Torista e outra é uma temporada para Turista, que não sabem distinguir um coelho de uma lebre, por isso “comem” tudo…

O Campo Pequeno é uma praça de toiros com um público sui generis. Entre outras actitudes, por exemplo ontem, após a última actuação de Pablo Hermoso de Mendoza, várias pessoas abandonaram os seus lugares, manifesta falta de respeito para com os demais intervenientes. Apenas foram ver o Pablo porque lhes disseram que é o “melhor”, como poderão ir ver Marilyn Manson a 27 de Junho, Forever King of Pop a 22 de Setembro ou Status Quo a 29 do mesmo mês…

Os toiros de David Ribeiro Telles careceram de transmissão. Na minha opinião, o melhor tocou, em primeiro lugar, a António Ribeiro Telles, um toiro que se arrancou de vários terrenos. O segundo e quarto foram reservadotes, o quinto não se mexeu, e os restantes deixaram-se… Faltou o essencial, a raça, o “picante”, a emoção!

António Ribeiro Telles esteve longe do nível a que se viu, recentemente, em Vila Franca de Xira e em Salvaterra de Magos. Intermitente no primeiro do seu lote e vulgar no segundo.

Pablo Hermoso de Mendoza viu-se a gosto no segundo da noite, fiel ao seu conceito, com classe, elegância e ligação; e andou esforçado com o quinto, o pior do curro.

A primeira actuação de João Moura Caetano não levantou voo (embora muito festejada pelo cavaleiro); e na última colocou um pouco mais de "chama" ao seu toureio.

Pelos Amadores de Lisboa pegaram Martim Lopes à primeira tentativa, Duarte Mira também à primeira e João Varanda à segunda. Pelo grupo de Coruche concretizaram Miguel Ribeiro Lopes à primeira, João Prates também à primeira e António Tomás, que dobrou Miguel Raposo, após várias tentativas frustradas.

Outras notas:
- Ficou por fazer um minuto de silêncio em memória do Dr. Ramón Villa, médico cirurgião que faleceu, esta Quinta-feira, e que salvou a vida a vários toureiros;
- Após o terceiro toiro, saltou à arena um anti-taurino;
- O Delegado Técnico Tauromáquico Tiago Tavares dirigiu de acordo com a exigência que deve ter a praça de toiros de Lisboa. Não mostrou o lenço branco à primeira actuação de António Ribeiro Telles, nem à primeira de João Moura Caetano; e impediu que Pablo Hermoso de Mendoza desse duas voltas no seu primeiro toiro. O novo Regulamento não pode cair em “vícios”… O meu aplauso!

Foto: Facebook Campo Pequeno

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