Um apelido marcou a segunda edição da Feira do Toiro que
decorreu na Palha Blanco no último fim-de-semana. Se Miguel Moura somou créditos
na Sábado; João Moura Jr. afirmou-se no Domingo.
A empresa Tauroleve reservou para o início de temporada na Palha
Blanco um confronto de encastes, entre os “Atanásios Fernández” de Fernandes de
Castro e os “Santa Coloma” de Vinhas. A nível de toiros foi um fim-de-semana
com variedade e interesse. Um fim-de-semana também marcado pela homenagem ao
ganadero Fernando Palha, um apaixonado pelo toiro, um HOMEM especial, que quem conheceu
não esquece nunca. No Sábado, os Castros saíram dispares de apresentação e
comportamento; o melhor lote tocou a Miguel Moura, e tanto Ana Batista como
Duarte Pinto sortearam ambos um toiro para com eles se triunfar; por outras
palavras, “tiveram o pássaro na mão e deixaram-no fugir”. Para as pegas, os “Castros”
foram duros. No Domingo, os Vinhas saíram sobrados de carnes, muito no tipo da
ganadaria, sendo o segundo e terceiro os toiros que menos colaboraram. O quinto,
lidado por João Moura Jr. foi um bom toiro, investindo com alegria até ao fim.
Começando pelo início, no Sábado, a disposição e ambição de Miguel
Moura não passaram indiferentes a ninguém. Recebeu os seus dois toiros com “sortes
de gaiola”, praticou um toureio sincero, mostrou-se desembaraçado e colocou o
seu nome na boca dos aficionados. No último da tarde, mesmo depois de deslocar o
dedo polegar, prosseguiu a actuação, num gesto de “amor-próprio”.
À cavaleira Ana Batista tocaram dois toiros distintos. O
primeiro burraco da tarde foi um toiro colaborador. A serie de curtos começou
de forma promissora, mas a meio da actuação tudo mudou… O quarto não deixava a
cavaleira concentrar-se no momento do cite e orientava-se nas viagens, Ana sentiu
dificuldades em encontrar o luzimento.
Para mim, Duarte Pinto teve mais recursos frente ao seu primeiro,
um toiro basto, sem entrega e sem continuidade nas investidas, com dois curtos
de boa nota; do que com o quinto da tarde, um toiro bonito, que não rompeu
atrás do cavalo, mas foi voluntarioso no momento do ferro. Houve mais toiro que
toureio.
A tarde foi dura para os homens da jaqueta de ramagens. Uma
tarde para forcados valentes! Pelos Amadores de Vila Franca pegaram Pedro Silva
à segunda tentativa, Rafael Plácido também à segunda e Luís Valença à quarta.
Pelos Amadores do Ramo Grande concretizaram César Pires que dobrou José Sousa, Luís
Valedão dobrou André Lourenço e a encerrar o cabo Manuel Pires, fechou-se à
quarta tentativa.
A tarde de Domingo voltou a ficar marcada pelo apelido Moura.
O quinto foi o toiro da tarde. Um bom toiro, pronto e com som nas investidas.
Com ele João Moura Jr. protagonizou uma actuação vibrante que teve eco nas
bancadas da Palha Blanco. Com o primeiro do seu lote, um manso que procurou as
tábuas, por excesso de confiança, no segundo curto deixou o toiro na querença e
foi violentamente colhido contra tábuas. A actuação não levantou voo.
A Manuel Telles Bastos tocou o lote mais equilibrado. Teve
uma tarde com mais querer do que poder… Recebeu os seus dois toiros em sortes “à
porta gaiola”; mas à quadra faltam opções, para voltar a ser aquilo que ainda acredito
que venha ser.
João Telles Jr. teve que esperar pelo fim. O seu primeiro
foi paradíssimo e não lhe deu opções. Para o último da tarde reservou as suas
intenções. Recebeu superiormente o toiro à garupa, preparou as sortes com
intencionalidade e da serie de curtos destacaram-se o primeiro e terceiro. No
fim foi buscar o “Ilusionista” para o “aparato” do costume.
Mais uma tarde importante para os Amadores de Vila Franca,
não só pelos forcados da cara, mas também pelas ajudas. Pegaram o cabo Vasco
Pereira, João Matos e Guilherme Dotti, todos à primeira tentativa. Merece ainda
uma palavra Carlos Silva, pela forma como rabejou o quinto da tarde. Pelos
Amadores das Caldas da Rainha concretizaram Lourenço Palha, Duarte Palha e o
cabo Duarte Manuel, todos à segunda tentativa.
Foi um fim-de-semana com variedade e interesse, mas com pouco publico nas bancadas. No Sábado cerca de ¼ de casa e no Domingo ½ casa envergonhada. Dá que pensar…