sábado, 31 de agosto de 2019

SALVATERRA DE MAGOS: PARA HOMENS DE BARBA RIJA!


Por: Catarina Bexiga

Uma noite para homens de barba rija! Os Dolores Aguirre chegaram a Portugal com excesso de peso (o mais pequeno com 560 Kg e o maior 770 Kg!) e quase passados de idade, com três toiros cinqueños e outros tantos com seis anos cumpridos. Um curro que impôs respeito e colocou à prova, a capacidade e a valentia, de quem pisou a arena salvaterrense.

Manuel Telles Bastos foi o primeiro a sentir a dureza dos toiros oriundos da Dehesa Frias. O seu primeiro revelou-se manso encastado, veio a menos com o decorrer da lide, mas empurrava no momento do ferro. Bastos começou de forma discreta, mas depois com o “Ipanema” terminou com dois curtos a sesgo impactantes. Frente ao seu segundo, um toiro que teve “teclas para tocar”, sentiu dificuldades em impor-se. Todavia, o terceiro comprido, com o “Gabarito”, sobressaiu dos restantes.

A Luís Rouxinol Jr. tocou o lote com mais problemas. Para mim, a sua primeira actuação teve um enorme mérito (aliás, mérito foi a palavra mais proferida esta noite) e revelou a dimensão do toureio que está ao seu alcance. O de Dolores Aguirre foi distraído, desinteressado, complicado e tudo mais… uma “rolha”! Montado no “Amoroso”, Rouxinol Jr. esteve decidido, valente, lidador, com recursos… claramente por cima do toiro! O seu segundo, não se mexeu, e o esforço de Rouxinol Jr. foi inglório.

Apesar da inconsistência, António Prates baseou as suas actuações na vontade e no desembaraço. O seu primeiro mostrou-se desinteressado, a ir para tábuas, a esperar no momento do ferro; e o seu segundo foi manso e parado. Pouco para recordar!

No intervalo, o amador António Telles filho lidou um excelente novilho com o ferro de José Palha, premiado com volta à arena para filho do ganadero. Para além da intencionalidade com que fez as coisas, andou entonado, e a sua actuação veio a mais, com destaque para o quarto e quinto curto, montado no “Embuçado”.

VALENTES com letra maiúscula estiveram os homens da jaqueta de ramagens. Pelo grupo de Montemor-o-Novo pegaram Francisco Bissaía Barreto, numa grande pega, com o toiro a empurrar forte, à primeira tentativa; António Vacas de Carvalho dobrou João da Câmara, sendo a pega concretizada à quarta; e a encerrar António Pena Monteiro e Francisco Godinho, concretizaram uma grande cernelha. Das que ficam na história do grupo! Pelos Amadores de Lisboa pegaram Duarte Mira que dobrou Tiago Silva, sendo a pega concretizada à segunda; Pedro Gil (premiado com duas voltas) fez um “pegão”, à primeira, ao toiro mais pesado da corrida; e João Varandas manteve o nível do grupo, à segunda, aguentando sozinho na cara do toiro. O novilho lidado por António Telles filho foi pegado por José Maria Marques (dos Amadores de Montemor-o-Novo que partilhou com o grupo Lisboa) fechando-se à primeira, uma outra grande pega. No fim, o Trofeu Salvação Barreto (para a melhor pega) recaiu em Pedro Gil (Amadores de Lisboa) e o Trofeu Simão Malta (para o melhor grupo) nos Amadores de Lisboa. Noite de responsabilidade para todos, mas superada por ambos os grupos!

Foto: João Silva / Sol e Sombra

sexta-feira, 16 de agosto de 2019

CALDAS DA RAINHA: SIMÃO DA VEIGA JR. IN MEMORIUM!


Por: Catarina Bexiga

Se se toureia melhor ou pior que há 60 anos é discutível. Julgo importante saber contextualizar as coisas, sobretudo, o toiro de cada época. Pois só conhecendo o passado, compreendemos o presente e idealizamos o futuro. Mas, hoje, sinto-me no dever de evocar Simão da Veiga Jr., que há precisamente 60 anos, toureou pela última vez na sua vida, na tradicional Corrida de 15 de Agosto, nas Caldas da Rainha, sentindo-se indisposto e acabando por falecer quatro dias depois. Um nome importante na história do Toureio a Cavalo em Portugal!

Como aliciante desta tarde, os toiros de Vale Sorraia! De apresentação, foram “valesorraias”; mas de comportamento revelaram-se “sem personalidade”. O primeiro voluntarioso, o segundo cumpridor, o terceiro desinteressado e distraído, o quarto fácil, o quinto sonsón e o sexto o melhor do conjunto. Faltou-lhe aquela “fiereza” típica!

Artisticamente, só a espaços se viram coisas para recordar. António Ribeiro Telles andou discreto com o que abriu a tarde, mas com o quarto cravou dois bons ferros curtos com o “Alcochete”. No primeiro do seu lote, Filipe Gonçalves conseguiu expor o seu conceito, montado no “Chanel”. Foi da vez que o vi mais convincente. Por outro lado, com o segundo do seu lote, não alcançou repetir o feito. Às actuações de Francisco Palha faltou-lhes força. Com o pior dos “valesorraias”, andou vulgar; e com o último irregular.

Pelos Amadores de Santarém pegaram Salvador Ribeiro Almeida à terceira tentativa; Joaquim Grave, na melhor pega do grupo, à segunda; e António Melo à primeira. Pelos Amadores das Caldas da Rainha concretizaram António Cunha à primeira; Lourenço Palha à primeira; e Francisco Esteves também à primeira, a encerrar com chave de outo a prestação do grupo da terra.

Foto: Pedro Batalha

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