quinta-feira, 5 de outubro de 2023

VILA FRANCA (1.ª DA FEIRA): CAPACIDADES POR CIMA DAS POSSIBILIDADES

 

Por: Catarina Bexiga
Todos sonham em triunfar na Palha Blanco. Todavia, existem sonhos realizados e sonhos frustrados. Mas ambos contribuem para o amadurecimento de cada um. Quantos sonhos haviam na cabeça dos quatro jovens toureiros, antes das cortesias, de ontem, em Vila Franca? Muitos de certo. Mas poucos se puderam cumprir.
A primeira tarde da Feira de Outubro ficou condicionada pelo jogo dado pelos toiros das três ganadarias anunciadas que, pouco ou nada, ajudaram à vontade dos toureiros. Para cavalo, lidaram-se quatro toiros de Canas Vigouroux, que tiveram como denominador comum a falta de entrega. O quarto foi um toiro complicadote, com tendência para ser trotón, mas sabe-se lá porquê, foi premiado com o lenço azul, com volta à arena para o ganadero. Para pé, o primeiro de Assunção Coimbra investiu sem classe e o segundo foi sério e exigente; e os de Calejo Pires decepcionaram, com muito génio, inclusive o segundo a fugir para tábuas.
A atravessar um grande momento, Miguel Moura não teve “matéria-prima” para voltar a deixar o seu nome na boca dos aficionados. Aos seus dois toiros faltou raça e restou-lhe imprimir boa vontade ao que fez. Com o “Favorito” a serie de curtos foi correcta no seu primeiro; e com o “Herói”, a falta de ritmo na investida do toiro, inviabilizou a explosão da segunda actuação.
A Luis Rouxinol Jr. também não faltou disposição. Recebeu os seus dois toiros à porta gaiola; e fez de tudo para dar a volta às tortillas. Com o primeiro, montado no “Girassol”, pôs ele próprio o que faltou ao toiro; e com o segundo, montado no “Jamaica”, inicialmente sentiu dificuldades em acoplar-se às “espinhosas” investidas do adversário, mas na recta final, cravou dois curtos mais convincentes.
Pelos Amadores de Évora pegaram Carlos Sousa e José Maria Passanha, ambos à terceira tentativa. Pelos Amadores de Vila Franca concretizaram Guilherme Dotti e Rodrigo Andrade, com duas grandes pegas, ao primeiro intento.
Se por um lado, Manuel Dias Gomes e Joaquim Ribeiro “Cuqui” estiveram por cima das condições dos seus toiros; por outro, não deixa de ser frustrante, porque, tanto um como outro, mereciam que um toiro lhes investisse…
Dias Gomes lanceou à verónica com selo próprio, de mãos desmaiadas e cadência nos voos. O seu primeiro de Coimbra não teve classe, humilhou pouco, mas Dias Gomes andou seguro e esforçado, sacando ao toiro os muletazos que levava dentro. O de Calejo Pires foi manso perdido. O começo da faena foi poderoso, submetendo as investidas por baixo, mas daí para a frente, as hipóteses de luzimento foram nulas.
Joaquim Ribeiro “Cuqui”, a espaços, ainda teve oportunidade de sentir o seu esforço compensado. O de Calejo Pires investiu com génio, mas por ambos os pitóns, “Cuqui” ainda lhe conseguiu ligar quatro muletazos que aqueceram as bancadas. Depois, o toiro começou a raspar muito e gorou os intentos do moitense. O burraco de Assunção Coimbra que saiu em último lugar foi um toiro sério e exigente. Os ajudados por alto com que começou a faena foram bonitos, a entrega do toureiro foi notória, mas a faena não chegou a romper.
De seda e prata, após o tercio de bandarilhas, saudaram João Pedro, Miguel Batista e Joaquim Oliveira. Também cravou um bom par Tiago Santos.
Em suma, as capacidades dos toureiros estiveram por cima das possibilidades oferecidas pelos toiros.
FOTO: ARQUIVO

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