Por: Catarina Bexiga
O que foi - o dia 10 de Junho - e
o que poderá ser o resto da temporada)? Esta é a questão que coloco a mim própria,
após a segunda tarde de toiros da Feira de Santarém.
A Monumental Celestino Graça é,
actualmente, a nossa maior praça, com lotação para cerca de 12.000 espectadores.
Esgotou dois dias antes, o que revela que existem muitas pessoas receptivas ao
espectáculo taurino, assim lhes apresentem aliciantes… A Corrida Mista jamais pode
ser olhada como “enteada”, pois chegou a preencher parte significativa nas temporadas
dos anos 60 e 70 com grande êxito. O que precisa, actualmente, é de provocar
interesse; ao mesmo tempo, que seja estimada e promovida. Como o fez a
Associação Sector 9 em Santarém!
E agora o que esperar da restante
temporada?
Com a “concorrência” que existe, hoje
em dia, ao espectáculo taurino, defendo a ideia de que o mesmo não pode ser um
simples negócio para quem o monta e a contar com a caridade dos aficionados. Mais
do que nunca, tem que ser pensado com muita afición e tratado com “gosto”.
O nosso espectáculo taurino precisa
de intensidade, traduzida em emoção dentro da arena e paixão nas bancadas; e
jamais de triunfos fingidos, daqueles que ninguém se lembra no dia seguinte. Esses
nunca terão força para mover os aficionados. Todos sabemos que foi Andrés Roca
Rey quem esgotou Santarém. Aconteceu, porque se arrima, porque impacta com a
quietude e as cercanias do seu toureio, porque tem triunfado nas grandes feiras
de todo o mundo… Por isso, é Figura do Toureio!
Não vou aqui fazer considerações profundas
sobre a tarde de toiros propriamente dita. Fico-me com a primeira faena do
toureiro peruano a um toiro de Álvaro Nuñez que revelou mais nobreza que
transmissão; preocupa-me o triunfalismo vivido com o que se viu de Toureio a Cavalo;
recordo o “Capelista”, com o N.º 19, da ganadaria de Murteira Grave; e torna-se
sempre interessante ver a eterna rivalidade entre os Amadores de Santarém e
Montemor-o-Novo. Foi ainda merecida a alternativa bonita que teve o bandarilheiro
escalabitano Duarte Silva.
Passada que está a segunda tarde
de toiros da Feira de Santarém – um dia que ficará para a história, pela
resposta dada pelos aficionados – agora que temos uma temporada pela frente, precisamos
que nos voltem a dar motivos… para voltar a encher as nossas praças!
FOTO: PEDRO COSTA