segunda-feira, 10 de junho de 2024

A PRÓPOSITO DA 1.ª TARDE DA FEIRA DE SANTARÉM

Por: Catarina Bexiga

Assisti à primeira tarde de toiros em Santarém; mas, passadas mais de 24 horas sobre o acontecimento, tendo já amadurecido sobre o que vi, prefiro ser menos concreta e muito mais ampla na minha abordagem.

Do meu ponto de vista, o cartel estava interessantíssimo e rematadíssimo: Duas ganadarias sérias; Três cavaleiros que precisam de se consolidar e, ao mesmo tempo, dar seguimento ao que de bom têm conseguido mostrar aos aficionados; Um grupo de Forcados de renome.

Porque conheço as particularidades do nosso público, questionei-me, no Sábado, quantas pessoas teriam ido atraídas pelo cartel no seu todo? Quantas, pelas duas ganadarias? Quantas, pelos três cavaleiros? E quantas pela encerrona do grupo de forcados da terra? Foi fácil perceber…

Os Amadores de Santarém tiveram uma grande tarde e não restam dúvidas que o Forcado é o elemento que mais leva pessoas à praça. Os de Santarém foram autores dos momentos de maior expectativa, dos momentos mais emocionantes, dos momentos que despertaram maior paixão.  Os “VeigaTeixeiras” e os “AntónioSilvas” foram exigentes para os forcados e foram toiros para “homens de barba rija”. Das seis pegas destaco as três últimas: a de João Faro com uma enorme ajuda de João Manoel; a de António Queiroz e Mello e a de Francisco Cabaço. Diferentes, mas extraordinárias. Na primeira parte, foram solistas o cabo Francisco Graciosa; Joaquim Grave que dobrou Francisco Paulos; e Salvador Ribeiro de Almeida. No fim, o grupo deu uma apoteótica volta à arena. Merecida!

A seriedade do toiro deveria ser sempre a base de tudo. E nunca ser subjectiva. No Sábado, saíram toiros de ambas as ganadarias que mereciam ser aplaudidos pela sua apresentação e não foram… O N.º 829, de nome “Colete”, da ganadaria de Veiga Teixeira, foi um grande toiro, as suas hechuras não mentiam, revelando muitas virtudes, mas, essencialmente, prontidão nos cites. O ganadero foi premiado com volta à arena. Ao primeiro da tarde de Veiga Teixeira faltou entrega; o seguinte de António Silva careceu de som; o terceiro da ordem também de Veiga Teixeira foi o toiro da corrida; o quarto de António Silva saiu manso com querença em tábuas, ao quinto oriundo do Pedrogão também faltou entrega e o sobrero lidado em sexto lugar de António Silva investia por alto no momento do ferro.

Sou consciente que faço parte de uma minoria (em vias de extinção) que vai à praça, essencialmente, pelo Toureio a Cavalo, pelo nosso Toureio a Cavalo! Pois, hoje, perdeu-se o hábito de falar sobre o tema: o que se deve fazer em função do comportamento do toiro; a querença que manifesta; o terreno onde se deve colocar; a distância que se deve dar; a forma como ganhar o piton da sorte; etc. São essas “variáveis” que tornam apaixonante a modalidade. Pelo menos, para mim. Apesar de em Portugal “se cantarem” sempre grandes triunfos; fico-me com o toureio de saída de Francisco Palha e a sua entrega; com a boa-vontade de Miguel Moura em ambos do seu lote; e com a sinceridade e pureza do toureio de João Salgueiro da Costa no seu primeiro. O Toureio a Cavalo no nosso país precisa, urgentemente, de despertar o interesse do público. Mas também é preciso que o mesmo entenda o que vê. Cada dia passado é um dia perdido. Esta temporada vai ser decisiva!

FOTO: PEDRO BATALHA

 

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