segunda-feira, 3 de outubro de 2022

VILA FRANCA: SUPERAÇÃO E MÉRITO…

Por: Catarina Bexiga
Superação e Mérito são as palavras que melhor definem a tarde do último Domingo em Vila Franca. A corrida de Palha foi decepcionante, na generalidade, com dificuldades acrescidas; mas foram dos dois matadores portugueses os momentos da tarde. Embora com argumentos diferentes, António João Ferreira e Joaquim Ribeiro “Cuqui” quiseram justificar a aposta da empresa - e ainda bem que assim aconteceu; mas o mesmo não se passou com o matador espanhol Manuel Escribano.
A corrida de Palha saiu desigual de apresentação, com um único toiro com hechuras para investir, o sexto da tarde, o único mesmo que teve virtudes para com ele se lograr construir uma faena sem que o toureiro passasse um “mal rato”.
Manuel Escribano apresentou-se na Palha Blanco com uma postura defensiva. Embora esteja cuajado em corridas deste tipo no seu país, não foi o Escribano que se esperava. Inclusive, nas bandarilhas, poupou-se, dividindo o tércio com “Cuqui” e com João Ferreira. O seu primeiro Palha investia melhor pelo pitón esquerdo e acabava com a cara por cima do estaquillador pelo direito, mas o público ainda tentou “empurrar” a faena, que não passou de uns naturais mais ostentosos. Com o seu segundo, sem raça e sem repetir, mas menos perigoso que os restantes, o diestro de Gerena andou em plano vulgar e incomodado pela música não tocar…
Para mim, António João Ferreira e Joaquim Ribeiro “Cuqui” acabaram por tomar conta da tarde. Acima de tudo, pela entrega que mostraram, pela superação frente às exigentes investidas dos Palhas e pelo mérito que alcançaram. Deram a cara como "gente grande"!
Ferreira sorteou um lote complicado e perigoso; mas a sua quietude e firmeza são de um toureiro que parece tourear todos os dias, quando sabemos que é, exactamente, o contrário. Tem um valor enorme, os toiros passam-lhe a milímetros da taleguilla e é pena que a sua carreira nunca tenha tomado outros voos. Do meu ponto de vista, Vila Franca esteve fria consigo. Duas faenas de entrega e muito mérito!
Joaquim Ribeiro “Cuqui” conheceu o lado mau e o lado bom dos Palhas. No tércio de bandarilhas que partilhou com Escribano cravou um grande par. O seu primeiro, com quase seis anos de idade (!) e um par de pitóns de meter respeito, investiu com muito génio, mas “Cuqui” esteve laborioso e insistente. O seu esforço não passou despercebido, mas foi, praticamente, inglório. Todavia, a sorte sorriu-lhe no último da tarde. Pela porta dos curros saiu um Palha com qualidade, “Cuqui” aproveitou as virtudes por ambos os pitóns, construiu uma faena com “corpo” e o público entregou-se!
Vestido de prata, merece uma palavra de reconhecimento João Ferreira. Sobretudo, os dois pares de bandarilhas que cravou no segundo da tarde, foram sensacionais. Acredito que o seu nome vai dar que falar! Pelo menos, também ele contribuiu para a história da tarde deste último Domingo na Palha Blanco.
Foto: Miguel Calçada

 

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