quarta-feira, 5 de outubro de 2022

VILA FRANCA: ANTÓNIO TELLES, INSPIRAÇÃO E MAESTRIA!

Por: Catarina Bexiga

Mais um triunfo de António Ribeiro Telles na Palha Blanco. Mais um triunfo do Toureio a Cavalo na sua verdadeira dimensão. Mais uma noite para a história a que tivemos o privilégio de assistir na passada Terça-feira. António procurou ser ele próprio – tão simples como pessoa quanto grande como TOUREIRO – e voltou a sentir o bater do coração da sua Palha Blanco. Podia escrever muito; explicar “tintim por tintim” todos os pormenores; mas no papel nunca seria o mesmo que na arena. Faltaria sempre aquela emoção, aquele calor do momento e aquela paixão. O que apenas se sente “in loco”. Especialmente no primeiro e quinto da noite, António revelou a dimensão do seu conceito. Foram duas lições de como tourear (não apenas cravar ferros!) que devem ser percebidas e absorvidas por todos. Porque António é TOUREIRO de toureiros. Arrisco em dizer que a primeira actuação foi de inspiração e a segunda de maestria. Com o toiro de Vale Sorraia (ao qual faltou empurre), montado no “Hibisco” reproduziu a sorte da morte (feita ao ralenti) no segundo comprido e apontou uma grande tira no terceiro. Montado no “Embuçado” manteve-nos pendentes do que lhe saia da alma, destacando-se um grande ferro curto, o terceiro da serie. A sua segunda actuação, com um voluntarioso toiro de Passanha, foi menos definida, mas contou sempre com o calor humano da Palha Blanco. Por fim, com o toiro de Ribeiro Telles (que teve querença junto à porta dos cavalos), a sua obra tocou as nuvens. Não se pode ser mais TOUREIRO. Não se pode entender melhor um toiro. Não se pode explicar melhor o que é o Toureio a Cavalo. Montado no “Alcochete”, António lidou na perfeição, pôs ele tudo, com uma elegância e uma harmonia insuperáveis, com conhecimento dos terrenos e das distâncias, de onde tirar o toiro e de onde pô-lo, por onde passar, como passar… etc. A serie de curtas teve sabor para quem entendeu a mensagem. Tudo como uma Maestria que até arrepiou!

De gerações distantes e conceitos diferentes, do outro lado esteve João Moura Jr. A noite custou a romper ao cavaleiro de Monforte. Com o toiro de Vale Sorraia, pronto e alegre de investidas, as coisas não lhe saíram. Frente ao de Ribeiro Telles (de pouca transmissão), com o “Jet-Set”, só a espaços convenceu. E por fim, com mais um voluntarioso toiro de Passanha, montado no “Neco da Ermida” cravou um grande terceiro curto e com o “Hostil” chegou às bancadas com duas empolgantes mourinas.

Para os Amadores de Vila Franca foi mais uma noite importante. Estão a comemorar 90 anos de existência, mas o grupo está renovado, cheio de sangue novo e com futuro garantido. Foram caras Rodrigo Andrade à primeira tentativa, Rafael Plácido à primeira, Lucas Gonçalves à segunda, Pedro Silva à primeira, o cabo Vasco Pereira à primeira e Guilherme Dotti à primeira com uma grande ajuda do seu irmão Rodrigo Dotti. Noite emotiva pela despedida do rabejador Carlos Silva, um nome que fica na história do grupo vilafranquense.

Fixem a data, 4 de Outubro de 2022, António Ribeiro Telles escreveu com letras de oiro mais uma página brilhante na sua carreira e na história da Palha Blanco!

Foto: Pedro Batalha
 

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