sábado, 1 de outubro de 2022

VILA FRANCA: SALGUEIRO DA COSTA, SERIEDADE E AFIRMAÇÃO!

Por: Catarina Bexiga
João Salgueiro da Costa dispôs-se a viver na Palha Blanco uma noite histórica. Aceitou o desafio de se encerrar com seis toiros; de acreditar em si próprio, na quadra que tem preparado; e nos argumentos do seu toureio. Será sempre uma noite marcante na sua trajectória. E quem assistiu tem a obrigação de chegar a uma conclusão: foi uma noite de seriedade e afirmação a de Salgueiro da Costa!
Se algo o seu toureio nos transmite é seriedade e pureza. E foi isso que procurou fazer toda a noite. Talvez, seja demasiado sério e demasiado puro para os tempos actuais (anti moda), porque não é baseado em “especialidades”; e, provavelmente, por isso a Palha Blanco tenha apenas registado meia casa envergonhada. É o preço que Salgueiro da Costa terá que pagar por ser fiel as suas ideias e ao seu conceito; pois já somos poucos os que vamos ver Tourear a Cavalo na sua verdadeira dimensão.
Se algo o seu gesto nos transmite é de toureiro grande. Porque uma verdadeira encerrona é assim! Foi Salgueiro da Costa que toureou exclusivamente, sem recorrer a nenhuma ajuda, toureando os seis toiros “de cabo a rabo”. E mais, a maioria da quadra leva o ferro da casa Salgueiro e foram postos por si próprio. Mérito acrescido e prazer redobrado.
Não vou pormenorizar as actuações. Mas se exceptuarmos a terceira, com o toiro de Canas Vigouroux, que deu poucas opções; todas as outras tiveram conteúdo e interesse.
De saída marcou a diferença com o “Litri”, recebendo o segundo superiormente, o quarto e o sexto da ordem. Porque à tira também se pode tourear bem! E as duas que apontou no segundo foram empolgantes. Ainda de saída sacou o “Chacal”, mas as entradas ao pitón contrário tiraram brilho às sortes.
Durante toda a noite não faltou a Salgueiro da Costa disposição, nem o foco que levava na cabeça. Com o de Vinhas, que veio de menos a mais, entendeu perfeitamente o toiro, e montado no “L’Amorino” cobrou dois grandes curtos. Com o de Veiga Teixeira, que teve raça a galopar atrás do cavalo, mas esperou no momento do ferro, esteve valente com ele, e com o “Chinoca” levou um toque no quarto curto, mas um toque dos que não mancham, porque arriscou de mais, violando os terrenos. Com o toiro de António Silva, que também se reservou no momento do ferro, numa primeira fase, Salgueiro da Costa esteve precipitado, mas depois o terceiro e quinto curto foram de boa nota. Montado no “Alba”, insistiu em citar de praça a praça, com o toiro junto a tábuas, o que me pareceu uma “lotaria”, porque se o toiro não sai da querença… Todavia, houve dois ferros que salvaram a aposta. Com o de Palha foi a vez que mais sentiu a Palha Blanco. O toiro teve “picante” e pediu um toureiro com recursos e coração. Novamente, com o “L´Amorino” (que no final acompanhou o cavaleiro na volta) a actuação foi em crescendo de expectativas e de resultados, com um quarto curto enorme! Para finalizar o de Passanha foi suavón, e montado na “Princesa” teve que invadir os terrenos para que os ferros surtissem efeito. Em suma, para quem gosta de ver Tourear a Cavalo foi uma noite importante. Disso Salgueiro da Costa pode ficar descansado!
Pelos Amadores de Santarém pegaram Caetano Gallego à primeira tentativa, Francisco Cabaço à quarta e Francisco Paulos à segunda. Pelos Amadores de Vila Franca concretizaram Rodrigo Andrade à primeira, Lucas Gonçalves também à primeira e Rafael Plácido à segunda ajudado superiormente por Rodrigo Dotti.
Em mais um aniversário da Palha Blanco, a noite começou com a imagem de Nossa Senhora de Fátima em procissão com os intervenientes do cartel e com a participação da voz inconfundível de Teresa Tapadas. Uma noite bonita!

Foto: Pedro Batalha

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