quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017

HÉLDER MILHEIRO FALA SOBRE O BULLFEST

Anunciado para o próximo Sábado, o BULLFEST pretende posicionar a Tauromaquia onde ela merece estar, como manifestação cultural enraizada na sociedade portuguesa. O evento partiu da PROTOIRO, e nós estivemos à conversa com Hélder Milheiro...
Por: Catarina Bexiga
Falar de Toiros – O Bullfest – Festival de Cultura Portuguesa – nasceu com que intenção?
Helder Milheiro - A tauromaquia é uma manifestação cultural bem enraizada na sociedade portuguesa. Para nós, sempre foi óbvia a ligação com outras formas de cultura, como a música, a dança, a fotografia ou o cinema. Percebemos que não é assim tão claro para toda a gente, e resolvemos fazer um festival que mostrasse bem a abertura. Por outro lado, temos sentido muita curiosidade nas novas gerações, e esta é uma forma de nos darmos a conhecer, numa celebração dos nossos valores e do que fazemos.
FT – Sendo um evento que pretende reunir várias áreas da Cultura Portuguesa, entende as críticas que têm surgido ao nome Bullfest?
HM - A nossa história portuguesa é uma história de cruzamento de experiências, e de abertura. Fomos navegadores, aprendemos palavras novas e demos palavras novas ao mundo. No actual contexto, com a afluência massiva de turismo, somos nós também a aprender e apreender conceitos. Com o nome Bullfest, quisemos mostrar que nos abrimos a novos públicos, mantendo-nos fiéis ao que somos. Mostrar a cultura portuguesa mas com uma visão global.
FT – Quem tiver oportunidade de passar o dia no Campo Pequeno, que cenário e que atractivos vai encontrar?
HM - As actividades são muitas e muito variadas. Logo pelas dez da manhã, arrancam as animações infantis, com insufláveis, pinturas faciais e teatrinho de D.Roberto. Na arena, o graffiter Vile, de Vila Franca de Xira, estará a pintar uma tela alusiva ao tema do BULLFEST. Ao meio dia, temos a estreia nacional do documentário Torrinha, um belíssimo filme de uma realizadora francesa sobre a herança cultural de Mestre David Ribeiro Telles. Há também espaço para baptismos equestres. Da parte da tarde, teremos um concerto de Fado mais intimista por José da Câmara e Matilde Cid, e uma actuação do grupo de Cantar Alentejano de Ourique. Em vários momentos do dia, vamos ter demonstrações tauromáquicas, explicando as técnicas e arte. Alem disso, pelas 14h, teremos uma aula de toureio de salão aberta a todos os que queiram aprender os rudimentos do toureio e das pegas. No final do dia, pelas 17 horas, teremos o festival taurino, com nomes nacionais e internacionais com Rui Salvador, Luis Rouxinol, Filipe Gonçalvel, Manel Manzanares, Manuel Telles Bastos e Francisco Palha, nas lides partilhadas a cavalo. A pé teremos el Fandi, antónio João Ferreira e Manuel Dias Gomes. Teremos um grupo de forcados inédito composto por 36 cabos, liderados pelo cabo de Santarém, João Grave, o grupo mais antigo. Para fechar o festival teremos ainda a actuação dos recortadores portugueses da Arte Lusa, que vão ser uma grande surpresa.
Queria ainda destacar a Semana da Carne de Toiro Bravo, que decorre de 16 a 23 de Fevereiro no Rubro, Volapie e Carnalentejana, restaurantes do Campo Pequeno, que nesta semana vão disponibilizar pratos com esta carne gourmet e desconhecida de muitos, mas que é uma verdadeira iguaria nacional a descobrir.
FT – Do Bullfest faz parte um Festival Taurino. Qual foi a receptividade que sentiram da parte dos toureiros e ganaderos para a participação no mesmo?
HM - Felizmente encontramos muitas pessoas receptivas e que entenderam a importância deste dia e deste evento para a defesa e promoção da Festa, colaborando de forma generosa e abnegada, pois o Festival é a favor da Protoiro, para potenciar a sua actividade. É uma causa de todos e de toda a Tauromaquia portuguesa.
FT – Os lucros do espectáculo revertem a favor da Protoiro. Quais são as necessidades prioritárias que justificam a aplicação dessa verba?
HM - A Protoiro tem uma acção contínua ao longo dos anos de defesa da festa. Esse trabalho é público, por exemplo nos meios de comunicação social, mas também é discreto, quando assim tem de ser. Muitas vezes, somos confrontados com dados e noticias falsas e distorcidas sobre a tauromaquia. O nosso objectivo é continuarmos o trabalho com estudos sólidos e bem fundados que nos permitam apresentar publicamente a realidade deste mundo, com números e factos atestados por entidades idóneas e credíveis. Estes estudos são caros, e queremos poder garantir o melhor para a defesa da Festa. Alem disso, estamos já numa forte aposta na promoção da tauromaquia e queremos continuar a desenvolver essa aposta.
FT – Acredita que este evento vai “fazer” novos aficionados?
HM - Temos a confirmação que sim. Já tivemos vários contactos de pessoas que nos disseram que irão pela primeira vez a um evento taurino e, muitos outros, que é a primeira vez que vão levar os filhos. Temos a certeza que já estamos a fazer aficionados.

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