segunda-feira, 6 de outubro de 2025

1.ª da FEIRA: VILA FRANCA VOLTA A TER UM TOUREIRO!

 

Por: Catarina Bexiga

A renovação da Festa de Toiros passa, sobretudo, pelo aparecimento de novos toureiros, capazes de levantar expectativas; e, nos últimos tempos, o novilheiro vila-franquense Tomás Bastos tem devolvido à nossa afición um entusiasmo que há muito não se sentia.

Com a colhida, na véspera, do matador de toiros David de Miranda - oportunamente contratado pela empresa, após os seus mais recentes triunfos - a mesma optou pelo caminho “mais fácil”, e obrigou-nos a ver mais duas lides a cavalo, o que não é a mesma coisa. Longe disso!

Da Galeana vieram dois toiros atacados de carnes, bastotes, para o toureio a cavalo; e outros dois, mais harmoniosos, que estavam destinados ao toureio a pé, mas que tiveram um destino bem diferente. Dos maiores, o lidado em primeiro lugar por Tristão Ribeiro Telles veio a menos; e o segundo lidado por Francisco Palha acabou em tábuas. Dos outros dois, chamou a atenção a forma humilhada como investiu nos capotes o primeiro da tarde, mas lidado a cavalo, esperou muito no momento do ferro; e o quinto sendo o melhor, com mais “picante”.

Francisco Palha teve uma tarde discreta na Palha Blanco, com duas actuações irregulares, sendo evidente o “cansaço” da sua actual quadra. De nota superior, recordo o segundo comprido, no seu primeiro toiro, montado no “Estrondo”, um grande ferro!

Tristão Ribeiro Telles tem facilidade em comunicar com as bancadas, as suas actuações são marcadas pela disposição e determinação que imprime, mas o seu conceito ainda não está completamente definido. O público não lhe perdoou o facto do bandarilheiro lhe tocar o toiro duas vezes nas tábuas. Aliás, uma moda que persiste actualmente entre a maioria dos nossos cavaleiros, e que desvirtua as lides; porque o interesse do Toureio a Cavalo está em entender o toiro e agir de acordo com o seu comportamento; e agora, para a grande parte, deixou de haver terrenos e distâncias, deixou de se ter cuidado com as querenças, deixou de se evitar dar o braço esquerdo aos curros de saída… Enfim, muitas vezes falta sentido ao que se vê! Mas voltando às actuações do mais novo dos Ribeiro Telles; com o “Formigo” no seu primeiro, começou melhor do que terminou; e com o “Nureyev” no seu segundo, praticou um toureio mais sincero, sobressaindo o segundo e quarto curtos.  

Pelos Amadores de Vila Franca de Xira, Rodrigo Camilo concretizou à primeira tentativa, Lucas Gonçalves sentiu a dureza do Grave e apenas se fechou à terceira, Guilherme Dotti fez uma grande pega à primeira e Rodrigo andrade também concretizou à primeira.

O novilheiro Tomás Bastos confirmou na sua terra o bom momento que atravessa a sua carreira; e a prova está também (e sobretudo) nos seus mais recentes triunfos em Espanha. Os seus dois Graves tinham acabado de completar três anos de idade, e para a Palha Blanco, de apresentação, mereciam outra seriedade. De capote, Tomás Bastos andou variado, por um lado com verónicas, por outro com saltilleras ou chicuelinas mais vistosas. O seu primeiro Grave foi uma “máquina de investir”, aguentando a ligação e o poderio conferido pelo toureio vila-franquense. A faena baseou-se no pitón direito, com várias series de derechazos, cingindos e profundos, quase sempre rematados com personalíssimos passes de peito. O último da tarde não tinha força, e não aguentava mais do que dois ou três muletazos seguidos, inviabilizando o ritmo da faena. A resposta de Tomás Bastou foi perentória, “não investiu o novilho, investiu ele”, optando pelo toureio de cercanias e pelos desplantes, fazendo o público da Palha Blanco (casa cheia) explodir de entusiasmo. Nova saída em ombros. E Vila Franca volta a ter um Toureiro!

FOTO: PEDRO BATALHA



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