quarta-feira, 17 de setembro de 2025

1.ª da FEIRA da MOITA: DOIS TOUREIROS COM HORIZONTE E SAÍDA EM OMBROS DE TOMÁS BASTOS!

Por: Catarina Bexiga

Rivalidade. Capacidades. Ambição. São as três palavras que melhor definem o espírito com que Marco Pérez e Tomás Bastos encararam a noite, de ontem, na praça de toiros “Daniel do Nascimento”, na Moita. Uma noite, em que ambos, disputaram a supremacia; mas mais importante do que isso, em que ambos, mostraram ser dois toureiros com horizonte. E é este o espírito que alimenta paixões e move multidões. Todos ficámos a ganhar!

Dos campos de Olivenza, vieram dois toiros com o ferro de Talavante, com melhores hechuras o segundo, mas sem classe nas investidas. Por outro lado, aos dois novilhos de Calejo Pires (muito fechados de cara), sobrou nobreza, mas faltou-lhes raça… Se com os “primeiros” de cada lote, os dois toureiros tiveram argumentos para se sobreporem às adversidades; com os “segundos”, viu-se uma outra dimensão do toureio de ambos, mais profunda, mais templada… mais a gosto!

Logo de capote, Marco Pérez e Tomás Bastos “picaram-se”. Houve competição e variedade, pois nenhum perdeu a oportunidade de se luzir, respondendo aos quites um do outro.

Da primeira faena de Marco Pérez guardo os doblones com que iniciou o trasteo de muleta. O de Talavante protestou por ambos os pitóns, mas Pérez manteve-se insistente, e mesmo que não acreditasse que o toiro poderia melhorar, nunca se cansou de dar muletazos. O de Calejo Pires manseou para tábuas várias vezes, mas como tinha muita nobreza, o jovem diestro de Salamanca praticou um toureio sempre muito ligado e intuitivo.

Embalado pelos seus mais recentes (e vários) triunfos, Tomás Bastos reencontrou-se com a Moita e continua a manter o idílio. Com o seu toiro de Talavante respondeu em “novilheiro”, pois a meio da faena pôs (ainda) mais entrega e mais chispa, conseguindo chegar ás bancadas. Com o novilho de Calejo Pires, outro que voltou a procurar os terrenos de dentro, Bastos esteve muito encajado, sobressaindo o toureio ao natural. Voltou a marcar uma posição e a reforçar a imagem de que é um toureiro com quem podemos contar.

Da parte do toureio a cavalo há pouco para recordar. Com um toiro do Eng. Jorge de Carvalho, sem entrega e que esperou no momento do ferro (inclusive, frenou), António Ribeiro Telles não se entendeu com o “Murmullo” no primeiro curto e limitou-se a cumprir com o “Alcochete”. O segundo com o mesmo ferro, deixou-se, mas sem ser claro; e com ele António Ribeiro Telles filho andou sobrado a lidar, sempre com ligação e sentido, mas sem romper na serie de curtos.

Pelos Amadores da Moita pegaram João César à primeira tentativa e João Pombinho à segunda.

Noite de expectativa em redor de Marco Pérez e Tomás Bastos, correspondida com uma grande entrada de público… e no fim, saída em ombros de Tomás Bastos, após ter somado quatro voltas à arena e conquistado o direito de abrir a porta grande que leva o nome de “Nossa Senhora da Boa Viagem”, padroeira da Moita.

FOTO: PEDRO BATALHA

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