Por: Catarina Bexiga
APOSTA, COMPLETAMENTE, GANHA. A
noite, de ontem, na Nazaré, rompeu todos os “tabus” em relação à receptividade
do Toureio a Pé em Portugal. Depois de tudo o que, o matador de toiros Borja
Jiménez, vem “dizendo” no seu país, inclusive, com duas saídas em ombros da
Monumental de Las Ventas, uma em Outubro e outra em Maio; Rui Bento foi o único
que teve visão taurina, para, de imediato, contratar o diestro de Espartinas
para a praça de toiros da Nazaré. E quando à gosto em fazer as coisas… o
esforço, normalmente, tem recompensa; pois pouco faltou para esgotar o papel. Que
sirva de exemplo!
Borja Jiménez está num momento
cumpre. E veio à Nazaré com a mesma entrega, com que o temos visto, quer em
praças de menor como de maior importância. As suas duas faena foram muito
similares a nível do que é o seu conceito. Ocorrem, agora mesmo, três palavras:
Convicção, muito Firmeza e um toureio Poderosíssimo; deixando passar os toiros
muito perto da taleguilla, baixando muito a mão e rematando os muletazoz
atrás das costas. Completamente entregue e responsabilizado. Merecida a saída
em ombros.
Ao novilheiro Tomás Bastos tocou um
lote exigente. Templadas e cadenciadas foram as verónicas no seu primeiro e
cingidas as chicuelinas no segundo. Aliás, ambos os toureiros responderam aos
quites, o que tornou a noite ainda mais interessante. De bandarilhas, cumpriu
com soltura. Apesar da sua facilidade em estar na cara dos novilhos, as suas
duas faenas ficaram comprometidas pela falta de entrega dos exemplares de
Manuel Veiga. O primeiro era tardo a investir, e roubou ritmo à faena; e o
segundo apenas permitia ligar dois muletazos, embora o começo de faena tenha
sido vibrante, de joelhos em terra. Tomás valeu-se do seu querer para dar a
volta à “tortilla”.
A cavalo, as lides estiveram a cargo
de pai de filho. De António Ribeiro Telles o melhor que se viu foram os três
ferros à tira, montado no “Hibisco”, com que recebeu o seu primeiro toiro de
Condessa de Sobral. Daí para a frente, a sorte não lhe sorriu…
António Ribeiro Telles filho foi à
Nazaré marcar pontos. No toiro a sós, montado no “Jesuita” apontou dois
compridos de frente, vencendo o pitón da sorte e cravando com impacto. Com o
“Sherpa”, houve dinâmica e propósito no que fez, mas o auge da actuação surgiu
com o terceiro e quarto curto.
Na lide a duo, que encerrou a noite,
voltou a ser António filho o mais interventivo.
Pelos Amadores de Vila Franca de
Xira, rija pega de André Câncio que dobrou Rafael Plácido; seguindo-se outras
duas grandes intervenções de Vasco Carvalho (com uma grande primeira ajuda) e Lucas
Gonçalves, ambos à primeira tentativa.
No fim, saíram em ombros Borja
Jiménez e Tomás Bastos, bem como António Telles filho.
Uma noite que fica na história da
temporada de 2024!
P.S.: A simpática praça de toiros da
Nazaré tem um ambiente sui generis, mas não deverá cair em exageros… entre eles,
a intervenção demasiado efusiva do “locutor” de serviço.
FOTO: FERNANDO JOSÉ