Por: Catarina Bexiga
Ontem, no Campo Pequeno – Catedral do Toureio a Cavalo – estava
em causa muita coisa. Ao ser transmitido pelo canal Onetoro, o espectáculo teve
uma projecção mundial enorme. E cabia-nos a responsabilidade de aproveitar a ocasião
para divulgar e defender a nossa Festa de Toiros, uma realidade distinta dos
demais países taurinos; mas, sobretudo, no que diz respeito ao Toureio a Cavalo,
com uma reputação que vem de longa data. Por outras palavras: Cabia-nos mostrar
ao mundo quem somos. Cabia-nos, defender o que é nosso, o que é português!
E é por aqui que começo. De todos, Ana Batista foi o nome
mais português. Pelo conceito que defendeu e pelas intenções que mostrou. O seu
Vinhas foi exigente, pois no momento do ferro surpreendia de forma perigosa. De
saída, com o novato “Ónix”, Ana marcou a diferença, com um toureio sério. Desenhou
perfeitamente a sorte no primeiro comprido, mas infelizmente errou o alvo,
seguindo-se dois compridos de nota elevada. Montada no “Hermoso”, a actuação
teve muito, mas muito mérito. O toiro foi sempre tardo e a cavaleira atacou
sempre muito. Com atitude. Com decisão. Com risco. O primeiro e o quarto sobressaíram
do conjunto.
João Moura Caetano teve a sorte do seu lado, com o Vinhas
que lhe tocou no sorteio. Começou por dar nas vistas com o segundo comprido, montado
no “Pidal”; pois, o toiro arrancou-se de largo e o ferro teve impacto. De
seguida, com o “Campo Pequeno” privilegiou as cercanias e a harmonia do toureio
que ambos sentem.
Manuel Telles Bastos assinou no Campo Pequeno uma exibição
demasiado modesta. É verdade que o seu Vinhas adiantava-se, mas a sua quadra
também não ajudou a superar o problema. Montado no “Ipanema”, o quinto curto
foi o mais convincente.
Duarte Pinto também foi vítima do mesmo mal. Outro Vinhas
que se adiantava. Sobretudo, montado no “Cesário”, vencer o pitón da sorte foi
a sua principal dificuldade. A sua prestação nunca chegou a convencer.
Andrés Romero quis “vender” uma actuação que não teve clientela;
apostando num toureio enganoso, com muitas passagens em falso e reuniões na
paralela. No mínimo, caricato, foi querer sacar os cavalos para a volta a arena.
Todavia, o público “parou-lhe os pés”.
A noite terminou com a actuação de Luís Rouxinol Jr. Ao seu
Vinhas faltou entrega, mas montado no “Jamaica”, praticou um toureio animoso,
que muitas vezes transmite, mas que, sobretudo, no momento do ferro, carece de
argumentos mais sólidos.
Em noite de Concurso de Pegas, foi o grupo de Monsaraz o
justo vencedor da Melhor Pega, através de André Mendes. Pelo grupo alentejano
também pegou João Ramalho, à primeira tentativa. Pelos Amadores de Coimbra concretizaram
Pedro Casalta à primeira e André Macedo à segunda. Pelos Académicos de Coimbra
foram caras Francisco Gonçalves à terceira e João Tavares à primeira.
Termino, com a questão que me tirou o sono. Conseguimos
mostrar uma imagem válida do nosso Toureio a Cavalo actual? Convido-vos a deixar
a V. opinião nos comentários…
FOTO PEDRO BATALHA