sábado, 10 de agosto de 2024

CAMPO PEQUENO: CABIA-NOS MOSTRAR AO MUNDO QUEM SOMOS…

 

Por: Catarina Bexiga

Ontem, no Campo Pequeno – Catedral do Toureio a Cavalo – estava em causa muita coisa. Ao ser transmitido pelo canal Onetoro, o espectáculo teve uma projecção mundial enorme. E cabia-nos a responsabilidade de aproveitar a ocasião para divulgar e defender a nossa Festa de Toiros, uma realidade distinta dos demais países taurinos; mas, sobretudo, no que diz respeito ao Toureio a Cavalo, com uma reputação que vem de longa data. Por outras palavras: Cabia-nos mostrar ao mundo quem somos. Cabia-nos, defender o que é nosso, o que é português!

E é por aqui que começo. De todos, Ana Batista foi o nome mais português. Pelo conceito que defendeu e pelas intenções que mostrou. O seu Vinhas foi exigente, pois no momento do ferro surpreendia de forma perigosa. De saída, com o novato “Ónix”, Ana marcou a diferença, com um toureio sério. Desenhou perfeitamente a sorte no primeiro comprido, mas infelizmente errou o alvo, seguindo-se dois compridos de nota elevada. Montada no “Hermoso”, a actuação teve muito, mas muito mérito. O toiro foi sempre tardo e a cavaleira atacou sempre muito. Com atitude. Com decisão. Com risco. O primeiro e o quarto sobressaíram do conjunto.

João Moura Caetano teve a sorte do seu lado, com o Vinhas que lhe tocou no sorteio. Começou por dar nas vistas com o segundo comprido, montado no “Pidal”; pois, o toiro arrancou-se de largo e o ferro teve impacto. De seguida, com o “Campo Pequeno” privilegiou as cercanias e a harmonia do toureio que ambos sentem.

Manuel Telles Bastos assinou no Campo Pequeno uma exibição demasiado modesta. É verdade que o seu Vinhas adiantava-se, mas a sua quadra também não ajudou a superar o problema. Montado no “Ipanema”, o quinto curto foi o mais convincente.

Duarte Pinto também foi vítima do mesmo mal. Outro Vinhas que se adiantava. Sobretudo, montado no “Cesário”, vencer o pitón da sorte foi a sua principal dificuldade. A sua prestação nunca chegou a convencer.

Andrés Romero quis “vender” uma actuação que não teve clientela; apostando num toureio enganoso, com muitas passagens em falso e reuniões na paralela. No mínimo, caricato, foi querer sacar os cavalos para a volta a arena. Todavia, o público “parou-lhe os pés”.

A noite terminou com a actuação de Luís Rouxinol Jr. Ao seu Vinhas faltou entrega, mas montado no “Jamaica”, praticou um toureio animoso, que muitas vezes transmite, mas que, sobretudo, no momento do ferro, carece de argumentos mais sólidos.

Em noite de Concurso de Pegas, foi o grupo de Monsaraz o justo vencedor da Melhor Pega, através de André Mendes. Pelo grupo alentejano também pegou João Ramalho, à primeira tentativa. Pelos Amadores de Coimbra concretizaram Pedro Casalta à primeira e André Macedo à segunda. Pelos Académicos de Coimbra foram caras Francisco Gonçalves à terceira e João Tavares à primeira.

Termino, com a questão que me tirou o sono. Conseguimos mostrar uma imagem válida do nosso Toureio a Cavalo actual? Convido-vos a deixar a V. opinião nos comentários…

FOTO PEDRO BATALHA


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