Por: Catarina Bexiga
Este é o “novo” Campo Pequeno que
nos toca viver. Muito diferente. Muito distante de outros tempos. Mas é a
realidade. Utopia será pensar que algo vai mudar. Uns farão a sua apologia, porque
se angariou novos públicos, com pessoas muito mais simpáticas e entusiastas, com
as quais se consegue encher mais facilmente as bancadas. Outros, defenderão que
a Catedral do Toureio a Cavalo deveria pautar por maior seriedade e exigência, sem
pseudo-trapio no campo ganadero e sem triunfalismos ocos dos toureiros. Habituem-se,
porque a realidade está à vista…
Em noite de homenagem a dois
gigantes que envergaram a jaqueta de ramagens dos grupos de Santarém e
Montemor-o-Novo – Nuno Megre e João Cortes – o protagonismo maior coube, exactamente,
aos forcados. E que grande noite tiveram ambos os grupos. Por Santarém, João
Faro pegou à primeira, seguiu-se Francisco Cabaço numa pega histórica também à
primeira, e fechou Joaquim Grave também à primeira. Pelo grupo de Montemor-o-Novo,
pegaram de cernelha António Pena Monteiro e Joel Santos, seguiu-se Francisco
Borges à primeira e José Maria Pena Monteiro numa grande pega à segunda
tentativa. No fim, os prémios Melhor Grupo e Melhor Pega recaíram no grupo de
Santarém.
De Toureio a Cavalo, a noite é
fácil de resumir. João Moura Jr. esteve discreto em ambos do seu lote, vindo
para cima, com o “Hostil” com duas grandes “Mourinas” no quarto da ordem. Uma sorte
diferente, vibrante e impactante, chancela do seu toureio. Marcos Tenório esteve
poderosíssimo com o “Danone” no seu primeiro. Uma porta gaiola, um comprido e
três curtos que marcaram a noite. Só é pena que não dê continuidade ao conceito
que pratica com este cavalo. A António Telles filho tocou o lote com mais
problemas, e a sua determinação e disposição foram essenciais para contornar as
adversidades.
O curro de Murteira Grave saiu
justa de trapio para o Campo Pequeno. Bem sei que são toiros “filhos do “Covid-19”
e que actualmente a oferta no campo não é ampla. Apesar de tudo, aconselho,
novamente, à empresa rever o seu conceito de trapio. O primeiro teve mobilidade,
mas não teve som. O segundo foi manso, sem fijeza, investindo por dentro ao
lado do cavalo e raspou. O terceiro foi reservado e também raspou. O quarto
(com o N.º10) foi o toiro da noite, com uma investida pronta e alegra. O quinto
cumpriu. E o sexto também teve tendência para investir por dentro e faltou-lhe
entrega.
De parabéns estão os dois grupos
de forcados. De verdade foram deles os momentos mais apaixonantes e
emocionantes da noite!
Foto: Facebook Amadores de Santarém