sexta-feira, 1 de outubro de 2021

1.ª DA FEIRA DE VILA FRANCA: UMA NOITE DE “SECAR A BOCA”!

Por: Catarina Bexiga
É das mais bonitas do país. Senão mesmo, a mais bonita. Mas ontem, a Palha Blanco, estava como em mais nenhum dia. Orgulhosa da sua história. Orgulhosa da sua terra. Orgulhosa dos seus aficionados. Não foi “mais uma” noite de toiros na Palha Blanco. Foi a noite comemorativa do seu 120.º Aniversário. E porque “A Fé é a Força da Vida" , o desfile de campinos à luz das velas e a presença de Nossa Senhora de Alcamé no centro da arena, tornou o ambiente ainda mais especial!
Foi uma noite diferente em muitos aspectos. De imprevisibilidade. De perigo. Até de medo. A começar pelos toiros. Um curro de Palha que impôs respeito perante os problemas que apresentou. Excepto o primeiro, um toiro encastado, sem querenças, que serviu; os restantes estiveram longe de ser o “protótipo” do toiro actual. Na generalidade, esperaram muito, cortaram caminho, taparam-se nos ferros, etc, etc, etc…
Dos seis cavaleiros anunciados, o nome de João Salgueiro da Costa é o que fica escrito a letras maiúsculas na história da noite de 30 de Setembro. O seu “palha” também teve dilemas, mas Da Costa colocou disposição e determinação em tudo o que fez. Não se intimidou com o que vira antes, entendeu o toiro… e a actuação foi subindo de tom ferro após ferro. Mais importante do que procurar a estética (tão na moda e tão padronizada nos tempos actuais, e que estes toiros não permitem), foi revelar ofício e técnica para se conseguir sobrepor aos enigmas. Os três últimos curtos tiveram o reconhecimento do público da Palha Blanco.
A Rui Salvador tocou o “palha” menos exigente. Todavia, Salvador apoderou-se das suas investidas e esteve à altura do desafio.
Apesar do esforço, Luís Rouxinol sentiu dificuldades em encontrar soluções para o seu toiro. Um “palha” que desde o início fez estranhos, que se orientou, que se defendeu nos médios… Um toiro de tirar o sono a qualquer cavaleiro!
Quase sempre, os “palhas” são toiros que não consentem o toureio enganoso. E isso também ficou uma vez mais provado. Dificuldades é a palavra que hoje mais vou utilizar; porque na realidade elas existiram. Filipe Gonçalves sentiu dificuldades em dar a volta ao seu adversário; e Francisco Palha sentiu na pele a dureza dos “palhas”, inclusive, sendo colhido no segundo ferro curto.
Tristão Guedes de Queiroz prestou provas para praticante em Vila Franca. O seu “palha” foi manso, com querença em tábuas… e Tristão teve desembaraço e desparpajo, como dizem os espanhóis.
Se a noite foi dura para os cavaleiros, o que dizer para os forcados? Grande noite de pegas. Grande noite de forcados de caras. Grande noite de ajudas. Pelos Amadores de Vila Franca de Xira concretizaram o cabo Vasco Pereira à terceira, seguindo-se Guilherme Dotti à primeira e João Matos (enorme na cara do toiro) também à primeira. Destacaram-se como ajudas, respectivamente, Diogo Duarte, João Maria Santos e Francisco Calçada. Pelo Aposento da Moita foram solistas Leonardo Mathias à primeira, Martim Cosme à segunda, com braços de ferro, e Tiago Valério à terceira.
Uma noite diferente! Uma noite de “secar a boca”!

 

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