quarta-feira, 8 de outubro de 2025

2.º da FEIRA: VILA FRANCA INCOMODA, MAS FAZ FALTA!

Por: Catarina Bexiga

É, sempre, uma noite diferente. De responsabilidade para todos. Uma daquelas que rouba o sono, na véspera, a quem vai tourear na Palha Blanco. Com uma afición diferente. Com uma exigência, à qual os toureiros não estão habituados. Por mais que incomode, faz falta!

Os Amadores de Vila Franca foram os grandes protagonistas da noite. A abrir, uma extraordinária pega a cargo de Miguel Faria - muito provavelmente a pega da temporada - seguindo-se uma outra importante pega da autoria de Vasco Carvalho. Depois, concretizaram Rodrigo Caminho, um outro Rodrigo mas de apelido Andrade fez também uma grande pega, o cabo Vasco Pereira dobrou o lesionado Guilherme Dotti (a única executada à terceira tentativa) e a encerrar André Câncio. Duas grandes ajudas deram Rodrigo Dotti e Diogo Duarte, merecendo também uma referência o rabejador Rafael Leonardo. Mais uma noite de afirmação dos Amadores de Vila Franca!

Falar do Toureio a Cavalo praticado, actualmente, nas nossas arenas é um exercício difícil de fazer. Sobretudo, para quem sabe e gosta do verdadeiro Toureio a Cavalo; pois custa a “aceitar” um toureio que desvirtua a essência do próprio toureio. Por isso, escrevi no início, que Vila Franca incomoda, mas faz falta!

O curro de Canas Vigouroux - com a particular pelagem jabonera – teve toiros com vários matizes. O primeiro foi manso, a fugir insistentemente para tábuas; o segundo voluntarioso, com investidas cadenciadas, o melhor da noite, premiado com a chamada da ganadera; o terceiro não se empregou; o quarto também fez amago para tábuas; o quinto teve pouca raça e o sexto foi um toiro sem entrega, que raspou e doeu-se. Ou seja, toiros diferentes… mas toureados da mesma maneira.

Voltando ao tema, o Toureio a Cavalo é rico em sortes, e em “detalhes” ou “adornos”, que podem ser explorados em cada actuação, em função sempre do comportamento do toiro; mas, actualmente, grande parte dos nossos toureiros cingem-se a uma única sorte, a de praça a praça, mesmo quando essa não se justifica, sem que tenham atenção aos terrenos ou distâncias que cada toiro pede.

João Telles foi autor de duas actuações muito idênticas, sem força para “explodir”, pois manteve-se muito “preso” ao conceito que tem na cabeça.

No seu primeiro, Miguel Moura deu mais importância ao toureio suplementar (leia-se ladeios) do que ao toureio fundamental; e no segundo quis impor o seu toureio sem sucesso.

João Salgueiro da Costa teve uma actuação modesta no primeiro; e sofreu uma aparatosa colhida no segundo (quando o cavalo se voltou para trás na cara do toiro), que depois superou com tenacidade e determinação.

Ontem, valeu-nos a grande noite dos Amadores de Vila Franca!

FOTO: PEDRO BATALHA

segunda-feira, 6 de outubro de 2025

1.ª da FEIRA: VILA FRANCA VOLTA A TER UM TOUREIRO!

 

Por: Catarina Bexiga

A renovação da Festa de Toiros passa, sobretudo, pelo aparecimento de novos toureiros, capazes de levantar expectativas; e, nos últimos tempos, o novilheiro vila-franquense Tomás Bastos tem devolvido à nossa afición um entusiasmo que há muito não se sentia.

Com a colhida, na véspera, do matador de toiros David de Miranda - oportunamente contratado pela empresa, após os seus mais recentes triunfos - a mesma optou pelo caminho “mais fácil”, e obrigou-nos a ver mais duas lides a cavalo, o que não é a mesma coisa. Longe disso!

Da Galeana vieram dois toiros atacados de carnes, bastotes, para o toureio a cavalo; e outros dois, mais harmoniosos, que estavam destinados ao toureio a pé, mas que tiveram um destino bem diferente. Dos maiores, o lidado em primeiro lugar por Tristão Ribeiro Telles veio a menos; e o segundo lidado por Francisco Palha acabou em tábuas. Dos outros dois, chamou a atenção a forma humilhada como investiu nos capotes o primeiro da tarde, mas lidado a cavalo, esperou muito no momento do ferro; e o quinto sendo o melhor, com mais “picante”.

Francisco Palha teve uma tarde discreta na Palha Blanco, com duas actuações irregulares, sendo evidente o “cansaço” da sua actual quadra. De nota superior, recordo o segundo comprido, no seu primeiro toiro, montado no “Estrondo”, um grande ferro!

Tristão Ribeiro Telles tem facilidade em comunicar com as bancadas, as suas actuações são marcadas pela disposição e determinação que imprime, mas o seu conceito ainda não está completamente definido. O público não lhe perdoou o facto do bandarilheiro lhe tocar o toiro duas vezes nas tábuas. Aliás, uma moda que persiste actualmente entre a maioria dos nossos cavaleiros, e que desvirtua as lides; porque o interesse do Toureio a Cavalo está em entender o toiro e agir de acordo com o seu comportamento; e agora, para a grande parte, deixou de haver terrenos e distâncias, deixou de se ter cuidado com as querenças, deixou de se evitar dar o braço esquerdo aos curros de saída… Enfim, muitas vezes falta sentido ao que se vê! Mas voltando às actuações do mais novo dos Ribeiro Telles; com o “Formigo” no seu primeiro, começou melhor do que terminou; e com o “Nureyev” no seu segundo, praticou um toureio mais sincero, sobressaindo o segundo e quarto curtos.  

Pelos Amadores de Vila Franca de Xira, Rodrigo Camilo concretizou à primeira tentativa, Lucas Gonçalves sentiu a dureza do Grave e apenas se fechou à terceira, Guilherme Dotti fez uma grande pega à primeira e Rodrigo andrade também concretizou à primeira.

O novilheiro Tomás Bastos confirmou na sua terra o bom momento que atravessa a sua carreira; e a prova está também (e sobretudo) nos seus mais recentes triunfos em Espanha. Os seus dois Graves tinham acabado de completar três anos de idade, e para a Palha Blanco, de apresentação, mereciam outra seriedade. De capote, Tomás Bastos andou variado, por um lado com verónicas, por outro com saltilleras ou chicuelinas mais vistosas. O seu primeiro Grave foi uma “máquina de investir”, aguentando a ligação e o poderio conferido pelo toureio vila-franquense. A faena baseou-se no pitón direito, com várias series de derechazos, cingindos e profundos, quase sempre rematados com personalíssimos passes de peito. O último da tarde não tinha força, e não aguentava mais do que dois ou três muletazos seguidos, inviabilizando o ritmo da faena. A resposta de Tomás Bastou foi perentória, “não investiu o novilho, investiu ele”, optando pelo toureio de cercanias e pelos desplantes, fazendo o público da Palha Blanco (casa cheia) explodir de entusiasmo. Nova saída em ombros. E Vila Franca volta a ter um Toureiro!

FOTO: PEDRO BATALHA



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