Por: Catarina Bexiga
A
Palha Blanco ganha sempre outras cores e outro brilho pelas Festas do Colete
Encarnado. Ontem, na sua arena fez-se história… O cavaleiro Francisco Palha
esteve colossal e o novilheiro Tomás Bastos voltou a tocar no coração dos
vilafranquenses.
Francisco
Palha assinou uma das suas tardes mais convincentes, pela maturidade e
seriedade do seu toureio; e pela vontade e superação que pôs em tudo o que fez.
Os toiros mansos ou difíceis também têm lide e a sua resposta foi inequívoca. Palha
prescindiu do toureio “da moda” para se impor com o toureio imortal, de todos
os tempos. Ao seu primeiro de Ribeiro
Telles faltou entrega, vindo a menos com o decorrer da lide. De saída, montado
no “Estrondo”, apontou dois compridos poderosíssimos, merecedores de música…
que só tocou mais tarde. Depois com o “Pica-Pau”, o primeiro curto teve a
capacidade de surpreender, e logo a seguir um recorte arriscado custou-lhe a
colhida. Palha prosseguiu com o “Jaquetón”, para cravar mais quatro curtos com
entrega e mérito. Se o primeiro teve
dificuldades, o seu segundo somou outras mais. O toiro mostrou-se indiferente
ao cavalo e tapou-se no momento do ferro. De saída com o “Estrondo”, Palha
apenas cumpriu, porque o de Ribeiro Telles não proporcionou outra coisa. E,
novamente, com o “Jaquetón”, desafiou-se a si próprio. Não desistiu nem
abreviou, pelo contrário, quis mostrar a dimensão do seu toureio. Seguiram-se
cinco curtos com um querer invulgar e um mérito elevadíssimo. Tarde importante
de Francisco Palha em Vila Franca.
O
novilheiro Tomás Bastos é actualmente “a luz ao fundo do túnel”. É
impressionante a facilidade com que “anda” na cara dos novilhos, com que liga
os muletazos, ou com que resolve os problemas. De capote mostrou-se variado,
mas também a gosto; como profundas e sentidas foram as Verónicas com que
recebeu o seu primeiro, ou as Chicuelinas no seu segundo. Com as bandarilhas
cumpriu com soltura, com destaque para o segundo par ao quinto da tarde. Os
dois novilhos de Paulo Caetano tiveram como denominador comum a nobreza, sendo
mais repetidor o primeiro. Com a primeira faena, facilmente colocou a afición
da Palha Blanco de acordo, que explodiu de entusiasmo logo nos primeiros
momentos, quando se colocou de joelhos para dar dois cambiados pelas costas.
Pela direita, as series foram ligadas e encajadas; e os naturais lentos e
profundos. A faena ao último voltou a ter vibração, com o novilho de Paulo
Caetano a proporcionar, novamente, a Tomás Bastos mostrar o toureiro que tem
dentro.
João
Telles Jr. teve uma tarde muito dentro do seu estilo. O seu primeiro de Ribeiro
Telles foi um toiro fácil, sem querenças, que proporcionou o toureio de cites
largos, de praça a praça, investidas obedientes, etc. Montado no novato “Martini”,
João andou sobrado em praça, optando por cravar quatro curtos a quiebro, sendo
o último o de reunião mais ajustada. Com o segundo do seu lote, um toiro sem
entrega, que se doeu, João marcou a diferença com o “Marfim”, dando importância
ao toureio de saída. Depois com o “Gaiato” fez o toureio harmonioso que lhe é
característico. Terminou com dois curtos com o “Ilusionista”, com mais eco nas
bancadas o primeiro. No fim, foi despropositada a volta do ganadero.
Pelos
Amadores de Vila Franca pegaram o cabo Vasco Pereira à primeira, em tarde de
despedida João Maria Santos também à primeira, Lucas Gonçalves à primeira na
pega com mais “som”, e a terminar Rodrigo Andrade também à primeira.
Fim-de-semana
de emoções fortes para os vilafranquenses – onde o Campino merece especial carinho
e admiração – que terminou com uma grande tarde de toiros na Palha Blanco e saída
em ombros de Tomás Bastos!
FOTOS: PEDRO BATALHA