Por: Catarina Bexiga
O matador de toiros António Ferrera conhece a afición
portuguesa. Quiçá como poucos toureiros. Sabe das suas “fragilidades e
facilidades”; mas também deveria saber que há aficionados íntegros nas nossas
bancadas e que a data de Quinta-feira da Ascensão na Chamusca tem história e
merece respeito. Ferrera tem o seu estilo – inclusive, a sua trajetória tem
imenso mérito – mas desta vez abusou. A exuberância do Ferrera que se viu,
ontem, na centenária arena da Chamusca, roçou o desproposito e a loucura. Começou
logo durante as pegas. Após as tentativas frustradas por parte dos dois grupos,
saltou à arena, quando os “homens de seda e prata” estavam no seu lugar e a
desempenhar o seu papel, numa tentativa clara de dar nas vistas. Mas não
ficámos por aqui. Os toiros de Murteira Grave não tiveram classe, mas a sua
atitude “de guerra” piorou ainda mais as condições dos exemplares oriundos da
Galeana. Também não se mostrou disponível para bandarilhar. No seu primeiro deu
duas voltas por conta própria; e no último, durante a faena, pressionou o
Director de Corrida para lhe conceder a música… como o pasodoble não lhe
agradava, mandou parar a banda e mandou trocar a pauta. Estava em Portugal,
valeu tudo!
De toureio a cavalo também há pouco para escrever. Os toiros
de Passanham saíram dispares de jogo. Os dois primeiros (mais pequenos)
colaboraram, mas os dois últimos (maiores e bastos) foram mais reservados. De
Francisco Palha recordo os dois compridos, de saída, no seu primeiro, e depois dois
curto com o “Roncalito” no quarto da tarde. De António Telles filho guardo
apenas a forma sobrada como lida os toiros.
Pelos Amadores da Chamusca pegaram Mário Ferreira (que se
despediu) à segunda tentativa e Diogo Marques à terceira. Pelo Aposento da
Chamusca concretizaram Francisco Barreiros à quarta (dobrou Tomás Duarte) e
Vasco Coelho dos Reis à primeira.
O prémio para a Melhor Lide a Cavalo recaiu em Francisco
Palha e o prémio para a Melhor Pega em Vasco Coelho dos Reis.