quarta-feira, 7 de outubro de 2020

VILA FRANCA: NÃO ERA PARA “MENINOS”…

Por: Catarina Bexiga

Noite exigente, ontem, na Palha Blanco. Uma noite que não era para “meninos”… Uma daquelas que faz passar medo, que obriga a um esforço suplementar, que faz suar… mas que traz – quando há superação – um contentamento acrescido. E ontem, os aficionados vilafranquenses mostraram que exigem, mas também reconhecem!

Dos seis Palhas que saíram à arena, o segundo foi assobiado por ser impróprio para a Palha Blanco, sem cara e sem trapio; os restantes saíram dentro do tipo da ganadaria. De comportamento, excepto o segundo e o terceiro, que não dificultaram; os outro quatro saíram mansos e duros.

A Luís Rouxinol tocou o pior lote. Dois Palhas que pediram ofício e maturidade toureira. Dois Palhas que não consentiram actuações estudadas, nem “engenharias” modernas. Dois Palhas dos que os toureiros não gostam, mas dos que revelam, na verdade, quem é TOUREIRO. E Rouxinol andou em TOUREIRO. Destaco a forma como recebeu o seu primeiro, com o “Icaro”; e como terminou a actuação do seu segundo, no “Douro”, com dois sesgos brilhantes.

Francisco Palha voltou a marcar a diferença de saída, com duas gaiolas, montado no “Jaquetón”.  O seu primeiro (o tal impróprio para a Palha Blanco) deixou-se, e com o “Gingão” teve dois ferros mais impactantes, o terceiro e quinto. O seu segundo foi um Palha complicado que acabou em tábuas. Com o “Roncalito”, a lide foi árdua, laboriosa, mas muito meritória.

António Prates assinou na Palha Blanco uma das actuação da sua vida. Resta-lhe tirar ilações… Ficou provado que a sinceridade e simplicidade no toureio são virtudes irrefutáveis. Montado no “Melocotón”, cravou quatro curtos que fizeram explodir de entusiasmo os aficionados vilafranquenses, em sortes frontais, provocadoras, e com reuniões cingidas. Com o que encerrou a noite praticou um toureio menos consistente e menos convincente.

Noite exigente, mas de superação teve o grupo de Vila Franca. Pegaram Nelson Moreira à primeira tentativa, superiormente ajudado pelo grupo – que assim andou toda a noite – Pedro Silva à primeira, Guilherme Dotti com um par de braços “capaz de mover montanhas” também à primeira, João Luz foi dobrado por João Matos, Rui Godinho (um grande forcado que se despediu) pegou à terceira e o cabo Vasco Pereira também à terceira. Noite exigente para todos. Noite que não era para “meninos”…

Foto: João Silva / Facebook Tauroleve

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