quarta-feira, 9 de outubro de 2024

VILA FRANCA: A DESPEDIDA SONHADA DE SALVADOR E A LIDE QUE NOS FEZ SONHAR DE MIGUEL MOURA

Por: Catarina Bexiga

A DESPEDIDA SONHADA DE RUI SALVADOR. Sempre foi um toureiro valente e foi valente até ao fim. Rui Salvador teve a noite que merecia. O último toiro da sua trajectória nas arenas tinha o N.º 39, pesou 500 Kg, e pertencia à ganadaria de David Ribeiro Telles, permaneceu nos médios, indiferente ao cavaleiro e obrigou Rui Salvador a fazer um esforço suplementar. Com o “Vice-Rei”, o segundo comprido foi apontado com muita decisão; e montado no “Hornazo” a serie de curtos ficou para a história de Rui Salvador e para a nossa história enquanto aficionados. Da parte do cavaleiro houve sempre muita disposição, intencionalidade em tudo o que fez e uma ligação constante. A Palha Blanco retribui-lhe com gritos de Toureiro, Toureiro, Toureiro!

A LIDE QUE NOS FEZ SONHAR DE MIGUEL MOURA. Tem vindo a apontar. Tem vindo a dizer que podemos contar com ele. Miguel Moura assinou, ontem, em Vila Franca uma das melhores actuações da sua vida. O toiro de Vale Sorraia saiu com muita mobilidade e a transmitir muito; e estar à sua altura foi um desafio exigente. Logo de saída, com o “Faraó”, Moura apontou uma gaiola poderosa; e com o “Juventus” soube tirar partido da vivacidade das investidas, quer na brega, quer no momento do ferro, deixando o adversário arrancar-se de largo e vencendo o pitón da sorte com autoridade. Actuação vibrante que colocou o público da Palha Blanco de acordo e encerrou com chave de oiro a noite.

A Corrida Concurso de Ganadarias juntou um toiro de Conde de Murça, precioso de hechuras (merecedor do prémio apresentação, que não lhe concederam), mas que teve pouca entrega; o de Veiga Teixeira foi encastado; o de David Ribeiro Telles foi muito reservado; o de Mata-o-Demo foi gazapón; e o de Vale Sorraia foi um toiro com muita mobilidade e transmissão, que merecia ter sido distinguido. Em quarto lugar, João Moura lidou um sobrero de Veiga Teixeira, colaborador, em substituição do exemplar do Eng. Jorge de Carvalho, que foi recolhido sem se perceber o porquê. 

Diogo Oliveira concretizou o sonho de tomar a Alternativa, concedida (a título excepcional) por Rui Salvador. A actuação veio de menos a mais, inicialmente por falta de colaboração do “Chapitô”, mas depois ganhando folgo com o “Orpheu”. Depois de um início infeliz, António Ribeiro Telles destacou-se em dois curtos montado no veterano “Alcochete”; João Moura (que lidou em 4.º lugar o sobrero) despachou com facilidade os curtos montado no “Favorito”; e apesar dos intentos, Rui Fernandes teve uma actuação que não terminou de se definir com o “El Dorado”.

Em noite que costume ser especial para os Amadores de Vila Franca de Xira, esta teve vários matizes. Pegaram Miguel Faria à primeira tentativa, Rodrigo Camilo à primeira, Vasco Pereira também concretizou ao primeiro intento, seguindo-se Salvador Ribeiro Corrêa que dobrou Rodrigo Andrade, André Câncio à primeira e Guilherme Dotti apenas à quinta.

No fim, o Prémio Apresentação e o Prémio Bravura distinguiram o exemplar de Veiga Teixeira.

Se para Diogo Oliveira esta foi a noite da sua Alternativa; para Rui Salvador e Miguel Moura esta foi uma noite para recordar!!!

FOTOS: PEDRO BATALHA


 




domingo, 6 de outubro de 2024

VILA FRANCA: MARCO PÉREZ E TOMÁS BASTOS FAZEM HISTÓRIA NA PALHA BLANCO!!!

Por: Catarina Bexiga

Quem diria que uma das noites mais importantes da temporada portuguesa (se não mesmo a mais importante) fosse uma novilhada mano-a-mano entre dois dos novilheiros punteros do momento, que culminou com a saída em ombros – e a Palha Blanco rendida – de Marco Pérez e Tomás Bastos!? Quem diria!?

Ricardo Levesinho quis marcar a diferença – e a par de Rui Bento que contratou Borja Jiménez para a Nazaré – ambos conseguiram trazer um novo fulgor ao nosso limitado ambiente taurino. E há uma situação curiosa, quando muitos empresários portugueses dizem “cobras e lagartos” do toureio a pé, repare-se no entusiasmo gerado por outros episódios este ano, como por exemplo, a vinda de Roca Rey a Santarém ou a de Emílio de Justo à Moita. Quando as coisas são bem montadas e bem cuidadas – o público responde, sem hesitar. Ontem, a Palha Blanco registou uma grande lotação, e a par da prestação dos dois novilheiros, fez-se história em Vila Franca!

Marco Pérez e Tomás encararam o desafio com máxima responsabilidade e a entrega de ambos foi evidente. Nos seis novilhos, “picaram-se” logo de capote, respondendo aos quites um do outro.

Marco Pérez é um predestinado. Tudo o que o seu toureio tem, não tem a maioria dos demais. Com apenas 16 anos, Marco Pérez consegue juntar em si personalidade, muitas virtudes, muito improviso, muito conhecimento, etc. Ontem, tocou-lhe o melhor lote; o primeiro e o quinto de Álvaro Nuñez serviram para que se exteriorizasse como ele próprio gosta. O seu toureio é a compilação do que é o toureio. Para além de uma intuição natural (fora do comum), a variedade com que começa e acaba cada serie de muletazos é apaixonante. Pérez esteve por cima do novilho menos claro do seu lote (o terceiro da ordem), e fez-nos desfrutar com a intensidade da sua primeira e última faena. Este é um nome que, futuramente, vamos ouvir várias vezes…

Tomás Bastos voltou à “sua” Palha Blanco, ontem. E digo à “sua”, porque há muito tempo que não vejo Vila Franca “volcada” com um toureiro, como vejo agora. O quite por Saltilleras com que respondeu a Marco Pérez, logo no primeiro novilho, fez a Palha Blanco explodir de emoção. Com as bandarilhas mostrou facilidades e poderio. As suas duas primeiras faenas foram em crescendo, com o toureiro, a pouco e pouco, a apoderar-se das investidas e a impor-se; pois o seu primeiro de AN foi tardo e teve uma ponta de génio e o seu segundo igual de tardo, furtando ritmo à faena. Sobretudo, no quarto, Bastos cuajó duas grandes series, uma de naturais e outra de derechazos na fase final. Com o encastado jabonero que saiu em último lugar, Tomás Bastos fez a sua melhor faena, com muletazos larguíssimos, de mão baixa e poderosos. Houve ainda passes de peito que foram um portento. O seu nome continua a fazer-nos sonhar!

Grande noite a que assistimos, ontem, na Palha Blanco. Noite histórica! Fomos uns privilegiados...

Arquivo do blog