Por: Catarina Bexiga
É
utopia ambicionar um Campo Pequeno como o de antes. Mas esse mesmo Campo
Pequeno faz parte da história, e o Aficionado tem o dever de conhecer a própria
história.
Levou-me
a curiosidade a ir “espreitar” o Campo Pequeno de há, precisamente, 50 anos. Temporada
da revolução, com muitos ataques à Festa de Toiros e aos seus protagonistas,
mas quem gostava continuou a frequentar o espectáculo e o Campo Pequeno manteve
o seu calendário habitual. Para o ano de 1974 anunciaram-se 17 datas; com
inauguração a 14 de Abril (Domingo de Páscoa) e o encerramento a 26 de
Setembro. A maioria dos espectáculos foram corridas mistas – formato recorrente
nos anos 70 – e dos cartéis fizeram parte nomes como os cavaleiros Manuel
Conde, José Maldonado Cortes, Frederico Cunha, José Mestre Batista, David
Ribeiro Telles, Fernando Salgueiro, Luís Miguel da Veiga, Gustavo Zenkl e José
João Zoio, bem como do rejoneador Alvarito Domecq. Para as pegas, entre
outros, pegaram os Amadores de Santarém, Montemor-o-Novo, Ribatejo, Alcochete e
Évora. De seda e ouro, fizeram o paseíllo os matadores de toiros Mário
Coelho, Amadeu dos Anjos, Armando Soares, José Falcão, Ricardo Chibanga,
Francisco Ramón “Currillo”, José Júlio, Niño de la Capea, Carnecerito de Ubeda,
Mariano Ramos, Fernando dos Santos e Santiago Lopéz. As ganadarias foram as de
D. Maria Ana Passanha, Manuel e Carlos Veiga, Ortigão Costa, Cabral Ascensão,
Porto Alto e António Brito Paes, entre outras.
A
propósito do Domingo de Páscoa de 74 (segundo relato no livro do Campo Pequeno),
recordava, com saudade, o conhecido crítico Leopoldo Nunes os “domingos de
páscoa” de outros tempos, em que as bancadas eram embelezadas por damas
elegantemente vestidas, ladeadas de cavalheiros de chapéu de palhinha. Mal
sabia, Leopoldo Nunes, as mudanças muito mais profundas e severas que iria
sofrer o próprio Campo Pequeno, na sua estrutura e organização.
Actualmente,
sem toiros no Domingo de Páscoa e com quatro espectáculos apenas ao longo do
ano, resta-nos a resignação; mas, ao mesmo tempo, a obrigação de dar exigência
e importância às praças que ainda a têem.
A
temporada de 2024 está a ganhar forma. Infelizmente, as condições
meteorológicas impedem a realização dos seis espectáculos anunciados para o
fim-de-semana de Páscoa; mas ainda há um longo caminho a percorrer… os cartéis parecem,
em boa-hora, mais arejados e os cavaleiros da nova vaga têm uma oportunidade
única de convencerem os aficionados. Arrimem-se de verdade. Está na hora!