quinta-feira, 28 de março de 2024

DE UM DOMINGO DE PÁSCOA SEM TOIROS À ESPERANÇA NOS RESTANTES “DOMINGOS”…


 Por: Catarina Bexiga

É utopia ambicionar um Campo Pequeno como o de antes. Mas esse mesmo Campo Pequeno faz parte da história, e o Aficionado tem o dever de conhecer a própria história.

Levou-me a curiosidade a ir “espreitar” o Campo Pequeno de há, precisamente, 50 anos. Temporada da revolução, com muitos ataques à Festa de Toiros e aos seus protagonistas, mas quem gostava continuou a frequentar o espectáculo e o Campo Pequeno manteve o seu calendário habitual. Para o ano de 1974 anunciaram-se 17 datas; com inauguração a 14 de Abril (Domingo de Páscoa) e o encerramento a 26 de Setembro. A maioria dos espectáculos foram corridas mistas – formato recorrente nos anos 70 – e dos cartéis fizeram parte nomes como os cavaleiros Manuel Conde, José Maldonado Cortes, Frederico Cunha, José Mestre Batista, David Ribeiro Telles, Fernando Salgueiro, Luís Miguel da Veiga, Gustavo Zenkl e José João Zoio, bem como do rejoneador Alvarito Domecq. Para as pegas, entre outros, pegaram os Amadores de Santarém, Montemor-o-Novo, Ribatejo, Alcochete e Évora. De seda e ouro, fizeram o paseíllo os matadores de toiros Mário Coelho, Amadeu dos Anjos, Armando Soares, José Falcão, Ricardo Chibanga, Francisco Ramón “Currillo”, José Júlio, Niño de la Capea, Carnecerito de Ubeda, Mariano Ramos, Fernando dos Santos e Santiago Lopéz. As ganadarias foram as de D. Maria Ana Passanha, Manuel e Carlos Veiga, Ortigão Costa, Cabral Ascensão, Porto Alto e António Brito Paes, entre outras.

A propósito do Domingo de Páscoa de 74 (segundo relato no livro do Campo Pequeno), recordava, com saudade, o conhecido crítico Leopoldo Nunes os “domingos de páscoa” de outros tempos, em que as bancadas eram embelezadas por damas elegantemente vestidas, ladeadas de cavalheiros de chapéu de palhinha. Mal sabia, Leopoldo Nunes, as mudanças muito mais profundas e severas que iria sofrer o próprio Campo Pequeno, na sua estrutura e organização.

Actualmente, sem toiros no Domingo de Páscoa e com quatro espectáculos apenas ao longo do ano, resta-nos a resignação; mas, ao mesmo tempo, a obrigação de dar exigência e importância às praças que ainda a têem.

A temporada de 2024 está a ganhar forma. Infelizmente, as condições meteorológicas impedem a realização dos seis espectáculos anunciados para o fim-de-semana de Páscoa; mas ainda há um longo caminho a percorrer… os cartéis parecem, em boa-hora, mais arejados e os cavaleiros da nova vaga têm uma oportunidade única de convencerem os aficionados. Arrimem-se de verdade. Está na hora!

Arquivo do blog