Os tempos são outros. Na sociedade, na política, na economia…
e até no Toureio! A bravura deu lugar à “toureabilidade”; a emoção deu lugar à
estética; a exigência deu lugar ao facilitismo; e tantas outras coisas, em prol
da “modernidade”… Há quem goste. Há quem aceite. Há quem “tire partido” de tudo…
São outros tempos (com os que cada vez menos me identifico)!
Parece-me irremediável a apresentação dos toiros na Catedral
do Toureio a Cavalo. O tema está gasto, mas a empresa continua com a mesma
filosofia. Sem querer marcar a diferença. Sem querer afirmar-se definitivamente
no capitulo ganadero. O primeiro toiro de António Charrua que saiu à arena foi
(mais um) de desmontável. Não lhe servia de nada pesar mais de 500 quilos, quando
lhe faltava tudo o resto… De comportamento, salvou-se o quarto da ordem, um
toiro que se arrancou de largo duas ou três vezes, e que teve mais “picante”
que os irmãos de camada. Os outros cinco foram autênticas “irmãs da caridade”.
Se a emoção é parte fundamental do Toureio a Cavalo; foi João
Moura quem mais procurou ir ao seu encontro. Com o quarto, a excepção do curro
de Charrua, actuação encastada do cavaleiro de Monforte, que há falta de
juventude, sobra-lhe outras virtudes. Montado no “Verdi”, deixou vir o toiro de
largo, e cravou uma serie de curtos que mexeram com os aficionados, com
destaque para o quinto. A actuação ao primeiro resultou mais discreta.
Pablo Hermoso de Mendoza continua a defender a sua “bandeira”.
Com o seu primeiro, praticou um toureio templado, com muito da sua Tauromaquia,
à base da estética, mas com um toiro completamente inválido, que caiu duas
vezes e não caiu mais por sorte. Com o segundo, mesmo na recta final com o
craque da quadra, a actuação nunca chegou a levantar voo.
Rui Fernandes comemorou 20 anos de Alternativa, com o mesmo
cartel da noite em que se doucturou. Fernandes mantem-se fiel ao seu conceito,
conseguindo estar mais a gosto no seu primeiro, em que os “ladeios” foram a
base da actuação. Com o segundo, os quiebros não resultaram, mas com as piruetas
conseguiu aquecer o “entendido” público da capital.
Pelos Amadores de Évora pegaram João Madeira à quarta tentativa,
Dinis Caeiro à primeira e João Pedro Oliveira também à quarta. Pelos Amadores
de Alcochete concretizaram João Machacaz à primeira, João Belmonte à segunda e
Nuno Santana à primeira.
Foi apenas mais uma nocturna em Lisboa.
Foto: Pedro Batalha