segunda-feira, 30 de julho de 2018

NAZARÉ: À PORTUGUESA… E COM SABOR A TRIUNFO!


Por: Catarina Bexiga

Para ilustrar o meu apontamento da primeira Corrida de Toiros da temporada na Nazaré, podia ter escolhido uma foto de qualquer dos cavaleiros que actuou na simpática Praça de Toiros do Sítio. Todos têm fotos excelentes! Porque da parte de todos houve disposição e por parte de todos houve interesse. Afinal, toureou-se À PORTUGUESA…. E COM SABOR A TRIUNFO! Mas escolhi esta foto de João Salgueiro da Costa, porque o zambobazo que deu vale a nomeação. Lidou o sexto da função. De saída, a “Princesa” apontou dois grandes compridos, ligeiramente traseiros, mas que em nada desacreditam o rigor com que desenhou as sortes. Já tinha visto esta égua em Sobral de Monte Agraço, e deixou-me sabor de boca… Ontem deixou-me um enorme sorriso no rosto… Salgueiro da Costa continuou e com ela também apontou os dois primeiros curtos, mais dois grandes ferros. Não se pode entrar mais recto, não se pode provocar mais a investida. Eis a pureza do corredor da verdade! Mas o cavaleiro decidiu ir mudar de montada. Até fiquei com pena! Regressou à arena no “Gallo II”… e atenção! Manteve a determinação, manteve o conceito e logrou mais três excelentes curtos. Esta foi uma grande actuação de Salgueiro da Costa, que se notou mais maduro; uma actuação completa, do primeiro ao último minuto. Que assim continue, para engrandecer o Toureio a Cavalo à Portuguesa.

Mas como disse anteriormente, a noite teve muito conteúdo... Cláudia Almeida tomou a Alternativa e superou com distinção o exame. Não acusou a responsabilidade, andando comunicativa e desenvolta. Uma noite bonita a sua! Rui Salvador recarregou as baterias na Nazaré. Com o querer que o caractetiza, logrou três grandes curtos montado no “Vice-Rei”. Sónia Matias manteve a cumplicidade que tem com os nazarenos, e embora disponível, os seus resultados foram mais modestos. Ana Batista confirmou o momento que atravessa. Tocou-lhe o pior toiro do curro de Fernando dos Santos (bem apresentado, com dois grandes toiros), mas a cavaleira de Salvaterra de Magos, montada no “Chinelito”, impôs-se superiormente aos problemas e andou segura e toureira. Com um excelente toiro de FS, Marcos Tenório não abdicou da exuberância do seu toureio, mas é justo referir, que com o “Capa Negra”, conseguiu dois grandes curtos.

Pelos Amadores da Moita pegaram Filipe Ferreira à segunda tentativa e Miguel Ângelo à primeira. Pelo Aposento da Chamusca concretizaram Francisco Montoya e Francisco Andrade, ambos à primeira. Pelos Amadores de Coimbra, Rodrigo Desideiro fechou-se à quarta e Pedro Marques à primeira.

Grande noite de Toureio a Cavalo. Das que me entusiasmam! E das que o nosso Toureio a Cavalo precisa…

Foto: Pedro Batalha


segunda-feira, 23 de julho de 2018

PENSAMENTO DO DIA: OBRIGADA DR. VASCO LUCAS!

Por: Catarina Bexiga

Há muito tempo que não ouvia uma intervenção tão didática e tão verídica como a do Dr. Vasco Lucas na última Corrida TV. Hoje em dia, muitos querem “vender” ao Aficionado (sobretudo, aos mais novos ou ao grande público…) conceitos deturpados sobre o Toureio a Cavalo, por ignorância ou por lhes trazer benefícios…. Hoje em dia, há quem diga “é assim!” e o pessoal “mastiga e engole”…  


O Dr. Vasco Lucas disse com simplicidade onde está a verdade do Toureio a Cavalo:

“Eu acho que Tourear é conduzir a investida do toiro; e quando se abusa dos quiebros despeja-se a investida do toiro, não se conduz, burla-se a investida (…) Normalmente, quando se faz o quiebro, os cavalos saem na paralela do pitón, e o mérito está em passar o pitón.”

Isto é o que dizem os livros, que felizmente tive o privilégio de ler, por também ser apaixonada pelo tema. Menciono alguns – para quem quiser enriquecer os seus conhecimentos – Apuntes Taurinos (Pepe Luiz), Toureio a Cavalo (Fernando Sommer d’Andrade – 3 Volumes), Tourear e Farpear (D. Bernardo da Costa “Mesquitella”), Meio Século de Toureio e de Glória (José Tello Barradas), Ao Estribo (Pepe Luiz), Festa Brava (D. Berando da Costa “Mesquitella”), entre outros… E quanto a artigos, recomendo a Revista Novo Burladero, artigos da autoria de João Queiroz, José Henriques, Miguel Redondo, José Manuel Correia Lopes; e entrevistas brilhantes de Mestre David Ribeiro Telles, José Tello Barradas, João Salgueiro, etc…

Todas as sortes têm o seu valor… mas a verdade é só uma!

sexta-feira, 20 de julho de 2018

CAMPO PEQUENO: PINTO BARREIROS, A PROTAGONISTA DA NOITE!

Por: Catarina Bexiga

Coube ao Toiro o protagonismo. Aliás, é ele o Rei da Festa, é ele que “tudo dá e tudo tira”, é ele que nos emociona e que nos apaixona. Sem Toiro não há Festa! O curro de Pinto Barreiros – este sim, com apresentação para uma Praça de primeira categoria – saiu rematado de carnes, mais aparatosos de córnea o primeiro e o último, e com excelentes hechuras o terceiro e quarto. De comportamento, foi um curro sério, que não permitiu triunfos “falsos”, que impôs respeito… Os lidados em segundo e quinto lugar reuniram várias virtudes, tiveram mobilidade e investiram com motor. Merecidamente, o ganadero Joaquim Alves foi chamado à arena por duas ocasiões.  

De toureio há pouco para recordar! Podem não querer ver. Podem não querer escrever (para não serem incomodados pelas “clãs” dos toureiros), mas a sorte de todos é que a falta de exigência que orienta o público do Campo Pequeno, deixa-os em plano de conforto...  mesmo com “quiebradas” e “garupadas”, há musica e há voltas à arena!

Se na noite do passado dia 17 de Maio, elogiei a postura exigente do DC Tiago Tavares, que não autorizou a volta à arena a António Ribeiro Telles e a João Moura Caetano, e impediu que Pablo Hermoso de Mendoza desse a segunda volta; reprovo o seu critério na noite de ontem. Afinal, os lenços brancos foram criados com que objectivo? Ficámos na mesma…

Luís Rouxinol teve uma primeira actuação discreta, com um toiro que investiu a choto, e com dois cavalos novos que não se encontram preparados para este tipo de complicações. O quinto curto com o “Amoroso” (este sim, mais toureado), resultou no seu melhor ferro. Depois, para o segundo do lote, apostou no “Douro”, privilegiando mais o toureio de cercanias do que o toureio fundamental.

A Filipe Gonçalves tocou o “toiromilhões”, o segundo e quinto da tarde foram dois grandes toiros (premiados com lenço azul). O primeiro, desperdiçou-o por completo e o segundo, em sortes a quiebro, deixou os ferros…

Francisco Palha apontou uma meritória sorte de gaiola no seu primeiro, mas não conseguiu manter o nível. A sua passagem por Lisboa ficou marcada pela irregularidade dos resultados. Teve mais noção que o DC, e negou dar as duas voltas à arena com que foi autorizado.

Disputaram o Concurso de Pegas três grupos. Pelos Amadores do Ribatejo, pegaram Pedro Espinheira e João Espinheira, ambos à primeira tentativa. Pelos Amadores da Chamusca concretizaram Bernardo Borges, tecnicamente perfeito (para mim a pega da noite) e Francisco Borges, também ambos à primeira. Pelos Amadores de Cascais foram solistas, Carlos Dias à segunda e Ventura Doroteia à primeira. No fim, o júri entendeu dar o prémio para a Melhor Pega a Ventura Doroteia…

Foto: João Silva

segunda-feira, 9 de julho de 2018

VILA FRANCA: TOUREIROS DE BARBA RIJA!


Por: Catarina Bexiga

Valeu a Entrega. Valeu a Atitude. Valeu a Emoção! Motivo mais que suficiente para que esta tarde de Domingo de Colete Encarnado tivesse interesse para o Aficionado. O curro de Palha (sério de apresentação) foi exigente, mas foi essa exigência que fez com que os toureiros se quisessem superar. Ninguém afastou os olhos da arena, porque houve seriedade, houve emoção! São tardes como esta que a Festa de Toiros (e nós Aficionados) precisa mais vezes…

À lide a duo, com que arrancou a tarde, Luís Rouxinol e Francisco Palha imprimiram dinâmica e aqueceram de imediato as bancadas. Depois a sós, montado no “Douro”, a actuação de Rouxinol teve, acima de tudo, vibração, com destaque para o terceiro curto. Montado no “Rocalito”, a actuação de Francisco Palha teve, essencialmente, emoção. Palha procurou colocar em prática um conceito que lhe é característico, colocando o toiro fechado em tábuas e arriscando...; a parte final foi a mais empolgante, com dois bons ferros. No entanto, o toiro tinha quase 6 anos e não lhe perdoou o “atrevimento”… ao quinto curto foi colhido, felizmente, sem consequências.

Pelos Amadores de Vila Franca pegaram um valentíssimo Francisco Faria à terceira (a dobrar Rui Godinho), um grande Bruno Tavares à primeira (boa 1.ª ajuda) e um enorme David Moreira à segunda. Forcados de barba rija!

A Pepe Moral tocou o lote com menos opções. O seu primeiro tinha nobreza, mas pouco recorrido. No entanto, o sevilhano teve ofício para lhe fazer a faena. O seu segundo (o mais feio dos quatro resenhados para pé) não teve classe, mas o toureiro também não acabou de o entender.

O vila-franquense Nuno Casquinha regressou à Palha Blanco por mérito próprio. E voltou a apresentar os mesmos argumentos que na passada Feira de Outubro. Sempre entregue. Sempre disposto a superar-se. Tocou-lhe o melhor lote, o primeiro teve um enraçado pitón esquerdo; e o segundo investiu humilhado e com recorrido. Em ambos os toiros, foi com la zurda que as bancadas explodiram de entusiasmo.

Uma tarde séria, com argumentos, com interesse, uma tarde para toureiros de barba rija!

Foto: João Silva / Sol e Sombra

sexta-feira, 6 de julho de 2018

CAMPO PEQUENO: “PERDOA-LHES SENHOR, PORQUE NÃO SABEM O QUE FAZEM…”


Por: Catarina Bexiga

Aquele que era o cartel mais mediático e atractivo da temporada “torista!?” do Campo Pequeno – com Morante e Manzanares juntos – rapidamente se tornou no mais polémico de 2018. Os exemplares da ganadaria de Paulo Caetano que saíram à arena do “Centro de Lazer” motivaram a maior bronca que alguma vez me lembro de ver numa praça de toiros. Dos quatro sorteados, dois eram de “desmontável” e dessas perdidas no mapa. Orgulharem-se de contratar para Lisboa, Morante e Manzanares, mas com toiros impróprios da primeira praça de toiros do país, parece-me caricato. Empresa, Toureiros (e vedores), Ganadero – todos cúmplices do “sistema” – sabiam o que estava nos curros! Não venham agora fazer papel de vítimas. E que desculpas vão dar ao Aficionado que pagou 40 € /60 € /80 € por um bilhete?

Artisticamente, a noite foi paupérrima. João Telles Jr. teve duas actuações  (a primeira com o “Equador da Pêra Manca” e a segunda com o “Guardiola” e o “Glorioso”) que não transcenderam, com dois cómodos toiros com o ferro do seu avô. Pelo Aposento da Chamusca pegaram João Rui Salgueiro à primeira e Francisco Andrade à terceira. De Morante e Manzanares pouco se viu… nem o sobrero serviu para nada… numa noite a contra-estilo!

Na última semana, andou tudo muito preocupado com as Propostas de Lei que hoje (Sexta-feira) irão ser votados na Assembleia da República (preocupação que também subescrevo), mas convençam-se que a maior defesa da Festa de Toiros está na arena! Noites como a última no Campo Pequeno são um verdadeiro atentado à causa própria. Vaya desilusão!

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