Por: Catarina Bexiga
Sentia-se expectativa no ar! Essa expectativa… que alimenta o Aficionado – que nos faz sorrir por um
lado e chorar por outro –
que até nos torna resistentes, mas que nos dá vida!
Desde que foi anunciado, o curro de Murteira Grave criou
expectativa! A seriedade dos toiros no campo, assim o justificava… rematados de carne, sérios
de cara… um hino ao Toiro “hecho” o n.º 99! O lote mais
complicado tocou à cavaleira Ana Batista, os dois quase a cumprir seis anos de
idade; muito parado o seu primeiro e a descair para os tércios o quatro. Houve
dois toiros com chamada à arena do ganadero. O terceiro e o quinto.
Pessoalmente, prefiro o quinto, um toiro que investiu com mais convicção, com
mais entrega, com mais transmissão!
Ana Batista comemorou esta noite em Lisboa os seus 20
anos de Alternativa. Pelo que conseguiu ser no toureio, pela trajectória que
deixa escrita, merecia ter desfrutado mais… O
seu primeiro não lhe deu opções; e o segundo revelou que toureado em curto e a
favor da querença era uma mais valia. Quando o fez, o resultado foi logo
diferente. O terceiro ferro, montada no “Pérola”, foi o melhor do conjunto.
Manuel Telles Bastos teve uma noite animosa no Campo
Pequeno. Escrevo animosa, porque o vi com mais “peito” perante os problemas que teve que
contornar. Mas lembro-me do Telles Bastos quando começou, da sua intuição
toureira, foi o seu conceito que alimentou a esperança dos aficionados… por isso tenho dificuldades
em aceitar agora o seu pseudo-conceito. São opções! Com o segundo da noite
andou eficaz montado no “Egípcio”, mas também é justo
mencionar a forma poderosa como apontou os compridos no “Gabarito da Peramanca”; e com o quinto mais
vistosos montado no “Ipanema”…
Luís Rouxinol Jr. quis marcar a diferença de saída em
ambos do lote. No seu primeiro toiro, o resultado foi mais convincente com o “Gabiru”. O toiro teve mobilidade,
mas do meu ponto de vista investiu de forma menos profunda comparativamente com
o quinto. Montado no “Douro”, a parte final da actuação
foi a mais interessante: quando melhor elegeu os terrenos, quando melhor se
colocou com o toiro, quando melhor se concentrou no cite… Pormenores que fazem a
diferença quando se quer tourear bem… Com o sexto da noite, andou com entrega e
decisão montado no “Amoroso”, mas a falta de empurre do
toiro no momento da reunião retirou brilhantismo à actuação.
A noite foi exigente para os homens da jaqueta de
ramagens. Um desafio à altura dos grandes! Pelos Amadores de Montemor-o-Novo, pegaram
Francisco Borges, José Vacas de Carvalho e Bernardo Dentinho. Três pegas à
primeira tentativa e uma lição de coesão do grupo. Pelos Amadores de Vila
Franca de Xira concretizaram Vasco Pereira à terceira (com uma primeira
tentativa rijíssima), David Moreira à segunda e Rui Godinho à primeira.
Que continue a existir expectativa, um dos motores da
Festa de Toiros!