Por:
Catarina Bexiga
O
verbo TOUREAR pode ser conjugado no passado, presente ou futuro; mas em
qualquer dos três tempos possui sempre o mesmo significado. De capacidade. De intuição. De conhecimento. De intencionalidade. De grandeza. De importância. TOUREAR será sempre TOUREAR! Ontem, na tradicional tarde de 15 de Agosto, nas Caldas
da Rainha, António Ribeiro Telles mostrou – mais uma vez – o que é TOUREAR A CAVALO. O seu primeiro
toiro de Vale Sorraia procurou as tábuas antes do primeiro comprido e o
cavaleiro, de imediato, procurou contrariar-lhe a querença. De curtos, montado
no “Desejado”, o toiro manteve a sua
conduta e o cavaleiro o seu propósito. A actuação foi em crescendo, plena de maestria.
Com o “Desejado” a deixar vontade de o
rever… O quarto curto foi o
melhor do conjunto, onde todos os tempos da sorte foram marcados. Preparou
superiormente, com atitude e ligação; reuniu com impacto e rematou com torería!
Frente ao quarto da tarde de Ribeiro Telles, andou discreto com o “Jesuíta” de saída; mas voltou a
andar primoroso a lidar com o “Alcochete” de
curtos.
E esta nem foi a tarde do “Alcochete”, mas foi a tarde de
António Ribeiro Telles. Que se impôs categoricamente, com poderio, e que valeu
mais que os cavalos que teve por debaixo. A tourear com a cabeça e o coração. Ora
com a garupa ora com a espádua…A
forma como preparou as sortes foram um hino ao TOUREIO A CAVALO! Quem entendeu
saiu feliz, quem não entendeu teve uma oportunidade única para aprender…
Para Manuel Telles Bastos a tarde nunca
chegou a levantar voo. O seu primeiro de Vale Sorraia foi complicadote, e
Bastos sentiu dificuldades em encontrar soluções para lhe dar a volta. Com o
quinto de Ribeiro Telles, de saída, montado no “Gabarito
da Peramanca”, mostrou que se quiser, pode marcar
uma posição e, inclusive, meter a música a tocar. O terceiro ferro comprido, à
tira, foi extraordinário. E os anteriores só não tiveram o mesmo nível porque
faltou dar seriedade ao cite. Depois com o “Egípcio”
e o “Ipanema”
a actuação resultou muito irregular.
Pelos Amadores das Caldas pegaram
Duarte Manuel à primeira tentativa, Duarte Palha à terceira, Francisco Esteves
à segunda e Lourenço Palha à primeira, na melhor pega da tarde.
Quem também convenceu foi o matador de
toiros Joaquim Ribeiro “Cuqui”. O
toiro de Ribeiro Telles teve nobreza e o moitense aproveitou-lhe a sua
principal virtude. O que foi evidente logo de capote…
Depois viu-se concentrado, e embora faltasse ao toiro um pouco mais de raça, “Cuqui”
procurou templar as investidas e contruiu uma faena que foi indo a mais… Ficou
a sensação de que temos mais um nome para a reafirmação do Toureio a Pé em
Portugal.
A organização merece uma palavra de
reconhecimento, pois graças à sua afición e esforço se pôde cumprir a tradição
do 15 de Agosto nas Caldas da Rainha!
Foto: Pedro Batalha