Artigo de Opinião
Por: Catarina Bexiga
A revitalização do Toureio a Pé, no nosso país, não passa
apenas pela contratação das grandes Figuras; não passa apenas pelo entusiasmo
que despertaram Padilla, Morante, Juli ou Roca Rey … pois a “resposta” dos matadores
portugueses merece - da parte de todos - maior atenção. Centremo-nos em Manuel
Dias Gomes, em 2016 e 2017, nas duas corridas em que toureou ao lado do
mediático “Ciclón de Jerez” no Campo Pequeno; ou nas actuações de António João
Ferreira, nas mesmas temporadas, na centenária Palha Blanco. O que mais
precisam de justificar os nossos matadores?
Na última nocturna na Capital, Manuel Dias Gomes deu
sobrados motivos aos aficionados para nele acreditarem. Já o fizera mais vezes,
mas em 2017 apenas lhe valeu a contratação para as corridas do Cartaxo,
Figueira da Foz, Tomar e a repetição em Lisboa. Manuel Dias Gomes é,
actualmente, um toureio responsabilizado com a sua profissão; que tem vindo a evolucionar
e a amadurecer. Um toureiro com gosto que nos consegue fazer desfrutar. Com
plenas capacidades para rivalizar…
Pelo mesmo trilho anda António João Ferreira. Dos três
jovens matadores no activo é o que mais tempo de Alternativa leva no esportón, nove anos! Os seus triunfos são
marcos de cada temporada, triunfos sérios, triunfos caros, mas sem eco no ano
seguinte... Em 2016 apenas se vestiu de luzes em Outubro em Vila Franca; e em
2017 de novo em Vila Franca, Figueira da Foz e Nave de Haver. Alguém sobrevive
com três contractos?
A fazer campanha no Perú, Nuno Casquinha é outro dos nomes
que merece reflexão, pela sua trajectória; pelos obstáculos que tem superado e pela
luta incessante que tem travado… tudo pela sua paixão pelo toureio. No último
mês de Agosto, veio a Portugal tourear um festival (Açores) e uma corrida numa
desmontável (Morais). A 1 de Outubro actuará finalmente na sua terra!
Transversal ao entusiasmo dos nossos aficionados pelos “cartéis
mediáticos”, temos três matadores portugueses que lutam por oportunidades no
seu país. E arrisco -me a afirmar que se encontram no melhor momento das suas
carreiras, e que merecem (os três) que os empresários os chamem. Todavia, os
aficionados, conscientes da sua responsabilidade – porque ser aficionado não se cinge em ver todas
as Feiras Taurinas no “sofá”– também se devem interessar por eles. Ir vê-los!
Para terminar, reconhecer também o mérito dos bandarilheiros
portugueses. Claúdio Miguel e João Ferreira, a par de outros, na passada
Quinta-feira, deixaram-nos orgulhosos pelo que são vestidos de prata!
Foto: João Silva
Foto: João Silva