NOMES
FEMININOS QUE LUTARAM PELA IGUALDADE ALÉM FRONTEIRAS
Depois
de uma dura cruzada, as mulheres lograram entrar num mundo,
exclusivamente, de homens. Em Espanha, as histórias multiplicaram-se
e hoje destacamos três:
- No último quarto do século XVIII, uma mulher atreveu-se a rivalizar com os nomes mais sonantes da época. Nicolasa Escamilla “La Pajuelera” chamou à atenção pelo seu invulgar valor. Goya viu-a tourear em Zaragoza, onde picou e lidou um toiro, e imortalizou-a nas suas pinturas dedicadas à Tauromaquia.
- O caso mais célebre e insólito foi protagonizado por Maria Salomé “La Reverte”. Dizem que foi valente, hábil com as bandarilhas e eficaz com o estoque, e que a partir de 1908 assegurou que era um homem – de nome Agustín Rodríguez – para “burlar a proibição” e continuar nas arenas. “La Reverte” apresentou-se na praça de toiros do Campo Pequeno na temporada de 1902, e segundo as prosas de então, agradou pela decisão e elegância como bandarilhou, e pelo bom estilo com o capote e muleta.
- Um outro episódio singular foi passado com Juanita Cruz, também muito marginalizada pela lei. A sua primeira actuação aconteceu em Cabra (Córboba) no ano de 1933, fazendo o paseíllo ao lado de Ramón Lacruz e de um então desconhecido Manuel Rodríguez “Manolete” como sobresaliente, numa tarde em que cortou os rabos dos seus dois novilhos, e que lhe valeu somar 33 novilhadas nessa temporada. Juanita Cruz debutou em Madrid, a 2 de Abril de 1936, com novilhos da viúva de Garcia Áleas. Após a Guerra Civil foi viver para a Venezuela e mais tarde converteu-se na primeira mulher a receber a Alternativa, a 17 de Março de 1940 em Fresnedilla (México), tendo como padrinho Heriberto García com toiros de Cerro Viejo. Ao longo da sua carreira dizem que participou em cerca de 700 festejos, dos quais 460 foram na América, e nunca vestiu taleguilla, usando vestidos de tourear com saia bordada. Juanita Cruz apresentou-se ao público português, no Campo Pequeno, a 11 de Junho de 1933. Como dado curioso regista-se o texto inscrito na lápide do seu mausoléu do cemitério de La Almudena, em Madrid (uma escultura de tamanho natural, em que a toureira aparece a brindar) lê-se: “A pesar del daño que mi hicieron en mi pátria los responsables de la mediocridad del toreo de 1940-50… Brindo por España!”
Mas
a história de nomes femininos no toureio (por todo o mundo) teve
continuidade. Entre as que tomaram a alternativa encontramos:
Morenita de
Quíndio (colombiana), Ângela Hernández (espanhola), Raquel
Martínez (mexicana), Maribel Atienza (espanhola), Lola de España
(espanhola), Cristina Sanchez (espanhola), Mari Paz Vega, Raquel
Sánchez (espanhola), Marbello Romero (mexicana), Hilda Tenorio
(mexicana), Sandra Moscoso (espanhola), Lupita López (mexicana),
Milagro Sánchez (peruana) e Conchí Rios (espanhola). Por todo o
mundo, outros nomes femininos estiveram anunciados em cartéis, mas
nunca se chegaram a profissionalizar…
No
que diz respeito ao toureio a cavalo além fronteiras, o nome de
Conchita Citrón é uma referência, seguindo-se entre outros, a
francesa Maria Sara, a espanhola Raquel Orozco, as francesa Nathali e
Patricia Pellén, a mexicana Mónica Serrano, a espanhola Noélia
Mota e mais, recentemente, a francesa Léa Vicens, actualmente,
presente nas grandes feiras.