Por: Catarina Bexiga
Uma tarde de toiros pode ter muitas matizes; mas sem
exigência, sem seriedade, sem emoção… perde a sua grandeza. E hoje é comum
ver-se exactamente o contrário. Sempre existiram “pueblos”, mas também sempre
existiram as “capitais”, onde a exigência e a seriedade, põem os toureiros no
cimo do escalafón. No nosso país, Vila Franca é a única terra onde a exigência
e a seriedade ainda se faz sentir. É a única terra onde existe um grupo de
aficionados que impõe respeito. É a única terra onde se separa o triunfo do
fracasso. Nos tempos que correm, há cada vez menos “verguenza” e cada vez mais “atrevimento”,
por isso escrevo “Por mais Vila Franca’s”…
A questão da intervenção permanente dos bandarilheiros
durante as actuações (chegam a prejudicar os próprios toureiros) não é novidade
para ninguém. Todos sabemos quem são os que abusam. Mas na maior parte das
vezes, ninguém diz nada, ninguém assobia, ninguém aponta o dedo… até que os
toureiros chegam a Vila Franca!
A tarde de hoje na Palha Blanco resume-se facilmente. Do
curro de Prieto de La Cal ( 5 jaboneros 1 berrendo), apenas se destacou o
segundo da ordem, um toiro sério, que teve mobilidade, que se arrancou para o
cavalo, que nos deixou pendentes do que se passava na arena. Os restantes
vieram a menos. O primeiro totalmente desinteressado, o terceiro manseou
claramente, o quarto e o sexto foram reservados e o quinto deixou-se…
Manuel Telles Bastos continua longe do “Telles Bastos” que
nos entusiasmou. Foi evidente nos dois toiros do seu lote. Marcos Tenório (cuja
quadrilha ficou a conhecer Vila Franca) teve um bom começo de actuação com o “Danone”,
cravou dois bons curtos, mas depois veio a menos e não esteve à altura do toiro.
O próprio reconheceu e não foi ao centro da arena. Com o quinto também não
redondeou. Luís Rouxinol Jr. andou discreto com o seu primeiro, mas colocou
decisão (a grande virtude da sua actuação), montado no “Amoroso”, para
contrariar a inércia do último.
Por parte dos homens da jaqueta de ramagens, o desafio dos “prietodelacal”
foi superado com relativa facilidade. Todas as pegas foram consumadas à primeira
tentativa. Pelo grupo do Ribatejo: Pedro Espinheira e Rafael Costa. Pelos
Amadores da Chamusca: Miguel Santos e Bernardo Borges. Pelos Amadores de Beja:
Manuel Vicente e Francisco Patanita.
Amanhã, à noite, a Palha Blanco volta a abrir as suas
portas, para uma das datas mais carismáticas do calendário, a nocturna de
Terça-Feira!
Foto: Facebook Tauroleve