sábado, 4 de abril de 2020

UMA ARTE PROFUNDAMENTE PORTUGUESA…

Por: Catarina Bexiga

O Toureio a Cavalo é uma arte profundamente portuguesa. Por isso, apelamos ao nosso/vosso patriotismo. Para que o público não se aborreça é preciso que entenda os “pormenores” de que é feito o Toureio a Cavalo, pois só assim conseguirá verificar que não existem duas lides iguais, porque não existem dois toiros iguais. E ao entender o que observa, conseguirá distinguir o mérito de cada actuação… Durante os próximos dias vamos publicar breves notas sobre o Toureio a Cavalo, com descrições, imagens e vídeos. Junte-se a nós, na exaltação do Toureio a Cavalo. 

BREVES NOTAS SOBRE O TOUREIO A CAVALO (I)
O que é lidar?
Cada toiro requer a sua lide, porque cada toiro tem a sua personalidade, isto é:
- Codícia
- Prontidão
- Velocidade de investida
- Ritmo da investida
- Humilhação
- Terrenos
- Querenças
- Distâncias
Etc.
Cada toiro tem características especiais, que é preciso ter em conta para lhe dar as “respostas” adequadas.
Lidar o toiro é movê-lo na arena, procurando-lhe o melhor “sítio” para operar, convencê-lo a arrancar se for tardo, dominar-lhe a investida se for impetuoso, corrigi-lo se tiver defeitos, ampliar-lhe as virtudes, etc…
Em suma, a preparação da sorte (lidar) resulta do estudo do toiro.

BREVES NOTAS SOBRE O TOUREIO A CAVALO (II)
As sortes do toureio…
Cada sorte tem o seu valor – como é evidente – conforme o toiro, o terreno, a posição do cavalo e do toiro no momento da reunião, a velocidade com que é executada, consoante se espere a investida ou se inicie o ataque, etc.
A sorte para sair perfeita e com mérito, para não ser por mera casualidade, tem que ser preparada.
Existe uma grande diversidade de sorte, umas deixaram de fazer sentido com o aparecimento do toiro puro (imposto por Mestre João Branco Núncio no início do século XX), outras entraram em desuso e outras ainda são de recente criação…
É importante que da sorte façam parte todos os seus tempos, nunca se devendo esquecer, por exemplo, o Cite e o Remate.
De saída (as mais frequentes):
- À Tira
- De Caras
- Porta Gaiola
- Gaiola
De curtos (as mais frequentes):
- De caras
- Pitón Contrário
- Quiebro
- Mourina (recém criada por João Moura Jr.)
Fase final da actuação:
- Par de Bandarilhas
- Violino
- Palmo
→ As sortes do toureio também conhecem denominação de acordo com os terrenos em que são executadas:
- Nos médios
- De dentro para fora
- De fora para dentro
- No corredor das tábuas
- A sesgo
As sortes do toureio também conhecem denominação de acordo com a investida do adversário:
- A receber
- A atacar

BREVES NOTAS SOBRE O TOUREIO A CAVALO (III)
A reunião…
A reunião é o momento culminar do toureio, o momento mais difícil, o mais perigoso, o mais emocionante.
A reunião (centro da sorte) é o ponto de encontro em que, no desenrolar da sorte, o toureiro se encontra com o toiro. É necessário que os dois concorrentes avancem ao encontro um do outro, ou que esperem um pelo outro, e que as suas trajectórias sejam convergentes no momento da reunião.
Deve a reunião ser feita à espádua ou ao estribo.

BREVES NOTAS SOBRE O TOUREIO A CAVALO (IV)
A verdadeira sorte de caras…
A sorte de caras é a única que tem todos os predicados do verdadeiro toureio, pois é com ela que se dominam os toiros. 
Na verdade, a sorte de caras é rígida (e exigente) no seu traçado. Deve-se imaginar um corredor formado por duas linhas paralelas, que saem dos pitóns do toiro até ao peito do cavalo. E o cavaleiro só se pode movimentar nesse corredor. Nem ir para a esquerda, nem para a direita. O cavalo deve manter a rectidão até chegar o mais perto do toiro que lhe seja possível. Por fim, o quarteio será tanto mais valeroso quanto imperceptível.

BREVES NOTAS SOBRE O TOUREIO A CAVALO (V)
O adorno das sortes…
Os ares de alta escola são a estilização dos andamentos naturais do cavalo e encontram no toureio um veículo de melhoria/variedade da própria lide e também de aproximação ao grande público, pela sua beleza ou pela sua espectacularidade.
Os adornos são um complemento importante e devem ser feitos antes ou depois da execução da sorte propriamente dita. São frequentes: Passage, Piaffé, Pirueta, Passe Espanhol, Jambete, Terra-a-terra, Levada, etc.

BREVES NOTAS SOBRE O TOUREIO A CAVALO (VI)
O cavalo de toiros…
Um cavalo de toureio tem enorme valor. Foram precisos muitos maus, para se encontrar o bom, foi necessário muito trabalho para o ensinar e muitos anos para conseguir que chegue a ser um bom cavalo de toiros. Mas, sobretudo, tem enorme valor, porque dele depende a segurança, a glória e a economia do cavaleiro.
A equitação permite mais facilmente tirar partido de cada cavalo; saber pô-los, saber aproveitá-los, saber corrigi-los. Para além das capacidades naturais, o mais importante no cavalo de toureio é ter boa cabeça. Isto é, capacidade para perceber o que se lhe quer ensinar e capacidade para “dar a cara” sempre que sai à arena.
Em Portugal existem um número considerável de Coudelarias que ainda hoje seleccionam os seus produtos em função das aptidões para o Toureio a Cavalo.

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