Por: Catarina Bexiga
Nos tempos que correm, há quem
defenda a necessidade de um certo triunfalismo para uma maior presença da
Tauromaquia na sociedade. Pessoalmente, tenho dificuldade em aceitar essa
estratégia. Porque um triunfalismo balofo, um triunfalismo camuflado, um
triunfalismo despropositado… alimenta o ego de alguns, mas não dá crédito, não
dá glórias… e afasta muitos aficionados das bancadas. Isto para falar da
afición de Vila Franca. É a única terra onde a palavra Exigência é conservada. É
a única terra onde ainda se sente respeito! E isso foi evidente na
recém-terminada Feira Taurina de Outubro. Se existissem mais “vilafrancas” teríamos
uma Festa com menos atrevimento e mais integridade! Uma Festa com menos
folclore (sem nenhum desprimor para esta prática) e com mais seriedade!
Terminada a Feira Taurina de Outubro, ficam algumas
recordações / reflexões:
SÁBADO, 5: Novilhada de oportunidade. Em disputa estava o Prémio
incentivo do Grupo Tauromáquico Sector 1 para a melhor faena. Foi justamente
ganho por Fábio Jiménez da Escola Taurina de Salamanca. Tocou-lhe o melhor
novilho de Palha e soube aproveitá-lo. No entanto, não posso deixar de
mencionar o nome dos dois novilheiros portugueses que integraram o cartel: as
maneiras de Filipe Martinho (Moita) e o querer de Duarte Silva (Vila Franca). A
cavalo, Francisco Correia Lopes revelou bom conceito e Joaquim Brito Paes deixou
boa impressão. Pelos Juvenis de Vila Franca, pegaram Rodrigo Andrade e Rafael
Plácido, ambos à primeira tentativa.
DOMINGO, 6: Corrida Mista. Rouxinol pai e filho vinham
dispostos a gravar o seu nome na história da Feira. A lide a duo começou de
forma empolgante, mas depois dos compridos o toiro partiu um pitón e desvaneceram-se
as intenções… Posteriormente, Rouxinol pai superou com oficio as dificuldades
do seu Palha e Rouxinol filho (com um toiro mais colaborador) voltou a fazer da
disposição e ambição a sua bandeira. Tarde frustrante teve o Grupo de Vila
Franca. Com a lesão de dois toiros, apenas pegaram um. Concretizou João Luz à
segunda tentativa. A corrida de Palha saiu com “teclas para tocar” como dizem
nuestros hermanos… mas Nuno Casquinha e Manuel Dias Gomes “deram a cara”. Casquinha
foi volteado no seu primeiro e mostrou entrega, poderío e superação com o seu
segundo (o melhor Palha dos destinados ao toureio a pé). De Gomes guardo especialmente
o saludo capotero em ambos os toiros. O seu lote não terminou de romper, mas
ficou o “perfume” de um toureiro cada vez mais cuajado. Nota final para os
homens de seda e prata. João Ferreira, João Martins e Filipe Proença “Chamaco”
agigantaram-se com as bandarilhas.
TERÇA-FEIRA, 8: António Ribeiro Telles e João Moura Jr. (por
motivos diferentes) ficaram no coração da afición vila-franquense. António e a
Palha Blanco têm uma afinidade enorme. As duas actuações do Maestro da Torrinha
tiveram um denominador comum. Lidou ambos os toiros de forma primorosa. E em
Vila Franca ainda se sabe o que é isso! Ainda se sabe o que é Tourear a Cavalo!
Os melhores curtos conseguiu-os com o “Alcochete” no quarto da função. João Moura Jr. convenceu a Palha Blanco sobretudo
com as “Mourinas”. Defendo que uma actuação não se pode resumir a isso, mas é
justo mencionar que fez duas gaiolas, o que mostra as ideias com que chegou a
Vila Franca. João Telles Jr. não teve a sua noite na Palha Blanco. Mais uma Terça-feira
de exaltação ao Forcado Vilafranquense. Foram solistas Vasco Pereira à segunda
tentativa, André Matos (que se despediu) também à segunda, David Moreira,
Guilherme Dotti e Rui Godinho, os três à primeira e a encerrar Francisco Faria
à terceira. Com quatro exemplares de superior apresentação, os Passanhas deixaram-se,
dentro de vários matizes. Nota final para a Banda do Ateneu Artístico
Vilafranquense que fez a apresentação pública do pasodoble Forcados de Vila
Franca. Gesto bonito e merecido!