quarta-feira, 9 de outubro de 2019

O QUE FICOU DA RECÉM- TERMINADA FEIRA TAURINA DE OUTUBRO NA PALHA BLANCO


Por: Catarina Bexiga

Nos tempos que correm, há quem defenda a necessidade de um certo triunfalismo para uma maior presença da Tauromaquia na sociedade. Pessoalmente, tenho dificuldade em aceitar essa estratégia. Porque um triunfalismo balofo, um triunfalismo camuflado, um triunfalismo despropositado… alimenta o ego de alguns, mas não dá crédito, não dá glórias… e afasta muitos aficionados das bancadas. Isto para falar da afición de Vila Franca. É a única terra onde a palavra Exigência é conservada. É a única terra onde ainda se sente respeito! E isso foi evidente na recém-terminada Feira Taurina de Outubro. Se existissem mais “vilafrancas” teríamos uma Festa com menos atrevimento e mais integridade! Uma Festa com menos folclore (sem nenhum desprimor para esta prática) e com mais seriedade!

Terminada a Feira Taurina de Outubro, ficam algumas recordações / reflexões:

SÁBADO, 5: Novilhada de oportunidade. Em disputa estava o Prémio incentivo do Grupo Tauromáquico Sector 1 para a melhor faena. Foi justamente ganho por Fábio Jiménez da Escola Taurina de Salamanca. Tocou-lhe o melhor novilho de Palha e soube aproveitá-lo. No entanto, não posso deixar de mencionar o nome dos dois novilheiros portugueses que integraram o cartel: as maneiras de Filipe Martinho (Moita) e o querer de Duarte Silva (Vila Franca). A cavalo, Francisco Correia Lopes revelou bom conceito e Joaquim Brito Paes deixou boa impressão. Pelos Juvenis de Vila Franca, pegaram Rodrigo Andrade e Rafael Plácido, ambos à primeira tentativa.

DOMINGO, 6: Corrida Mista. Rouxinol pai e filho vinham dispostos a gravar o seu nome na história da Feira. A lide a duo começou de forma empolgante, mas depois dos compridos o toiro partiu um pitón e desvaneceram-se as intenções… Posteriormente, Rouxinol pai superou com oficio as dificuldades do seu Palha e Rouxinol filho (com um toiro mais colaborador) voltou a fazer da disposição e ambição a sua bandeira. Tarde frustrante teve o Grupo de Vila Franca. Com a lesão de dois toiros, apenas pegaram um. Concretizou João Luz à segunda tentativa. A corrida de Palha saiu com “teclas para tocar” como dizem nuestros hermanos… mas Nuno Casquinha e Manuel Dias Gomes “deram a cara”. Casquinha foi volteado no seu primeiro e mostrou entrega, poderío e superação com o seu segundo (o melhor Palha dos destinados ao toureio a pé). De Gomes guardo especialmente o saludo capotero em ambos os toiros. O seu lote não terminou de romper, mas ficou o “perfume” de um toureiro cada vez mais cuajado. Nota final para os homens de seda e prata. João Ferreira, João Martins e Filipe Proença “Chamaco” agigantaram-se com as bandarilhas.

TERÇA-FEIRA, 8: António Ribeiro Telles e João Moura Jr. (por motivos diferentes) ficaram no coração da afición vila-franquense. António e a Palha Blanco têm uma afinidade enorme. As duas actuações do Maestro da Torrinha tiveram um denominador comum. Lidou ambos os toiros de forma primorosa. E em Vila Franca ainda se sabe o que é isso! Ainda se sabe o que é Tourear a Cavalo! Os melhores curtos conseguiu-os com o “Alcochete” no quarto da função.  João Moura Jr. convenceu a Palha Blanco sobretudo com as “Mourinas”. Defendo que uma actuação não se pode resumir a isso, mas é justo mencionar que fez duas gaiolas, o que mostra as ideias com que chegou a Vila Franca. João Telles Jr. não teve a sua noite na Palha Blanco. Mais uma Terça-feira de exaltação ao Forcado Vilafranquense. Foram solistas Vasco Pereira à segunda tentativa, André Matos (que se despediu) também à segunda, David Moreira, Guilherme Dotti e Rui Godinho, os três à primeira e a encerrar Francisco Faria à terceira. Com quatro exemplares de superior apresentação, os Passanhas deixaram-se, dentro de vários matizes. Nota final para a Banda do Ateneu Artístico Vilafranquense que fez a apresentação pública do pasodoble Forcados de Vila Franca. Gesto bonito e merecido!

Foto: João Silva / Sol e Sombra

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