Por: Catarina Bexiga
Há uns tempos, escreveu António
Lorca que, actualmente, "la emoción ha sido sustituida por la diversión"… e acrescentou “y los
espantados aficionados serios y exigentes por un público festivo”.
Concordo em absoluto. Sobretudo, isto de ser exigente entrou em desuso. Isto de
achar que deveria ser diferente, que deveria ser melhor, que deveria ter outra
dimensão…é impensável!
A nível de toiros, a Daniel
do Nascimento merece outra importância. De apresentação, os de David Ribeiro
Telles “deixaram a desejar”. Sem trapio! De comportamento, os dois destinados
ao toureio a cavalo foram voluntariosos (de Pueblo, o primeiro), mas sem
transmitir… O quarto foi excessivamente premiado com o lenço azul. Para o
toureio a pé, destacou-se o sexto da ordem.
João Telles Jr. apenas fez “acordar”
as bancadas da Daniel do Nascimento com o “Ilusionista” na recta final da
segunda actuação. Até lá pouco convenceu. Deu duas voltas no quarto.
Pelos Amadores da Moita
pegaram David Solo à primeira tentativa e Fábio Silva à segunda.
O regresso do matador de
toiros António Ferrera foi triunfal com saída em ombros. O seu primeiro foi um
dos que não teve trapio para a Moita. Todavia, a pouco e pouco, Ferrera foi
construindo a sua faena, aproveitando a nobreza do adversário. Assinou pelo
pitón direito os seus melhores muletazos. Com o seu segundo, houve ofício e
mérito na obra do pacense. Inicialmente, o toiro custou-lhe a romper, mas
quando se centrou com ele, Ferrera sacou-lhe os muletazos que tinha e não
tinha. Deu três voltas à arena! Fica a questão: Se Ferrera cuaja um toiro de
verdade, com a grandeza que lhe temos visto este ano, então qual seria o
prémio?
De capote, Ginés Marín
protagonizou o melhor da noite, um verdadeiro recital de toureio à verónicas no
último. O terceiro não teve classe e não deu opções de luzimento. Por outro
lado, o sexto humilhou, investiu largo, mas veio a menos. Faena harmoniosa de
Marín, com suavidade, temple e gosto por ambos os pitóns. Deu duas voltas à
arena.
Foto: João Silva