Por: Catarina Bexiga
Uma noite para homens de barba rija! Os Dolores Aguirre
chegaram a Portugal com excesso de peso (o mais pequeno com 560 Kg e o maior
770 Kg!) e quase passados de idade, com três toiros cinqueños e outros tantos
com seis anos cumpridos. Um curro que impôs respeito e colocou à prova, a
capacidade e a valentia, de quem pisou a arena salvaterrense.
Manuel Telles Bastos foi o primeiro a sentir a dureza dos
toiros oriundos da Dehesa Frias. O seu primeiro revelou-se manso encastado, veio
a menos com o decorrer da lide, mas empurrava no momento do ferro. Bastos
começou de forma discreta, mas depois com o “Ipanema” terminou com dois curtos
a sesgo impactantes. Frente ao seu segundo, um toiro que teve “teclas para
tocar”, sentiu dificuldades em impor-se. Todavia, o terceiro comprido, com o “Gabarito”,
sobressaiu dos restantes.
A Luís Rouxinol Jr. tocou o lote com mais problemas. Para
mim, a sua primeira actuação teve um enorme mérito (aliás, mérito foi a palavra
mais proferida esta noite) e revelou a dimensão do toureio que está ao seu
alcance. O de Dolores Aguirre foi distraído, desinteressado, complicado e tudo
mais… uma “rolha”! Montado no “Amoroso”, Rouxinol Jr. esteve decidido, valente,
lidador, com recursos… claramente por cima do toiro! O seu segundo, não se mexeu,
e o esforço de Rouxinol Jr. foi inglório.
Apesar da inconsistência, António Prates baseou as suas
actuações na vontade e no desembaraço. O seu primeiro mostrou-se desinteressado,
a ir para tábuas, a esperar no momento do ferro; e o seu segundo foi manso e
parado. Pouco para recordar!
No intervalo, o amador António Telles filho lidou um excelente
novilho com o ferro de José Palha, premiado com volta à arena para filho do
ganadero. Para além da intencionalidade com que fez as coisas, andou entonado, e
a sua actuação veio a mais, com destaque para o quarto e quinto curto, montado
no “Embuçado”.
VALENTES com letra maiúscula estiveram os homens da jaqueta
de ramagens. Pelo grupo de Montemor-o-Novo pegaram Francisco Bissaía Barreto,
numa grande pega, com o toiro a empurrar forte, à primeira tentativa; António
Vacas de Carvalho dobrou João da Câmara, sendo a pega concretizada à quarta; e
a encerrar António Pena Monteiro e Francisco Godinho, concretizaram uma grande
cernelha. Das que ficam na história do grupo! Pelos Amadores de Lisboa pegaram
Duarte Mira que dobrou Tiago Silva, sendo a pega concretizada à segunda; Pedro
Gil (premiado com duas voltas) fez um “pegão”, à primeira, ao toiro mais pesado
da corrida; e João Varandas manteve o nível do grupo, à segunda, aguentando
sozinho na cara do toiro. O novilho lidado por António Telles filho foi pegado
por José Maria Marques (dos Amadores de Montemor-o-Novo que partilhou com o
grupo Lisboa) fechando-se à primeira, uma outra grande pega. No fim, o Trofeu
Salvação Barreto (para a melhor pega) recaiu em Pedro Gil (Amadores de Lisboa)
e o Trofeu Simão Malta (para o melhor grupo) nos Amadores de Lisboa. Noite de
responsabilidade para todos, mas superada por ambos os grupos!
Foto: João Silva / Sol e Sombra