Por: Catarina Bexiga
O Toureio a Cavalo não é uma Arte estática. Desde que não se
desvirtue a sua essência, há muita coisa que se pode fazer, muita coisa que se
pode criar... E actualmente, mais do que nunca, precisa de improviso, precisa
de surpresa, precisa de emoção. João Moura Jr. ressuscitou, ontem, no Campo
Pequeno, uma sorte – intitulada “Mourina” – que segundo ele foi criada pelo seu
pai nos anos oitenta. Uma a sorte que tem enorme valor e acrescido mérito. Para
mim, o momento alto da noite.
O curro de Romão Tenório foi o que se estava à espera. Essencialmente,
careceram de raça. Salvou-se o primeiro, de preciosas hechuras; e apesar dos 638
Kg. que acusou na balança, teve mobilidade e investiu com cadência e suavidade.
A segunda parte da corrida teve mais interesse. Mesmo com um
“romãotenório” a contra estilo, Luís Rouxinol esteve convincente no quarto da
função, montado no conhecido Douro. Frente
ao primeiro apenas destaco o par de bandarilhas. Pablo Hermoso de Mendoza não
deslumbrou com o primeiro do seu lote, mas esteve animoso com segundo, particularmente,
pelas capacidades do Disparate. Por outro lado, João Moura Jr. andou mais enraçado
e com maior transmissão, do que o habitual, mas foi com o sexto da função que
impactou de verdade. Montado no Hostil,
os últimos curtos, despertaram a Catedral.
Os homens da jaqueta de ramagens tiveram uma noite discreta.
Pelos Amadores de Lisboa pegaram Pedro Gil à segunda tentativa, Duarte Mira à primeira
e Vitor Epifânio à segunda. Pelos Amadores de Évora concretizaram João Pedro
Oliveira, Dinis Caeiro e António Torres, todos à segunda tentativa.
Valeu a pena esperar pelo último da noite. Acredito que as “Mourinas”
podem dar que falar…
Fotos: Maria João Mil Homens